BOLETIM 117-2004

BOLETIM Nº 117- 2004

 Da Redação

CAROS LEITORES, AMIGOS E IRMÃOS DA FRATERNIDADE.

 

Nosso primeiro Boletim de 2004 é para ser lido, relido e meditado. Nele vocês encontram compromissos e relatos dos irmãos que fizeram o Mês de Nazaré na cidade de Goiás. São textos a serem lidos com atenção como apelo para cada um de nós. Assim também a síntese do retiro nacional orientado pelo Regis de Pelotas, que aconteceu em São Paulo, na casa dos jesuítas na Via Anhanguera. Foi o Manuel Godoy que se deu ao trabalho de redigi-la para nós. O Günther também nos apresenta o texto do tema que ele desenvolveu no Mês de Nazaré. Retoma a temática do retiro de Salvador e a amplia. A carta do Mariano... essa precisa ser lida e relida. Traduz a vida dos irmãos da África do jeito que só o Mariano sabe fazer. Vocês já notaram que o Mariano gosta do verbo “reinventar”? É a sua grande proposta no Espírito Santo. Um delegado de polícia dizia que o “crime é dinâmico”, explicando como o criminoso é inventivo. Parece que Paulo, o apóstolo, já insistiu no amor como força dinâmica. A letargia pode ser uma tentação. A gente acaba gostando dela. A ausência de estímulos, ou de utopias, me deixa primeiro tranqüilo e depois apático. Reinventar a partir dos destinatários do Reino!

Há notícias, indicação de livros, calendário... Aproveite da leitura. O Irmão Carlos com as suas “loucuras” continua sendo o companheiro de caminhada. Caminhamos juntos, contando com o apoio uns dos outros, encontrando-nos todos no silêncio do deserto e da Eucaristia. 

Bom fim de Quaresma, Boa Páscoa, Boa leitura. Que a “dynamis” do Ressuscitado seja a nossa força de “reinvenção”. 

 

Jesus C*4,-, .,      -5 V/Cantas    *>

 

1. CARTA DO Pe. MARIANO

1° de dezembro de 2003

 

Tananarive, Madagascar

 

Queridos irmãos,

 

Num bairro miserável de Tananarive, com as Irmãzinhas do Evangelho e vizinhos das Fraternidades leigas, em simplicidade celebramos a ação de graças “Àquele que faz os santos” (I. Carlos) pela graça de ter encontrado o irmão Carlos em nossas vidas. Nós a celebramos em comunhão com cada um de vocês!

Faz um mês que tomei o “bastão de peregrino” (Jean Marie Pasquier) para visitar irmãos no Quênia, Ruanda, R. D. do Congo, África do Sul e Madagascar. Infelizmente, a visita planejada para  agosto pela Equipe internacional não deu certo.

Foi meu primeiro contato com a África: este Continente que ocupa 1/5 da superfície terrestre, origem da humanidade? Onde 34 países vivem abaixo do nível de pobreza (salários inferiores a US $ 30 ou 40,  com uma possibilidade de vida entre 40 e 50 anos, 50% de analfabetos... Representa somente 2% do comércio mundial, com 70% de doentes de Aids no mundo).  Espero que o encontro, na Índia, em janeiro próximo, do Forum Social Mundial, contribua para criar uma consciência mundial de que “outro mundo é possível”.

Entrei “pela porta dos pobres” (Gustavo Gutiérrez) tendo o privilégio de ser acolhido em “favelas”, Slums, Townships, povoados de pescadores e camponeses, centros missionários, encontros de sacerdotes, irmãos bispos, irmãozinhos e irmãzinhas de Jesus, irmãzinhas do Evangelho...

Percorremos paisagens muito bonitas, (é necessário uma boa coluna vertebral para esses caminhos), com centenas de pessoas caminhando ao longo das estradas, carregados como animais. No entanto, são gente que Canta e Dança sua fé como nunca vi em minha vida (em Nairobi, na favela de Kigarí, 700.000 habitantes sem luz nem água corrente, ouço um ensaio de coro); no Congo, na celebração eucarística de Kavare, cantam e dançam como renascidos em Cristo; em um Townschips de Johannesburgo, um funeral no qual os presentes “se desfiguram” quando cantam e dançam “aqui estou, Senhor” (e nem uma lágrima!). Uma vez mais me convenço de que os pobres são nossos melhores evangelizadores!

A Igreja é jovem na África (Ruanda se prepara para celebrar seu primeiro centenário).  Pouco a pouco se liberta de uma imagem poderosa e européia (as palavras do Papa Gregório ao fundar a “Propaganda Fide” nem sempre foram obedecidas: “Convertam-nos ao Evangelho, não à nossa cultura”).

Em algumas Igrejas passam de uma “Igreja de massas” a uma “igreja de comunidades” (Cuidado! não devem reproduzir as comunidades eclesiais de base da América Latina, e sim “reinventá-las na África”, como me disse Denis Sekamana).  Admiro a explosão de vocações ao ministério como à  vida religiosa e a participação ativa de tanta gente jovem. Como conversei com os irmãos das Fraternidades, há passos grandes a serem dados para passar de uma “Igreja ao serviço dos pobres” (fazem um serviço incrível) a uma “Igreja dos pobres”, no espírito do Papa João XXIII (Que desafios para nossas Fraternidades!). 

Este foi o “banho” no qual me encontrei com irmãos sacerdotes, irmãozinhos e irmãzinhas de Jesus e leigos de Fraternidades: testemunhas encarnados, fraternos, e alegres missionários de Jesus e seu Reino. 

No Quênia, Paul Mathenga estava de férias, tivemos um bom encontro com Vicente Kamiri e Pedro Njau: estamos sonhando com um Mês de Nazaré para 2005 para os países de língua inglesa: Quênia, Tanzania, África do Sul e Sudão. É preciso estabelecer contatos.  Sentimos tua falta, querido Noel Connolly, esperamos que estejas então de volta. Não esquecerei aquela “Ceia do Senhor”, celebrando com os irmãozinhos e os estudantes, pondo nas mãos do Senhor o futuro dessas Fraternidades. 

Em Ruanda fui fraternalmente recebido por Denis Sekamana, que partilhou conosco no Cairo seus quatro anos de prisão. Depois do genocídio, seu país se recupera de seus 1.200.000 mortos. Este Grande irmão acaba de pôr em marcha uma nova Fraternidade com oito irmãos, ... visita a seminários, encontros de sacerdotes, irmãos Bispos, dando a conhecer o Irmão Carlos e as Fraternidades em Ruanda.  Em nossas viagens de um lugar a outro trocamos idéias sobre sua inquietude por uma teologia africana como também sobre o reinventar as comunidades cristãs.  Partilhando tempos de oração e de celebração em sua “basílica”, cheia pela metade em dias de semana, neste lugar, em Nyansa; nunca esquecerei esses “rostos de Cristo” com os quais seus irmãos pobres de La Legua (Chile) –partilharam quatro toneladas de arroz em pleno genocídio (“muitos quiseram ver o que vocês estão vendo e não o viram”).  Com meu amigo Tomás, em Bucare, sonhamos em aproximar nossas Igrejas do Brasil e da África. "Por que esta dependência européia, quando estas Igrejas têm sua “teologia da libertação”, sua renovação bíblica, suas comunidades cristãs de base”? Assim podem unir nossos pobres continentes e Igrejas que fizeram uma opção pelos pobres, “em nome de Jesus e do Evangelho” (querido José Bizon e Fraternidades de Brasil...há desafios para vocês).

Se Ruanda está se recuperando, a R. D. Do Congo, na fronteira de BuKarú... é catastrófica.  O governo central, desde o término da guerra civil, não paga os soldados, os professores... caminhos abandonados... a porta está aberta para bandidos e milicianos com “crianças soldados” que assaltam e matam os pobres camponeses.  É nesta área conflitava que Adrián Gishugi me acolhe.  Em maio último teve que se esconder no bosque para salvar sua vida.  Ofereceu-me uma foto na qual o  Sr. Ndombolo está pedindo perdão à comunidade na Eucaristia por ter atentado contra sua vida.  Participamos em Kabira com sua Fraternidade.  Partilhando oração e fraternidade e compromisso com os direitos humanos... tenho a sensação de encontrar-me com reais profetas da Igreja na África.

Mas, o mundo ocidental e sua “midia” ignoram todas estas atrocidades, não estão na órbita dos interesses dos Estados Unidos. (sic)

As Fraternidades de países de língua francesa estão muito isoladas.  É a razão pela qual Feliciano Endffimoyo, o regional da África, propôs um mês de Nazaré, para meados de julho a meados de agosto de 2004.  A proposta foi bem recebida nas Fraternidades de Ruanda, Congo e Madagascar e convidaremos as dos Camarões, Congo Brazaville e Burquina Faso (vamos precisar de uma mãozinha, queridos irmãos).

Em Johannesburgo Sergio Lorenzini me esperava no Aeroporto (onde perdi todos os meus documentos).  É membro de nossa Fraternidade de Santiago, como também Roberto Guzmán, que está em Moçambique, (seu pai foi assassinado na Caravana da Morte, sua mãe está gravemente enferma e teve que viajar para Santiago); ambos são “fidei donum” enviados pela Igreja de Santiago... Até agora não conseguiram contatar sacerdotes que se interessem pela vida em fraternidade, como em muitos países da África são os irmãozinhos e as irmãzinhas que os acolhem.  A África do Sul é o país no qual há doze anos 80% eram exilados em sua própria terra.  Visitamos Soneto, la praça onde os estudantes secundários enfrentaram la polícia (o jovem mártir Hector Peterson), a igreja Regina Pacis, símbolo do compromisso das igrejas; daí ao centro da cidade (tomando-me por um europeu, um cidadão branco quase chorando me diz “isto é o que construímos com um imenso esforço... olhe! não resta um só branco! Olhe estes magníficos edifícios e hotéis, tudo em ruína.  Digo-lhe que venho de um país pobre e que estou imensamente feliz de ver o que vejo.  Sérgio é um missionário novo estilo, o único sacerdote branco que fala “sutu” correntemente, que partilha sua vida com os pobres em um ambiente multirracial, está iniciando um grupo de JOC com jovens desempregados em uma miserável favela, celebrando a Eucaristia nas casas com comunidades cristãs de base  (o dono da casa deve abandoná-la por não ter dinheiro para la última prestação), celebrando a Eucaristia no colégio paroquial (10% cristãos) onde a vida nova em Cristo se torna contagiosa... o funeral, uma real celebração pascal .. “aqui estou, Deus meu... sou eu Senhor”.  É através de “irmãos missionários” como Sérgio que nossos missionários brancos (nós também entre os excluídos de nossas cidades) seremos perdoados de nosso “colonialismo”.

A oração contemplativa flui somente quando a encarnação é real (és um louco dos días de deserto).  As últimas Fraternidades em minha “peregrinação” foram as de Madagascar.  Fui fraternalmente recebido pelas Irmãzinhas del Evangelho (lá comecei esta carta demasiado longa).  Em Tananarive encontrei uma Fraternidade de sacerdotes muito jovens: Juan Borgía, Rasolind Jatocio, Solo Rakotandramana e Abdán Rafidison; tiramos uma manhã para revisar nossa vida de oração...és a primeira vez que encontro um grupo de sacerdotes jovens interessados pela dimensão contemplativa de seu ministério.  No almoço com irmãos sacerdotes e o fraterno Cardeal Arcebispo fiquei surpreso como é conhecido o irmão Carlos e sua espiritualidade em Madagascar...Tinha que visitar “in situ” a José Doutriaux, sacerdote de Calais na França, “vieux frère das fraternidades malgaches.  Encontramo-nos em Tuliara, na costa sul, ao poente, 40°!, com sua Fraternidade: Juan Deseado Razafinirina, Ramón Rakotomanana e Bonifacio, um seminarista: Cada um se sentia atraído por uma das loucuras de irmão Carlos: o Absoluto de Deus, a Fraternidade Universal e a Missão. Magníficos irmãos! Como vivem em lugares distantes se reúnem uma vez por ano durante uma semana, com todos los membros de la “família espiritual do irmão Carlos”. É bonito ver gente pobre das favelas nestes encontros.  Jean Francoise insiste nesta partilha com la família espiritual do irmão Carlos... África nos dá um bom exemplo.

Era meu propósito visitar Manumbo (um povoado costeiro de pescadores pobres e camponeses, com caminhos impossíveis) como um posible lugar para nuestro Mês de Nazaré: como lugar junto ao mar, deserto e solidão, uma fraterna comunidade (20% de cristãos), com as básicas necessidades materiais e com um posible trabalho no campo... é o lugar ideal.  Para encontrar um homem de Deus e dos pobres seus irmãos, vale a pena percorrer qualquer distância e “qualquer caminho...”   Todos estes irmãos e irmãs pobres que encontrei em meu itinerário são a melhor reserva de humanidade e de uma nova imagem de Igreja do pobre Jesus de Nazaré.   É nesta periferia que se pode “tocar, ver, ouvir... que la Vida se manifestou”.

Devo admitir que deixo a África com uma ferida profunda... o “gemido” de milhares de irmãos que é preciso “descer da cruz” (Jon Sobrino)

Em nossa assim chamada sociedade cristã e sua celebração de Natal... Jesus de Nazaré é o grande Ausente.   África, sua gente, é como um imenso presépio, de onde Jesus de Nazaré, nosso bem amado Senhor e Mestre, do “último lugar”, grita com toda a força do Espírito a nosssa sociedade, Igrejas e a cada um de nós:

 

          “Venho trazer Boas Noticias aos pobres!”

          Felizes vocês!, los pobres.  De vocês é o Reino dos céus.

          Felizes os que choram!  Serão consolados.

          Felizes os que têm fome!  Serão saciados.

          Ai de vocês os ricos! Porque já têm seu consolo.

          Ai de vocês os satisfeitos! Porque terão fome.

          Ai de vocês os que agora riem! Porque vão chorar depois.

 

Vocês não têm a sensação de que os “excluídos” do Reino roubaram o Natal de Jesus dos “excluídos” de nossas sociedades... deles, os “cidadãos do Reino”!?

Como podem nossas Fraternidades ajudar-nos a ser, em Jesus, Boa Notícia para os Pobres?

Na Alegria e Esperança do Jesus que vem,

 

Feliz Natal!

Um abraço fraterno,

 

Mariano.

 

 DIA DO DESERTO

10/01/2004  

Pe. Sidney Lang

 

2. RETIRO DA FRATERNIDADE- (Está postado nas páginas dos retiros, link: RETIRO 2004- PE. RÉGIS


 3. MÊS DE NAZARÉ

 

3.1. COMPROMISSOS

 

Pe Jaime de Moura Pereira

 

Eu, Pe Jaime de Moura Pereira assumo o compromisso, perante Deus e os participantes deste mês de Nazaré, de continuar fazendo parte da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas de Belém do Pará, bem como de propagar e, sobretudo procurar viver os valores do Reino segundo o carisma do Ir. Carlos de Foucauld.

 

Goiás, 26-01-04

 

Pe Ademário Benevides de Souza

 

Eu, Pe Ademário Benevides de Souza, quero fazer hoje, o meu engajamento na Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas; quero, no espírito das Bem-Aventuranças Evangélicas e num ato de abandono pessoal e definitivo ao amor do Pai, fazer este engajamento.

Com este ato quero entregar ao Pai o dom da minha própria vida, aos pobres, na pessoa dos doentes de um modo especial. Assim, exercendo o ministério a mim confiado pela Igreja, vou ungi-los e evangelizá-los, no espírito do que nos ensina o apostolo são Tiago em sua carta (5, 14ss). Farei isso de modo específico aos doentes a mim pastoralmente confiados, sem excluir outros.

Igualmente me comprometo a viver em fraternidade, no espírito do que nos rezam o Diretório e Estatutos Canônicos da referida Fraternidade.

 

Goiás, 26-01-04

 

 

Eu, Eliésio dos Santos, presbítero da diocese de Cratéus CE...

 

...reunido com os irmãos da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas, no mês de Nazaré celebrado na cidade de Goiás-GO, na presença da Trindade, quero assumir nesta mesma Fraternidade, em caráter definitivo, o compromisso de, a exemplo do Abba-Pai, procurar fazer da minha vida uma expressão da sua misericórdia; a exemplo do Filho, o Bem Amado e Senhor Jesus Cristo procurar fazer da minha vida expressão de solidariedade, de modo especial com os empobrecidos, e a exemplo da Ruah procurar fazer da minha vida expressão de ternura e loucura de amor sem medida. 

Invoco nesta hora a companhia de Maria de Nazaré, a servidora fiel e mestra dos discípulos e das discípulas do Senhor desde as longínquas bodas de Caná; dos nossos antepassados indígenas da pátria-grande-América, ícones do Deus-Pai-Mãe das nossas vidas; dos nossos antepassados vindos da mãe África, ícones do Servo Sofredor de Javé; da grande multidão dos redimidos e lavados no sangue do Cordeiro, Santos inocentes de ontem e de hoje, ícones do Amor que se dá sem medida.

Escolho deliberadamente o caminho da espiritualidade do Irmão Carlos de Jesus depois de tê-lo experimentado suficientemente. Comprometo-me ser fiel na procura de uma vida da oração amorosa, de uma pobreza alegre e solidária, de uma vivência de fraternidade, de modo especial com os abandonados e excluídos.

Quero viver este compromisso em fidelidade à Igreja, comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus, sinal do Reino e Fermento de Liberdade. Sendo fraco e pecador conto com a presença amorosa e fiel do Ressuscitado.

Glória ao Pai ao Filho e ao Espírito Santo. Amém.

 

Goiás, 28-02-04

 

Fioravante Antonio Moreschi, presbítero de Porto Alegre.

 

Trindade Santa, comprometo-me, em definitivo, com a Fraternidade Jesus+Caritas, conforme as intuições do Ir. Carlos, a seguir e amar Jesus, em intimidade com o Pai, na ternura e vigor do Espírito, gritando o Evangelho pela vida, alimentado pela Palavra Orante, pela celebração do Corpo e Sangue, pela oração-contemplação-silêncio e escuta, como Maria e os discípulos, ante o tabernáculo, a serviço profético-libertador do Povo, preferenciais os pobres e doentes, sempre dialogando com todos, diferentes culturas e etnias, com bondade, perdoando sempre.

E, aceitando os limites pessoais, os limites dos diferentes, participar, em comunhão eclesial, na construção do Mundo novo, justo, solidário, de paz, com infinita confiança em Ti!.

Amém

 

 

Pe. Jailson A. Oliveira, Diocese de Alagoinhas-BA

 

Na busca do seguimento de Jesus Cristo numa atitude alegre, inquieta e desafiadora conforme a vida que Jesus viveu em Nazaré e que prolongou-se no testemunho do irmão Carlos (na busca do último lugar), comprometo-me viver a fraternidade junto com outros irmãos(ãs), tendo como compromisso a opção pelos mais pobres e excluídos, e em fraternidade, na escuta da palavra de Deus, na atualização do mistério pascoal pela realização da vida, na adoração eucarística, no dia de deserto e trabalho manual uma vez por semana.

Concretamente, me comprometo a viver em fraternidade segundo o Diretório e Estatuto Canônico da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas.

 

Goiás, 29-01-04 

 

 

Pe Ricardo Zanchin

 

Por causa do Evangelho e como resposta ao fogo do Amor que Jesus acendeu no meu coração, e alimentado pelo testemunho de Carlos de Foucauld, quero expressar a decisão de me engajar definitivamente na Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas.

Na frente de todos vocês irmãos com os quais vivi este rico mês de Nazaré, renovo o compromisso de concretizar a espiritualidade de Ir. Carlos:

Testemunhar numa vida pobre e essencial o Jesus pobre e denunciar as injustiças do mundo geradoras de miséria e exclusão;

Optar pelos pobres não é somente amá-los mas viver no seu mundo e se expressar por um amor crítico, solidário e comprometido.

Esforçar-me numa vida de oração e procurando livremente um tempo de silêncio e adoração diante da presença Eucarística, que é um veículo -nos diz Ir. Carlos- da presença de Jesus através de uma identificação dinâmica e misteriosa com o Cristo Total.

Descobrir cada vez mais através da adoração que o Espírito Santo está tão presente em nós que é mais interior a mim que a mim mesmo.

Fazer o dia de deserto mensal para ficar a sós com Jesus na espera da sua passagem do seu Sopro de Amor.

Participar do periódico encontro com a Fraternidade de Manaus com a sua revisão de vida e participar também do retiro anual, porque ambos fazem parte do mesmo seguimento. Em especial quero na Revisão de Vida partilhar a minha vida no mesmo seguimento.

Querer em especial na Revisão de Vida partilhar minha vida colocando-a sempre mais na mão dos irmãos confiando na palavra deles.

A exemplo do irmão Carlos querer “ser amigo de todos, bons e maus, ser irmão universal”. Ser humilde anunciando o evangelho com mansidão e bondade sem superioridade.

Por isso quero me engajar na Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas não porque sou melhor que os outros mas porque encontrei pessoas e meios que me podem ajudar a viver esta aventura louca e apaixonante no seguimento de Jesus. Quero amar mais e melhor até o dia em que me encontrarei face a face com o Senhor Jesus.

Consciente dos meus pecados mas confiante na misericórdia e bondade de Deus e em vocês irmãos e na sua oração é que hoje, 28 de janeiro de 2004, na cidade de Goiás, assumo o engajamento na Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas.

Goiás, 26-01-04

 

 

Pe. Maurício da Silva Jardim, Porto Alegre-RS.

 

Aos irmãos da Fraternidade Jesus+Caritas.

 

“Se o grão de trigo que cai na terra não morre, não produz fruto”.

 

Com esta inspiração bíblica o Espírito de Deus foi me conduzindo no mês de Nazaré, permeado de Oração-Contemplação e trabalho, estudo e vivência, escuta e partilha.

Ajudado pelo testemunho do irmão Carlos, seu estilo de vida centrado no seguimento de Jesus pobre, despojado, misericordioso e fiel ao projeto do Pai, me comprometo a assumir livremente e de modo definitivo, diante dos irmãos nazarenos, as seguintes opções:

- o serviço ao Reino de Deus, sensível às necessidades da Igreja;

- a opção preferencial pelos mais pobres e juventudes, comprometendo-me com suas lutas e me tornando próximo a eles;

- o dia mensal de deserto e adoração diária, com o desejo de manter viva a centralidade do amor a Jesus e aos irmãos/ãs;

- a revisão de vida em fraternidade.

- e por causa de Jesus e do Evangelho a aceitação do último lugar para que “Ele cresça e eu diminua”.

 

28-01-04

 

Pe Gildo Nogueira Gomes – Piraí-RJ – 22 a 29/01/2004

 

Eu, Pe Gildo Nogueira Gomes, Diocese de Barra do Pirai – Volta Redonda – RJ, iniciei na Fraternidade Sacerdotal em 1994, no retiro de Duque de Caxias-RJ e fiz o mês de Nazaré em Hidrolândia-GO, em 1997, sob a coordenação do Pe. Celso Pedro, ocasião em que fiz meu compromisso definitivo junto à Fraternidade.

Neste momento junto aos irmãos que fazem o mês de Nazaré em Goiás-GO, com a participação de treze Padres, mais a coordenação do Pe. Freddy Goven, aproveito para renovar meu compromisso de membro desta fraternidade e empenhar-me sempre mais na minha fraternidade local e procurar difundir sempre mais esta espiritualidade junto aos presbíteros diocesanos, meus irmãos também no ministério porque acredito ser este um bom serviço que podemos prestar, apresentando a espiritualidade do nosso querido irmão Carlos, com os diversos meios que a Fraternidade propõe, para que juntos possamos radicalizar nosso ministério a serviço do Reino de Deus, ajudando toda nossa Igreja, ser toda ela, cada vez mais servidora do Reino e discípula do nosso bem amado irmão e Senhor Jesus Cristo, que a partir de Nazaré fez o anuncio do Reino de Deus.

Acredito que os meios da Fraternidade: vida em Fraternidade, dia da Fraternidade, dia de deserto, meditação ao Evangelho, Adoração Eucarística, revisão de vida, pobreza, compromisso com os pobres em solidariedade e compaixão, e o mês de Nazaré, têm muito a acrescentar na espiritualidade do Pe. Diocesano.

Confiando na força e na misericórdia de nosso Deus vou, pouco a pouco, realizando na vida o que professo na oração e na palavra, até um dia abandonar-me totalmente nas mãos do meu e nosso Pai.

 

Goiás, 28-01-04

 

 

Pe. Hernesto Pereira de Oliveira

 

Em conformidade com o Diretório da Fraternidade Jesus+Caritas e a partir da experiência do mês de Nazaré, eu Pe. Hernesto Pereira de Oliveira, quero assumir minha consagração presbiteral num compromisso com Cristo e seu Evangelho na Fraternidade, em meio aos mais pobres, em espírito missionário, na promoção da consciência crítica, e promovendo a cidadania e o engajamento político, partilhando com os irmãos mais pobres o que eu tiver e for útil para sua realização como criaturas e filhos(as) amados(as) e queridos(as) por Deus.

 

Goiás, 28/01/2004

 

Pe. Antonio Lopes Ferreira

 

Eu, Pe. Antonio Lopes Ferreira, comprometo-me a assumir a espiritualidade da Fraternidade Jesus+Caritas, segundo o que rezam o Diretório e o Estatuto Canônico, de me engajar cada vez mais no trabalho pastoral, com as Ceb’s da minha paróquia, por um período renovável.

 

Goiás, 26-01-04

 

Pe. Carlos Roberto dos Santos, Marilia-SP.

 

Senhor, nesta celebração me coloco em Tua presença. 

Há mais de vinte anos procuro descobrir o absoluto de teu amor em nossas vidas. Desde aquele dia de Natal penetraste em minha vida e tomaste conta do meu ser e da minha existência. Sou todo teu. Tu bem o sabes.

Desde 1997 tenho participado dos retiros anuais da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas, pois aí encontrei uma espiritualidade contemplativa na ação solidária no meio do mundo, amando apaixonadamente a ti e amando aos irmãos(ãs).

Senhor, meu Pai, eu te agradeço pela oportunidade que me deste de fazer o Mês de Nazaré, aqui na cidade de Goiás, seguindo o carisma proposto pela espiritualidade do irmão Carlos de Foucauld.

Aqui, no Mês de Nazaré, pude fazer uma profunda revisão da minha vida e também experimentar a fecundidade de uma verdadeira vivência em Fraternidade.

Hoje, nesta Eucaristia, diante de Ti, meu Pai, e diante dos meus irmãos quero assumir DEFINITIVAMENTE o compromisso.

1)       de viver somente para Ti, gastando meu tempo para a vivência de uma intimidade na Tua presença eucarística (missa ou adoração), pois já há muito não sei viver sem Ti; para a vivência de tua presença na palavra escrita (leitura orante) e para a escuta da tua presença no grito que sai do chão da vida dos meus irmãos(ãs), sejam eles quais forem, pois assim poderei servir melhor.

2)       de gastar a minha vida, com todos os dons que me deste, em favor dos irmãos/ãs mais pobres da periferia, engajando-me em propostas que tragam libertação aos oprimidos e vida plena para todos.

3)       de valorizar mais e mais a vivência da Fraternidade: 

a)       nas comunidades paroquiais, onde eu for enviado, vivendo como irmão de todos, esforçando-me ao máximo para ter sempre a serenidade nos atendimentos rotineiros da vida, principalmente aqueles que vêm em hora inoportuna; e sempre cuidar para que os leigos/as tenham respeitados seus direitos de refletir, de se organizar e decidir, enfim de ter lugar, vez e voz.

b)       no presbitério diocesano viver em comunhão com o bispo e com todos meus irmãos presbíteros.

c)        na Fraternidade Sacerdotal da qual participo, procurando sempre mais difundir a espiritualidade de Foucauld (reunião mensal, revisão de vida, adoração eucarística e dia de deserto).

d)       acima de tudo me comprometo a viver em profunda intimidade e comunhão com a Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas segundo o espírito e as orientações da mesma.

Senhor, estes são os meus propósitos.

Da-me a sabedoria, a coragem e a força para bem vivê-los. Coloco-me em tuas mãos sob o impulso do teu Espírito.

“Meu Pai, em Ti me abandono.

  Faze de minha vida o que quizeres”.

 

Goiás, Jan/2004

 

 

Freddy Goven

 

Diante de Deus, uno e Trino, e dos companheiros que junto comigo participaram deste “Mês de Nazaré” na cidade de Goiás quero agora e aqui, diante deste altar, renovar e confirmar mais uma vez o meu engajamento/compromisso para com a Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas.

Reafirmo continuar me esforçando para viver uma profunda amizade com Jesus e com os irmãos todos através da oração, da eucaristia, da adoração do deserto, da revisão de vida e da vivência da pratica de Fraternidade.

Em seguimento a Jesus com a ajuda do irmão Carlos de Foucauld, um dos seus Santos, quero continuar tentando viver a mística da busca em encontrar o “Último Lugar” no meio dos meninos e meninas em situação de risco pessoal e social e isto de maneira todo concreta com estes e estas da Região de Alagoinhas-BA.

A fim de ficar fiel a esta proposta peço ao Pai bondoso as suas benções e graças como também aos meus companheiros desta Fraternidade o seu apoio.

 

Goiás, 28-01-04

 

Paulo Wafflard

 

Quero reconhecer o amor do meu Pai que me ama por primeiro e, por Jesus Cristo, entregar em suas mãos sem medida toda a minha vida atual e futura.

Quero aprender a viver pobre num mundo constantemente atraído pela riqueza e, com o apoio da Fraternidade, reunir o que os homens têm de melhor em si mesmos para repartir as riquezas em benefício de todos e de todas no espírito de serviço.

Quero viver a humildade e saber aproveitar as alegrias de cada dia que o meu Pai nunca deixa de enviar, ainda que misturadas com os sofrimentos da vida.

Em resumo, quero deixar tudo por causa de Cristo e de seu Evangelho.

 

Goiás, 28-01-04

 

 

Pe. Zacarias de Sousa Lima Neto, Diocese de Crateús – Ceará

 

Como decisão de pertença à Fraternidade Jesus+Caritas quero viver com mais firmeza e espírito de Fraternidade:

•         Adoração Eucarística diária;

•         Dia do Deserto (preparando a revisão de vida);

•         Zelar pelo andamento e crescimento da Fraternidade a qual pertenço;

•         Fazer um esforço para participar do encontro da Região Nordeste e do retiro nacional;

•         Manter comunhão através de cartas com colegas de outras fraternidades;

•         Pelo menos semestralmente fazer revisão de vida com a equipe de pastoral com a qual eu trabalho;

•         Amor preferencial aos pobres e sofredores:

          –Acolhendo-os e indo ao encontro dos mesmos através de visitas.

          –Tendo mais zelo em visitar os doentes.

          –Apoiando a organização dos trabalhadores rurais.

 

 

 

D. Eugênio Rixen

 

Meu Pai, eu te agradeço pelas maravilhas que o Senhor realizou na minha vida. Tua mão paterna e materna foi me conduzindo ao longo destes anos.

Quero no final deste “Mês de Nazaré” mais uma vez entregar minha vida, em tuas mãos, sem medida, simplesmente animado pelo amor. Qualquer que seja o meu futuro, que a tua vontade seja feita!

Gostaria que um pouco do teu amor pudesse se comunicar através da minha vida.

Jesus meu irmão, quero te imitar cada vez mais. Que as tuas atitudes sejam as minhas atitudes. Que os teus sentimentos sejam os meus sentimentos. 

Por isso te peço a graça de viver:

-Na pobreza: Que a minha única riqueza seja o teu Reino. Ajuda-me a me desapegar de tudo que é inútil e supérfluo. Que a pobreza seja a expressão do meu Amor para com os irmãos empobrecidos!;

-Na obediência: Procurando sempre fazer a tua vontade. Escutando os mais pobres e seguindo os conselhos do meu orientador espiritual;

-Na castidade: Expressando através dela um desejo cada vez maior para amar, na fidelidade ao celibato.

Jesus ensina-me a verdadeira humildade, que não esmaga os outros pelas minhas palavras e atitudes. Humildade que é reconhecimento das maravilhas que tu vens realizado em mim. Humildade que não tem medo do fracasso, mas sempre busca a verdade. Humildade de reconhecer meus próprios limites, apesar de acreditar que tu és o Deus do impossível.

Jesus, ajuda-me a ser misericordioso, a não julgar as pessoas, a aceitá-las como são, procurando enxergar nelas o que há de bom. Peço-te a cura inteira de todas as mágoas , os ressentimentos, as raivas. Liberta-me de qualquer pensamento negativo.

Jesus, eu te peço a graça da fidelidade até o fim. Não só uma fidelidade exterior, mas uma fidelidade dos desejos e das opções.

Espírito Santo, ilumina a minha vida. Que eu possa anunciar mais o teu amor pela vida do que pelas palavras. Faze-me viver do teu Espírito. Dá-me a tua paz que brota da verdade, sem medo do que os outros possam pensar de mim. 

Espírito Santo, que o ativismo não me domine, mas que cada pessoa, especialmente os mais humildes, possa encontrar em mim: acolhida, ternura e amor. Que no silêncio do meu coração brote a minha sabedoria de vida.

Espírito Santo ajuda-me a dizer: 

“Pai, em tuas mãos entrego meu Espírito!”

 

MARANATHA! VEM SENHOR JESUS!

 

 

* * *

 

3. 2. MENSAGENS DO MÊS DE NAZARÉ

 

          

O Mês de Nazaré aconteceu num lugar aprazível chamado a Chácara do Bispo, na sede da diocese de Goiás. Éramos treze participantes, vindos do Amazonas, Pará, Piauí, Ceará, Bahia, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Fomos acolhidos por D. Eugênio e Pe. Paulo, irmãos da fraternidade local, o que deu aos participantes um clima favorável ao nosso convívio posterior.

Deus preparou tudo para que este mês fosse o que foi, uma verdadeira bênção. O clima agradável que imperou nestes dias, a paisagem renovada pelas chuvas, a natureza enfim com suas peculiaridades e seus encantos. 

Queremos destacar alguns pontos que nos pareceram significativos:

 

1. A revisão de vida.         

                     Em cada noite um dos irmãos fazia, diante dos outros, a exposição da sua história de vida, salientando os pontos de crescimento, esperança e desafios. O clima era de abertura, acolhimento e respeito por parte de todos.

 

2. Os momentos de oração.

                     Em cada manhã nos entregávamos demoradamente à oração, começando com a Eucaristia, seguida de oração silenciosa e de meditação. Semanalmente fazíamos o dia de deserto, precedido sempre da vigília durante toda a noite. A adoração era garantida por duplas de irmãos, que iam se revezando durante toda a noite.

                     Destacamos também, como luz para nossa espiritualidade, os momentos de oração participativa e inculturada no Mosteiro da Anunciação.

                     Esta experiência serviu para avivar em nós a necessidade vital da vida de oração em nosso ministério. 

 

3. O estudo da espiritualidade.

No final do tempo de oração recebemos cada dia uma apostila, relacionada com alguns pontos fundamentais da nossa espiritualidade, do nosso engajamento presbiteral na Igreja. Começávamos sempre a tarde com a leitura refletida do livro de José Luiz Vasques Borau: Carlos de Foucauld e a Espiritualidade de Nazaré.

Esta experiência nos ajudou a fundamentar a nossa caminhada e abrir os nossos horizontes.

 

4. O Dia da Fraternidade. 

Um dos momentos importantes foi o Dia da Fraternidade. Consistia de um dia vivido sem muitas estruturas, em contato com a beleza da natureza local. Saíamos sempre de casa e fraternalmente fazíamos uma caminhada, uma refeição comunitária mais demorada, dando-nos tempo de nos encontrar na gratuidade e na partilha.

Esta experiência serviu para estabelecer laços mais fortes entre nós.

 

5. O trabalho manual.       

Cada manhã os irmãos tiveram a oportunidade de trabalhar no pasto, nas instalações da chácara e no jardim. O que criou entre nós um clima  de convivência simples e de igualdade.

Agradecemos ao Pe. Freddy Goven – coordenador deste mês e aos facilitadores: Pes. Jaime Jungman, Günther e Gildo, que, com suas presenças amigas, ajuda na reflexão e encaminhamentos, foram instrumentos fundamentais na mão de Deus para o bom êxito deste Mês de Nazaré. Agradecemos também a D. Eugênio a acolhida, mas sobretudo, a experiência de termos partilhado em todos os momentos: a revisão de vida,  a oração e os trabalhos manuais. 

Valeu. E valeu muito. O Mês de Nazaré foi um Kairós nas nossas vidas.

 

Pe. Eliésio, Pe. Zacarias, Pe. Antonio Lopes                                                                                                 

* * *

 

Aos irmãos da Fraternidade Jesus+Caritas,

Espraiados pelo Brasil afora.

 

 

“O Reino de Deus está no meio de nós! Convertam-se!”

 

Ação de graças é o primeiro sentimento de nosso coração, que elevamos à Trindade Santa, pelo dom da Fraternidade e pelo “Kairós” do Mês de Nazaré, fruto da mística do Irmão Universal. 

 

ONDE ACONTECEU? E QUANDO?

 

Na cidade de Goiás, Chácara do Bispo, vale aprazível, abraçado pelo rio vermelho e verdes montanhas; presenteado com algazarra dos periquitos. Chuvas não faltaram. Cidade tranqüila. Mormente neste período de 6 a 29 de janeiro de 2004.

 

QUEM SOMOS?

 

Dezesseis padres e o bispo local, trazendo as mais diferentes histórias, pessoal e de Igreja, de padres diocesanos e missionários da Bélgica, Itália e Alemanha, de diversos estados e cantos do Brasil. As histórias eram diferentes, mas a paixão era a mesma: Jesus Cristo e o Reino de Deus, a Igreja servidora dos pobres e oprimidos.

 

COMO ACONTECEU?

 

O cotidiano do Mês de Nazaré, permeado de oração-contemplação e trabalho manual, estudo e vivência, escuta e partilha, nos conduziu à raiz da espiritualidade do Irmão Carlos de Foucauld – Jesus+Caritas. Significou a escuta do Espírito de Deus, que age e fala em nós:

 

•         No despojamento do deserto e da adoração;

•         Na revisão de vida em fraternidade;

•         Na aceitação do último lugar;

•         Na oração repetitiva do mantra;

•         Na pessoa do irmão e na convivência fraterna;

•         No trabalho simples do cotidiano;

•         Na criação-natureza, nas caminhadas e no descanso;

          No estudo e meditação;

•         Na opção de uma Igreja libertadora que está ao lado dos mais pobres;

•         Na experiência do perdão;

•         No serviço do Reino de Deus e sua justiça;

•         No contato com o povo da Igreja local, inclusive as experiências no Mosteiro da Anunciação.

 

NOSSOS SONHOS?

 

          Acreditamos na fraternidade: irmãos que se amam

          Acreditamos na partilha: irmãos solidários com os pobres

          Acreditamos no perdão mútuo: fonte de libertação interior

          Acreditamos no trabalho manual: manancial inspirador

          Acreditamos que não há oposição entre contemplação e ação: somos contemplativos no meio do mundo

          Acreditamos na transformação dos corações, do povo de Deus e da sociedade

          Acreditamos a utopia do Reino de Deus: “OUTRO MUNDO É POSSÍVEL”

 

 

Pe. Carlos Roberto dos Santos, Pe. Fioravante Antonio Moreschi,   Pe. Maurício da Silva Jardim.

 

* * *

 

                                         

Deste oásis da natureza que é a Chácara do Bispo, em Goiás, escrevemos a vocês, irmãos da Fraternidade Jesus+Caritas para dizer o bem e a paz que trouxe para nós o Mês de Nazaré 2004.

Neste lugar abençoado por Deus, onde nos sentimos aconchegados pelo cantar dos pássaros, das águas do Rio Vermelho, a bela vista das serras encobertas pela neblina e outras vezes pelo sol aquecedor, trabalhamos, rezamos e adoramos, refletimos e nos ajudamos com a revisão de vida em clima de verdadeira fraternidade.

O fogo do Espírito Santo nos impulsionou a reviver a nossa paixão por Jesus, nosso Mestre e Senhor, o Bem amado. 

Somos homens tocados pelo seu amor e sempre em busca de um encontro mais profundo com Ele.

Aqui nos reunimos num grupo de treze e fomos acompanhados por três facilitadores (Günther, Gildo e Jaime Jungmans) e um coordenador (Freddy).

Foi marcante a presença de D. Eugênio, bispo de Goiás, em nosso meio, participando integralmente do Mês de Nazaré como um irmão, como um igual.

Este tempo de graça, por nós vivido, nos remotivou e nos reanimou na nossa caminhada de padres diocesanos, comprometidos com uma Igreja-sacramento do Reino, servidora, pobre e missionária.

Recomendamos aos irmãos que ainda não fizeram esta experiência, que busquem realizá-la para comprovar a misericórdia e a bondade de nosso Deus.

          

                                                    Riccardo – Hernesto – Jailson  -- Jaime Pereira                                                                    

* * *

                                                              

O “Mês de Nazaré” foi  experiência inesquecível. Éramos treze participantes, vindo de sete estados diferentes. Coordenou o encontro o padre Freddy da Diocese de Alagoinhas. Também colaboraram pela sua presença e seu testemunho de vida: Jaime de Alagoinhas, Günther de Rondonópolis e Gildo de Volta Redonda. Ficamos vinte e três dias juntos, de 6 a 29 de janeiro de 2004, numa chácara da cidade de Goiás.

Dividimos o tempo entre a Eucaristia, a contemplação, a leitura orante, o trabalho, o lazer, o estudo e a revisão de vida. Iniciávamos o dia com a celebração da Eucaristia às 5h30 da manhã, seguido de um longo momento de adoração de Jesus-eucarístico e uma leitura espiritual. As primeiras horas do dia são os melhores momentos para alimentar nossa intimidade com Jesus. Na oração aprendemos a conhecer Jesus e a nos manter unidos a Ele em intenções e sentimentos.

O trabalho manual, feito em mutirão, ajuda muito a se conhecer mutuamente, além de fazer muito bem à saúde. O contato com a terra nos lembra também a condição de vida de milhões de pessoas, que vivem do trabalho de suas mãos. É uma maneira de se solidarizar com nossos irmãs e irmãos trabalhadores.

O estudo da vida de Carlos de Foucauld é um meio para alimentar nossa espiritualidade presbiteral. As suas grandes intuições são: humildade, pobreza, oração, trabalho, bondade e abandono à vontade de Deus. A “Espiritualidade de Nazaré” nos ajuda a viver seu estilo de vida, feito de simplicidade e a nos entregar totalmente a Deus. “Meu Pai, a vós me abandono. Fazei de mim o que quiserdes!”

Viver mais de três semanas juntos ajuda a se conhecer mutuamente. Nas reuniões e nas conversas informais aprendemos a valorizar os outros. Na “revisão de vida” cada um se abre aos outros, partilhando suas alegrias  e tristezas, angústias e esperanças. Com caridade somos questionados pelos outros. Isso nos ajuda a crescer no nosso seguimento de Jesus. A Fraternidade Sacerdotal é muito importante e nos impede de nos isolar. Ela pode ser fermento no meio do presbitério diocesano.

Há ainda muitas outras atividades como os dias de deserto, a adoração noturna, o cântico da caminhada, os mantras e os momentos de lazer.

Mas nestas poucas linhas não dá para falar de tudo. Se você estiver interessado, participe do próximo Mês de Nazaré em 2006.

 

                                                                        Ademário – Paulo – Eugênio

 

3. 3 A IDENTIDADE E A IMAGEM DO PRESBÍTERO.

Pe. Gunther

A dimensão sacerdotal do Presbítero

 

1.       Uma recordação como ponto de partida.  

 

Eu gostaria de começar a minha palestra com uma recordação. Quando entrei no seminário, 44 anos atrás, eu tinha muitas perguntas abertas, não resolvidas. Encontrei no reitor do seminário que ao mesmo tempo era bispo auxiliar da Diocese de Mogúncia, uma pessoa que me ajudou muito, que soube escutar e dialogar. Numa das nossas conversas ele me disse: Para mim o matrimônio e o sacerdócio são os dois sacramentos que mais estão envolvidos de mistério. Naquele momento não entendi o que o meu interlocutor quis dizer. Mas nunca mais esqueci estas palavras; estavam guardadas no coração e agora ao preparar esta palestra voltaram novamente. Hoje depois de 38 anos de ordenado começo a entender: A nossa vocação é um mistério!

Mais tarde eu aprendi o que significa mistério. O que é um mistério? Karl Rahner explica assim: Imagine, você está em frente a um palácio e quer conhecê-lo. O guia leva você para uma primeira sala. Ela é ampla e bonita, mas ao fundo tem uma porta. Você atravessa esta porta e entra numa sala maior, mais ricamente ornada e começa a admirar as suas pinturas. Mas ao fundo tem mais uma porta. Você atravessa esta segunda porta e se depara com uma terceira sala mais bonita do que a segunda. E assim você passa de porta em porta e quanto mais você avança mais se surpreenderá e mais ficará admirado. Segundo Rahner o mistério é assim: É uma realidade: quanto mais eu a penetro, tanto mais ela se abre. Eu nunca chegarei ao fim. O mistério é sempre maior.

  

2.       Status quaestionis – Qual a nossa identidade de presbíteros? 

 

Como nós, padres da Igreja Católica, nos entendemos a nós mesmos?  O documento conciliar Lúmen Gentium (LG. 10) diz: “o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico se diferenciam na essência e não apenas em grau”. Qual é a diferença entre o sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial dos presbíteros? O que quer dizer sacerdócio? Qual é a nossa função especificamente sacerdotal?

Ser padre é uma profissão? Muitas vezes me fiz esta pergunta, no avião, quando, ao desembarcar, é preciso preencher a ficha de identificação. 

Esta mesma pergunta me acompanha desde a minha ordenação, também muitos seminaristas e mesmo muitos padres me fazem sempre de novo esta mesma pergunta.

Antes da minha ordenação esta pergunta não me deixava sossegado. Lembro que, para ter mais clareza, fiz um retiro inaciano de trinta dias. Durante este retiro estudei a carta aos Hebreus, para obter uma resposta às minhas perguntas, mas fiquei sem grande resultado, naquela época.  

A identidade e a imagem do presbítero hoje é um dos temas mais debatidos na teologia e na eclesiologia . Por que?  Porque parece que ao redor do tema “presbítero” há perguntas abertas, não esclarecidas. O modelo presbiteral está intimamente relacionado ao modelo de Igreja e o modelo de Igreja está relacionado ao modelo de sociedade.  O mundo mudou, a Igreja mudou. No entanto, a formação e a vida do padre continuam seguindo os padrões de sempre. Vivemos num contexto sócio-cultural e religioso-eclesial profundamente mudado. Nós presbíteros estamos diante do desafio de conviver com este mundo secularizado e pós-moderno e de encontrar nesta Igreja pluralista e questionada a nossa identidade de presbíteros.

Creio que é de suma importância para alguém ter descoberto a sua identidade como pessoa e o projeto de vida que quer levar. Só assim eu terei a minha personalidade integrada. Sem saber quem eu sou, eu não me possuo inteiramente. Conseqüência disto é que também os meus atos serão conturbados e sem identidade.  

 

3.       Conseqüências da falta de claridade a respeito da identidade presbiteral.

 

Em 1965 terminou o Concílio Vaticano II. Em 1966 fui ordenado, um ano depois, em 1967 vim para o Brasil. Lembro muito bem, da chamada crise, da década de 70. Muitos padres, mas muitos mesmo, deixaram o ministério. Lembro das discussões, para descobrir os por quês destas desistências. O Concílio tinha falado do sacerdócio comum dos fieis. Houve já naquela época uma busca para aprofundar a teologia do presbítero, de redefinir o papel do padre. Para tratar este assunto o Papa Paulo VI convocou em 1971 um sínodo, o segundo sínodo depois do Concílio. Um outro tema a tratar foi a justiça no mundo. Neste sínodo de 1971 já se falou sobre a possibilidade de ter dois modelos de padre, como na Igreja Ortodoxa, o padre celibatário e o padre casado, os famosos “viri probati”. Na época a maioria dos bispos estava a favor de ordenar os “viri probati”. Mesmo assim o sínodo não conseguiu aprovar esta proposta.  Depois do Sínodo, no nível da Igreja universal, a discussão sobre o tema “presbíteros”, não foi mais levada adiante. 

No Brasil o tema foi retomado nos encontros nacionais dos presbíteros em Itaicí – os ENP. Mas as discussões eram relacionadas mais à pessoa do padre e mais numa linha de reflexão pastoral e psicológica do que propriamente teológica. 

Na minha opinião, a falta de coragem de trilhar novos caminhos custou caro à Igreja católica. Lembro que na época dos anos 70, muitos líderes católicos saíram da Igreja e se tornaram pastores de outras Igrejas. Muitas vezes eu já me perguntei: Se o sínodo tivesse aprovado a proposta de ordenar os viri probati, será que hoje teríamos tantas igrejas crentes? Será que a Igreja católica não recebeu o troco, de não ser capaz de discernir os sinais dos tempos? Mas ao mesmo tempo confio na providência de Deus e sei que ele tem os seus caminhos. Quantas vezes ele já escreveu reto nas linhas tortas da história humana!

 

4.       A situação das vocações hoje

 

Hoje na Igreja católica sentimos a falta de vocações. Os otimistas dizem que já saímos da crise. De fato, segundo as estatísticas, o número de padres ordenados cresceu. Mas eu pessoalmente não sou tão otimista assim. A pergunta que eu me coloco: Por que temos tão poucos que se sentem chamados? É porque Deus não chama, ou é porque a Igreja não está discernindo suficientemente os sinais dos tempos. Será que não temos vocações ou não temos vocações para o nosso atual modelo presbiteral?

Olhando hoje para os jovens em geral perguntamos: qual o jovem que quer ser padre? Ser padre é atraente? Não tem dinheiro, não pode casar-se, sempre está sobrecarregado e correndo atrás dos compromissos. A única coisa que o padre ainda tem, é “status social”. E é exatamente nisto que se investe atualmente, acentuando o “status”. Olhando a situação dos seminaristas: qual o modelo de presbítero que querem viver?  Seria interessante fazer uma pesquisa, para saber o por quê alguém quer ser padre e que tipo de padre quer ser! 

Hoje observamos nos jovens seminaristas o ressurgimento de atitudes clericais, a maneira de se vestir, de se comportar, a vontade de serem reconhecidos, de aparecer, de buscar privilégios, mesmo que inconscientes. Sentem o dever de serem melhores e mais perfeitos  do que os outros. Esta procura de auto-afirmar-se, não poderia ser uma saída para compensar a falta de claridade que sentem do modelo presbiteral? Observamos a volta ao modelo “tridentino” do presbítero que é puramente sacerdotal e que tem entre outras as seguintes características: o padre “tridentino” é diferente, ele se distingue pela sua maneira de vestir, ele mantém uma certa distância do povo e da vida normal, o seu espaço é o sagrado, o culto a Deus, separado da vida, e por isso ele é apolítico.  

Na minha visão o modelo do ministério ordenado seria exatamente o contrário: não acentuar o diferente, mas o que temos em comum com todos os batizados. O modelo a seguir eu procuraria na atitude do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele tinha a condição divina, sendo Deus, assumiu a condição de servo, tornou-se igual a nós. (Fil.2.5). Este antigo hino cristológico constitui uma base segura de uma espiritualidade. Este hino traduzido para nós hoje e para os seminaristas significa: Antes de ser padre, ser cristão e antes de ser cristão ser humano! Só podemos evangelizar este mundo moderno na medida em que somos capazes de nele nos inserir. Um antigo axioma teológico reza assim: O que não é assumido, não é redimido! Sem assumir este mundo moderno, sem inserir-nos nele, o evangelho sempre será algo de estranho e não alcançará o coração dos ouvintes.

 

5.       Formas diferentes de exercer o ministério ordenado

 

Ao longo da história, marcados pelos diferentes contextos de vida e da Igreja, existiram diferentes maneiras de viver e de exercer o ministério ordenado. Gostaria simplesmente de relatar alguns dados que me vêm espontaneamente à memória:

•         No início do século passado na Europa, o padre tinha na sua paróquia umas 200 a 500 “almas”. Isto também é o caso do “cura d’Ars”, o santo modelo dos párocos. Claro que ele conseguia conhecer e conviver com todos os seus paroquianos e relacionar-se de uma maneira muito pessoal.  

Meus pais ainda me contaram que o padre durante a semana trabalhava na roça, puxando o arado, para auto-sustentar-se. Fins de semana era pároco. O povo deu autoridade para o padre, porque era a pessoa mais estudada, mais culta da comunidade. Foi tarefa dos padres serem portadores da cultura. Até hoje os padres são considerados, pelo povo, como pessoas muito estudadas, e de uma excelente formação, o que infelizmente não corresponde com a realidade, comparando o estudo eclesiástico com o que é exigido dos estudantes de outras faculdades.  

Mais tarde, já na minha infância, o padre não trabalhava mais na roça, mas ele trabalhava como professor de ensino religioso católico na escola. Todas as manhãs ele dava aulas e era pago, pelo Estado, por este serviço. Isto na Alemanha, e na Irlanda.

No tempo do Concílio Vaticano II havia na Europa, principalmente na França, no contexto da Ação Católica, a experiência dos padres operários. Era uma tentativa de evangelizar o mundo do trabalho, inserindo-se e assumindo a vida concreta dos operários. Infelizmente esta experiência foi abandonada depois de ser proibida pela Igreja oficial. 

Hoje o padre virou bispo, temos paróquias do tamanho de uma diocese, de 20 – 30 até 150 mil pessoas. Cada paróquia tem numerosas comunidades a serem atendidas. O relacionamento é totalmente diferente. Humanamente é impossível conhecer e relacionar-se com 20 mil pessoas. 

Estas poucas observações já mostram que não existe um único modelo de exercer o ministério. Ao contrário de uma teologia perene, que pensou que o modelo sacerdotal estivesse já previsto e querido por Jesus Cristo tal como ele existe hoje, e por isso seria de direito divino e imutável, ao contrário desta opinião as pesquisas e os estudos bíblicos feitos, demonstram que Jesus Cristo não deixou quase nada encaminhado e que as comunidades cristãs encontraram ao longo da história cada uma, a sua maneira de se organizar, de acordo com sua situação e as necessidades e desafios às quais precisavam responder. No ministério do jeito como se desenvolveu, temos elementos do judaísmo, elementos da cultura grega e, depois de Constantino, também elementos da cultura e da religião romana.  O ministério como existe hoje é resultado de um desenvolvimento e aprendizagem na história.

 

6.       A nossa denominação como padres

 

O Concílio Vaticano II atribui a Jesus Cristo uma tríplice missão (múnus). Ele é Profeta, Sacerdote e Rei-Pastor. Nós padres da Igreja Católica, participamos desta tríplice missão. Somos profetas, sacerdotes e reis/pastores. Interessante: O documento preparatório do 10. CNP de 2004 “O Presbítero no Mundo Globalizado” usa a trilogia: dimensão missionária (em vez de sacerdotal), profética e pastoral.  

Embora já o Vaticano II, principalmente no documento “Prebiterorum Ordinis”, tenha empregado a terminologia “presbíteros”, para denominar os ministros ordenados e embora tenha afirmado claramente que os ministros ordenados participam dos três ministérios de Cristo, do ministério profético, sacerdotal e régio/pastoral, apesar disto, os padres da Igreja Católica continuam sendo identificados apenas como sacerdotes. Parece que hoje esta expressão volta muito forte. Para o povo, nós padres continuamos sendo apenas “sacerdotes”, donos do sagrado e ligados ao culto e à administração dos sacramentos. Os meninos que brincam de padre, celebram missa. Para muitos isto até é sinal de vocação. A dimensão profética e pastoral fica esquecida. O título pastor hoje é atribuído aos ministros das igrejas crentes. Na Igreja Católica o nome de “Pastor” é reservado ao bispo.

O povo nos chama de sacerdotes. Padre é para celebrar missa. A missa era considerada o trabalho do padre. Oferecer o sacrifício da missa. Da celebração da missa, ele recebe seu sustento. A espórtula da missa tinha que ser o valor de uma diária, da qual o padre vivia. Não podia rezar mais do que uma missa por dia. Talvez não há outra atividade que seja tão intimamente relacionada com nossa vida, do que a celebração da eucaristia. Só o “sacerdote” pode celebrar. Somos insubstituíveis.

Sempre tive dificuldades em aceitar meu ministério simplesmente como sacerdote. Nunca me entendi como alguém que apenas celebra missa e administra sacramentos. Identifiquei-me com as palavras de São Paulo: Não foi para batizar que Cristo me enviou, mas para anunciar o evangelho. (1 Cor.1.17). 

Ser sacerdote na minha imaginação significava matar bois e ovelhas e aspergir o sangue no pé do altar, serviço de açougueiro. Nós sacerdotes do NT, assim eu aprendi, oferecemos no sacrifício da missa Cristo sobre o altar, mas de uma maneira in-cruenta. Isto nunca quis entrar na minha cabeça. E foram os sacerdotes, especialmente o sumo sacerdote que condenaram Jesus à morte. 

Resumindo, podemos constatar que como presbíteros participamos dos três ministérios de Jesus Cristo, o profético, o sacerdotal e o régio/pastoral. Além de sermos sacerdotes somos também profetas e reis/pastores. Isto é a nossa identidade. Não somos apenas sacerdotes.

Em seguida pretendo refletir apenas sobre a dimensão sacerdotal do nosso ministério. Mas mesmo assim rapidamente algumas anotações a respeito da dimensão profética e da dimensão régio/pastoral.

 

7.       A dimensão profética do ministério ordenado

 

É a dimensão do serviço da palavra. Esta dimensão estava na América Latina bastante acentuada. No tempo das Conferências Episcopais de Medellín e de Puebla toda a Igreja se entendeu como Igreja profética.  Exercer este serviço significava: Anunciar, denunciar e convocar. Hoje esta dimensão profética está em baixa. Ser profeta nem sempre é fácil. Observemos o sofrimento e a dor do profeta Jeremias, que sentiu na carne as conseqüências das suas denúncias. 

Para mim, ser profeta significa não só falar em nome de Deus, mas mais: Falar as palavras de Deus. Para isto o profeta precisa sempre de novo momentos de silêncio para poder ouvir o que Deus diz. Para ser profeta precisa ter uma atitude contemplativa, ser místico. Os profetas do AT eram carismáticos e extáticos, mas ao mesmo tempo viviam perto do povo. Uma vez, tendo discernido a fala de Deus, eram corajosos e não se calavam nem diante dos reis. 

 

8.       A dimensão régia/pastoral do ministério ordenado

 

Segundo o Salmo 23/22 e o Evangelho de São João, capítulo 10 as funções do pastor são: 

•         Guiar e conduzir. “Ele me guia por caminhos justos”. Jesus caminha à frente do rebanho. (Jo.10.4).

Providenciar comida e bebida. “Em verdes pastagens me faz repousar. Para águas tranqüilas me conduz”. Nada me falta. No deserto Iahweh providencia o maná, os codornizes. Jesus multiplica o pão.

Vigiar e defender. “Ainda que eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, pois estás junto de mim”. O mercenário vê o lobo aproximar-se abandona as ovelhas e foge. O bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas.

 

9.       A dimensão sacerdotal do ministério ordenado.

 

No início da Igreja os ministros nunca se entenderam como sacerdotes. Os evangelhos e as cartas de Paulo conhecem entre outros, títulos como: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef.4.11; 1Cor. 12.28)   

De onde vem esta identificação do ministro católico ordenado apenas como sacerdote? Encontrei as seguintes razões:

•         A carta aos Hebreus declara Jesus Sacerdote, mesmo um sacerdócio totalmente diferente.

A questão da presidência da eucaristia, eucaristia entendido como sacrifício. 

Depois de Constantino entraram na Igreja elementos e costumes do sacerdócio e do culto pagão. 

Mais tarde o sacerdócio do AT influencia o sacerdócio do NT.

 

10.     Olhando para Jesus

 

Querendo entender o significado do nosso sacerdócio é preciso olhar para Jesus Cristo. Olhando para ele podemos constatar algumas afirmações até desconcertantes. Jesus não foi sacerdote. Era leigo. A própria Carta aos Hebreus diz isto . Ele não foi sacerdote, nem do modo de entender do AT, nem dos contemporâneos de Jesus. Mesmo comparando Jesus com os sacerdotes de hoje, ele não se enquadra.

•         Jesus não foi sacerdote para os Judeus: O sacerdócio do AT era hereditário, exclusivamente ligado à descendência de Levi. Jesus não pertenceu à tribo de Levi, não veio de uma família sacerdotal. Não estava ligado ao templo, como sacerdote. Nunca vestiu as roupas próprias dos sacerdotes. Todos os sacerdotes eram ligados ao templo de Jerusalém, porque só lá se faziam os sacrifícios. Jesus nunca presidiu a um culto oficial, nem ofereceu sacrifício em Jerusalém.

Jesus nunca foi sacerdote do jeito como o povo em geral hoje entende os sacerdotes. Jesus não era responsável por uma paróquia, ele não pertenceu a uma diocese ou congregação, a nenhuma estrutura ou instituição. Ele não batizava, nem escreveu registros de batizados.

Jesus em nenhum evangelho é chamado de sacerdote. Nunca se arrogou este título. Os apóstolos nunca se chamaram de sacerdotes. Ao contrário, Jesus vivia em conflito com os sacerdotes. Ele teve discussões e debates com eles. E no fim, foram os sacerdotes que levaram Jesus para ser crucificado.

Com base nestas afirmações, como é possível compreender que a carta aos Hebreus chama Jesus de sacerdote? E não só de sacerdote, mas até de Sumo Sacerdote. Por que e em que sentido a carta aos Hebreus chama um leigo de sacerdote? Sabemos que a carta aos Hebreus custou a ser aceita no cânon do NT, pela controvérsia que causou.

A pergunta que a carta aos Hebreus nos faz é a seguinte: Quais os critérios, qual a qualificação que o autor viu em Jesus, de maneira a chamá-lo de sacerdote? O que faz que a carta aos Hebreus identifique Jesus como sacerdote?

A resposta que o autor da carta aos Hebreus dá é a seguinte, que quero aprofundar em seguida.

Jesus é sacerdote porque

o        Realizou a purificação dos pecados (Hb 1,3).

o        Por causa do sofrimento da morte. (Hb 2,9).

o        Tornou-se, em tudo, semelhante aos irmãos, para ser em relação a Deus um sacerdote fiel e misericordioso, para expiar assim os pecados do povo. (Hb 2,17).

Para entender melhor a argumentação da carta aos hebreus, gostaria de apresentar primeiro o sacerdócio levítico.

 

11.     O Sacerdócio Levítico 

 

A compreensão do sacerdócio na Igreja católica é fortemente marcado pelo sacerdócio levítico do Antigo Testamento. É bom lembrar que o sacerdócio levítico, como é apresentado no Livro do Levítico, é do tempo pós-exílico. Isto quer dizer o Livro do Levítico retrata a situação da reconstrução do templo, da retomada dos sacrifícios, dos costumes religiosos e da valorização dos sacerdotes. Os capítulos 1 a 7 apresentam as leis relativas aos sacrifícios. Mostram como os sacerdotes se entenderam a si mesmos, lá no centro, em Jerusalém. É o sacerdócio levítico ortodoxo. Sua tarefa é vigiar pela pureza e aplicação da lei, contra os estrangeiros. Ao lado do sacerdócio ortodoxo em Jerusalém existem outras tradições. 

O surgimento e posterior desenvolvimento do sacerdócio em Israel é um assunto bastante complexo e mereceria ser estudado com mais profundidade. Já o livro do Gênesis (Gn 4,3s) relata o sacrifício de Caím e Abel, os sacrifícios de Abraão (Gn15,9ss e Gn 22,1-18). Quem oferecia os sacrifícios, na época dos patriarcas, eram os chefes de família. Só mais tarde, em torno dos lugares de culto, estabelecem-se famílias sacerdotais que garantiram o serviço do santuário e as tradições e os ritos. Já no reinado de Salomão havia lutas de influência entre essas famílias sacerdotais, a de Abiatar e a de Sadoq.  Ainda antes do exílio, o rei Josias (640-609) fez uma reforma, acabou com os altares e sacrifícios “nos lugares altos” e centralizou o culto e os sacrifícios só na cidade de Jerusalém.  Houve conflitos entre os sacerdotes de Jerusalém e os sacerdotes que, depois que foram destruídos os santuários no país, vieram para a capital. Daí vem a distinção entre os sacerdotes, o antigo clero de Jerusalém, e os levitas, que vieram se estabelecer na capital e foram considerados como um clero de segunda classe, classe inferior. Mais tarde, depois do Exílio se forma uma classe sacerdotal, que se considera descendente em linhagem direta de Aarão e da tribo de Levi e é hereditária. Por que agora só os descendentes da tribo de Levi podem oferecer sacrifícios? Porque conquistaram o poder? 

 

11.1. A investidura. Quem pode ser sacerdote? Porque Iahweh escolhe a tribo de Levi e não as outras tribos?

 

Os filhos de Levi foram escolhidos para serem sacerdotes e receberam a investidura, porque mostraram zelo por Iahweh. O zelo por Iahweh aparece como o critério para ser sacerdote.   

Ex 28,1Farás aproximar de ti, dentre os israelitas, Aarão teu irmão e os seus filhos com ele, para que sejam os meus sacerdotes.

Ex 28,41 e 29,1 Para os filhos de Aarão farás túnicas e cintos. Far-lhes-ás também barretes para esplendor e ornamento. Depois os ungiras, dar-lhes-ás a investidura e os consagrarás para que exerçam o meu sacerdócio. Os sacerdotes são consagrados por um rito que inclui três ações (1) banho de purificação, (2) recebimento dos vestidos sacerdotais, (3) unção. Depois da unção, dar-lhes-ás a “investidura” = encher as mãos. É o gesto simbólico de colocar pela primeira vez entre as mãos dos sacerdotes as porções da vítima que ele deve oferecer em sacrifício. Comparando este rito com a ordenação sacerdotal da Igreja católica, parece que nada mudou. 

Ex 32,25-29. Para entender este texto é bom situa-lo. A história é que o povo dança ao redor do bezerro de ouro. 

(25) “Moisés viu que o povo estava desenfreado, porque Aarão os havia abandonado à vergonha. No meio dos seus inimigos. (26) Moisés ficou de pé no meio do acampamento e exclamou:“ Quem for de Iahweh venha até mim!” Todos os filhos de Levi reuniram-se em torno dele. (27)Ele lhes disse: “Assim fala Iahweh, o Deus de Israel: cingi, cada um de vós, a espada sobre o lado, passai e tornai a passar pelo acampamento, de porta em porta, e matai, cada qual, a seu irmão, seu amigo, a seu parente.”(28) Os filhos de Levi fizeram segundo a palavra de Moisés, e naquele dia morreram do povo uns três mil homens. (29) Moisés então disse: “Hoje recebestes a investidura para Iahweh, cada qual contra o seu filho e o seu irmão, para que ele vos conceda hoje a bênção”.

Que texto assustador! O zelo dos filhos de Levi pelo reconhecimento do Senhor é tão grande que eles matam e por isso recebem a investidura. Os sacerdotes matam, não pela alegria de matar, mas pelo zelo por Iahweh. Pela pureza da religião eles eliminam, arrancam desde a raiz, como se arranca uma erva daninha, como se sacrifica o resto das vacas, para erradicar a doença da vaca louca, assim os sacerdotes matam pela pureza da religião.  

•         Salmo 149 Nesta linha a purificação através da espada é tema do Salmo. 

Exultem os fiéis por sua glória

E cantando se levantem, de seus leitos,

Com louvores do Senhor em sua boca

E espadas de dois gumes em sua mão

Para exercer a sua vingança entre as nações

E infligir o seu castigo entre os povos

Colocando nas algemas os seus reis

E seus nobres entre ferros e correntes

Para aplicar-lhes a sentença já escrita

•         Dt 33,8-11. Levi e os seus descendentes são abençoados (recebem a investidura) por seu zelo por Deus. “Ele diz de seu pai e mãe: “Nunca os vi”. Ele não reconhece mais seus irmãos e ignora seus filhos.” Neste zelo eles não conhecem os pais (não poupam a sua vida), nem os irmãos e nem os filhos.  

•         Nm 25,5-13. Novamente o povo de Israel se entregou a prostituição com as filhas de Moab. Estas convidaram o povo para o sacrifício dos seus deuses. 

(5)“Moisés disse aos juízes de Israel: “Mate cada um aquele dos seus homens que se ligaram ao Baal de Fegor”. (6) Eis que chegou um homem dos israelitas, trazendo para junto de seus irmãos esta madianita..... (7)Vendo isso, Finéias, filho de Eleazar, filho de Aarão, o sacerdote, levantou-se no meio da comunidade, tomou uma lança, (8) seguiu o israelita até à alcova e lá transpassou-o, pelo ventre, juntamente com a mulher.....(10) Iahweh falou a Moisés e disse: “Finéias, filho de Eleazar, filho de Aarão, o sacerdote, fez cessar a minha ira contra os Israelitas, porque, entre eles, foi possuído do mesmo zelo que eu.....(12) Por esta razão eu afirmo: Dou-lhe a minha aliança de paz. (13) Será para ele e para sua descendência depois dele uma aliança que lhe garantirá o sacerdócio perpétuo. Em recompensa do seu zelo pelo seu Deus, poderá realizar o rito de expiação pelos israelitas”. A recompensa de Fineias; ele é sacerdote pelo zelo (o ciúme) por Iahweh.

•         1Mc 2,24-27 (24) “Ao ver isso, Matatias (o sacerdote) inflamou-se de zelo e seus rins estremeceram. Tomado de justa ira, ele arremessou-se contra o apóstata e o trucidou sobre o altar. (25) No mesmo instante matou o emissário do rei, que forçava a sacrificar, e derribou o altar. (26) ele agia por zelo pela Lei, do mesmo modo como havia procedido Finéias”.

•         Jo 2,17. Jesus purifica o templo. “O zelo por tua casa me devorará”.

•         Jo 11,49. Um deles, porém, Caifás, que era Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: “Vós nada entendeis. Não compreendeis que é do vosso interesse que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda?” Não dizia isso por si mesmo, mas sendo sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação – e não só pela nação, mas também para congregar na unidade todos os filhos de Deus dispersos.

•         Não podemos entender a Inquisição na mesma linha? Manter a pureza da fé e por isso erradicar desde a raiz, custe que custar,  tudo o que possa contaminar.

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11.2. As atribuições do ofício. Quais as funções dos sacerdotes?

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•         Dt 33,8-10. Eles foram instituídos porque (1) guardam a tua palavra, (2) velam pela tua aliança, (3) ensinam teus costumes e tua lei, (4) apresentam a oferenda sobre o altar. 

•         Ez 44,23-24 Conhece como tarefa dos sacerdotes: (1) ensinar o povo o que é puro e impuro, o que é sagrado e o que é profano, (2) eles são juízes e julgam as contendas de acordo com o direito de Iahweh. (3) eles mesmos observam e ensinam a observar as leis e os estatutos. Zelam pela ortodoxia. A tríplice função (1) oráculo divino (2) ensino (3) serviço do altar.

•         Mas a principal tarefa dos sacerdotes é oferecer sacrifícios a Deus, sacrifícios de reconciliação por causa dos pecados. Pecado é romper a aliança com Deus. O pecado deve ser expiado. Esta reconciliação (expiação) acontece por um rito, com gestos, os sacrifícios. 

•         Ao contrário dos sacerdotes da AT, Jesus estabelece a pureza apenas com sua palavra. Por exemplo: para o leproso ele diz: “Eu quero que você seja puro” (Mt 8,3) e para o paralítico ele diz, “os teus pecados te são perdoados”. (Mt 9,2). “Vocês já estão puros por causa da palavra”. (Jo 15,3).

•         No AT a reconciliação acontece através de um sacrifício. Sacrifício quer dizer matar, derramar sangue. Uma primeira impressão: os sacerdotes são açougueiros . Os sacerdotes matam! Isto é sua tarefa. Vou repetir, os sacerdotes não matam por alegria de matar, mas para manter pura a religião e para expiar os pecados. 

•         O normal não é matar pessoas, mas animais. A pessoa é substituída por um animal. Na história do sacrifício de Abraão, o filho é resgatado por um carneiro (Gn 22).  

•         O sacrifício abre um conflito. Mesmo sacrificando animais, o sacrifício abre um conflito. Segundo toda a tradição do AT é proibido matar, derramar sangue. O sangue é a sede da vida, é santo. Mas no sacrifício se derrama sangue necessariamente. Por isso segundo o livro Levítico todo ato de matar, de sacrificar é um ato cúltico, que deve ser feito num altar e só no santuário, no templo de Jerusalém. 

•         O sangue é sede (princípio) da vida. O sangue é santo, mesmo quando vem de animais sacrificados. O sangue merece uma atenção ou um trato e respeito especial. Exatamente isto é a tarefa dos sacerdotes, ser responsáveis pelo sangue, pela vida. Por um lado eles derramam sangue, por outro lado eles resgatam o sangue derramando-o no pé do altar. Ele é santo. Esta tarefa é atribuída exclusivamente aos sacerdotes. Santificar o sangue derramado e sacrificado para que a vida seja respeitada. Só o sacerdote se aproxima do altar. 

 

11.3. Posterior evolução do sacerdócio em Israel. 

 

Olhando para a história do Povo de Israel: ele é regido numa primeira fase pelos reis. A monarquia termina num fracasso, o exílio.

Depois do exílio não existe mais rei. Israel agora é regido pelos sacerdotes. O sacerdócio pós-exílio: Além da função estritamente sacerdotal, os sacerdotes pós-exílio assumem mais e mais, na falta de um rei, a administração do templo e da vida pública, controlando-a através de uma legislação rigorosa. No tempo de Jesus a classe dos sumos sacerdotes dominava toda a vida pública. Existem também os reis (Herodes), mas eles são considerados autoridades mais pela graça dos romanos do que legítimos lideres do povo.  

No ano 70 com a destruição do templo, acabaram os sacrifícios, acabou o culto e acabou o sacerdócio em Israel. A religião judaica tornou-se uma religião do livro (=> Jamnia). 

Diante disto para guiar o seu povo, Deus estabelece em terceiro lugar o Messias para não repetir os fracassos de outrora. Durante toda a história de Israel houve a crítica ao sacerdócio, ao culto e aos sacrifícios pelos profetas. Eles criticaram o culto vazio.

 

12.     A contribuição da antropologia de René Girard 

 

          A minha pergunta sempre foi: Por que oferecer sacrifícios a Deus? Sacrifico serve para aplacar um deus irado? Que deus seria este? Nunca pude aceitar esta resposta. A Igreja sempre defendeu a missa como um sacrifício. A missa é considerada um sacrifício de reconciliação. No seu livro “A Violência e o Sagrado” René Girard defende a tese de que a função do sacrifico é apaziguar e controlar a violência, a violência entre os homens. Quando a violência cresce, sempre ela se descarrega numa vítima, um bode expiatório. A morte da vítima purifica, acaba com a violência, restabelece a justiça consegue a paz entre as partes. Por que a vítima expiou a violência, o pecado, agora ela é venerada e considerada sagrada. Será que o sacrifício tem alguma coisa a ver com Deus ou é um mecanismo para controlar a violência entre os homens? Aí tem ainda muitas perguntas abertas, não respondidas satisfatoriamente.

 

13.     O sacerdócio de Jesus Cristo segundo a carta aos Hebreus

 

Apresentei o sacerdócio levítico, porque me parece nos ajudará a esclarecer melhor a diferença com o sacerdócio de Jesus Cristo.

A carta aos Hebreus foi escrita e se dirige provavelmente a uma comunidade com a presença forte de sacerdotes judeus , convertidos ao cristianismo e que diante das dificuldades e dos sofrimentos querem abandonar a fé. O autor então para encorajá-los de ficarem firmes e fiéis, faz o discurso da carta, na qual compara Jesus Cristo com eles e tenta ajudar aos sacerdotes, comparando o seu sofrimento atual com o de Jesus Cristo, estabelecendo comunhão e clareando o significado do seu sofrimento.

 

13.1. A novidade do sacerdócio de Jesus – Jesus é um sacerdote diferente.

 

O autor da carta pressupõe que os seus ouvintes conhecem a teologia sacerdotal do AT. Para o autor da carta aos Hebreus o sacerdócio levítico segundo Aarão é superado (Hb 7.11), porque afinal os sacerdotes não conseguiram cumprir com a sua atribuição. “Tudo eram ritos humanos”. (Hb 9,10). E de fato, depois da destruição do Templo no ano 70, não existe mais sacrifício, nem sacerdócio em Israel.

•         Jesus Cristo é vítima e sacerdote. 

A função dos sacerdotes do AT é “oferecer dons e sacrifícios pelos pecados” (Hb 5,1; 8,3) ”Sem efusão de sangue não há remissão” (Hb 9,22). Mas “é impossível que o sangue de touros e bodes elimine os pecados” (Hb 10,4). Mas Jesus Cristo “não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue.....

obteve a libertação definitiva. Pois se o sangue de bodes e novilhos e se a cinza da novilha espalhada sobre os seres ritualmente impuros, os santifica, purificando os seus corpos, quanto mais o sangue de Cristo...há de purificar a nossa consciência. (Hb 9,12s). Como entender que Jesus é ao mesmo tempo vítima e sacerdote? O tertium comparationis é a redenção. Como vítima ele apaga os pecados, como sacerdote também ele apaga os pecados do povo. 

Sacrifícios, oferendas, holocaustos,

Sacrifícios pelo pecado,

Tu não os quiseste e não te agradaram...

Eis que vim, para fazer a tua vontade...

E graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo

Realizada uma vez por todas (Hb 10,8-10

•         Jesus Cristo é o único sacerdote – ele é sacerdote só no céu

A única pessoa que cumpriu a tarefa e conseguiu a salvação, que a vida seja santificada, é Jesus. Por isso ele é o único sacerdote. Só ele merece ser chamado sacerdote. Ele tornou-se sacerdote só no céu. “Se Jesus estivesse na terra, não seria nem mesmo sacerdote” (Hb 8,4)

•         Jesus é apóstolo e sumo sacerdote

“Considerai atentamente Jesus, o apóstolo e sumo sacerdote da nossa profissão de fé”. (Hb 3.1). A carta aos Hebreus chama Jesus apóstolo e sumo sacerdote. Ele é enviado por Deus aos homens e ele representa os homens junto a Deus. 

13.2. Jesus é um sacerdote semelhante aos irmãos, misericordioso e fiel. (Heb.2.17). 

“Convinha, por isso, que em tudo se tornasse semelhante aos irmãos, para ser, em relação a Deus, sumo sacerdote misericordioso e fiel, para expiar assim os pecados do povo”. (Hb 2,17).

Para a carta aos Hebreus existem três critérios, três qualificações para ser um sacerdote. Não são necessárias outras qualidades a não ser estas três: ser irmão, ser misericordioso e ser fiel. São qualidades do próprio Deus misericordioso e fiel à aliança. 

•         Jesus é sacerdote e irmão

O sacerdote é constituído em favor dos homens no que diz respeito às suas relações com Deus. “Tanto o santificador quanto os santificados, todos, descendem de um só; razão porque não se envergonha de os chamar irmãos”. (Hb 2,11). Os sacerdotes do AT são distantes, diferentes, separados. Jesus é um sacerdote não distante, mas semelhante, ele se tornou igual. Ele é irmão. “Ele participou da mesma condição”. (Hb 2,14).

•         Ser misericordioso significa: Ter misericórdia diante do pecador. Não mais a atitude do zelo, que elimina, não mais o sacerdócio que mata, mas atitude de misericórdia que compreende e suporta. Jesus “não quebra o caniço rachado nem apaga a mecha que ainda fumega. (Mt.12.20). É um novo jeito de lidar com os pecadores. “Não quero a morte do pecador, mas que ele se converta e viva”. (Ez.33.11). “Misericórdia eu quero e não os sacrifícios”. (Mt. 9.13). Misericordioso é quem sente com o outro, quem  tem um coração que se compadece. O contrário de ser misericordioso seria o zelo por Deus que rejeita todo o resto. O sacerdote misericordioso vai assumir em sua vida o pecado dos outros.

•         Ser fiel significa: ser fiel à aliança. Cumprir a sua parte do compromisso, não debandar, não abandonar, mas ficar firme, mesmo nas dificuldades. Jesus é fiel tanto ao povo como a Deus. Ambos podem confiar nele e na sua responsabilidade e prontidão para servir. Ele é uma pessoa só para o povo e para Deus.

 

13.3. Jesus é sacerdote segundo a ordem de Melquisedec (Hb 7.11)

 

O sacerdócio de Jesus Cristo é segundo a ordem de Melquisedec não segundo a ordem de Aarão. A carta aos Hebreus se refere aqui ao Salmo110/109. O sacerdócio de Cristo Messias é universal, não decorre de nenhuma investidura terrestre, mas é Iahweh, ele mesmo que dá a investidura. A nova ordem não é mais um puro rito morto, não é em primeiro lugar culto, mas é vida vivida e doada, entregue para que outros tenham vida. 

•         Melquisedec não tem antecedência, não pertence à Tribo de Levi. 

•         Melquisedec é ao mesmo tempo e em uma só pessoa rei e sacerdote. 

o        Melquisedec é rei. Primeiro ele tem um nome que se traduz “rei da justiça” e depois rei de Salem (Jerusalém), ou seja, Rei da Paz.(Hb 7,1-2). Rei da paz, não da guerra e da violência. Ser rei é ser responsável pelo bem estar dos outros. Ser rei implica com uma função política. O sacerdócio de Melquisedec não é apenas culto.

o        Melquisedec é um rei diferente. Enquanto os reis da terra, os poderosos, se insurgem e conspiram contra Iahweh e contra o seu messias, o poderoso se ri deles. Deus estabelece um rei diferente. Ele consagra como seu Rei, o seu Filho, rei verdadeiro. Esse rei os reis da terra precisam reconhecer como Messias que é rei, mas ao mesmo tempo também é sacerdote. Sacerdote quer dizer ser santo diante de Deus, exercer o seu poder segundo o plano de Deus. A esse rei verdadeiro os reis da terra e os juízes devem atender e deixar-se corrigir, e lhe prestar homenagem. Pois ele defende a justiça e a paz. (Sl 2). 

o        Melquisedec é sacerdote. Sua tarefa é abençoar Abraão (Gn 14,17).Depois de uma guerra que Abraão travou contra os reis e na qual, assim supõe-se, foi derramado sangue, este sangue precisava ser resgatado, mas aqui não através de um sacrifício de um animal, mas através de pão e de vinho.

o        Melquisedec é um sacerdote diferente. Para mim é importante: ordem de Melquisedec = (1) rei e sacerdote numa só pessoa. (2) como rei, ele reivindica os direitos de Deus (3) como sacerdote ele supera o conflito, restabelece a paz e a reconciliação não oferecendo sacrifícios, não matando animais, mas trazendo pão e vinho, frutos da terra.

 

13.4. Jesus Cristo é mediador de uma nova aliança

 

          No AT o homem comum não têm acesso ao santuário. Eles precisam de um mediador. Só os sacerdotes podem entrar no santuário e só o sumo sacerdote pode entrar na segunda tenda.  “Os sacerdotes entram a qualquer momento na primeira tenda, para realizar o serviço cultual. Na segunda tenda, porém, entra só o sumo sacerdote e só uma vez por ano”. (Hb 9,6s). Jesus Cristo, porém “entrou uma vez por todas no santuário”. Na morte de Jesus  “o véu do Santuário se rasgou em duas partes de cima a baixo” (Mt 27,51). Agora todos têm acesso livre a Deus. Não precisam mais de mediadores. Segundo a carta aos Efêsios. Jesus fez de ambos os povos um só, derrubando o muro de separação (Ef 2,.14).

 

Conclusão: 

 

O autor da carta aos Hebreus discute o significado do sacerdócio de Jesus, declara o sacerdócio do AT e a prática dos sacerdotes como superado. Jesus Cristo tornou-se sacerdote só no céu. Se estivesse na terra não seria nem sacerdote (Hb 8.4). Jesus Cristo não poderá ser chamado mais de sacerdote ou só num significado novo e diferente. Ao mesmo tempo o autor propõe uma espiritualidade do sacerdócio neo-testamentário. O que faz de uma pessoa um sacerdote do NT, não é a descendência de uma família sacerdotal, não é o estudo, não é o poder sacramental, não é a capacidade administrativa, não a habilidade pastoral, não a batina. O único distintivo para uma pessoa ser sacerdote do NT é ser semelhante aos irmãos, misericordioso e fiel. 

•         Um dado interessante é que o autor da carta chama as lideranças da comunidade não de sacerdotes, mas de“dirigentes”. (Hb 13.7 e 17).

 

14.     O sacerdócio de Jesus segundo o Evangelho de João. 

 

Logo no início no quarto evangelho João Batista apresenta Jesus como o Cordeiro de Deus que carrega/ tira o pecado do mundo (Jo 1,.29)

 

14.1. Jesus é o Cordeiro de Deus (Jo 1,29.35)

 

A expressão “cordeiro” faz lembrar dois textos do AT.

O primeiro texto é do Êxodo 12,1-28. Na noite da páscoa a comunidade de Israel deve matar e comer um cordeiro, e untar o portal da casa com seu sangue, em sinal de proteção. O cordeiro pascal se torna o símbolo da redenção de Israel. 

O segundo texto é de Is 52,13 –53,1-12. O cordeiro = ebed Iahweh = o servo de Iahweh, o servo sofredor, descrito nos 4 cânticos do Servo de Isaías, principalmente no 4o. cântico. Como este servo tira o pecado? Enquanto ele carrega os pecados dos outros e inocente se oferece como cordeiro. Novamente temos o Leitmotiv da vida. Tirando os pecados para que tenham vida. Com toda certeza Jesus conheceu o livro de Isaias. Ele se identificou com o Servo de Iahweh. “Isto é falado para mim, isto eu quero viver, eu quero fazer”. Ser sacerdote é aceitar sobre si e carregar a culpa dos outros, a fim de que sejam redimidos. => Maximiliano Kolbe, e Bernanos: Das Lamm.

O ebed Iahweh  torna-se goël para outros. Goël no hebraico significa: resgate = pagar as dividas para um outro, para por em liberdade e redimir aqueles que estão oprimidos e escravizados. É assumir a divida de uma outra pessoa. É encarregar-se a tomar sobre si os sofrimentos dos outros e carregá-los nas suas costas, a fim de libertar os outros. “Eis o cordeiro de Deus que carrega o pecado do mundo”. 

 

14.2. Jesus amou até o fim

•         

•         Ser sacerdote não é apenas exercer um rito, mas como Jesus e com Jesus amar até o fim (Jo 13,1) até a entrega da sua vida. Ser sacerdote significa entregar e doar a vida, para que os outros tenham vida e vida em abundância.   

 

15.     Conclusão

 

Com estas considerações nós nos aproximamos da compreensão de nossa identidade como sacerdotes do NT.  O novo sacerdócio, o nosso sacerdócio é:

1.       Ter o desejo de que todos se salvem, ser salvador com e como Jesus. “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo” (Mt 11,28).

2.       Aceitar ser vítima. Carregar o peso dos outros. Dar a vida pelos outros. “Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas” (Jo 10,15).

3.       Cuidar e defender a vida. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Somos sacerdotes, mas também reis. Ser rei é ser responsável pelo bem estar dos outros, ser rei implica em uma função política.

          Ser sacerdote do NT é: (1) ser irmão, (2) ser misericordioso e fiel (3) aceitar ser vítima, cordeiro de Deus.

Temos aqui a superação da divisão entre culto e vida. A crítica dos velhos profetas – a separação da vida e do culto – aqui se torna realidade.

O sacerdócio do AT é baseado no princípio da alienação. Estar longe do povo, distante, à parte. Os sacerdotes do AT têm uma linhagem diferente, sua tribo é diferente, eles vestem roupas diferentes do povo, o tempo e o lugar de adorar é diferente. Tudo neles é diferente do povo. Sua teologia e sua espiritualidade são baseadas no princípio da alienação. Porque eles são assim? Porque para eles Deus é uma realidade transcendente, para a qual pessoas, meramente humanas, não têm acesso. Deus é santo. O pecador não pode vê-lo. Ninguém pode aproximar-se de Deus. Apenas um grupo reduzido, algumas poucas pessoas muito especiais estão aptas e ungidas para tocá-lo e vê-lo. Veja a importância do conceito de Deus que temos, ele condiciona toda a nossa vida!

Nossa liturgia antes do Vaticano II manifestava esses mesmos princípios. Os sacerdotes viviam distantes e à parte do povo. E como é hoje: nós presbíteros vivemos a vida do povo?

O sacerdócio do NT, ao contrário, tem como base o princípio da fraternidade. Sua espiritualidade é a espiritualidade da solidariedade, não da diferença. O Deus de Jesus Cristo é um Deus da encarnação, Deus no mundo, Deus misericordioso no meio dos pecadores. Todos têm acesso.

Os sacerdotes do AT oferecem coisas, animais como sacrifícios. Os sacerdotes do NT oferecem a si mesmos, sua pessoa, seu corpo, aceitam de ser vítimas.

No NT o culto a Deus é a vida vivida na obediência a Deus, fazer a vontade de Deus. A minha entrega, com corpo e alma, minha submissão e obediência à vontade de Deus.

          Quero terminar o meu discurso repetindo:

Antes de ser padre, ser cristão e antes de ser cristão, ser humano!

 

4. NOTÍCIAS 

 

4.1. “Silêncio, Deus está falando”.

 

No dia 15 de Dezembro, as Fraternidades Sacerdotais da Província de Botucatu se reuniram no ITRA (Instituto Teológico Rainha dos Apóstolos) em Marília – SP, das 09:00 às 16:00 horas.

Estavam presentes as quatro Fraternidades de nossa Província, (duas de Marília e duas de Assis).

Após a oração de abertura, assistimos ao vídeo “Frutos de Deserto”, para reabastecer em nós o espírito do Irmão Carlos e para iluminar a reflexão acerca da caminhada  de nossas Fraternidades.

Refletimos juntos sobre duas perguntas consideradas pertinentes para nossa região:

1) Como estamos sentindo nossas Fraternidades no presbitério?

2) Como divulgar mais as Fraternidades em nossa Diocese e em nossa Província?

No período da tarde, concluímos nosso encontro anual com um momento de adoração.

 

Pe. Valdo e Fraternidades

 

4. 2. RELATÓRIO DA EQUIPE DE COORDENAÇÃO DA FRATERNIDADE

 

 Encontro:  Equipe de Coordenação da Fraternidade Sacerdotal Jesus + Cáritas 

Data:           08 a 11 de setembro de 2003

Local:            Pirai – RJ

Presentes: Pe. Antonio Carlos de Souza, Pe. Celso Pedro da Silva, Pe. Cláudio, Pe. Gildo Nogueira Gomes, Pe. João Batista Dinamarquês, Pe. José Bizon e Pe. Silvano Siqueira Moura.

                               O encontro foi marcado pela revisão de vida, adoração, celebração eucarística, silêncio e oração contemplativa. Tudo isso graças à disponibilidade dos participantes e à generosa colaboração da natureza, pois o local – Sítio do Ipê – é realmente lindo, rodeado de montanhas e cercado pelo rio Pìraí. É de fato um  paraíso. Os coordenadores Regionais partilham sobre os encontros e a caminhada das fraternidades locais de suas respectivas regiões.

 

          Pauta de nossa reflexão

          Funções e responsabilidades dos Responsáveis Regionais:

-         Assegurar a ligação entre as diversas fraternidades locais;

-         Organizar os encontros / retiros das fraternidades locais;

-         Ajudar os coordenadores das fraternidades locais e se reunirem regularmente;

-         Dar mais atenção às fraternidades em formação;

-         Incentivar a participação dos membros das fraternidades locais no mês de Nazaré.

 

Mês de Nazaré e Retiro    

Os presentes renovaram o seguinte compromisso:

-         Proporcionar encontros com os coordenadores das fraternidades locais, para que os mesmos dinamizem suas fraternidades;

-         Continuar promovendo os encontros e retiros regionais: divulgação, organização e incentivando, ainda mais, a participação;

-         Incentivar os membros das fraternidades a participarem do retiro anual e do mês de Nazaré.

-             Para que isso aconteça, a ajuda mútua é necessária: partilha dos gastos e colaboração nas paróquias, quando um dos irmãos quer participar do mês de Nazaré.

          

          Boletim das Fraternidades

                     A tiragem do Boletim das Fraternidades é de 500 exemplares. Estão sendo enviados aos membros das fraternidades e simpatizantes da Espiritualidade do Irmão Carlos. O Boletim tem recebido muitos elogios pela sua apresentação e pelo seu conteúdo.

                     Entretanto, a edição e expedição estão se tomando cada  vez mais dispendiosas para o caixa. Cada número está custando em torno de R$ 1.500,00  (Hum mil e quinhentos reais). E ainda, em cada edição, alguns exemplares têm retornado com a informação de que a pessoas mudou de residência; más, seu endereço não foi atualizado. Diante desta realidade, a equipe de coordenação está pensando num sistema de assinaturas. Todas as pessoas que desejarem receber o Boletim darão uma contribuição anual.

 

 

                     Próximo Encontro                        

                               Data: 28 de junho a 01 de julho de 2004

                               Local: Brasília

              Obs: Favor agendar essa data o quanto antes. Se houver alguma impossibilidade de sua parte, por motivos de retiro ou encontro diocesano ou regional, favor comunicar o quanto antes para que possamos agendar outra data, possível para todos,

 

                               Fraternalmente, 

São Paulo, de  4 outubro de 2003.  

 

 

                     Pe. Bizon

 

 

5. AGENDA

 

1 Retiro Anual

04 a 11 de janeiro de 2005

Local: Hidrolândia - GO

Tema: Espiritualidade do Padre Diocesano e a Fraternidade

Assessor: Pe. Edson Damian

 

2.  Região Sudeste

17 a 19 de maio de 2004

Arrozal, RJ

Responsável: Pe. Gildo

 

3. Equipe de Coordenação

28 de junho a 01 de julho de 2004

Brasília – DF

Responsável: Pe. José Bizon

 

4.  Região Nordeste

27 a 29 de julho de 2004

Alagoinhas, BA

Resp. Pe. Silvano Moura Cerqueira

 

5. Região Centro Oeste

1 e 2 de junho de 2004

Goiânia, GO

Resp. Pe. Ernanne Pinheiro

 

6. UM LIVRO UM AMIGO 

 

 

Breve Lançamento das Edições Paulinas:

Ir. Noemi, Rodrigo Drubi e Pe. Bizon. Ecumenismo: 40 anos do Decreto Unitatis Redintegratio – 1964-2004 é uma obra que concentra em um único volume os principais documentos da Igreja Católica sobre o ecumenismo. Na primeira parte encontra-se o texto integral de vários documentos (cartas encíclicas, decretos, declarações e outros documentos), inclusive do Diretório para a aplicação dos princípios e normas sobre o ecumenismo. Na segunda e terceira partes são apresentados alguns trechos significativos de documentos do Concílio Vaticano II, de algumas  encíclicas papais, do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais. Na quarta e quinta partes alguns textos selecionados dos documentos do Conselho Latino-Americano (CELAM) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Como conclusão, dois anexos: o Guia Ecumênico da CNBB e  textos de algumas orações ecumênicas. 

 

SOUZA, Ney de (Org). Catolicismo em São Paulo  450 anos de presença da Igreja Católica,  Edições Paulinas, São Paulo, 2004. “A obra Catolicismo em São Paulo  analisa, em mais de 700 páginas, as implicações da atuação da instituição durante os três períodos de nossa história: Colônia, Império e República.

 

JACQUELINE, Bernard, Charles de Foucauld, Viajero em la Noche, Notas de Espiritualidade, Ciudad Nueva, Madri, Espanha.

 

FIDANZIO Marcello, Charles de Foucauld, Insegnaci a Pregare, Meditazione Sui Salmi, Centro Ambrosiano, Milano, Italia, 2003.

 

RESHAKE, Gisbert, La Spiritualità del Deserto, Ed. Queriniana, Brescia, Italia, 2004.  

 

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