BOLETIM 158-06/2019

Pe Martin e Pe. Ernesto faleceram neste ano de 2019. Veja a notícia em seus nomes no índice, ou cliquem aqui: 

Padre Martin Peter Huthmann

Padre Ernesto de Freitas Barcelos 

BOLETIM DA FRATERNIDADE SACERDOTAL 

JESUS + CARITAS – BRASIL 2019 (Circulação interna – pro manuscrito) 


DA REDAÇÃO 

APRESENTAÇÃO 

Pe. Carlos Roberto dos Santos - Tupã/SP responsável nacional. 

Com muita alegria apresento o Boletim da Fraternidade no 158. Ele narra os ecos dos últimos acontecimentos que vivemos aqui no Brasil e na Assembleia Internacional, nas Filipinas. 

O mês de janeiro de 2019 possibilitou-nos viver grandes e importantes acontecimentos para nossa vida comunitária e espiritual. 

O primeiro foi o retiro anual, lá na cidade de Hidrolândia, que foi orientado por nosso irmão querido Dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. 

Foram momentos marcantes que nos ajudaram no aprofundamento de nossa fé, e na doação e dedicação de nossas vidas ao bem amado irmão Jesus, seguindo os passos e as inspirações do Irmão Carlos. Ao ler as páginas deste boletim, vocês poderão saborear um pouco do que lá vivemos. Muito obrigado Dom Edson. Suas meditações, acrescidas de outras colaborações de alguns irmãos, serão transformadas em mais um livro da fraternidade para orientar irmãos de todos os lugares. 

O segundo acontecimento que marcou nossa fraternidade foi a realização do Mês de Nazaré, que aconteceu na Cidade de Goiás, com a coordenação do Pe. Anchieta e equipe, e colaboração de alguns irmãos que se dispuseram a partilhar os conhecimentos e os valores espirituais e morais vividos pelos membros da Fraternidade. Ao final do Mês de Nazaré, dos seis participantes, todos fizeram o engajamento pessoal de viver a espiritualidade do Irmão Carlos. Perseverança a todos. 

Nossos agradecimentos ao Pe. Anchieta e a todos que o ajudaram na coordenação e execução de mais este Mês de Nazaré promovido pelo Fraternidade no Brasil. 

O terceiro acontecimento foi a Assembleia internacional, que aconteceu na cidade de Cebu, nas Filipinas, na qual participaram três irmãos do Brasil: Pe. Maurício (pela equipe internacional), e Pe. Carlos e Pe. Edivaldo, pela coordenação nacional. Foram experiências marcantes. 

Destaco o trabalho colegiado na elaboração de um subsídio para o Mês de Nazaré, que será utilizado por todas as fraternidades do mundo inteiro. 

Um grande abraço a todos, e boa leitura. 


RETIRO ANUAL DA FRATERNIDADE

 Hidrolândia –GO, 3 a 10 de janeiro de 2019 

MEMÓRIA: RECORDANDO O RETIRO E A CONVIVÊNCIA 

Orientador: Dom Edson Damian Bispo de São Gabriel da Cachoeira-AM 

Com alegria vivenciamos a espiritualidade foucauldiana, estreitando os laços de amizade, testemunho, espiritualidade, que buscam manter o compromisso com os pobres e a intimidade com Jesus e sustentando a vida fraterna entre os irmãos e irmãs, no retiro anual das fraternidades realizado de 03 a 10 de janeiro de 2019, na cidade de Hidrolandia-GO, na convivência, encontro e oração. 

Com a participação de cinquenta e sete pessoas, sendo oito mulheres, um leigo, um diácono, três bispos e quarenta e quatro padres, o retiro iniciou-se às 18h, do dia 03 de janeiro de 2019, quinta feira, com a missa presidida pelo bispo de Vacaria, Dom Silvio, membro da fraternidade, ordenado bispo no dia 22 de julho de 2018. Na homilia, partilhou a experiência de seus primeiros meses de bispo, contando antes como foi sua eleição no contexto de uma experiência pessoal de fé a partir de uma situação especial vivida por sua família. 

Após a missa, houve o jantar e, às 20h, os participantes se encontraram no auditório para as orientações sobre a programação do retiro, coordenado pelo padre Carlos. Antes, cada um dos participantes se apresentou, dizendo, brevemente, como conheceu a Fraternidade. A equipe que administra a Casa de Retiros se apresentou e deu explicações sobre o uso da Casa, desculpou-se por eventuais falhas, justificando que acaba de assumir a administração da Casa e que não teve tempo suficiente de prepará-la para acolher melhor o grupo. Distribuiu a cada participante uma garrafa de água, orientando que se evite o uso de copo descartável. 

Foram formadas oito (8) Fraternidades com sete membros cada. Uma das tarefas das Fraternidades serão os serviços de limpeza e cuidado da casa a serem realizados todos os dias após o café da manhã, antes da primeira meditação do dia. Coordenarão as Fraternidades: Nelito, Sílvio, Carlinhos, Bizon, Neid, Jaime, Freddy e Paulo Milagre. As diversas fraternidades de servios foram orientadas por Camilo Pauletti. Os serviços serão: limpeza da cozinha, lavar louça, limpeza do pátio, dos banheiros, capina da horta, liturgia. 

O tesoureiro da Fraternidade, pe. Willian orientou sobre o pagamento do Retiro, da assinatura do Boletim da Fraternidade e da anuidade da Fraternidade. Ele será auxiliado pelo pe. Ernesto, do Piauí. O diácono, que é médico, colocou-se à disposição para atendimentos que se fizerem necessários. O Didi trouxe uma imagem do Irmão Carlos, obra em cerâmica de um artista piauiense. Vários comunicados foram feitos por alguns participantes. 

Terminadas as orientações, próximo das 22h, foram encerradas as atividades do primeiro dia. 

As atividades do 2o dia, sexta feira, 04 de janeiro, começaram às 7h, com a oração dirigida pela Fraternidade coordenada pelo padre Nelito. Terminada a oração, foi servido o café e, de 8h às 9h, cada Fraternidade se dedicou aos serviços de limpeza da casa, conforme escala elaborada pela equipe responsável. Às 9h15, todos estavam no auditório para a primeira meditação. 

1a MEDITAÇÃO – Alegria e tentações 

O orientador do retiro, Dom Edson Damian destacou, em sua primeira meditação, a alegria como uma das marcas dos retiros da Fraternidade. Recordou a palavra do Papa Francisco na Evangelii Gaudium: “A alegria do Evangelho enche o coração e toda a nossa vida”. Dom Edson centrou sua reflexão em três tentações que podemaninhar-se no coração e na mente do cristão: a) O medo, que é a negação do futuro; b) A fuga, que é a negação do presente; c) A impaciência, que é a negação do presente. Deixou como tarefa para meditação pessoal o trecho do evangelho de Marcos 10,17-24, que narra o episódio do encontro do jovem rico que não soube dispor-se de sua riqueza para seguir Jesus. 

Após a meditação, houve tempo para reflexão individual até às 11h, quando todos se reuniram para adoração até o meio dia. A adoração terminou com a bênção do Santíssimo dada pelo diácono. Ao meio dia houve o almoço, seguido de tempo para descanso até às 14h30. 

2a MEDITAÇÃO – Aflições e alegrias da Igreja 

A segunda meditação começou às 14h30. O mantra “Ó luz do Senhor, que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em nós” serviu de oração inicial. Dom Edson distribuiu e comentou com os participantes o discurso do Papa Francisco à Cúria Romana antes do Natal. 

Terminada a meditação, houve um breve tempo para meditação pessoal. Às 16h foi servido café e, em seguida, as Fraternidades se reuniram para a partilha da vida até às 17h30. Atendendo ao pedido dos participantes, houve alteração no horário para possibilitar o uso da piscina das 17h30 às 18h30. Assim, a missa começou às 18h30, presidida pelo presbítero mais jovem entre os participantes, padre ordenado no final do último mês. 

A última atividade do dia constou de uma “sessão de cinema”. Foi exibida a primeira parte do filme “Podem me chamar de Francisco” que conta a história do Papa Francisco antes de se tornar papa. 

3a MEDITAÇÃO – Periferia é o novo endereço de Deus 

Jesus de Nazaré é periférico. A periferia é o novo endereço de Deus. 

Ao seu modo, Irmão Carlos encontrou Jesus no último lugar, , encarnado na periferia de Nazaré. 

Multidões de famintos ocupam as periferias do mundo. Quando traço uma linha na fronteira, traço quem está dentro e quem está fora; quem está próximo e quem está distante. Periferen (verbo do qual origina periferia) é construir muros. A periferia condiciona a realidade de forma estrutural, não podemos deixar de nos confrontar com ela. Isso por duas razões: a) o próprio Jesus era pobre, excluído, periférico; b) a opção pelos pobres está no DNA da Igreja 

Jesus era homem periférico – não era romano, não pertencia à elite. Nasceu na cidade de Davi, mas na periferia e como migrante. Nazaré que lhe dá o nome é tão insignificante que não vem mencionada em nenhum lugar da bíblia. 

A má afamada Galileia torna-se lugar privilegiado para anúncio do Evangelho. Jesus é a misericórdia ambulante de Deus no meio de nós. A Galileia era uma periferia de Israel, que era uma marginal periferia do Império. A Boa Nova de Jesus parte deste mundo periférico. 

A periferia está no DNA cristão; é uma chave hermenêutica para a leitura do Evangelho. O cristianismo é uma realidade periférica. Não se esquecer dos pobres, recomendação dos apóstolos (cf Gl 2,10). Critério de credibilidade da Igreja é a opção pelos pobres. 

A periferia não é o problema, mas o horizonte. Só saindo de si a Igreja pode descobrir a si mesma. O cristianismo firma-se de maneira surpreendente entre os pobres. As periferias não são um vazio religioso, mas novo endereço de Deus. Uma Igreja que se enclausura no centro deixa de escutar os pobres. É a autorreferencialidade (cf EG 49). 

Instituição do Dia Mundial dos Pobres. Cita trechos das mensagens para esse dia em 2017 e 2018. Sem a opção preferencial pelos pobres o anúncio do evangelho corre o risco de não ser compreendido. 

Sugestão do pregador: na partilha de vida, durante a reunião da Fraternidade, à tarde, cada um conte como vive a opção pelos pobres. 

4a MEDITAÇÃO – Retornar ao primeiro amor. 

Ap 2,1-7 – Abandonaste o primeiro amor Tentações dos agentes de pastoral EG 76-109 “É possível notar em muitos agentes evangelizadores – não obstante rezem – uma acentuação do individualismo, uma crise de identidade e um declínio do fervor. São três males que se alimentam entre si” (78) 

“Desde que descobri que Deus existe, descobri que deveria existir somente para ele” (Charles de Foucauld). “Amo a Jesus Cristo embora desejasse amar com um coração melhor”. “A imitação é inseparável do amor. Todo aquele que ama, quer seguir e imitar”. 

O primeiro amor está sempre relacionado ao nosso coração, à nossa sensibilidade. Somos racionais demais e acabamos esquecendo do cuidado da formação de nossos sentimentos. O irmão Carlos é mestre em sensibilidade que nos ensina a termos em nós os mesmos sentimentos de Jesus Cristo: a kenosis. “O que move nossos pés são os nossos sentimentos” (Santo Agostinho). 

“Deus, não vejo como é possível alguém ver-te pobre e continuar rico. A semelhança é a medida do amor” (CdF) 

Macroecumenismo do Irmão Carlos – extrapolação do seu amor por Jesus. “Estou aqui, não para converter os tuaregues, mas para tentar compreendê-los... Acredito que o Senhor Deus acolherá aqueles que são bons e honestos”. 

Símbolo maior de sua inculturação foi o estudo da língua dos tuaregues, publicando, inclusive, gramática e coletânea de poesias. 

“Em muitas regiões foram contados entre os pioneiros do progresso material e do desenvolvimento cultural. Basta relembrar o exemplo do padre Charles de Foucauld, que foi considerado digno de ser chamado, pela sua caridade, "Irmão universal", e redigiu um precioso dicionário da língua tuaregue. Sentimo-nos na obrigação de prestar homenagem a estes precursores, tantas vezes ignorados, a quem a caridade de Cristo impelia, assim como aos seus êmulos e sucessores, que ainda hoje continuam a servir generosa e desinteressadamente aqueles que evangelizam” (Populorum Progressio 12). 

“Quanto mais se ama, mais se reza. A melhor oração é a que tem mais amor” (CdF). 

EG 266: “Sabemos bem que a vida com Jesus se torna muito mais plena e, com Ele, é mais fácil encontrar o sentido para cada coisa. É por isso que evangelizamos. O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária”. 


5a MEDITAÇÃO – Chamados à santidade 

Dom Edson dedicou a 5a Meditação à reflexão sobre a Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, do Papa Francisco, sobre o chamado à Santidade. O pregador apresentou as principais ideias dos três primeiros capítulos do documento: I – O chamado à santidade; II – Dois inimigos sutis da santidade; III – À luz do mestre. 

6a MEDITAÇÃO – Chamados à santidade 

Dom Edson retomou a reflexão da Gaudete et Exultate, capítulo IV – Algumas características da santidade no mundo atual, e capítulo V – Luta, vigilância e discernimento. 

As Fraternidades se reuniram para a partilha de vida. Tempo para a natação das 17h30 às 18h30. A seguir celebração eucarística. 

Após o jantar, todos se reuniram no auditório para a análise de conjuntura apresentada de maneira colegiada. Pe. Ernanne Pinheiro, com breves palavras, colocou o contexto de Medellín, lembrando os 50 anos desta conferência celebrados no ano passado. Pe. Nelito fez um balanço das atividades do Papa Francisco em seus cinco anos de pontificado. Pe. Geraldo Martins apresentou elementos da realidade política brasileira a partir da eleição e posse do novo presidente. 

7a MEDITAÇÃO – Laudato Si 

O tema da 7a Meditação foi: Eucaristia e Ecologia. Distribuiu um texto intitulado: “Laudato Si – uma encíclica diferente e profética – Suma teológica”. 

Após a meditação, houve momento de deserto que culminou com a adoração do Santíssimo Sacramento das 11h até o meio dia. A adoração se encerrou com a bênção do Santíssimo. 

8a MEDITAÇÃO – Sentido do deserto 

Cita o Papa Francisco: “Como não reconhecer que precisamos deter esta corrida febril para recuperar um espaço pessoal, às vezes doloroso, mas sempre fecundo, onde se realize o diálogo sincero com Deus?” 

O silêncio é a medida do amor (CdF). Só quem ama sabe curtir o silêncio a dois. Às vezes, é necessário desligar os aparelhos. O consumismo também é uma forma de abafar nossa sede. 

O Pequeno Príncipe que se encontra com o vendedor de pílulas que acaba com a sede. Economia de 53 minutos. “Se eu tivesse 53 minutos, caminharia devagarinho à procura de uma fonte", disse o Pequeno Príncipe. Outro autor diz que “há um laço secreto entre lentidão e memória, entre velocidade e esquecimento”. 

O caminho mais difícil é o caminho que nos leva para dentro de nós mesmos. O silêncio deve ser absoluto. É tudo ou nada. 

O deserto nos abre para a verdadeira solidariedade e misericórdia para com os irmãos e nos ensina a amar verdadeiramente. Paradoxalmente, a solidão dá lugar à misericórdia. O deserto nos dá um agudo sentido de nossos próprios defeitos e misérias, nos faz ver a trave de nossos olhos. O silêncio nos predispõe a escutar os outros e a colocar-nos em seu lugar, em vez de nos impor. O silêncio nos faz fugir da tagarelice inútil. 

O deserto é também o lugar das tentações. É o que aconteceu com Jesus quando se preparava no deserto para a missão. No deserto encontramos Deus, mas também o demônio. As tentações nos forçam a exercitar a disciplina e a ascese, o que nos torna mais humildes. O deserto é lugar da conversão, espaço vocacional, para sempre voltar ao primeiro amor. 

Finda a meditação, todos foram para o deserto de 40 minutos com a sugestão de lerem o capítulo V da Gaudete et Exultate. Em seguida, reunião das Fraternidades para a partilha da vida. 

A noite foi dedicada à vigília preparatória para o Deserto. Antes, houve uma sessão de testemunhos, das 20h30 às 22h30. Deram seu testemunho: Pe. Calazans, da Pastoral Carcerária; Irmã Margareta, de Crateús (CE), Pe. Odílio, indígena da diocese de São Gabriel da Cachoeira e Pe. Carlos, responsável nacional pelas Fraternidades, que apresentou o relatório da Assembleia Pan-americana das Fraternidades. 


DIA DO DESERTO

 A vigília em preparação para o dia de deserto teve início às 22h45 de ontem com a exposição do Santíssimo Sacramento. Dom Edson fez brevíssima reflexão e, a partir das 23h, as fraternidades se revezaram nas horas de adoração. Cada Fraternidade ficou uma hora. Terminamos a vigília todos juntos às 7h da manhã, com orientações de dom Edson e do padre Carlos para o dia de deserto. Em silêncio, todos se dirigiram ao refeitório para o café. Após o café, cada participante fez seu kit alimentação e partiu para o deserto. Muitos ficaram sob a sombra das árvores que a aprazível casa de retiro dos freis capuchinhos possui em abundância. Alguns, mais previdentes, trouxeram redes e as armaram nas árvores. Outros preferiram deslocar as confortáveis cadeiras do pátio interno da casa. Houve, ainda, quem preferisse enfrentar o sol e caminhar pela estrada que dá acesso à casa de retiro. Foram horas de caminhada não sendo possível esconder a marca que o sol deixou em seus corpos. 

A missa foi celebrada às 18h tendo a liturgia sido preparada pela Fraternidade dirigida pelo Pe Carlinhos. Durante a missa, houve o rito penitencial com confissão individual. Presidiu a celebração o Pe Willians, da diocese de Marília, tesoureiro da Fraternidade. Terminada a missa, foi servido o jantar e, após o jantar, as fraternidades se reuniram para a partilha do deserto. 

9a MEDITAÇÃO – “Eucaristia como escola de prática mistagógica” 

Dom Edson dedicou a 9a meditação ao tema: “Eucaristia como escola de prática mistagógica”. Distribuiu o texto a todos. Destacou a importância da eucaristia na vida do presbítero e lembrou que o Irmão Carlos ficou longo tempo sem celebrar a eucaristia, sofrendo muito por isso. 

O texto, distribuído a todos, trouxe algumas orientações ou sugestões “para que a celebração da eucaristia seja tão antiga e sempre nova que, a ser repetida quase cotidianamente, jamais seja uma rotina mecânica”. O texto termina com uma oração do Cardeal Martini. A convite do pregador, diante do sacrário, em silêncio, rezar e meditar, e todos rezaram juntos a oração. 


ORAÇÃO Jesus, também eu estou aos teus pés, tenho a sorte de estar diante de ti que estás no tabernáculo como Eucaristia. Sinto uma imensa ânsia de proclamar-te todos os meus méritos, mas prefiro reconhecer que tenho muitos erros e pecados. Senhor, nem sempre eu sou como gostaria de ser, nem sempre rezo de bom grado, frequentemente me vejo vencer pelas distrações. Senhor, quando estou com os meus companheiros, sou invejoso, tenho ressentimentos, irrito-me e expresso minha raiva com gestos e palavras. Senhor, quantas vezes não deixo um lugar para os outros, coloco-me em primeiro lugar, certo de que o mereço. Senhor, ilumina a minha vida, faze-me compreender quem sou verdadeiramente, penetra em mim como uma luz que aclara, purifica, aquece, faze com que eu me deixe conhecer por ti até o fundo... Senhor, eu gostaria de poder gritar-te, como o bom ladrão, para que te lembres de mim na hora de minha morte! Errei, confesso, mas eu confio em ti! (CARLO M. MARTINI, Orações do cardeal Martini: bem cedo te buscarei, Senhor. Petrópolis: Vozes, 1992. p. 255-256.) 

Houve, após a meditação, mais um momento de deserto e, às 11h, todos se encontraram no salão para a adoração, encerrada com a bênção do Santíssimo. 

À tarde, não houve o momento para meditação individual pois as fraternidades se reuniram por regiões para avaliar o retiro e dar sugestões sobre a data, o local e o pregador para o retiro de 2020. 

Terminado o lanche da tarde, servido às 16h, foi realizada a plenária para recolher o resultado das reuniões das Fraternidades regionais. Abrindo o plenário, Pe Carlos comunicou a visita que fez ao Pe Eduardo Alfieri Bonpane, irmão da fraternidade, que cumpriu pena, saiu da prisão e está morando em Sorocaba. Padre Nelito Dornelas e Magda Melo também participaram da visita. 

Vale lembrar que no dia 6 de janeiro, a solenidade da Epifania do Senhor, inspirou um animado acordar dos participantes do retiro, às 6 horas da manhã, ao som de uma cantiga popular que lembrou a todos a Folia de Reis. O clima estava ameno, com cara de chuva. Alguns irmãos e irmãs, de região mais quente, sentiam frio e colocaram blusas. Foi nesse clima gostoso que celebramos a oração da manhã do Ofício 


Divino da Comunidade, dirigida pela Fraternidade de Dom Sílvio. Terminada a oração, todos seguiram para o café, no refeitório, e, em seguida, cada Fraternidade ocupou-se do serviço manual para a qual estava escalada. 

Colaboração: Pe Geraldo Martins, Pe. Joao Poli, Pe. Carlos Roberto, Pe. Edivaldo Santos (Didi), Pe Nelito Dornelas e Magda Melo. 

ECOS DO RETIRO 

Tu tens coração de barro Barro duro e cozinhado No Retiro deste ano, ele foi todo quebrado. 

Viva a nossa Fraternidade Cristo Jesus Crucificado 

Partilhado com irmãos Levado para todo lado, Objetivo mais denso É voltar todo molhado. 

Com lágrimas na oração, Ficará todo malhado Como um barro na pipa, Ficará amaciado. 

E com a graça Divina, É o que tem de mais sagrado. Tu serás um vaso novo, Coração todo doado. 

A nossa Fraternidade Jesus Caritas o Senhor O Sacerdote Supremo ensina o que é amor. 

Pe. Domingos de Jesus 


MÊS DE NAZARÉ 

MEMÓRIA: RECORDANDO O MÊS DE NAZARÉ 

Colaboração: Pe. Andrés Gonzalez Mejia diocese de São Jose do Rio Preto, SP. 

O Mês de Nazaré teve início no dia 03 de janeiro de 2019, em Hidrolândia, GO, junto com o Retiro Anual da Fraternidade. Com o término, porém, do Retiro Anual, em Hidrolândia, o Mês de Nazaré ganhou continuidade no Mosteiro da Anunciação, cidade de Goiás, GO, até o dia 30 de janeiro de 2019. 

A assessoria do Mês contou com a colaboração de padre José de Anchieta (diocese de Juiz de Fora, MG), padre Freddy Goven (diocese de Alagoinhas, BA), padre Nelito Dornelas (diocese de Mariana, MG) e Diácono José Gomes Batista (arquidiocese da Paraíba, PB). 

Dom Eugênio Adrian Lambert, da diocese de Goiás, GO, foi quem fez o papel de anfitrião do retiro. 

Movidos pelo desejo de conhecer, aprofundar, redescobrir a espiritualidade do Beato Irmão Carlos de Foucauld, na Fraternidade Sacerdotal “Jesus Caritas”, chegamos nesta casa de oração que, nos acolhe através de um jardim de pequenas flores coloridas e silvestres; neste pequeno “monte” onde o Altar do Senhor irradia paz e beleza na sua simplicidade... 

Arrisquemos pensar que: será nosso “Monte Tabor!” No entardecer deste dia 10, quinta, nos reunimos para acertar o cronograma, os horários e o ritmo dos dias que passaremos juntos. 

Acordar com o canto do galo... (será o da madrugada ou o de Pedro?).

 O importante é estar na capela às 6 h. para a oração pessoal silenciosa

Os demais horários assim foram compartilhados: 


06h30 Ofício Divino 07h Café 08h trabalho manual 11h – 12h Adoração. Tudo isto no silencio do sol nascente e dos passarinhos “cantando” 

15h – 15h15 cafezinho 15h15 – 17h estudo 17h – 18h30 Livre para caminhada; 18h30 Missa 19h30 Jantar 20h30 Revisão de vida 21h30 Recolhimento Bela e calma cai a noite... No dia 11, sexta, logo após oração da manhã dirigida, ricamente, pelo Fernando (membro da Fraternidade da Anunciação) seguimos então, o “Oficio Divino das Comunidades”. Após saborear o café da manhã, demos início aos “trabalhos manuais”. 

Neste dia tivemos de entrar em “mutirão” para limpar os jardins e áreas comuns da casa. Tudo em silêncio, na medida do possível. Sei que rastelamos, plantamos, recolhemos os frutos das árvores generosas, que logo se transformariam em suco refrescante. 

Fechando essa primeira manhã de Nazaré, em silenciosa e profunda adoração, na capela (menor), que convidava ao recolhimento, meditação e oração... 

Oh! Glória a Jesus! No período da tarde, deste mesmo dia, tivemos a primeira palestra com o Diácono José Gomes: “Síndrome de Bournout” também chamada “síndrome do bom samaritano desiludido”. Tema muito apropriado às nossas “vidas agitadas” por excesso de compromissos, responsabilidades e cobranças externas (bispo, paroquianos) e internas. 

Fomos esclarecidos que, esta síndrome, não é exclusiva do clero e dos religiosos mas, também, se verifica em outros ambientes como hospitais, escolas, faculdades etc. Em síntese, esta síndrome se destaca pela perda do interesse e repulsa daquilo que, antes, nos alegrava e nos impulsionava, dando sentido à vida. 

No horário das 18h30 celebramos a santa missa... só bênçãos... Para finalizar, este primeiro dia de Nazaré, nos reunimos, logo após o jantar, numa pequena varanda de madeira, onde começamos as apresentações pessoais: a partilha de vida; como era de se esperar, não deu tempo para todos falarem. 

No dia 12, sábado, depois das orações, realizamos outro “mutirão”: faxina da capela maior, uma vez que, no dia seguinte, “dia do Senhor”, celebraríamos missa com a comunidade local. Trabalho intenso tendo nas mãos mangueira, vassouras, panos e óleo de peroba para embelezar aquilo que já era belo, porém, empoeirado. 

Cada um sentindo-se responsável pelo outro assim vale a pena trabalhar... 

Cumprida esta missão seguiu-se a adoração, almoço, descanso. No período da tarde, o Pe Carlos Roberto, coordenador nacional, fez uma resenha histórica da fundação e/ou criação da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, aqui no Brasil, com o titulo: “Origens da Fraternidade no Brasil” 

A tarde foi concluída, no altar, com missa presidida pelo padre Carlos Roberto. 

Depois do jantar nos reunimos, novamente, naquela confortável varanda, para dar continuidade às apresentações pessoais, como sempre, muito ricas. 

No silêncio da noite rezamos a oração de abandono e fomos dormir. Domingo, dia 13, Batismo do Senhor. Fizemos de tudo para entrarmos no mistério desta celebração que iniciaria debaixo do pé de tamarindo, perto da fonte, na área interna do mosteiro. Como já sabíamos, haveria a presença dos paroquianos da comunidade local e de algumas religiosas que, participavam do curso de catequese, vindas de várias paroquias do Brasil. 

Assim aconteceu! Em procissão entramos no Templo, cantando “Banhados em Cristo somos novas criaturas”, com a graça do Espirito Santo. Renovamos nossas promessas batismais. Concluímos com uma pequena partilha de pão e biscoitos trazidos pelos Paroquianos. Amém. Querendo aproveitar a presença do Diácono José Gomes, logo nos encontramos na sala de palestras para mais uma colocação do nosso Irmão que, trouxe-nos o tema: “doenças psicossomáticas”. O foco do estudo foi bem objetivo: o que são, e como se revelam em nós. Além de nos apresentar os dois tipos de “personalidades”, nas quais os sintomas se mostram mais fortes ou agressivos e menos fortes ou menos agressivos, ajudou-nos a entender que, nos dois tipos de personalidade podem ocorrer a incidência de depressão, pânico, histeria; são: “Tipo A e o tipo B”. 

Ele lançou luzes sobre o conceito de suicídio na filosofia e nas religiões, além de retomar o conceito médico, como psicopatologia de stress, depressão, tristeza profunda, bipolaridade, motivadas por vários fatores até os genéticos. 

O tema nos fez refletir muito e, teve incidência na revisão de vida, razão pela qual recomendamos para todos os próximos encontros, em especial, para este mês de Nazaré. Obrigado Diácono Jose Gomes. 

O resto do dia foi livre para todos... Terminamos o “Dia do Senhor” saboreando o famoso “empadão” Goiano. 

Dia 14, segunda. Então! Segunda é segunda! A retomada dos horários e afazeres nos coloca em atitude de atenção e cuidado: preparação do café, faxina, lavar pratos, organizar cozinha, banheiros, quartos, corredores, capelas, jardins, enfim, não falta trabalho. 

Organizados em duplas, nós reversaremos as tarefas da semana; entretanto, todos nos ajudaremos, solidariamente, para dar conta do recado. Beleza pura! 

Nesta segunda ainda tivemos a última palestra (partilha) com o Diácono José Gomes, propondo-nos aprofundar mais um assunto e fazendo uma correlação entre depressão e suicídio, sob o titulo “sofrimento psíquico dos presbíteros” 

Uma flor da sua reflexão: “O presbítero, como trabalhador de uma instituição, também quer ser feliz, ser reconhecido, amado visto e bem quisto; quer ser digno de confiança e quer, também, expressar suas virtualidades... mas, no entanto, experimenta um corpo negado, desconhecido, silenciado, irritado, tenso e nervoso. A não elaboração deste sofrimento leva-o a ser agressivo. Pode ser uma agressividade autodirigida (masoquismo, histeria) ou crises de despersonalização”. Finalizamos as atividades deste dia em torno da mesa da Eucaristia, presidida pelo nosso irmão padre Carlos. 

Logo após a missa e o jantar, tivemos mais uma rodada de apresentações pessoais que, a cada dia que passa, vai se tornando “o momento mais íntimo e profundo da vida fraterna, neste mês de Nazaré. Aqui vamos aprendendo o sentido cada vez mais profundo da fraternidade. 

Dia 15, terça. Nessas alturas já decoramos nossas tarefas, os horários foram interiorizados e assumidos: prontidão em acordar, encaminhar o café e o oficio divino; os sinos que tocam, os vizinhos(as) que chegam, o silêncio na capela; acordamos com a aurora, e nossos lábios festejam a luz de Cristo que brilha em nossos corações: um novo dia se descortina diante de nós, cresce e transborda sobre nós; trabalhos manuais, almoço, descanso e... estudo, partilha sobre a espiritualidade da Fraternidade. Começamos a ler o texto organizado por de Celso Pedro e Jose Bizon: “Meios para uma Espiritualidade Presbiteral”. 

Lemos pausadamente e revezando-nos na leitura:

1. Fraternidade Sacerdotal Jesus + Caritas.

2. Viver em fraternidade. 

3. Dia de fraternidade. 

4. Dia do deserto. 

5. Mês de Nazaré. 

6. Meditação do Evangelho. 

7. Adoração Eucarística. 

8. Revisão de vida.

Cada capítulo era seguido de perguntas, apreciações e comentários relevantes, através de cada participante. Leitura agradável sem presas e bem “ruminada”; quase uma lectio divina. “Oh que coisa bonita! Oh que coisa bonita! Estudo entre irmãos oh que coisa bonita! Dia 16, quarta, repetimos os horários de Oração (oficio divino das comunidades), trabalho, adoração, almoço, descanso. 


No período da tarde continuamos com a leitura partilhada dos “Meios para uma Espiritualidade Presbiteral”, com o capítulo 9: Pobreza, onde ecoou uma pequena frase de um dos Irmãos participantes: “estamos convencidos de que o ponto de partida para a vivência da pobreza, como virtude, está na liberdade interior; liberdade do coração que nos torna generosos servidores, num mundo de contradições...” 

Em seguida partilhamos o capítulo 10: Lazer, tema de grande relevância, uma vez que está relacionado ao stress e ao esgotamento do Padre que, absorvido pelos afazeres e compromissos pastorais ou paroquiais, termina entrando num ativismo esgotador... 

A noite vai entrando no seu ritmo e, aquela varanda simpática, nos acolhe para mais uma apresentação pessoal dos retirantes: é a partilha de vida muito linda e edificante... seriedade, respeito, ouvidos atentos, corações solidários. 

No dia 17, quinta, a “rotina” da manhã, incorporada ao espírito pessoal, funciona muito bem, os grupos de trabalho se esforçam para cumprir, adequadamente, sua tarefa e, ainda, ajudar os outros. 

No período da tarde, desta quinta-feira meio chuvosa, nos encontramos outra vez, na sala de palestras, para continuarmos a leitura e estudo dos capítulos 11: Lugar do Irmão Carlos na fraternidade e capítulo 12 Profetismo do Padre de Foucauld. Esta tarde muito rica em conteúdo, soltou a língua de todos: comentários lindos e fortes vindo de todos os lados da roda de conversa, o Irmão Universal nos sensibiliza para ocupar o ultimo lugar e, também, a não ficarmos calados, como “cachorros mudos”, perante as injustiças dos poderosos. Não podemos ser “pastores indiferentes” que só cuidam de si mesmos, e esquecem suas ovelhas diante dos lobos. 

Encaminhados para Missa, com o pensamento nestes temas “comprometedores”, pela conjuntura sócio política que estamos vivendo, celebramos a esperança, o desafio e um pouco de receio (quem sabe medo?), perante as estruturas injustas, opressoras, que despojam mais uma vez os pobres dos seus direitos e conquistas... Como gritar o Evangelho com a vida, quando nos ameaçam com armas de fogo ou com propaganda discriminatória? 

Na partilha noturna cada apresentação da vida de um irmão e motivo para agradecer e louvar a Deus. Nessas partilhas vamos nos dando conta e tomando consciência que, o “Sacramento do Irmão” é tão Sagrado quanto o “Sacramento do Altar”. 

Maravilhas fez conosco o Senhor! Dia 18, sexta. Neste dia tudo mudou... Divididos em dois grupos, saímos para visitar duas casas de recuperação de dependência química, que estão aqui no município. Ficamos o dia todo com eles que, nos acolheram com muita dignidade. Trabalhamos juntos, na horta, na cozinha... Tudo muito simples e extremadamente limpo. Ganhamos, até, corte de cabelo, barba e bigode. Quanto carinho e ternura! Celebramos a Missa, profundamente comovidos e cheios do Espirito Santo; a homilia e a partilha da Palavra alimentaram nossas vidas. Numa das casas visitadas, logo após a missa, tivemos celebração penitencial com atendimento individual. Foi um dia para dar Glória ao Senhor! Chegando em casa (no Mosteiro), rezamos o ofício das 18h30, em companhia de algumas freiras que se preparavam para fazer votos 

Nesta noite tivemos Vigília Eucarística, a noite toda, começando às 22h, todos juntos e, de hora em hora, ate atravessar a barreira da noite. No romper da manhã, às 6h, nos encontramos na capela para concluir a Vigília e darmos início ao dia de deserto. 

Dia 19, sábado. Dia de Deserto. Sem comentários! Só Deus é que sabe! 

...um ovo, um pão, uma banana, uma maçã, uma laranja e uma garrafinha com água. 

Dia 20, domingo. Dia do Senhor, e festa alegria! Recebemos a alegre e festiva visita da comunidade Fé e luz. Celebramos a Missa na capela grande, junto com a comunidade local. A missa foi presidida pelo irmão padre Paulo, conhecido de todos e que estava de retorno à cidade. 

Por volta do meio dia ouviu-se um grito: “vamos papa!”, que ecoava como um clamor generalizado... não tínhamos outro jeito, senão, compartilhar o almoço. Todos comeram e não sobrou nada... “tudo foi consumido”, na maior alegria e sorrisos clamorosos e cheios de amor. À tardezinha nos dirigimos à catedral, atravessando becos e ruelas seculares, onde concelebramos, no altar do Senhor. 

Finalizados os compromissos dominicais, encerramos o dia em torno à mesa, num restaurante, consumindo deliciosa lasanha, batatinha frita, e algumas bebidas refrescantes... o tema principal desta partilha? Foram as piadas... 

Dia 21, segunda. Neste dia, o segundo da semana, retomamos os horários matutinos: oração da manhã, trabalhos manuais, adoração, almoço. 

No período da tarde, o padre Freddy nos introduziu na leitura  do diretório e estatutos canônicos da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas. À noite, depois do jantar, fizemos a revisão de vida, naquela varanda, sempre, acolhedora. 

Dia 22 e 23, terça e quarta, repetimos o dia anterior. Padre Freddy Goven conduz muito bem o tema, de tal forma que sempre nos confronta com as nossas realidades, iluminando nossas vidas e, ainda, nos motivando para o “engajamento na fraternidade sacerdotal Jesus Caritas. Viva Jesus! 

Depois do jantar, fizemos a revisão de vida, mais um irmão nos obsequia suas rosas com seus espinhos... belo buquê. Enfeitará nossas vidas para sempre! 

Dia 24, quinta. Navegando em altas águas, sem tormentas e ventanias, o silêncio já se faz irmão e, os salmos, ecoam nos nossos corações como cantigas permanentes. Já o brilho do Espírito se revela em cada irmão... alegria interior e, porque não, exterior também!? “Indo e vindo trevas e luz tudo e graça, Deus nos conduz.” 

Neste dia, no período vespertino, finalizamos o estudo dos “Estatutos” da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, com ajuda do nosso querido irmão padre Freddy e, nos preparamos para fazer, livremente, o nosso pedido de Engajamento na Fraternidade, escrito à mão, para ser lido na celebração final do retiro. 

Ainda tivemos mais uma revisão de vida... quanta beleza descobrimos na vida dos nossos irmãos! 

Dia 25, sexta. Bem cedinho o café da manhã fora preparado e antecipado para o nosso irmão padre Freddy que viajaria, no primeiro ônibus do dia, de volta para alagoinhas, BA. Obrigado irmão, vai com Deus! 

O período da manhã segue e o retiro continua sua jornada... trabalhos manuais, hora de adoração e almoço. 

Quando chega a tarde, o padre Anchieta nos convida para lermos parte do texto de Bernard Colomb, traduzido pela irmãzinha Dorinha. O tema foi: “Nazaré”, já nos preparando para a noite de vigília eucarística até o amanhecer. 

Dia 26, sábado. Oh Abençoada chuva com seus relâmpagos e trovões! Entornados pelas águas que, fecundam a terra, fomos encaminhados ao dia de deserto. Oh Glória ao Senhor! 

Dia 27, domingo. Dia do Senhor... Missa com o povo. Obrigado São Lucas que nos relata a “Missão de Jesus” e, ainda, nos chama de “Teófilos” (amigos de Deus). 

Dia 28, segunda. Já se sente o cheiro da “saudade” “Vejam como é bom, como é agradável vivermos todos juntos, como irmãos” (Sl 133). 

Como nos outros dias, acordamos segundo o horário combinado. Nossas orações e súplicas matinais ecoam no silêncio da manhã que se levanta; os sinos tocam e alguns vizinhos acompanham sonolentos, porém, fiéis ao horário. Terminada a oração café, trabalho manual mais ameno. 

Padre Nelito chegou! Completamente envolvidos pela palestra do Padre Nelito, acompanhamos a apresentação e reflexão dos dez mandamentos dos sacerdotes, de autoria de Klaus Hemmertle, bispo de Aachem- Alemanha. A reflexão completou-se com alguns esclarecimentos conceituais, sobre a definição de Sacerdote, Profeta e Pastor. Iluminação quanto ao que define o Presbítero como verdadeiro mistagogo. 

A missa aconteceu às 18h30, seguida pelo jantar e a revisão de vida. Os grilos acompanhavam tudo, cantando nos arredores. 

Dia 29, terça. Os horários nos mantiveram no ritmo até o almoço.

No período da tarde, mais pausado, o padre Nelito retomou o  texto de Bernard Colomb que tinha sido dado como tarefa. Cada um apresentou o resultado de sua leitura e apreciação pessoal. Terminada a atividade, ao ritmo do trem, o padre Nelito apresentou-nos uma bela homilia do Papa Francisco, referindo-se aos padres, intermediadores com cheiro das ovelhas. 

A missa, desta vez, foi presidida por Dom Eugênio, que convidou os seminaristas para nos conhecer e vice-versa. Aproveitamos para agradecer-lhe com um belo livro do Irmão Carlos, traduzido ultimamente ao português. São cartas e escritos do próprio Irmão Carlos de Foucauld. Ficamos muito agradecidos, também, pelo trabalho do Fernando e a sua equipe. Eles ficaram à nossa disposição, o tempo todo, especialmente na Capela. 

Depois da janta aconteceu a última revisão de vida, sempre, um momento forte para o crescimento e a oração. Viva Jesus! 

Dia 30, quarta. Último dia deste Mês de Nazaré. Já estamos morrendo de saudades... 

06h: Adoração 07h: café 07h30: sala de palestras ainda com Nelito e também para avaliação. 

10h: Missa com a leitura do pedido de Engajamento na Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas. 

11h30: Almoço e Difícil despedida. “Meu Pai, a vós me abandono...” 

CONTEÚDO DO MÊS DE NAZARÉ 

As origens e a história da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas no mundo e no Brasil 

Pe Carlos Roberto dos Santos Para falar das origens da Fraternidade, precisamos tomar certa distância e olhar profundamente, e sob diversos ângulos, os acontecimentos na vida o irmão Carlos, este homem que Deus propõe como sinal para os homens de nosso tempo. 

Naquele dia comum quando Irmão Carlos foi conversar sobre religião com o Pe. Huvelin, na Igreja Santo Agostinho em Paris, algo mudou para sempre sua existência e sua história. Vendo-o como um bom conhecedor de Deus e que só lhe faltava um encontro com a pessoa de Jesus, Pe. Henry Huvelin pediu-lhe para ajoelhar-se e confessar-se, e depois lhe deu a comunhão. Eis o Kairós do Irmão Carlos. Ele descobriu que Deus existia, seu coração, sua inteligência e sua vida mudou radicalmente naquela confissão e naquela comunhão. 


Irmão Carlos se tornou um buscador incessante do seu Bem Amado Jesus. Passou toda a sua vida querendo imitar o seu Bem Amado. Buscou nas escolas espirituais de sua época: franciscanas, cistercienses, carmelitas etc., e, sem pertencer a nenhuma destas escolas, e mesmo sem querer, acabou trilhando um caminho seu, um itinerário espiritual que se tornou fonte segura para os homens e mulheres que buscam imitar Jesus. 

Irmão Carlos aprendeu e ensinou que o Evangelho não se comenta por meio escritos, mas por fatos. E este sentimento era tão vivo para ele, que se tornou o elemento fundamental e sua vocação nesta terra. 

Durante todo seu itinerário, desde o tempo em que viveu na Trapa até Tamanrasset, o Irmão Carlos jamais se sentiu chamado a pregar por palavras, mas pregar por obras. Para ele, não era suficiente falar do evangelho. Ele necessitava gritar o Evangelho com sua própria vida. Somente a entrega de toda a sua vida, e de forma radical, praticando o Evangelho, poderia ter a amplitude de um grito como ansiava em seu coração. Assim Carlos de Foucauld gastou sua vida procurando conformá-la com a vida de Jesus, imitando-o o mais que pudesse. 

No dia 1o de dezembro de 1916, ele foi morto acidentalmente, com um tiro dado por um garoto que se apavorou. Quando anunciaram a morte do Irmão Carlos, Louis Massignon escreveu uma carta ao Pe. Laurain pedindo-lhe para encaminhar a Fundação dos Irmãozinhos do Sagrado Coração de Jesus, e a resposta foi negativa conforme lemos nos anais da  história: "houve muitas poucas adesões ao desejo do Pe. Carlos de Foucauld em criar uma União de fiéis. Ele não teve sucesso em sua empreitada. Veja você mesmo. Nunca conseguiu fazer a “união” porque quase ninguém respondeu ao seu chamado. E, atualmente, humanamente falando, tudo acabou ...Eu estou espantado com este final. Padre Carlos de Foucauld era uma alma tão santa, tão generoso. Parecia que Deus o havia criado para algo muito especial. Mas, infelizmente, tudo acabou-se com sua morte. Parece-me que não podemos realizar os seus projetos” (Celebration du Centenaire de l’ordination sacerdotale de Charles de Foucauld, le 9 juin 1901). 

Louis Massignon não desistiu, e após outras tentativas, conseguiu em 1917, que Dom Joseph Michel Frédéric Bonnet, bispo da Diocese de Viviers, aprovasse o “Estatuto” da “União de Orações”, com algumas alterações. Este texto foi simplificado e se tornou o “Diretório” da “União dos irmãozinhos e irmãzinhas do Sagrado Coração de Jesus”, e foi publicado em 1928. 

Daí em diante, a espiritualidade de Foucauld começou a produzir frutos por todos os lugares. Graças a Louis Massignon, os seminaristas tiveram acesso aos manuscritos do Diretório para as Fraternidades, escrito pelo próprio Padre de Foucauld. Neste período, dois nomes se destacaram na evolução da espiritualidade inspirada na vida e no testemunho do Irmão Carlos. São eles René Voillaume, fundador dos Irmãozinhos de Jesus e dos Irmãozinhos do Evangelho, e Gabriel Isaac, do clero de Lyon, que fará parte do primeiro grupo da Fraternidade Sacerdotal. Mas foi em junho de 1951, quando Pe. Voillaume redigiu uma nota sobre um projeto de fundação para padres diocesanos de um novo ramo ligado aos Irmãozinhos, que nasceu a Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas. 

Na sequência, Pe. Carlos convidou os retirantes de Nazaré a fazerem uma leitura, meditada e partilhada, do texto “As origens da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas”, publicado do Boletim especial das Fraternidades, em 2016, por ocasião do centenário de morte do Irmão Carlos, e que versava sobre os primórdios de nossa história no mundo, e no Brasil. 

Atualmente, a Família Carlos de Foucauld conta com vinte e um ramos, e alguns grupos ainda não estão totalmente unidos, mas se alimentam na espiritualidade e no testemunho do irmão Carlos. 

A Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas tem o reconhecimento pontifício e está presente nos cinco continentes, em 60 países, organi- zada em 46 Regiões. Atualmente existem 950 fraternidades espalhadas nos diversos conti- nentes, nas quais 4.572 presbíteros participam ativamente. 

Minha missão deve ser o apostolado da bondade. Se alguém me perguntar porque sou manso e bom, deverei responder: ‘Porque eu sou o servidor de um Outro que é muito melhor que eu. Se você soubesse como é bom o meu Mestre Jesus!” Quero ser tão bom que possam dizer de mim: “Se o servidor é assim, como não será o Mestre?” 

(Ir. Carlos de Foucauld) 

O ministério presbiteral: o perigo do ativismo e a solução de uma vida voltada à espiritualidade 

Reginaldo Marcolino - Revista Contemplação, 2017 

Texto analisado e apresentado por 

Diácono José Gomes Batista 

Introdução 

A importância de o presbítero conhecer-se a si mesmo para poder ser um eficaz ajudador. Um dos perigos que o ser humano sofre em nossos dias é o ativismo, e o presbítero, situado neste mundo concreto, não está imune de ser surpreendido por tal mal; a possibilidade para sanar este grave perigo na vivência do ministério presbiteral é a busca de uma concisa espiritualidade. 

Apesar dos esforços da Igreja em procurar uma nova logística (o que na verdade não é algo novo ou inédito, pois a Igreja pós Vaticano II sempre valorizou a vida comunitária e o leigo como sujeito da ação eclesial) da estrutura paroquial na formação de pequenas comunidades, o presbítero inserido no mundo atual pode adoecer coletivamente, pelo que se chama de ansiedade. Sabe-se que hoje a vida em sociedade é marcada por características próprias que exigem urgência e rapidez e, consequentemente, geram a tão chamada ansiedade. 

O ser humano encontra-se na era da indústria do entretenimento, mas também do tédio, pois uma novidade suplanta o lugar do ser enquanto existência e, assim, não há lugar para a interiorização, o ficar só ou ainda rezar silenciosamente. O presbítero, bem como qualquer pessoa, está envolvido no mundo virtual, das redes sociais (o que é bom e muito contribui para a evangelização), mas pode esquecer-se de si mesmo, de autodescobrir-se, ou ainda, de descobrir a essência tanto de si como do outro. 

A busca por uma saúde psíquica é necessária e muito atual, pois é ela que garantirá o prazer de viver e a criatividade. Pode-se pensar, por exemplo, que somente os remédios viciam, mas na verdade, também o excesso de informação, de trabalho intelectual, de atividades, de preocupação e até do uso do celular. Nesta lista, o presbítero se encaixa perfeitamente, pois na vida presbiteral, de modo particular na vida paroquial, ele pode facilmente se ver ‘cheio de coisas’ e sem tempo para si mesmo. A vida presbiteral exigirá sempre um cuidado com as pessoas, o que se chama evangelização, assim como com a administração dos bens, o que poderá tirar de cena o seu ‘eu’ ou até a sua busca pela vida interior, o que se chama espiritualidade. 

A contemplação também significa olhar interiormente, olhar para nossa própria luz interna. A luz do sol conduz meu olhar à luz interior da minha alma. Ali vejo Deus, não como uma imagem determinada, mas como a base primordial de todas as imagens. 

Assim, com base em fundamentos de áreas da psicologia, procurar-se-á em descrever situações de perigo que ameaçam a vivência do ministério presbiteral, apresentando, com base em documentos do Magistério da Igreja, a necessidade fundamental do cultivo de uma espiritualidade, com tempo privilegiado para a oração e a descoberta de si. 


2. O pensar nos outros e o esquecer-se de si 

Muitos estudiosos chegaram à conclusão que a depressão é um mal do século, quando na verdade, mesmo em meio ao grande índice de pessoas com essa doença, o grande mal é a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). A SPA entra na vida do ser humano porque a sociedade se tornou cada vez mais consumista, rápida e estressante. E mais. Ela altera a construção do pensamento, mexe com a saúde emocional, o prazer de viver, o desenvolvimento da inteligência, a criatividade e a sustentabilidade nas relações sociais, ou seja, torna-se uma doença coletiva. 

A chave da questão é o gerenciamento do Eu. Nossa mente é um cofre. Quem possui a chave? Quem a possui é o próprio indivíduo. Muitas vezes, tenta abrir o ‘eu secreto’ com a chave errada, pois ao invés de buscar-se a si mesmo, tenta fazê-lo através do problema do outro, ou do problema da instituição, ou ainda, pensando naquilo que ‘pode vir a ser’, algo puramente no campo da imaginação ou da suposição. 

Quantas vezes o presbítero, no exercício de seu ministério, no atendimento, no aconselhamento pastoral ou na confissão é um exímio ajudador do outro, conseguindo penetrar com a chave certa em áreas do ‘eu do outro’ ajudando-o a dar passos significativos de mudança e transformação de seu interior e de sua vivência cristã, ajudando-o a centrar-se e a ver um novo horizonte. Mas, também, quantas vezes o presbítero pode encontrar-se em uma situação de encruzilhada em sua vida afetiva, psíquica ou até mesmo espiritual. Talvez descubra facilmente ‘a chave que abre o eu do outro’ mas acaba por perder-se em descobrir ‘a chave que abre o seu próprio eu’. 

Perguntar-se-ia se a vida presbiteral com todas as suas exigências ou facetas poderia entrar num estado doentio. O presbítero pode conhecer, por uma educação clássica recebida, uma série de informações exegéticas, no campo da moral e da ética; enfim, milhões de dados sobre o mundo em que se vive e acabar por não conhecer nada sobre o ‘mundo que ele mesmo é’, ou seja, pode acontecer de um presbítero não conhecer-se a si mesmo. Isso será destrutivo para si e para a Igreja; portanto, para aqueles que, de alguma forma, dependem dele para dar passos na vida, enquanto pessoas e cristãos. 


Na linha de reflexão de Albert Ellis pode-se elencar onze fantasias, que seriam uma série de ideias irracionais ou estúpidas ou, ainda, supersticiosas que marcam um caminho de neurose generalizada e que podem ser a causa de explicação de algumas das atitudes de presbíteros que ainda não descobriram o sentido de sua vida, vocação e missão. Todas essas atitudes distorcidas serão elencadas e as possíveis buscas de uma superação de tais dificuldades. São elas, em resumo:

1- O ser humano adulto tem uma necessidade terrível de ser  amado ou aprovado por todas as pessoas significativas de sua comunidade. Este será sempre um objetivo inalcançável; quem tentar, vai perder sua direção, vai tornar-se mais inseguro e a auto desvalorizar-se. Na verdade, uma pessoa racional não sacrificará os seus interesses e desejos em prol deste objetivo. 

2. Para ser considerado alguém de valor precisa ser totalmente competente, adequado e bem sucedido em tudo o que faz; isso irá gerar um constante medo do fracasso. Deve-se pensar que o amor passa pelo campo volutivo decisório; é uma escolha e uma decisão e isso implica gestos concretos. 

3. Algumas pessoas são más, perversas e infames e deveriam ser acusadas e severamente punidas; não existe uma norma absoluta que diga o que é ou não correto; todo ser humano é falível e pode cometer erros. Por isso, sempre deve-se condenar atos e não pessoas. 

4. É terrível que as coisas não aconteçam como gostaríamos. Temos que aceitar a frustração como algo normal, como algo próprio da vida. Ser feliz não é realizar os próprios desejos, mas atender àquilo que a vida pede. 

5. A infelicidade humana decorre de causas externas e o ser humano não tem condições de controlar os sofrimentos; por si só, o fato não causa determinado mal. O modo pelo qual penso determinada coisa é que pode fazer muito mais mal do que a causa. Dessa forma, os acontecimentos externos causam dor, mas não são causa de infelicidade. 

6. Situações perigosas ou amedrontadoras podem provocar uma catástrofe; não é possível evitar o inevitável; ter medo de certas situações pode fazê-las parecer piores do que são. 


7. É mais fácil evitar certas dificuldades e responsabilidades próprias da vida, do que talvez enfrentá-las; evitar uma tarefa é mais difícil e penoso do que fazê-la; e evitar uma tarefa pode acarretar insatisfações no futuro. Uma vida fácil não é uma vida feliz, portanto, é preciso fazer o que se deve, sem se lamentar, ainda que em algumas situações se possa tentar evitar, de modo inteligente, certas tarefas duras e desnecessárias. A satisfação é fruto do esforço, já o prazer é algo que alguém dá livremente. É preciso diferenciar o que ‘atrai’ do que ‘move’ a vida em todos os sentidos; aqui reside a busca pelo sentido da vida. 

8. Depender uns dos outros e ter sempre ao nosso lado alguém sempre mais forte em quem confiar; nesta condição o indivíduo perde sua independência, sua individualidade e sua própria auto expressão. Esta é uma condição infantil, pois a dependência gera maior dependência, a pessoa não amadurece e vive insegura não chegando à liberdade. 

9. Se a história passada determina o comportamento presente; e se alguma coisa, em determinado momento, afetou a vida, deverá ter efeitos semelhantes indefinidamente. O passado pode sim, influenciar, de alguma forma, o presente. Mas, não se pode usar o passado para dar passos em vista da mudança de conduta. 

10. Não se pode preocupar-se com os problemas e crises dos outros; ninguém pode resolver os problemas dos outros. A única maneira para ajudá-los é manter o equilíbrio e a paz de espírito. De alguma maneira, julgar a conduta dos outros pode significar que se tem o poder de controlá-los. 

11. Há sempre uma solução única e perfeita para cada problema, e é esta que se deve encontrar, do contrário, o resultado será catastrófico. Existem problemas e existem soluções, pois sempre existirão opções e alternativas na solução dos problemas, como também existem problemas sem solução, daí a necessidade da aceitação. 

3. A maturidade e a imaturidade no ministério

 Para chegar à ordenação presbiteral, o candidato que aspira ao presbiterado precisa passar por um longo processo formativo. São anos a fio de estudos em várias dimensões daquilo que a Igreja qualifica como essenciais ao presbítero: dimensões comunitária, intelectual, humano afetiva e espiritual. Apesar dos formadores possuírem ferramentas para perscrutar cada indivíduo em dimensões específicas, muitos saem do processo com um grande déficit nas dimensões espiritual e humano afetiva. Por quê? Faltou-lhes oportunidade para isso? Não. Na verdade, é identificado um problema seríssimo: a dimensão intelectual acaba ocupando maior espaço na vida do aspirante ao presbiterado que deixa as demais em segundo plano. Isso não é regra geral, mas identificação de algo muito presente na formação presbiteral. 

Mas, ainda cabe a pergunta: poderia alguém chegar ao presbiterado com deficiências intelectuais? Sabemos que não, mas também pode acontecer. O ideal é que, além das outras dimensões importantes da formação presbiteral, é essencial o cultivo de uma boa relação de conhecimento de si mesmo, através da espiritualidade e do trabalho com o Eu. 

O Ativismo pode ser considerado um mecanismo de defesa inútil contra o esgotamento. Alguém ironizou isso afirmando que o ativismo significa ‘redobrar o esforço quando se acaba de perder o objetivo’. 

Um sacerdote desgastado comentou comigo que estava tendo problemas para conseguir a participação dos moradores em suas atividades paroquiais. Perguntei qual era sua estratégia para esses momentos difíceis, e ele me disse decidido: ‘Perdemos o rumo, mas redobramos os esforços’. Não consegui deixar de rir. Lamentavelmente, assim como o padre esgotado, diante do fracasso não paramos, mas em geral substituímos com mais atividade a falta de sentido do que fazemos. É um círculo vicioso. 

Quando perdemos o sentido de uma tarefa, dificilmente a reconquistaremos com uma força espasmódica de vontade e, menos ainda, redobrando a atividade. O ativismo também pode ser comparado a um liquidificador em funcionamento cheio de água. Ouvimos o barulho, vemos a espuma, mas quando o utensílio para de funcionar, encontramos unicamente água, a mesma de antes. Teremos, logo após o barulho e a espuma, água e um liquidificador aquecido a ponto de ‘queimar’. 


Isso tudo poderá fortemente influenciar na conclusão de se ter um presbítero maduro ou imaturo. Convém notar que maturidade nada tem a ver com idade. Podemos ter um presbítero jovem com maturidade e um presbítero idoso imaturo e vice-versa. Na verdade, a busca está na capacidade de o presbítero saber dirigir suas emoções, suas reações e seus pensamentos. 

Se o presbítero se deixa levar pela superficialidade do mundo e de uma vida estressante, lidará consigo e com os outros numa relação de troca ou de venda, ou seja, estabelecerá, na maioria das vezes, uma relação de ‘produtos adquiridos’ e de ‘venda de serviços’; isto poderá levá-lo facilmente, até sem se dar conta, a apropriar-se do sagrado no exercício do ministério para dar ‘um pouco de seu profissionalismo’. 

E sabemos bem, o exercício do ministério exigirá presbíteros vocacionados e não profissionais. Quase sempre, os profissionais são ótimos para as empresas, mas opressores de si mesmos e de seus funcionários. O presbítero pode cair no desastre de ‘ser um profissional do sagrado’, oprimindo a si e aos outros a sua volta. Acontece uma atualização daquilo que fora objeto de crítica de Jesus em relação aos fariseus e mestres da lei no seu tempo. A profissão pode fazer acertar naquilo que é comum e corriqueiro, mas pode fazer errar no essencial. O presbítero pode ser mestre na arte da retórica, ensinando o ‘como agir eticamente’, no caso, mas ser ‘um menino’ no território de suas emoções e de seus afetos. Pode falar sobre fraternidade, ou seja, ‘como ser irmão’, mas não saber acolher críticas e nem ter autocrítica e o que é pior: não pode ser contrariado e possui sempre a necessidade de ter em mãos o poder, bem como do ‘mundo gravitar em sua órbita’. A imaturidade, de alguma forma, significa ‘terra de ninguém’, isto é, o indivíduo fica vulnerável a todo e qualquer estímulo estressante. 

4. A tentativa de descobrir-se a si mesmo 

A construção do pensamento não é unifocal, mas multifocal. O pensamento é construído não somente com dados do consciente, mas também do inconsciente. A mente humana é, por assim dizer, muito complexa, assim, as várias facetas da psicanálise, das teorias comportamentais, das teorias sociológicas e das psicolinguísticas ajudam a compreender quem é o ser humano. Muitos não sabem usar o pensamento para libertar, acabam usando-o para aprisionar e punir quando falham ou não correspondem às mais variadas expectativas. 

O presbítero que não descobre seus dons e potenciais, bem como seus limites e dificuldades, poderá ser asfixiado por pensamentos perturbadores e por punições inúteis a si e aos outros a sua volta. Se o presbítero hoje não consegue gerenciar sua psiquê será como que ‘um menino numa terra de monstros’. Claro que com um ‘Eu inconsciente’, tem-se o ‘Eu consciente’ que não exclui a responsabilidade de quem comete algum tipo de violência sobre o outro. O Eu consciente é responsável pelos seus comportamentos e suas consequências, mesmo carregando mazelas psíquicas. O presbítero que não souber dar ‘um choque’ de lucidez em sua emoção e em seus pensamentos não conseguirá construir positivamente sua história de vida presbiteral. 

A fim de superar sua angústia ou seu sentimento vazio interior e impotência, o ser humano escolhe um objeto no qual projeta todas as suas qualidades humanas: seu amor, sua inteligência, sua coragem – seu fetiche. Ao se submeter a esse objeto, ele se sente em contato com suas próprias qualidades; sente-se forte, inteligente, corajoso e seguro. Perder o objeto significa o perigo de perder a si mesmo. Assim, oscilamos radicalmente da forma maníaca à depressiva; da fogueira eufórica à fogueira do desencanto. 

Facilmente identifica-se pessoas escravas de sua psiquê. Na escravidão no Brasil algemava-se o corpo; hoje, tantos são algemados em sua psiquê. O pensamento que ‘não para’, a SPA, faz com que o trabalho seja insuportável, máquina do pensar. O presbítero se vê tão aprisionado em suas atividades mentais, que pode perder o sono e não encontrar lugar em seu interior para o descanso. 

Qualquer ser humano se vê dominado por seus pensamentos, pois há, em milésimos de segundos e não através do Eu, mas do inconsciente e da memória, um poderoso processo interpretativo na mente humana. A busca é constante, pois constante é a luta pela harmonia interior. “Só aquele que se dá ao silêncio consegue encarar o deserto”. Ser autoritário e superficial é típico de quem não atingiu maturidade e harmonia. 

O presbítero precisa se conscientizar que é um ser humano e não um ‘deus’. A humanidade está cansada e saturada de deuses. Quem acredita ser portador de uma verdade absoluta em si mesma está preparado para ser ‘deus’. O ser humano, ou ainda, no caso, através do objeto deste estudo, o ‘presbítero-humano’ é capaz de saber que a verdade absoluta é um fim inatingível e que só é possível atingir a verdade quem passa pelas fragilidades e desafios, mas encontra sentido numa liberdade responsável, que dignifica e faz de si e de outro, alguém sempre mais humano e capaz. 

5. A tentativa de ser o gestor dos pensamentos, das emoções e dos sentimentos 

A tarefa principal de um presbítero amadurecido em sua condição de vida assumida é descobrir o seu ‘eu’. Essa descoberta o fará livre e realizado. Com isso, surge a necessidade constante em autoconhecer-se, em mapear suas mazelas (pois todo ser humano as possui) e superar a necessidade neurótica de ser perfeito. Aliás, a noção de perfeição não é de algo pronto e acabado, mas sim, de algo que se busca, ou seja, um colocar-se a caminho. E mais. Porque se crê é que se pode chegar a um determinado lugar. Para isto, não é preciso ter medo de ‘pagar o preço pelas escolhas feitas’; as escolhas exigirão autonomia, isto é, adquirir opinião própria, sabendo que uma vez feitas as escolhas, exigirão perdas; ou se assume a condição de ‘perfeitos’ ou, então, assumirá a hipocrisia que é fazer um teatro com a vida, isto é, assumir um papel de ator e apresentar algo que, na verdade, não significa ou não condiz com a clareza daquilo que se vive. 

Na busca de autorrealização ou do sentido da vida é preciso ter consciência crítica sobre si mesmo e exercer a ‘arte da dúvida’ sobre tudo o que o controla, em especial, as falsas crenças. No ministério presbiteral idealiza-se muitas coisas, mas estas, são fruto, muitas vezes, da imaginação, do querer, das vontades e, porque não dizer, dos caprichos; nada têm a ver com a vontade da Igreja da qual todos são servidores. Tantas vezes e de muitos modos, o presbítero se perde na necessidade de ter poder, o que revela falta de identidade psíquica, social e eclesial. 

A relação de obediência não significa uma relação cega, de total subordinação. Pactuar é uma virtude entre adultos, homens livres e autônomos. Numa relação madura há acordo entre as partes e consenso na tomada de decisão, embora resguardando as diferenças. A liberdade de comunicação [...] permite fazer exigências e cobrar posturas mais incisivas referentes ao cargo, sem abalar a boa relação entre subordinados e autoridades. 

Faz-se necessário buscar uma qualidade das imagens mentais e libertação dos focos de tensão. Assim, pois, será preciso um gerenciamento dos pensamentos para não ser escravo de ideias que ruminam o passado ou antecipam, de alguma forma, o futuro. Então, vem outra qualidade que é saber gerenciar a emoção, filtrando estímulos estressantes. A emoção é movimento, comoção, ato de mover; algo, portanto, fora, para fora; e, moção é movimento. Os encontros afetivos (afeições) podem aumentar o desejo de ampliar o sentido de vida ou diminui-lo, pelo contato com situações negativas constantes. 

Muitos presbíteros vivem em depressão, que é a tentativa última de a alma querer falar; por isso, normalmente, não é curada somente com remédios, mas com terapia (ajudar a redimensionar o ‘que jogou a pessoa para baixo’); a depressão sempre desemboca numa ‘fuga’; então, busca-se entorpecer. 

Há uma distinção entre emoção e sentimento. A emoção inclui o sentimento. O que mantém público o processo é a emoção e, reservado, é o sentimento. As emoções ocorrem no rosto, na voz ou em comportamentos; ocorrem no corpo – o corpo cria um mapa neural’ – todos os estímulos e os sentimentos ocorrem na mente, fazem parte de nosso mundo interno que traz a percepção do mundo externo. Exemplo: a raiva é um sentimento e as emoções referentes à raiva são muito agressivas. 

Num estudo da evolução anatômica do cérebro humano perceber-se-á que possui um chamado tronco cerebral, um cerebelo, um sistema límbico e um neocórtex cerebral. Dessa forma, todo ser humano possui um sistema primitivo (algo puramente animal), um límbico (que possui a função de centro emocional, onde situam-se as emoções) e um racional (a razão). Por exemplo, a capacidade de aprendizado e memória passa pelas emoções, assim como todas as lembranças. 


Nossas emoções e sentimentos são contínuos; muitas e variadas emoções compõem um sentimento. Exemplo: em um sentimento de amor, quantas emoções se processam em torno dele; o sentimento não é simples soma das emoções, mas é o resultante, em evolução contínua de diversos estados de espírito que se integram; esses são filtrados pelo controle crítico, intelectual, que elabora os sentimentos (primeiro movimento a ser feito é o ‘controle crítico intelectual’ – ‘se perguntar: o que está acontecendo comigo?’ – pensar melhor nas emoções e se aproximar do entendimento dos sentimentos – exercício sistemático da razão).  O sentimento é determinado também por uma orientação  ‘cognitiva precisa’ sobre valores que se atribuem ao objeto, à pessoa, às situações – pelas quais se tem um determinado sentimento; os sentimentos não podem alterar ‘meu estado emocional’; mas aqui a emoção diferencia-se do sentimento, pois a emoção é uma reação afetiva imediata a um estímulo externo e isso provoca alterações corpóreas visíveis. 

Do ponto de vista psicológico são três os tipos de reações às emoções: em primeiro lugar, as fisiológicas que são perceptíveis pela aceleração respiratória e cardíaca; em segundo lugar, as psicológicas que se manifestam na dificuldade em manter o controle de si mesmo, quando acontece a diminuição da capacidade de exercer funções lógicas e reflexivas; por fim, a comportamental que se revela em atitudes e posturas modificadas e em uma mímica facial que exprime o estado de espírito do sujeito. 

Todos possuem a necessidade de canalizar as emoções; isso é indispensável para que o amadurecimento afetivo possa se desenvolver com harmonia. Isso é indispensável também aos presbíteros, que todos os dias e constantemente se colocam em contato direto com pessoas de todo tipo, pois na maioria das vezes, não escolhem seu público. Então, é preciso três passos significativos para canalizar as emoções: admitir; falar para alguém sobre o que estão sentindo, sobre as emoções (de preferência um diretor espiritual ou confessor – mesmo que haja a devida distinção de papéis, neste caso); e falar para a pessoa que ativou a emoção. 


É preciso ter consciência que as emoções humanas são o ‘princípio do iceberg’, ou seja, apenas 10% de um iceberg flutuante é visível; não porque as pessoas não demostram seus sentimentos, mas porque um número bem pequeno está ciente de suas emoções; ou não têm a certeza de ser compreendidas ou há um temor que as ‘confissões emocionais’ possam ser usadas contra elas, voluntaria ou involuntariamente. Neste caso, o que acontece é a repressão dos sentimentos e emoções no subconsciente. As emoções reprimidas, inconscientemente, não morrem, influenciam na personalidade e nos comportamentos. 

Os motivos gerais para a repressão emocional acontecem, em geral, por três motivos: a pessoa é programada a fazer isso; ou ‘moraliza-se’ as emoções; ou ainda, nega-se certos sentimentos válidos. É o que se chama de ‘conflito de valores’. Isso não deve causar medo, pois o ser humano é capaz de superar muitas situações traumáticas (sempre num plano superior ao seu; ex.: fé, ou psicólogo, etc). Na verdade, o que o ser humano precisa é auto aceitação, estima, apreciação e celebração. Então, será preciso orientar as emoções, mas é importante lembrar que orientar não é eliminar emoções, mas tomar consciência delas e situá-las no conjunto da vida pessoal; é preciso canalizar as energias em projeto concreto de humanização. 

O presbítero precisa, sobremaneira, de um controle saudável das emoções, tendo consciência da própria emotividade, aceitando as emoções como realidade própria; pois, quando a emoção abarca a vida do sujeito, isso desemboca na desorientação e, assim, este torna-se prisioneiro da emoção do momento ou da opinião dos outros e da insegurança, sem consistência interior. Por isso, é preciso se conectar com a razão (a razão dirá: ‘sei de minhas emoções/ sei o que sinto/ sei dialogar com as emoções’), isso tudo para não ‘atrapalhar’ a dinâmica da vida.  A emoção é importantíssima porque coloca a pessoa em ação quando bem orientada, caso contrário, se torna destrutiva. Assim, é preciso sempre ‘ter-se nas mãos’; o ser humano é conhecido por suas emoções, mas se conhece a pessoa por seus sentimentos. A emoção é uma reação ou resposta (interna (dentro), espontânea (brota automaticamente) e típica (revela a pessoa) do indivíduo a uma situação dada. Dessa forma, é muito importante ‘escutar’ as emoções (tomar consciência das emoções); quando não se faz isso, tantas vezes não se controla as emoções e, ao contrário, a emoção toma conta da situação vivida. 

As emoções e sentimentos não possuem valor moral; são forças a serviço da pessoa; bem utilizadas, libertam e não utilizadas, escravizam; a função das emoções e dos sentimentos é a de impulsionar a pessoa para a ação; sem eles, a ação humana é vazia, pobre, ineficaz e fria. Eles põem a pessoa na relação com os outros; sem as emoções e os sentimentos, o indivíduo é incapaz de trabalhar (sentido de criar) e de amar (sentido de entrega) bem. Então, é preciso ter uma emotividade saudável (conhecer-se a si mesmo). 


6. A espiritualidade como solução de uma vida presbiteral centrada em Deus, na opção abraçada e no próprio eu 


A tarefa, talvez a mais difícil de todas, é descobrir o que torna o ser humano sadio e o que, de fato, o adoece. É preciso um olhar de honestidade para si para descobrir o que o torna sadio ou adoece-o. O ser humano possui um grande potencial para o crescimento, e isso poderá ser o diferencial para o desenvolvimento pessoal e para a alegria de viver do presbítero que quer encontra-se consigo mesmo para poder servir melhor à Igreja e ao Reino de Deus. Torna-se importante identificar e valorizar as possibilidades de crescimento existentes, sobretudo, no enfrentamento das mágoas, elaborando-as e procurando a devida reconciliação. 

A espiritualidade, neste processo, corresponde ao espaço da consciência transpessoal, seria a dimensão espiritual do ser, ou seja, a fé é o remédio eficaz. Seria como uma árvore que só consegue estender seus galhos em direção ao céu quando está fortemente enraizada na terra. Uma espiritualidade que torne sadio o presbítero deve estar conectada ou interligada a tudo o que é importante em sua humanidade. A espiritualidade é uma arena para a ação de Deus. 

Para o presbítero que deseja uma existência humana feliz e realizar-se no ministério, faz-se necessário o cultivo de uma espiritualidade sadia. Por espiritualidade sadia entende-se aquela baseada na pessoa como um todo. Alguns podem tentar alcançar o ‘céu’ passando por cima de sua condição humana. O presbítero é um ser humano! Uma espiritualidade que tenta esse recurso torna-se insuportável e até falsa, pois o presbítero não está no céu e as suas insuficiências advindas de sua condição humana sempre irão se manifestar. 

Uma espiritualidade sadia irá permitir-lhe a capacidade de ser receptivo ao prazer, ao toque; quem não é capaz disso torna-se insensível. O corpo do ser humano é um templo, é o recipiente da sacralidade. Assim sendo, uma espiritualidade saudável produzirá uma postura positiva diante dos sentidos e da sexualidade. Isso implicará em se dispor a dar todos os passos necessários para o crescimento pessoal. A sexualidade impulsiona a vida e o amor, é uma força fascinante, é uma verdadeira fonte de espiritualidade. 

O relacionamento com Deus é algo sensorial, pois possui sentido de paixão e deleite. Essa espiritualidade sadia deve ser vivenciada diariamente, com tempo reservado e com disciplina, não pode acontecer esporadicamente, ou em meio aos afazeres do dia ou do ministério, assim como durante a celebração eucarística. É preciso vibrar no sentido do coração. Essa vibração não deve ser apenas para os outros. A constante dedicação aos outros pode fazê-lo esquecer-se de si mesmo. Essa espiritualidade fará com que o presbítero permaneça centrado em si mesmo. “Se todas as pessoas têm direito a você, então seja também uma pessoa que tem direito a si mesma”. 

Tantas vezes o presbítero se retrai, diante da grandeza de seu ministério, em dizer não aos outros. Em determinadas situações será preciso dizer não. Não se trata de um ‘não’ sem sentido ou comum, nem de falta de responsabilidade, mas de um ‘não’ apropriado, para o cuidado e a consideração de si mesmo. 

O presbítero precisa de momentos para alimentar a alma: passeios, sadias distrações, convivências com outros presbíteros; tudo para buscar o equilíbrio e entrar num processo de renovação do próprio ser. Por exemplo, a arte (pintar, escrever, dançar, tocar música) alimenta a alma e convida à interiorização tão necessária. Santo Irineu dizia que o ser humano vital contribui para a honra de Deus. 

O presbítero precisa se autovalorizar, ou seja, as pessoas que se valorizam sentem um amor verdadeiro por si mesmas e acabam nutridas e plenas. Thomas Merton diz que “se você ama a si mesmo, amará todas as pessoas como a si mesmo”. É preciso deixar o superego rígido que fica lembrando sempre das carências e imperfeições, pois muitos estão sob o efeito da incapacidade de se aceitar e de se amar. Essa é uma arte: a capacidade de se amar. Sendo uma arte, é preciso dar passos e o primeiro deles é a busca de uma espiritualidade que possa estimular a humanização. 

Muitos têm medo de viver. Na modéstia e no recolhimento o presbítero encontrar-se-á com seu medo. Daí a importância de livrar- se de mensagens inúteis e velhas; será necessário eliminar bloqueios que estão impedindo o crescimento humano. Ao se considerar importante e valioso, o presbítero centrado encontrará estímulo em si e em seu potencial. Esse processo, quando verdadeiro e honesto, não permitirá fugas e nem a negação da responsabilidade sobre si no disfarce do ministério presbiteral. O perigo é esconder-se no ministério, que na verdade, é fuga para um ‘mundo intocável’, pois se trata de um mundo espiritual. Se assim acontecer, infelizmente, o presbítero terá sua evolução, enquanto ser estacionado e sua humanização não progredirá. 

Todas as experiências limites da existência permitirão sempre um contato consigo mesmo, facilitando o contato com os potenciais e a utilização dos mesmos em favor da própria vida. E mais: o presbítero alcançará a verdadeira humanização e atingirá, a seu tempo, o ‘ser humano total’, ou seja, integral, capaz, dócil, resolvido e feliz. 

Conclusão 

Não há especificamente uma receita para sanar o perigo do ativismo ou de o presbítero simplesmente se tornar um cumpridor de tarefas no exercício de seu ministério. Mas, com certeza, a espiritualidade é um caminho. Sendo a espiritualidade um caminho, o presbítero precisa descobrir os meios pelos quais proporcionará a si o devido tempo, interesse e amor para procurar dedicar-se ao cultivo de paz em sua interioridade. 

Como é importante o presbítero (re) descobrir o valor da espiritualidade. Não se pode negligenciar esse valor, pois todo ser humano necessita de um contato com a transcendência e, no caso, na vida presbiteral será sempre necessária a busca por dedicar-se à espiritualidade, na tentativa de encontrar-se consigo mesmo e de fazer com que o ministério corresponda ao anseio da Igreja em prestar um serviço de escuta e de orientação às pessoas, uma vez que este presbítero procura escutar-se a si mesmo em uma séria interioridade. 

Portanto, se poderia neste trabalho, atualizar as reflexões de Viktor E. Frankl sobre a logoterapia como uma psicologia libertadora e do ser responsável, fazendo o presbítero descobrir-se como verdadeiro ser humano, como ser motivado e que possui sentido de vida. O ser humano, neste sentido, é um ser incondicional capaz de resistir às condições do meio em que vive, alguém capaz de atingir a liberdade do espírito, ou seja, deve ter postura aberta e transcendente diante de toda a forma de condicionamentos e, ainda, é um ser livre e responsável, possui uma ‘liberdade para’, pois não só faz perguntas, mas responde e essa seria verdadeira atitude diante da vida. 

Todo o sentido do existir humano ganha significado no plano da consciência, esta é a ‘guia da liberdade’ porque tornará o ser humano capaz de interpretar a exigência para cada situação de sua vida. Dessa maneira, o ser humano e, em consequência o presbítero, terá condições de responder a pergunta: qual o único necessário? 

Referências 

ALMADA, R. O cansaço dos bons: a logoterapia como alternativa ao desgaste 

profissional. Vargem Grande Paulista/SP: Cidade Nova, 2013 CURY, A. Ansiedade: como enfrentar o mal do século: a Síndrome do Pensamento Acelerado: como e por que a humanidade adoeceu coletivamente, das crianças aos adultos. Saraiva: São Paulo/SP, 2014. ELLIS, A; ABRAHMS, E. Manual de Terapia Racional Emotiva. México: Editorial Pax, 2005. GRÜN, A. O poder do silêncio. Petrópolis/RJ: Vozes, 2014. GRÜN, A; MÜLLER, W. O que nos adoece: e o que nos torna sadios. Aparecida, 

SP: Ideias & Letras, 2006. (Coleção Mais Vida). MORAES, I. A. X. A psicologia do sentido da vida. 2.ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 

1998. PEREIRA, W. C. C. Sofrimento psíquico dos presbíteros: dor institucional. 

Petrópolis/RJ: Vozes; Belo Horizonte/MG: Editora PUC Minas, 2012 MARCOLINO, R - O ministério presbiteral: o perigo do ativismo e a solução de 

uma vida voltada à espiritualidade - Revista Contemplação, 2017, p.137-151 

Reflexões existenciais sobre o ministério presbiteral 

Pe. Nelito Dornelas 

1. Iniciemos nossa conversa com uma oração

 Senhor, que me chamas sempre, dá-me a generosidade de uma resposta sem reservas. Bate forte no meu coração que desejaria não te ouvir. Faze que eu descubra que tu me chamas à intimidade do teu amor. Torna viva e eficaz em mim a consciência de minha ligação contigo. Senhor, sou limitado em tudo. Tive medo, transigi, hesitei, calculei, quando seria preciso dar tudo. Salva-me e das minhas angústias me liberta. Sustenta e guia meus passos para que eu possa caminhar à tua luz. Tenho necessidade da tua bondade sem fim. Desejo iniciar contigo uma amizade nova, uma amizade para a vida e para além da vida. 

Que eu siga com zelo teus santos preceitos. Abra meu coração à tua lei de amor. Que eu seja no mundo um sacramento tangível de tua bondade. Faze-me amar além das palavras. Modela o meu coração segundo o teu modo de viver e de agir. Aumentas em mim os dons da tua graça, dia após dia. Que tudo em meu ser se transforme em teu louvor. Amém! 

2. Por nós espera a eternidade 

“Na tarde desse mesmo dia, que era o primeiro da semana, enquanto, por medo dos judeus, as portas da casa em que se achavam os discípulos estavam aferrolhadas, Jesus veio e pôs-se no meio deles e lhes disse: A paz esteja convosco! Enquanto falava, ele lhes mostrou as mãos e o lado. Vendo o Senhor, os discípulos ficaram tomados de imensa alegria. Então Jesus lhes disse de novo: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio. Tendo assim falado, soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados. A quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”. (João 20,19-23) 

A vida não é uma queda de braços, uma rede de intrigas, uma permanente disputa disso ou daquilo. Nós somos filhos da Prodigalidade. Felizes de verdade nós só o seremos se formos pródigos, generosos e fraternos. É isto que torna a vida bela e amável. 


A nossa vida é passageira e ridiculamente breve. Nós não podemos perdê-la apenas com rusgas, rixas, controvérsias e contendas. Viver assim é um morrer a cada dia e um sepultar-nos a cada instante, perdendo-nos muito mais do que abrindo-nos à eternidade. 

Há cicatrizes que ostentamos com um certo orgulho, por exemplo, aquela que se cravou em nosso corpo, quando defendíamos a vida. Uma tal marca já não dói mais, antes é quase um testemunho de nossa grandeza. 

Ainda eram audíveis, quase, as suas palavras, pronunciadas com espírito e coragem, do alto das montanhas, nas praças, nos templos das aldeias, à luz do dia, nas alcovas e nos bosques, noite adentro, quando ele confortava os tristes, devolvendo-lhes a alegria, tomava pelas mãos os perdidos, reerguendo-os, desconsertava os presunçosos, travesso e espirituoso. 

Com palavras e gestos cheios de vigor e delicadeza, seriedade e beleza, Ele a todos convidava à liberdade, à confiança, à largueza de coração, à compreensão, a uma vida afeiçoada ao mundo e a humanidade e apaixonada pelos céus e por Deus. E foram tantos os que, junto dele, redescobriram o que significa viver, expressando a beleza de sua alma, depois de anos de reclusão no cárcere do silêncio; caminhando com as próprias pernas, quando se imaginavam, para sempre, entrevados; sabendo-se, também eles, filhos e filhas de Deus, quando já se consideravam para sempre excluídos da terra e indignos dos céus, imorais, impuros, imundos, repulsivos aos homens e a Deus, perdidos. É o que sonhava e queria o Profeta da Galileia: que livre dos medos e complexos que nos levam à maldade, bailássemos, felizes e em paz, generosos e humanos, quais borboletas de gracilidade, entre esta terra que é de Deus e os céus de nossas esperanças. 

Mas, nem bem começado, tudo já estava encerrado. Como num pesadelo, Jesus de Nazaré é vitimado exatamente por aquilo que mais tentara combater: o medo, a mentira, a mesquinharia, a estreiteza e a dureza de coração. Tudo isto, agora, voltado contra ele, letalmente, numa sinistra e macabra mistura de religião, política, jogo de poder e traições. 


Os discípulos de Jesus, se ainda não o sabiam, agora o aprenderam: nós homens somos capazes não só de dizer inverdades, gelidamente, de difamar alguém, maliciosamente, de calcitrar os mais lindos sonhos de amor, cinicamente. Não, a nossa frieza é mais glacial ainda: podemos chegar a uma brutalidade da qual não são capazes nem mesmo os animais. 

Os cientistas que se ocupam da matéria, asseguram-nos que os animais agridem e matam apenas em duas circunstâncias: ou quando se sentem ameaçados, ou para matarem a sua fome. Apenas o homem é capaz, por exemplo, de interromper o voo feliz e gracioso de uma ave nos céus, que não é sua, mas de Deus, não para saciar sua fome, mas para aferir ou aprimorar a sua pontaria. 

Um pássaro mortalmente ferido em pleno voo: Jesus Cristo. Por quê? Em nome de quê? Em favor de que ordem? Em defesa da religião? Em nome de Deus? Quiçá tenha-nos ficado claro, desde aquela turva sexta-feira da morte do Senhor, ao menos e para sempre, isto: toda verdade, anunciada sem um sorriso nos lábios, é diabólica, ainda que se queira divina; todo juízo, pronunciado com a acidez da impiedade, é devastador, ainda que se insinue como edificante; toda religião, proclamada como uma sentença de morte, é demoníaca, mesmo que se tenha como sagrada; toda ordem, defendida, incondicionalmente, sem lágrimas nos olhos, é inumana, ainda que se considere justa e necessária. E todo medo, que nos leva à traição daquilo que em nós sentimos como verdadeiro, ainda compreensível, será sempre: mortal! 

Como crer ainda nos homens, quando se viu, estarrecido, do que eles são capazes? Assombrados, os discípulos de Jesus se trancam, portas aferrolhadas, entre as paredes invisíveis do seu medo. Tudo que, um dia, lhes foi vida é, agora, apenas uma saudade. É o que todos fazemos, quando perdemos alguém que, com sua presença, iluminou- nos a vida: voltamo-nos para o passado. 

Mas isso não é vida: trancar-se nos cárceres dos medos e ressentimentos. Mas como sair dessa? Talvez a única saída seja mesmo essa descrita por João. 


Talvez se tivéssemos uma visão e, nessa visão, víssemos, diante de nós, vindo de Deus, aquilo que imaginávamos destruído pela maldade dos homens. 

E percebêssemos, finalmente, que os homens podem fazer coisas terríveis, mas jamais tirar-nos a vida, pois a vida é de Deus. Voltando-nos para a doçura de seu mistério de amor, as feridas abertas pela maldade humana já não doem tento. 

Aqui, sim, quando estivermos em paz, podermos desejar a paz. Nem um minuto antes, pois antes seria uma farsa e um formalismo apenas. Verdadeiramente, só quando invadir o nosso coração, vindo  não de nossos esforços nem de imperativos morais, mas do alto, da amplidão de um infinito mistério de amor, o Sagrado Espírito, é que estaremos em condições de pronunciar um perdão que realmente perdoa. Seremos capazes de testemunhar uma fé que realmente liberta. As marcas ficarão, para sempre, eternidade adentro, quem sabe, porém, não mais como um sinal da maldade do outro, mas como resto, sim, de um grande sofrimento, dentro do qual, porém, nós mesmos crescemos, tornamo-nos mias humildes, mais sábios, mais sensíveis, mais misericordiosos, exatamente por termos sofrido, em nossa própria pele. Aí nasce a nossa missão de nos tornarmos um sinal plenamente válido do Ressuscitado. 

3. A visão do teólogo 

Referindo-se ao presbítero do século XXI, assim o descreve o teólogo Karl Rahner: O presbítero de amanhã será o homem de coração trespassado, ferida da qual lhe advirá a força para realizar a sua missão. Um coração trespassado, ferido pela ausência de Deus na existência, ferido pela loucura do amor, ferido pela consciência que nasce da incapacidade de êxito, ferido pelo sentimento de ser ele próprio digno de piedade, de ser questionado; e, ao mesmo tempo, um homem persuadido de que é de tal coração que há de brotar a força de sua missão, a autoridade da função, o valor objetivo da pregação, a eficácia dos sacramentos no acontecimento da salvação através da graça: a tudo por meio de um coração trespassado. 

Digo mais, o presbítero de amanhã será o homem de coração trespassado, tendo por tarefa conduzir a humanidade ao âmago, ao próprio centro de seu ser, ao fundo de seu coração, e, sabendo, que não poderá atingir esta meta, se ele mesmo não tiver encontrado seu próprio coração, se não tiver descoberto a incompreensibilidade do Amor, que, só para vencer caiu na morte. 

4. Jesus e o sacerdócio 

O sacerdócio hoje é tema bastante questionado, debatido e controvertido na teologia e na eclesiologia. Sacerdócio é um termo muito caro que não pode ser reservado apenas ao presbítero, mas aplicado ao conjunto do povo de Deus, aos batizados, em conformidade com eclesiologia da Lumen Gentium. 

Jesus não era sacerdote, presbítero, era leigo. Não era sacerdote nem no sentido judaico do Antigo Testamento e nem no sentido Católico atual. 

Jesus não era sacerdote do ponto de vista judaico. Sua família não era sacerdotal. Ele não pertencia à tribo dos sacerdotes. Como sabemos, entre os judeus, somente os que vinham de uma tribo sacerdotal poderiam ser sacerdotes, e mais ninguém. Ele não estava ligado ao templo como sacerdote. Os sacerdotes serviam ao templo de Jerusalém para cuidar dos sacrifícios. Jesus nunca dirigiu um culto nem ofereceu sacrifícios e rituais em Jerusalém, nem tampouco usava roupas de sacerdote. 

Também não era sacerdote no modo católico de entender. Não era pastoralmente responsável por uma paróquia, não pertencia a nenhuma diocese ou congregação, não batizava e não mantinha registros de documentos paroquiais e não organizou e acompanhou nenhuma atividade pastoral 

Em nenhum lugar do Evangelho Jesus é chamado sacerdote. Ele não atribui esse título a si mesmo. Seus discípulos e apóstolos nunca o chamaram assim. Pelo contrário, Jesus sempre esteve em oposição aos sacerdotes. Teve atritos, conflitos, crises, discussões, disputas com os sacerdotes. Para dizer pouco, foram finalmente os sacerdotes que causaram sua morte. Eles o crucificaram. 

5. A Carta aos Hebreus e o sacerdócio

 Tendo em mente esse pano de fundo, por que a carta aos Hebreus o chama de sacerdote? Não parece uma contradição? E mais: não apenas sacerdote, mas o chama de Sumo Sacerdote! Por que a carta aos Hebreus chamou um leigo de sacerdote? 

Na Palestina do primeiro século, a carta aos Hebreus soa como eco de uma grande controvérsia. 

A carta aos Hebreus levanta hoje alguns questionamentos para discutirmos sobre a identidade presbiteral. 

Quais credenciais, quais qualificações foram vistas em Jesus para chamá-lo de Sumo Sacerdote? O que há na carta aos Hebreus que prove o sacerdócio de Jesus? 

O autor da carta aos Hebreus nos dá algumas ideias e pensamentos interessantes, fascinantes. 

Entender o tema da carta aos Hebreus ajuda-nos a esclarecer também nosso sacerdócio, do qual Jesus é o fundador. É igualmente importante compreender isso à luz do tema da encarnação em sua radicalidade. 

“Ele não veio para ajudar os anjos, mas para ajudar à descendência de Abraão. Por isso teve que ser semelhante em tudo a seus irmãos, para se tornar sumo sacerdote misericordioso e fiel em relação às coisas de Deus, a fim de expiar os pecados do povo. De fato, justamente porque foi colocado à prova e porque sofreu pessoalmente, é capaz de vir em auxílio daqueles que estão sendo provados”. (Hb 2,16-18), 

Há duas credenciais, duas qualificações que tornam alguém sacerdote no Novo Testamento: ser compassivo e merecedor de confiança. Não há outras. 

Jesus era humano, não era anjo. Sendo compassível e confiável é capaz de expiar os pecados do povo. A compaixão se refere à sua relação, sua solidariedade com os seres humanos. Ser compassivo e confiável significa que tanto Deus como o povo podem confiar nele, em sua responsabilidade e em seu serviço. Ele é verdadeiro para si mesmo, para o povo e para Deus. 

O que de fato torna alguém sacerdote no Novo Testamento? Não é a linhagem, nem o estudo de teologia, nem a Eucaristia, nem o poder sacramental, nem as qualidades administrativas, nem a capacidade pastoral, nem a batina, nem a paróquia. Para tornar-se um sacerdote do Novo Testamento a única credencial necessária é que a pessoa seja compassiva, misericordiosa e digna de confiança de Deus e do povo. 

Ser compassivo e digno de confiança é tornar-se Goel para os outros. Goel é a palavra hebraica para significar resgate e pagamento de dívidas, para libertar, redimir os que são oprimidos e escravizados. É tomar para si e carregar sobre os seus ombros os sofrimentos dos outros para libertá-los. Contemple o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! 

Quando o autor da carta aos Hebreus discute o significado do sacerdócio de Jesus e aponta uma identidade para o sacerdócio do Novo Testamento, parece ter uma intenção subliminar de fazer uma crítica ao conceito de sacerdócio do Antigo Testamento e apresentar a novidade absoluta do novo sacerdócio. 

No Antigo Testamento, o sacerdócio é baseado no princípio da alienação, de estar longe do povo, permanecer-se à distância, ficar separado. A linhagem e a tribo são diferentes; eles usam roupas distintas daquelas que usa o povo; seu tempo e lugar de culto são exclusivos. Tudo neles é diferente do que faz o povo. Sua teologia e espiritualidade são baseadas no princípio da alienação. 

Por que o sacerdote era assim? Para o Antigo Testamento, Deus é uma realidade transcendente que não pode ser contatada pelo humano. Deus é todo santo. O pecador não pode vê-lo. E ninguém pode chegar perto de Deus. Apenas uns poucos são escolhidos e ungidos para aproximar-se. 

Em contraste com isso, o sacerdócio do Novo Testamento é baseado no princípio da solidariedade. A espiritualidade é, da mesma forma, vivida na solidariedade, na Encarnação; testemunha Deus na terra, Deus no meio do povo, Deus partilhando sua vida com os pecadores. 

O sacerdócio do Antigo Testamento oferecia sacrifícios de coisas e animais; o do Novo Testamento oferece o sacrifício de si mesmo, da pessoa, do corpo. 

Nessa perspectiva relemos outro texto: “Não queres e não te agradam sacrifícios e ofertas, holocaustos e sacrifícios pelo pecado. Depois acrescenta: ‘Eis-me aqui pra fazer tua vontade.’ Desse modo, Cristo suprime o primeiro culto para estabelecer o segundo. E por causa disso fomos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, realizada de uma vez por todas”. (Hb 10,8- 10) 

Jesus é sacerdote no caminho da entrega, da submissão, da obediência à vontade e à palavra de Deus, da doação de todo seu ser, seu celibato, seu corpo. 

Onde reside a essência da missão sacerdotal no Novo Testamento? Não é simplesmente na Eucaristia do pão e do vinho, mas na Eucaristia de si mesmo e da vida, fazendo da Eucaristia do Pão e do Vinho o centro e o cume de toda a vida. 

O que faz alguém sacerdote no Novo Testamento é o caminho da Encarnação; é ser compassivo e digno de confiança; é a obediência à vontade e à palavra de Deus, a submissão à Providência; é ser capaz de dizer: “isto é o meu corpo, isto é o meu sangue”, “esta é a minha vontade, esta é a minha escolha”. 

Jesus deve ter dito com frequência em Nazaré: “isto é o meu corpo, isto é o meu sangue”. O momento culminante não foi no pão e no vinho da última ceia; foi na cruz. Quando Jesus disse: “em tuas mãos entrego meu espírito”, constitui-se o sacerdócio do Novo Testamento. 

Essa é a identidade do nosso sacerdócio. Somente nesta lógica, a lógica da cruz, pode-se afirmar o nosso sacerdócio. 

6. Duas formas de identidade 

Com base nos dois princípios: de alienação e solidariedade, somos também confrontados com dois tipos de espiritualidade. Cada identidade é construída com base na alta ou na baixa espiritualidade. 

O princípio de alienação do sacerdócio do AT conduz a uma espiritualidade alta. Nessa ótica se diz que o povo é gente comum e os sacerdotes são pessoas escolhidas, ordenadas, separadas. O povo pertence ao lado de baixo e os sacerdotes estão no alto e devem conservar-se distantes. Os leigos são considerados como menores, os últimos. 

Os sacerdotes são superiores, mais experientes. Pertencem à  classe sacerdotal, são os primeiros entre a multidão. É a espiritualidade alta. Funda-se no princípio de que Deus é transcendente, Elevado, das Alturas. Em oposição direta a essa postura está a baixa espiritualidade que, por sua vez, está baseada no princípio da solidariedade. Aqui nos encontramos com um Deus Encarnado, que habita no meio de nós. Podemos conhecê-lo, senti-lo, experimentá-lo. Ele se torna um de nós: “Nós ouvimos, vimos com nossos olhos, contemplamos e tocamos com nossas mãos” (1Jo 1,1). 

O princípio da solidariedade baseia-se na teologia e na espiritualidade da filiação e do companheirismo. 

7. Subida pela escada x dança de roda 

A alta espiritualidade baseia-se no princípio da alienação e a baixa espiritualidade na solidariedade. A primeira assemelha-se à subida da escada e a segunda à dança de roda. Na escada somente uns poucos podem subir, não há sorrisos, porque cada um que chega representa uma ameaça. É uma forma de complexo de superioridade espiritual. Na dança de roda todos são bem-vindos. Todo mundo toma parte. Basta alargar o círculo. Todos são igualmente aceitos, respeitados e se sentem à vontade. Celebra-se o Ágape, bem como a fraternidade e o companheirismo que dá mais vida. Cada participante que chega traz mais alegria na dança de roda. 

Encarnação significa fazer arte da dança de roda. Essa é a implicação pastoral da Encarnação em nosso sacerdócio a partir de Jesus. A alta espiritualidade oferece o trono e um pacote de promessas. Doutro lado a baixa espiritualidade é profética e pascal. 

8. No rastro da baixa espiritualidade 

A espiritualidade da dança de roda nos desafia a viver o compromisso do Evangelho como ele é, sem adulterações. Quando vivido de forma autêntica, original, ortodoxa, o Evangelho torna-se atraente, contagiante. 

Para vivermos a baixa espiritualidade precisamos ter fé na Encarnação e na Providência. Sem a fé não há milagres em Nazaré. Mas se dissermos SIM haverá lugar até para o impossível. 


A Teologia e a Espiritualidade da Encarnação nos apresentam a fisionomia de um Deus comum e simples, histórico e contextual, solidário, leigo, pequeno, escondido, profano, secular e rejeitado. 

Podemos até nos perguntar se nunca rasgamos nossas vestes sacerdotais e religiosas quando nos vimos confrontados com este Deus. Eis o desafio do discipulado. Lembrem-se do doutor da lei que veio a Jesus desejando herdar a vida eterna? Ele acreditava em Deus, mas não permitia que o Deus da Teologia, da Lei, da Liturgia transformasse sua espiritualidade em práxis. Jesus o fez se interrogar onde ele se colocava. Você faz como o levita, o sacerdote ou o samaritano? Vá e torne-se próximo, solidário (Lc 10,25-37). 

Sim, os pobres são o lugar da Encarnação e da Boa Nova. São os filhos de Deus. Mas são faces tão deformadas de Deus que ninguém os reconhece como filhos de Deus. 

São rostos desfigurados e imagens dilaceradas do Deus Encarnado. 

“O que não fizerdes a um destes menores foi a mim que não o fizestes” (Mt 25,45). 

Eles carregam o Evangelho. Eles são os evangelizadores e os agentes da Boa Nova. Eles gritam o Evangelho com a vida! Sim, os pobres nos evangelizam. Eles nos falam de Deus, nos dizem o que é Teologia, o que é Espiritualidade, o que é Sacerdócio. É por isso que os pobres são a glória de Deus. Em nossa Santa Igreja, devemos permitir que o Deus ‘anormal’ se encarne. Somente essas anormalidades de Deus nos libertarão. 

9. Afetividade presbiteral 

“Visita-nos a verdade, guiada pelo sorriso de uma criança ou o beijo da amada e nós trancamos as portas de nossos sentimentos na sua face como a um criminoso. O coração humano apela para nós e a alma nos chama, mas permanecemos mais surdos que o metal e insensíveis. E se um dentre nós responde ao apelo de seu coração e às súplicas de sua alma, consideramo-lo anormal e nos afastamos dele. E assim os anos passam e seguimos distraídos e os dias e as noites nos convidam, mas temos medo deles. Vivemos no pó, enquanto os deuses nos querem e pisamos o pão da vida, enquanto morremos de fome. Amamos a vida, mas vivemos tão longe dela” (Kahlil Gibran) 

Tinha razão Violeta Parra que nunca encontrou o amor e por isso se retirou da vida, matando-se. Mas ela sabia e cantava: “qual um mago condescendente, nos afasta docemente de rancores e violências, só o amor com sua ciência nos torna tão inocentes... só o amor, com seus esmeros, detém os peregrinos, liberta os prisioneiros, ao velho o torna criança e ao mau, só o carinho, o faz puro e sincero. 

10. Oração da fraternidade universal 

“Que eu me torne em todos os momentos, agora e sempre, um protetor para os desprotegidos, um guia para os que perderam o rumo, um navio para os que têm oceanos a cruzar, uma ponte para os que têm rios a atravessar, um santuário para os que estão em perigo, uma lâmpada para os que não têm luz, um refúgio para os que não têm abrigo e um servidor para todos os necessitados.” (Dalai Lama) 


ECOS DO MÊS DE NAZARE 

Pe. Luiz Faustino dos Santos (arquidiocese de Mariana, MG) 

O mês de Nazaré foi, para mim, uma grande descoberta, uma revelação. A vida é cheia de surpresas. Aos poucos, surpreendentemente, o Criador vai se manifestando. Algumas vezes, pensei que, parar um mês, seria um desperdício de tempo. Como me enganei! As combinações: oração e contemplação, trabalho e estudo, deserto e momentos de descontração dá uma sensação de equilíbrio na vida e vivência do Tabor. Porém, a revisão de vida nos leva à planície e a olhar o mundo como ele é. Os horizontes se ampliam: a natureza se torna parceira na louvação, as pessoas se parecem com a imagem de Jesus nas diversas fases de Sua vida. A alegria de acolher os discípulos felizes após a missão (cf. Lc 10,17-20) e a dor do servo de Javé (cf. Is 53), desprezado pelos beneficiados de sua missão. 

Em geral, nossos retiros são breves. Quando entramos no clima de retirantes, está quase na hora de voltar à rotina. E antes mesmo de partir de volta, nossa mente já se ocupa com o depois. 

Consequentemente, não conseguimos assimilar muito os conteúdos refletidos. Por esta e por outras, sempre que tiver oportunidade voltarei a Nazaré (mês de Nazaré), pois tenho certeza que sempre haverá um novo encontro pessoal com Jesus em Nazaré. E Nazaré da Galileia sempre foi, para Jesus, o ponto de partida. E nada melhor que partir de/com Jesus de Nazaré. 

Pe. Eraldo Cavicchini Matos (diocese São Mateus, ES) 

Sou Padre Eraldo Cavicchini Matos, capixaba da diocese de São Mateus-ES. 

Eu já conhecia um pouco da vida do beato Irmão Carlos de Foucauld, através da convivência com a Fraternidade Irmãozinhos leigos Missionários da Visitação. 

Ao participar da Fraternidade dos padres da região de Minas, fiz a experiência do retiro em Hidrolândia Goiás. Participei do mês de Nazaré. Deus já havia tocado meu coração para a vida contemplativa. Em continuidade ao mês de Nazaré, vivo num Eremitério, que denominei Nazaré, a 30 km da sede da diocese. É um sítio, estava abandonado, agora já começa tomar nova vida. 

Sou feliz, nesta região chamada sapê do norte. Terra de quilombolas, com associação de moradores e um CRAS temático. Aqui vou me entrosando com a comunidade local e fazendo a experiência de gritar o evangelho com a vida entre os mais pobres. 

Se outros padres do meu Estado tem o desejo de formar uma Fraternidade para nos encontrar, meu contato (27) 999160901. 

Pe. Manoel de Souza Costa (diocese de Guajará Mirím, RO) 

Partilho, com vocês, a graça do mês de Nazaré na minha vida; não vai ser em verso e poesia porque não fui agraciado com este dom, mas, nestas poucas linhas faço eco daquilo que foi e continua sendo esta experiência de beber na fonte da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas. Desde o meu primeiro retiro, em Londrina,já vinha sentindo uma vontade de aprofundar um pouco mais sobre o sentindo da fraternidade e, o mês de Nazaré, fez com que este sentimento viesse a tona. No mês de Nazaré tomei mais ainda consciência da gratuidade de Deus na minha vida e a forma da irmandade fazer isso inspirado no irmão Carlos de Foucauld me ajudou a reacender a minha conta de servir a Deus, não importa aonde seja. Gostaria que fosse sempre do lado dos necessitados do amor de Deus como eu. 

Agradeço a Deus e vocês, meus companheiros. Aqui peço desculpas por mencionar de modo especial ao Gildo, ao Anchieta, ao Fred e, ao seminarista Guilherme que, voltando de um retiro com você a me disse que se eu participasse de um retiro com vocês iria renovar a minha vocação. Sem a presença destes irmãos a partilha de cada um de vocês me ajudou e continua me ajudando a aceitar melhor e com alegria a vontade de Deus no meu sacerdócio. 

Tive a graça de aprofundar no conhecimento da vida do irmão Carlos de Foucauld e estou tentando junto dos irmãos sacerdotes nos fortalecermos na fraternidade. Uma gratidão profunda a todos você a que tive a graça de conhecer e me tornar irmão através da fraternidade. Que pela intercessão do nosso irmão Carlos a paz reine nos nossos corações, mas sempre a paz que nos leve ao encontro dos irmãos 

Pe. Sérgio Henrique da Silva (diocese de Assis, SP) 

O mês de Nazaré é um esconder no coração de Jesus, que está vazio porque deu tudo. E lá, aprender três coisas importantes. 

A primeira delas é a humildade. Jesus, sempre humilde se sujeitou a viver a maior parte de sua existência terrena escondido em Nazaré. Somente um Deus humano sabe ser humilde e vivenciar o humano para que o Divino se plenifique na simplicidade da vida cotidiana. A segunda é a confiança. Ele soube confiar nos seuspais terrestres porque sua confiança estava alicerçada na Vontade do Pai. Só confiamos verdadeiramente quando temos essa certeza e Nosso Senhor a tinha - "Eu estou no Pai e o Pai está em mim" - confiança que confirma um só coração e uma só alma, um só Deus Uno e Trino. A unidade só é possível quando vem da confiança. 

A terceira, enfim, é a alegria. Nosso Senhor vivendo na humildade aprendeu a ver, a sentir e acolher o humano e dar um sentido Alegre e pleno para vida humana. Vive alegria porque sabe fazer com que as pessoas possam gerar a mesma alegria. Somente a alegria escondida em Nazaré deu toda segurança para Nosso Senhor entregar sua vida na Cruz. 


Nazaré sempre prepara e aponta para a Cruz e depois de passar pela Cruz sua alegria será plena, nos afirma Nosso Senhor. Nazaré é para o ser humano esse esconder no coração de Nosso Senhor Jesus para saborear a humildade e se perder na confiança Amorosa de um Deus que sempre nos plenifica na alegria da entrega total: "Meu Pai a vós me entrego" 

Pe. Jeová Elias Ferreira (arquidiocese de Brasília, DF) 

Ecos do mês de Nazaré, de 3 a 30 de janeiro, com a primeira semana marcada pela participação no retiro juntamente com todos, em Hidrolândia, e o restante no mosteiro de Goiás e contando com a participação de 6 presbíteros, além dos assessores. 

Depois de 3 anos sem participar dos retiros, foi uma alegria reencontrar os irmãos, retomar os meios da fraternidade com mais profundidade e vivenciar o mês de Nazaré. 

O mês favoreceu a revisão de vida com mais profundidade, o exercício dos trabalhos manuais com mais intensidade, a adoração com mais fervor e mais prolongada. Também conhecer melhor os estatutos da Fraternidade, beber com mais sede nas fontes do irmão Carlos. 

A presença de poucos membros, após a semana inicial, possibilitou estreitar mais os laços e compartilhar melhor as tarefas. Experiência enriquecedora e comprometedora com a missão na linha do carisma do irmão Carlos e em sintonia com o ministério do papa Francisco, na fidelidade ao projeto de Jesus Cristo. 

Pe. Andrés Gonzalez Mejia (diocese de São Jose do Rio Preto, SP) Mês de Nazaré. / 2019.

 Oh! Retirantes, venham se alegrar Neste mosteiro, vamos todos celebrar, Com o Espirito por guia, Jesus no Coração, Vamos todos com Maria, fazer nossa oração. 

La do nordeste filho Teu nasceu Como mandacaru, a resistência nos mostrou. Resiliência é a sua doutrina, a Fé sua verificação. Que bela criatura, que o nome de Deus carregou. 


Pelas barbas do profeta... De Assis o “Eremita”! Belo homem, bela fala... e? Amorrrr no coração. Dez dedos sua prece, que a Deus não esquece; Sempre atento e gentil... minhas unhas, aparou. 

Fazer comparação é arriscado! Mas Victoria Regia poderia ser; Exuberante de vida, em cor tamanho e formosura Extasia... quem a vê Manuel é seu nome que de ancestrais foi formado De coração seduzido? Canta e louva Deus Irmanado. Obrigado! 

Profeta de riqueza escondida Padre Luís, da paciência... Padre, Luís da “escuta” Abres a boca... sábios dizeres, vida exemplar. Que de Moisés me fazes lembrar; Homem pé no chão, homem do povão; Homem da esperança, homem do coração. Conduz tua Paróquia à Libertação! 

“O povo de Deus no deserto andava Mas na sua frente .... o Padre Luís caminhava” Capixaba... metamorfoseado O nosso Irmão reaprendia. ...Aquilo que Deus queria. 

Eraldo meu Irmão... Da baleia serás regurgitado; Que praia agradecida acolherá Teu corpo metamorfoseado? Fugir não podes nem te esconder jamais... Quem sabe com Carlos de Foucauld? Tua vida iluminarás. 


Anchieta líder, neste silêncio... O mosteiro, tua presença irradia Sábia experiência, que de vassoura andas... Limpando, varrendo, sonhando num mundo irmão. Na oração? Solidário, na Fé companheiro. Humildade tua veste e o sorriso teu Escudeiro. 

! “Peralta”! fui batizado Neste silêncio que grita... Fraternidade vim buscar. Encontrei Felicidade. 

Dia de deserto No ouvido da minha alma, Tuas deixas de amor Ecoam amáveis! Sons verdadeiros! 

Silenciosamente chegas... Entre saltitantes relâmpagos Ou entre as asas douradas... Dum vagalume na escuridão. 

Fértil silêncio Que de Amor fecundas Esta alma triste e tonta Que de chorar não para. 

Que em prantos... reclama: Teu Amor ardente Minha fé renovar. 

 NOTÍCIAS 

DA ASSEMBLEIA INTERNACIONAL 

A XI Assembleia Geral da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, aconteceu nos dias 15 a 30 de janeiro 2019, na cidade de Cebu, Filipinas. Do Brasil participaram os padres Maurício Jardim, pela equipe internacional, Carlos Roberto dos Santos e Edivaldo Pereira dos Santos como delegados, representantes das fraternidades brasileiras. 

O objetivo da Assembleia foi aprofundar e atualizar a identidade missionária do presbítero diocesano à luz do testemunho do Irmão Carlos de Foucauld, contemplativo e portador da boa Noticia de Jesus. 

A Assembleia desenvolveu-se em três momentos: 1o contemplar a realidade; 2° discernir a realidade e 3o propor indicações para os próximos anos, principalmente no que diz respeito ao Mês de Nazaré, sobre o qual fizemos a primeira parte de estudo e aprovação de um itinerário a ser usado por todas as fraternidades. Ao final fizemos a eleição do novo responsável nacional, que lá mesmo compôs a sua equipe. A nova Equipe internacional. 


PRIORIDADES DE NOSSA FRATERNIDADE 

Eis o resumo das respostas aos questionários enviados às fraternidades de todos os países. 


NO ÂMBITO HUMANO

 queremos prosseguir ou iniciar uma presença próxima e comprometida nas periferias geográficas e existenciais de nossos países. Queremos contemplar constantemente a realidade com uma consciência crítica do sistema que gera pobreza, violência e exclusão. E a partir destes lugares existenciais, queremos ouvir a voz de Deus no clamor dos pobres, especialmente dos migrantes e da nossa mãe Terra. Queremos colaborar para a libertação integral de nossos povos, crentes e não crentes e para a solidariedade e hospitalidade com os estrangeiros. Nosso método sempre será o diálogo. 

Nossa fundamentação teológica e pastoral está nas exortações apostólicas do Papa Francisco: "Amoris Laetitia" e "Laudato Si" 

NO ÂMBITO ECLESIAL, 

queremos colaborar com a profunda renovação que o Papa Francisco está impulsionando na Igreja, o que ele chama TRANSFORMAÇÃO MISSIONÁRIA. Queremos nos sentir parte do Povo Sagrado de Deus, evitando o clericalismo e todos os tipos de abuso. Queremos ajudar o povo de Deus a ser atores (agentes comprometidos) da Igreja, caminhando juntos e vivendo a fé nas comunidades eclesiais missionárias, em torno de Jesus e do seu Evangelho. Assim podemos nos tornar a voz dos "sem voz" (aqueles que não são ouvidos). 

Nosso fundamento teológico está na exortação apostólica "Evangelii Gaudium" 

EM NOSSAS FRATERNIDADES, 

queremos viver mais intensamente os meios espirituais que a Fraternidade nos oferece: dia mensal do deserto, revisão da vida, adoração eucarística, leitura orante do Evangelho, reunião mensal da fraternidade, opção preferencial pelos pobres. Deste modo podemos redescobrir a dimensão contemplativa de nossas fraternidades, ser verdadeiros discípulos de Jesus de Nazaré, seguir os passos do Bem-aventurado Irmão Carlos de Foucauld e experimentar uma profunda renovação espiritual. 

Nosso fundamento teológico está em "Gaudete e exsultate" 

A MISSIONARIEDADE DO PRESBÍTERO DIOCESANO - FUNDAMENTAÇÃO

Pe. Maurício da Silva Jardim - Brasil

Brasil É determinante ter claro os fundamentos da missão. Uma palavra hoje muito usada. Chega-se dizer que tudo é missão. 

Toda obra, antes de ser construída, necessita de planejamento. A construção começa pelos alicerces e fundamentos que garantem a sustentação do prédio. Na missão, não é diferente. Precisamos deixar claro os fundamentos da única missão que é de Deus. 

A concepção de missão está muitas vezes reduzida a fazer coisas, elaborar esquemas, projetos, cursos, visitas, experiências, simpósios e congressos. Isto define-se como missão programática. 

A missão ao longo da história foi delegada a congregações e grupos com carisma missionário. Foi perdendo-se a noção de missão como identidade, essência, natureza de todo povo de Deus. Alguns ainda tem a concepção, de que missionários (as) são somente aqueles que partem para outra nação. 

CONCEITO DE MISSÃO: 

Na sua origem, a palavra “missão” significa “envio”, “partir”, “sair”. O termo latino, missio quer dizer também “libertar”, “deixar andar”, “soltar”: o envio “tem tudo a ver” com liberdade e libertação. O Concílio Vaticano II recuperou a concepção teológica sobre a natureza da missão. 

MISSIO DEI: 

Essa visão se fundamenta, no conceito de missão que tem sua origem no “amor fontal” do Pai, um amor que sai de si por sua própria natureza para chegar a todos (AG,2). A Missão, portanto, é uma só. Ela é de Deus, nasce no coração da Trindade. Deus é missão. O amor de Deus é um amor que não se contém, que transborda, que se comunica, expande, dilata, irradia, difunde e sai de si. O próprio Deus se auto envia pela missão do Filho e do Espírito. O Filho é enviado pelo Pai na força do Espírito Santo. 

Impulso de dentro para fora: 

A origem de todo movimento missionário está no coração da Trindade. O amor de Deus Pai não se contém e se comunica. Deus é missão e a missão vem de Deus porque Deus é amor. Missão diz respeito ao que Deus é e não, primeiramente, ao que Deus faz. A missão revela a essência de Deus de se comunicar e de criar relação. Por isso, a missão não teria, a princípio, um seu porquê, não surgiria primeiramente de uma necessidade histórica, mas é um impulso gratuito, de dentro para fora, e de um jeito de ser que têm como origem e fim a vida divina (cf. DAp 348). 

A SAÍDA DE DEUS: 

Deus é o primeiro a sair de si mesmo para libertar, salvar, curar... “Ele viu a opressão do povo no Egito, escutou seus clamores e sofrimentos e desceu para libertá-los das mãos dos Egípcios e levá-los para uma terra boa e vasta, onde emanam leite e mel (Ex 3, 7-8). 

CONCEPÇÃO ECLESIOLÓGICA E MISSIOLÓGICA. 

“A Igreja não possui uma missão, mas a missão possui a Igreja” (Diálogos proféticos, Stephen Bevans e Roger Schroeder, p.34). 

Missão é a própria essência de Deus que tem uma Igreja vocacionada a ser testemunha de Cristo no mundo e na história, até os confins da terra e o final dos tempos. “A ação missionária é o paradigma de toda obra da Igreja” (EG 15). 

COMO A MISSÃO NASCE EM NÓS?

 ENCONTRO:

 A missão começa com a escuta da voz de Deus. “Ouvir o que diz o Espírito as Igrejas”. Encontro com Jesus Cristo. É um encontro que dá novo horizonte à vida. É um encontro apaixonante que se expande. O documento de Aparecida fala de dez lugares de encontro (246-258). “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp, 29). Missão a partir de Jesus Cristo, luz para os povos (LG,1). O momento atual é oportuno de propor uma direção, referência, um sentido para vida das pessoas que é Jesus Cristo. Há uma crise de sentido. A fé Nele tem implicações práticas, ou seja, irradiar fé, bondade, misericórdia, compreensão. A evangelização não é feita somente por palavras, sobretudo pelo testemunho de vida. Ir. Carlos é um modelo de missão testemunhal. Missão pela simples presença, gratuidade e bondade. 

PAIXÃO: 

“Missão é paixão por Jesus Cristo e simultaneamente paixão pelo seu povo” (Evangelii Gaudium, 268). Sem esta paixão a missão fica reduzida a fazer muitas coisas, andando de um lado para o outro, sem mística e sem ardor. Missão é pois, questão de paixão e identidade cristã. 

QUAL OBJETIVO DA AÇÃO MISSIONÁRIA?

 Transmitir a fé está no coração da missão da Igreja. “A Igreja existe para evangelizar”. A Igreja é continuadora da missão de Jesus. Proclamar e anunciar a boa notícia de Deus. A Igreja deve estar a serviço da implantação do Reino de Deus. Ela não é fim, é meio, instrumento, sinal de salvação. 

SALVAR, CURAR, LIBERTAR... 

Na missão, a salvação está em primeiro lugar, o jurídico, institucional e doutrinal devem estar a serviço da salvação. Assumir o jeito de viver de Jesus Cristo. “Jesus Cristo, passou por este mundo fazendo o bem (At10,38). A vida e o testemunho são mais importantes do que a teoria. Para missionar é fundamental experimentar a ação de Deus em nós. 

A missão se propaga por contágio pessoal. “A fé cresce por atração” (Bento XVI). 

MENOS É MAIS: 

“Zero burocracia e menos administração. Mais paixão, mais amor e mais anúncio do Evangelho” (Papa Francisco, reunião dos diretores das POM em Roma, junho de 2017). Jesus convocou o grupo dos doze para que primeiro permanecesse com Ele e depois os enviou a pregar (Cfe. Mc 3,14). A primeira tarefa do missionário (a) é permanecer com Ele para deixar-se conformar pela Sua identidade. Deste encontro, nasce a missão que não tem fronteiras. 

ESPÍRITO SANTO É O PROTAGONISTA: 

Missão é pois, uma questão de fé, de abandono a Deus. Por isso, a primeira obra é rezar pelas missões. O protagonista é o Espírito Santo. Somos Cooperadores (as) da missão de Deus. 

COOPERAÇÃO MISSIONÁRIA: 

Se na missão toda iniciativa é Deus. Qual a nossa parte? Deus quis precisar de nós para a missão que é Dele. Necessita de nossa colaboração, de nosso sim, de nossos pés, mãos, olhos, ouvidos, de nossa proximidade com Seus filhos (as). Está continuamente chamando colaboradores (as). 

EU SOU UMA MISSÃO. 

O papa Francisco tem falado da dimensão existencial da missão: “Eu sou uma missão de Deus nesta terra, e para isso estou neste mundo” (Evangelli Gaudium, 273). A vida se torna uma missão. Ser missionário (a) está além de cumprir tarefas ou fazer muitas coisas. Está na ordem do ser. É existencial, identidade, essência e não se reduz a algumas horas do dia. Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate o papa chega afirmar: “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão” (27). A missão nos tem. 

O MOVIMENTO DA SAÍDA: A PROXIMIDADE. 

Qual motivo teríamos para sairmos de nós mesmos, de nossa comunidade, de nossa terra, se não tivéssemos algo que nos impele a fazer isso? 

1. Poderíamos sair atraídos pelo encanto com o desconhecido ou pela curiosidade de visitar outros lugares, encontrar outras pessoas e culturas diferentes: então, faríamos turismo, ou algo parecido, como intercâmbio, negócios, pesquisas, etc. 


2. Poderíamos sair com o desejo de conquista, querendo expandir nossa organização, nosso mundo, explorando o mundo dos outros segundo a nossa visão e as nossas necessidades: então, isso seria colonização. 

3. Poderíamos sair para fugir de nossa realidade e de nós mesmos, buscando inspiração ou uma realização pessoal em outros lugares: se tirarmos o caso dos migrantes e dos refugiados que fogem para sobreviver, poderíamos dizer que essa saída teria ainda como razão de fundo um desejo pessoal. 

IGREJA EM SAÍDA: 

No caso da Igreja, a motivação de seu sair não está em si mesma. Ao contrário, trata-se de um “movimento de saída de si mesma” (EG, 97). “O discípulo-missionário é um descentrado – diz Papa Francisco – o seu centro é Jesus Cristo, que convoca e envia”. Aqui está o permanente discernimento e a atitude penitencial da “Igreja em saída”, pois ela, ao sair, poderia estar colocando ao centro a si mesma. “Quando a Igreja se erige em ‘centro’, se funcionaliza, torna-se cada vez mais auto referencial e enfraquece a sua necessidade de ser missionária”. ( Discurso do papa Francisco JMJ, 28 de julho de 2013). 

Portanto, o motivo do sair da Igreja é exclusivamente Jesus que envia e Jesus que é a razão do enviar. Com efeito, a missão é um mandato: somos enviados não porque queremos, mas porque somos desafiados por Alguém a tomar iniciativa (cf. EG 24). Em segundo lugar, somos enviados porque o Evangelho, por ser uma “Boa Notícia”, tem em si um conteúdo avassalador em seu dinamismo de “saída” (cf. EG 20). 

Portanto, a Igreja é chamada a estar "em saída" como o seu Senhor que “sabe ir à frente, sabe tomar iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos” (EG, 24). Este é o tempo para a Igreja reencontrar o sentido de sua missão, libertar-se das amarras que a impedem de “sair”, de ser uma Igreja em saída. É com este objetivo que o Papa Francisco convoca a Igreja a “sair”, assumir a dinâmica do “êxodo”. 


EM MOVIMENTO DE SAÍDA: 

A Igreja não é feita para ficar apenas constituída em suas instituições, em seus assentos e em suas estruturas: ela existe para estar em movimento e se lançar ao mundo. 

Essa é sua natureza: sua razão de ser está em “sair”. 

O QUE NOS IMPEDE DE SAIR? 

Duas realidades paralisam a Igreja na sua missionariedade: 

→a tentação de ficar no “centro”. → a preocupação com “querer ser o centro”. Tentação da auto- referencialidade. 

“Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede...(Evangelii Gaudium, 20). 

DISCERNIMENTO PARA SAIR: 

O horizonte existencial da Igreja em saída são as periferias. O horizonte escatológico é o Reino de Deus. Iluminados pela alegria do Evangelho, cada comunidade deverá discernir quais periferias geográficas e existenciais precisam de uma atenção especial e da luz do Evangelho. Essa saída, porém, não pode esquecer da missão ad gentes, além-fronteiras. 

SAIR DE QUE MANEIRA? 

A saída da qual fala o documento Evangelii Gaudium, é uma saída profunda, que toca as dimensões mais íntimas da vida dos discípulos missionários e da Igreja. Não é sair simplesmente para impor a nossa vontade e a nossa visão de mundo, querendo “organizar” o mundo dos outros. Isso não é missão, é colonização. 

A SAÍDA EXIGE PERMANECER. 

Para sair é preciso permanecer ligado Àquele que nos envia. Ao essencial, a Jesus e seu Evangelho. A saída é uma viagem para fora e para dentro de nós mesmos. Ao sair também encontramos Deus na carne sofredora de Cristo. Somos uma Igreja em saída e somos uma Igreja que volta da missão para testemunhar a alegria do Evangelho. 

O MOVIMENTO DE ENTRADA: O ENCONTRO. 

O processo de saída implica um processo de entrada. Entramos na casa do outro como hóspedes para encontrar. Este movimento demanda Kenósis, despojamento. Entrar como hóspede é assumir a condição de peregrino e de estrangeiro que nos proporciona o dom inestimável do outro, sua experiência. Exige espírito de adaptação, capacidade de comunicação, disciplina na inserção, paciência na travessia, generosidade na entrega, grande sensibilidade e paixão pelo povo que nos acolhe. 

ÂMBITOS DA MISSÃO. 

A Igreja existe para cooperar com a missão de Deus (cf. 1Cor 3,9; EG 12). 

a. Pastoral – comunidades (em casa). b. Nova Evangelização- sociedade (fora de casa). c. Missão ad gentes – sem fronteiras (na casa do outro). Horizonte maior para entender os outros âmbitos que são interconexos e interligados. 

MISSÃO AD GENTES: 

“A transmissão da fé, coração da missão da Igreja, realiza-se pelo “contágio” do amor, em que a alegria e o entusiasmo expressam o descobrimento do sentido e da plenitude da vida. A propagação da fé por atração requer corações abertos, expandidos pelo amor. Não se pode colocar limites ao amor: forte como a morte é o amor (cf. Ct 8, 6). E tal expansão gera o encontro, o testemunho, o anúncio; gera a partilha na caridade com todos aqueles que estão longe da fé e se mostram indiferentes, às vezes contrários a ela”... Ambientes humanos, culturais e religiosos ainda alheios ao Evangelho de Jesus e a presença sacramental da Igreja constituem as periferias extremas, os “últimos confins da terra”, para onde, desde a Páscoa de Jesus, são enviados os seus discípulos missionários, na certeza de terem sempre o seu Senhor com eles (cf. Mt 28, 20; At 1, 8). Isso é o que chamamos de missio ad gentes” (Discurso do Papa Francisco no Dia Mundial da Missões, 2018). 

O QUE É MISSÃO AD GENTES? 

Entre aqueles que não conhecem Jesus Cristo no meio de outros povos e sociedades. Missão na casa do outro. A cooperação missionária diz respeito à missão ad gentes, a todos os povos. A participação de cada Igreja local na missão universal, com os outros povos e com as outras igrejas. Além do aspecto territorial e geográfico, se reflete hoje, o novo ambiente cultural indiferente ao Evangelho. 

MISSÃO AD GENTES - DESVIOS. 

A missio ad gentes foi e é marcada pela mentalidade colonial, ou seja, há um certo complexo de superioridade em relação a outros povos, culturas, tradições, estilos de vida. O outro compreendido como destinatário e não como sujeito. É uma mentalidade marcada de fazer missão para e não com os outros. Alguns verbos que traduzem este movimento colonizador é ensinar, conquistar, levar, implantar, construir. Nesta mentalidade se desconsidera o trabalho realizado por outras pessoas que chegaram antes de nós. A missão evangelizadora não tem início com minha chegada. 

Este modo de pensar a missão, não difere dos projetos coloniais que desprezaram as culturas locais para implantar uma nova mentalidade. A resistência a missio ad gentes que muitos agentes pastorais têm, passa pela compreensão da missão na perspectiva colonizadora. Ainda hoje, os missionários (as) chegam com o Kit pronto, vinculando a missão ao conceito de desenvolvimento, progresso e transplante da Igreja em outra cultura. Se fala mais do que se escuta não valorizando o outro como interlocutor. Cremos ou não no protagonismo do Espírito Santo que nos antecipa na missão? 

CHARLES DE FOUCAULD. 

É fundamental não abandonarmos o critério missionário da encarnação num mundo cada vez mais plural. Na mentalidade colonizadora se despreza as línguas locais, as tradições e os planos pastorais das Igrejas locais. Na fraternidade temos o exemplo do beato Charles de Foucauld que soube respeitar e aprender a língua e tradições locais, exercendo o ministério da bondade e da simples presença gratuita. 

CARTA DA ASSEMBLEIA INTERNACIONAL DE CEBU JANEIRO 2019

 De 15 a 30 de janeiro de 2019, ganhamos um magnífico presente do Senhor: a Assembleia Internacional da Fraternidade Jesus + Caritas, nas Filipinas. Nos hospedamos na Talavera, “House of Prayer, Casa de Oração” dos Agostianianos Recoletos, em Cebu, e ali vivemos uma bela experiência de fraternidade universal à luz deste tema: “Sacerdotes missionários diocesanos, inspirados no testemunho de Carlos de Foucauld”. 

‘Somos muito gratos às fraternidades sacerdotais Jesus Caritas das Filipinas, bem como à Igreja diocesana de Cebu, representada pelo seu pastor, Dom José Palma, que nos acolheu com generosidade. Somos 42 irmãos vindos da África, América, Ásia e Europa, cada um com sua língua, sua cultura, sua história, suas experiências, seus testemunhos ... Foi uma bela e preciosa manifestação do Espírito de Pentecostes. 

Tivemos a alegria de encontrar o povo de Deus em Cebu, participando nas celebrações eucarísticas dominicais. As festividades de “Señor Santo Niño” e “San Sebastián” nos fizeram ver um povo apaixonado por Deus, e que celebra com uma alegria contagiante. Dois acontecimentos nos deixaram felizes e entristecidos durante a assembleia: a libertação de nosso irmão Denis Sekamana, em Ruanda, depois de uma longa prisão, e o ataque em 27 de janeiro na Catedral de Jolo, com teve mais de vinte mortos e mais de 80 feridos. Rezamos por todas as vítimas e pelo progresso da paz. 


CONTEMPLAÇÃO DA REALIDADE. 

A equipe internacional coordenou efetivamente as atividades da assembleia através de uma metodologia em três etapas: contemplar a realidade, discernir e comprometer. Começamos ouvindo as realidades que as fraternidades vivem em seus respectivos países. Na sociedade 

• Progressivamente, a distribuição de riquezas vai piorando. Os ricos ficando cada vez mais ricos, enquanto os pobres são deixados na miséria. 

• Os pobres lutam para defender seus direitos, mas são as primeiras vítimas da violência e do tráfico de todos os tipos, que surgem da pobreza. O desprezo dos homens pelo meio ambiente e a exploração abusiva dos recursos do planeta causaram uma grave crise ecológica, e os pobres são as principais vítimas. 

• As migrações causadas pela violência e pela insegurança se expandem, no entanto, os países ricos fecham suas fronteiras. Em alguns países a capacidade de seus governantes de resolver os problemas da sociedade está sendo questionada, e os partidos nacionalistas e xenófobos estão conseguindo aumentar seu poder, 

• Em outros países, grupos extremistas provocaram divisões nas comunidades e espalharam medo e desconfiança nos corações das pessoas. 

• O Islã é atravessado por correntes contraditórias e, em certos países, o fundamentalismo e o terrorismo crescem. Cristãos e muçulmanos estão sofrendo. 

• Graças às ONGs, existe uma crescente criatividade procurando responder aos grandes desafios da defesa dos direitos humanos, imigração, ecologia, solidariedade com os pobres e convivência na diversidade de culturas. 

Na igreja 

Em alguns países, o número de cristãos diminui e a indiferença aumenta em relação à religião e à Igreja. A secularização e o escândalo do abuso de menores por padres e bispos degradaram ainda mais essa situação 

• Mas muitos sinais de esperança apareceram com a exortação do Papa Francisco “Evangelii Gaudium”. 

• Esta exortação conduz a Igreja a um novo caminho missionário mais coerente com as esperanças do povo e mais fiel ao Evangelho. 

• Chama-nos a viver na simplicidade e em proximidade com os pobres e a sair para as "periferias". 

• Constatamos que há um aumento no número de leigos que estão mais comprometidos com a sua fé, e que são eles mesmos os evangelizadores. 

• Estamos mais abertos ao diálogo com os leigos e com os crentes de outras confissões e outras religiões, 

• Percebemos a necessidade de desenvolver iniciativas pas- torais para formar pequenas comunidades de base, nas quais a semente do Evangelho possa crescer em meio aos desafios que as pessoas têm que enfrentar. 

Nas fraternidades 

• Diminuição do número de membros em algumas fraternidades, devido à idade 

• Em muitas fraternidades, a revisão da vida e o dia de deserto não são praticados. É um desafio que devemos levar a sério! 

• As fraternidades estão crescendo nos países do sul. 

• Existe uma boa comunicação entre as fraternidades do Norte e do Sul. 

• A vida de fraternidade se desenvolve graças aos encontros mensais. 

• As fraternidades vivem parcialmente a adoração eucarística. 

• A vontade de estar perto dos pobres é uma prioridade nos nossos compromissos. 


OS CRITÉRIOS DE DISCERNIMENTO 

As meditações de cada dia, as palestras e a partilha de experiências nos ajudaram a aprofundar o discernimento de todas as realidades contempladas. 

Emmanuel Asi e Honoré Savadogo nos ajudaram, diariamente, a meditar sobre o Evangelho do dia e os pensamentos do irmão Carlos. Emmanuel convidava-nos a acolher o chamado de Cristo, abrindo nossos corações aos nossos irmãos e irmãs marginalizados e Honoré convidava-nos a seguir de perto os passos do irmão Carlos. 

As palestras do Maurício da Silva, Jean- François Berjonneau e Manolo Pozo Oller levaram-nos a redescobrir os fundamentos da missão e da espiritualidade missionária do Irmão Carlos e do Papa Francisco. Estas palestras foram um chamado urgente para assumirmos as convicções missionárias de se tornar "Igreja na Saída" que anuncia a Boa Nova àqueles que estão nas periferias geográficas e existenciais da vida. Eles também destacaram alguns desafios atuais da missão: a degradação de nossa "casa comum", a emigração e o diálogo com os muçulmanos. 

No capítulo dos testemunhos sentimo-nos muito motivados pela partilha de Mariano Puga sobre a sua experiência pastoral com os pobres e oprimidos. Fernando Tapia nos apresentou o documento sobre o mês de Nazaré preparado por ele, Jean-Michel Bortheirie e Manolo Pozo Oller. Nos motivamos uns aos outros a encontrarmos tempo necessário para este importante exercício de nossa espiritualidade, tal como nos é orien - tado neste belo guia. 


OS CHAMADOS QUE NÓS PERCEBEMOS 

Diante desta situação, e de acordo com os critérios enunciados, aqui estão os apelos para a nossa fraternidade: 

No coração das nossas sociedades 

• Queremos pôr em prática em nossos países essa "fraternidade universal" que o irmão Carlos nos convida a viver, colocando-nos do lado dos mais pobres. 

• Para respeitar com eles este planeta que o Criador nos confiou. 

• Para lutar com eles por mais justiça. 

• Para que a dignidade de cada pessoa seja respeitada e todos possam ter a sua quota de pão e trabalho. 

Ao serviço das nossas igrejas 

Nós ouvimos o chamado para: 

• Participar plenamente desta "transformação missionária" à qual o Papa Francisco nos chama na "Evangelii Gaudium". 

• Consolidar as comunidades cristãs de base em torno da Palavra de Deus. 

• Desenvolver a colaboração entre sacerdotes e leigos para nos comprometermos juntos na missão e lutar contra o clericalismo. 

• Ajudar nossas comunidades a "estarem em saída para as periferias geográficas e existenciais". 

• Transformar a pobreza de nossas comunidades num caminho de solidariedade com os pobres. 

• Aprender a dialogar com aqueles que acreditam ou pensam de forma diferente. 

• Contribuir para viver com todos os grupos que compõem a sociedade. 

• Convidar nossas igrejas para acolher os imigrantes como irmãos e, neles, o próprio Cristo. 

Em nossas fraternidades 

Sentimo-nos chamados a uma conversão para praticarmos os meios da fraternidade: 

• praticar uma autêntica "revisão de vida" como um trampolim para a missão, 

• Respeitar o tempo de adoração eucarística e os dias de deserto, indispensáveis para seguir a Cristo no caminho para os outros. 

• Fazer do Mês de Nazaré uma etapa importante para reler nosso ministério e ajustá-lo ao caminho do irmão Carlos. 

• Desenvolver o relacionamento entre as fraternidades dos diversos continentes, graças à página “iesuscaritas.org”. 

• Divulgar a espiritualidade do irmão Carlos para as jovens gerações. 


A ELEIÇÃO DO NOVO RESPONSÁVEL INTERNACIONAL 

Agradecemos ao nosso irmão Aurélio e sua equipe pelo belo trabalho realizado ao longo destes seis anos. Escolhemos Eric Lozada, das Filipinas, como nosso Responsável internacional. Ele é o primeiro irmão na Ásia a assumir esta responsabilidade. Nós invocamos sobre ele o sopro do Espírito Santo, para que sua missão seja fecunda. Na sequência, ele montou sua equipe, composta por Fernando Tapia, Honoré Savadogo, Matthias Keil e Tony Llanes. 

Contamos com estes irmãos de nossa nova equipe para nos ajudar a "gritar o Evangelho com toda a nossa vida" e dar um novo sopro espiritual e missionário às nossas fraternidades, como o Papa Francisco nos nossa esperança, e não nos faltará sua ajuda para cumprir lembra: "O Cristo ressuscitado e glorioso é a fonte profunda de a missão que nos confia" (Evangelii Gaudium N ° 75).

CARTA DA FRATERNIDADE AO PAPA FRANCISCO. 

Cebú, 28 de enero de 2019 Querido Papa Francisco 

Los participantes de la XI Asamblea General de la Fraternidad sacerdotal IESUS CARITAS, reunidos en Cebú, Filipinas, del 15 al 30 de enero de 2019, queremos hacer llegar a usted nuestro más fraternal saludo. Somos 46 sacerdotes diocesanos que hemos venido de África, Asia, América y Europa, representando a 4.500 hermanos de 24 países. Queremos agradecerle su testimonio misionero personal, su magisterio y sus gestos de buen pastor con olor a oveja. Nos iluminan, nos llaman a conversión y nos impulsan a ser una Iglesia en salida. La misionariedad de los presbíteros diocesanos ha sido el tema central de nuestro encuentro. 

Encontramos una gran sintonía entre usted y la espiritualidad del Hno. Carlos de Foucauld que inspira nuestra fraternidad sacerdotal y que usted mismo ha citado en alguno de sus documentos (p.e Laudato Si 125). También nosotros queremos una Iglesia pobre y para los pobres. Estamos convencidos que solo así el Evangelio no perderá su vigencia y nuestros pueblos podrán conocer y creer en el Dios de Jesús que nos libera de toda forma de opresión, nos sana y nos regala una vida nueva. 

Adherimos de corazón a su Magisterio e intentamos promoverlo en nuestros presbiterios y en nuestras Iglesia Particulares, sabiendo que existen resistencias más o menos abiertas. 

Nos comprometemos a llevar una vida sencilla y austera, cercana a nuestro pueblo, respetuosa de su cultura y de su piedad y comprometida con sus luchas por una vida digna y con el cuidado de la Casa Común. Queremos sentirnos siempre parte del Santo Pueblo fiel de Dios y acompañarlo como párrocos o como servidores de grupos marginados y excluidos en nuestras sociedades. 

Los escándalos generados por hermanos presbíteros y obispos que han cometido abusos de poder, de conciencia y sexuales nos invitan a solidarizar con las víctimas, crear espacios seguros para los niños, jóvenes y personas vulnerables, cuidar nuestra vida espiritual y vivir nuestro ministerio en fraternidades abiertas a todos los hermanos sacerdotes que quieran participar en ellas, venciendo el aislamiento y la soledad. Esta participación puede ser para ellos parte de su formación permanente. 

Santo Padre, pedimos su bendición para todos nosotros y especialmente para Eric Lozada, filipino, a quien hemos elegido como nuestro nuevo Responsable Internacional. Que el Espíritu Santo lo siga inspirando y sosteniendo en la profunda renovación eclesial que usted está impulsando. Cuente con nosotros. Siempre rezamos por usted y pedimos a la Virgen Santa que lo proteja. 

LOS PRESBITEROS PARTICIPANTES DE LA XI ASAMBLEA INTERNACIONAL DE LA FRATERNIDAD SACERDOTAL IESUS CARITAS. 

Eric Lozada Responsable general ericlozada@yahoo.com 

NOTAS DE FALECIMENTOS 

Padre Martin Peter Huthmann 

Padre Martin Peter Huthmann morreu após 36 anos servindo a diocese como pároco na Paróquia São Francisco de Assis, em Jaciara. 

O padre Martin Peter Huthmann nasceu no dia 27 de dezembro de 1931 em Offenbach – Main (Alemanha), filho do doutor Pihlipp Huthmann e sua mãe Anna Maria Oster, vereadora, filha de um médico. Em 1934 mudou- se para Hildesheim, onde teve primeiros contatos sobre Adolf Hitler. De 1936 a 1943 foi um tempo decisivo já morando em Berlim, capital da Alemanha. Nesta época a Igreja estava ao lado da caserna das tropas especiais de Adolf Hitler. O vigário da paróquia foi preso pelos nazistas, já os judeus que moravam na mesma casa alguns conseguiram fugir e outros foram mortos.

Em 1941, ainda menino, Martin fez a 1ª Eucaristia e decidiu no  seu coração só servir a Jesus e não “aos seus inimigos”. Com quatro anos de idade cursou a 1a série escolar, escolheu uma escola onde podia aprender Grego e Hebraico. Em 1941 com sua Primeira Eucaristia na Paróquia HL Familie e com esta catequese, nasceu a vocação presbiteral em confronto com a caserna de guardas costas de Hitler. Martin está entre os pioneiros da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas no Brasil. Um grande exemplo para todos nós. Quem não se lembra dele e seu cachimbo, em nossos retiros, e suas palavras alemãs brasileiras sabias. Fica a saudades. Fica um exemplo de vida. 

O corpo foi velado em 10-02-2019, na sede da Associação Ecológica e Meio Ambientalista (Aema), em Jaciara, local onde o padre residia há vários anos, após 61 anos como presbítero e 36 anos servindo a diocese como pároco na Paróquia São Francisco de Assis, em Jaciara. No dia 3 de março de 2007 ele havia entregado a sua missão de pároco e continuou a missão como vigário paroquial e exercendo seu serviço na Aema, na Cadeia Pública, nas comunidades e na formação bíblica. 

“O padre Martin deixou o legado de um homem missionário que saiu da Alemanha para se dedicar ao trabalho nas comunidades de Jaciara em tempos passados. Apesar de vir de uma família com recursos, escolheu uma vida pobre a favor dos pobres, dos sem tetos, dos sem-terra. Como vigário paroquial, visitava os presos na Cadeia Pública em Jaciara todas as sextas-feiras. Foi um profundo conhecedor da Bíblia e deixou muitos escritos. Tivemos a honra de tê-lo em nossa diocese”, disse o bispo Dom Juventino Kestering. 

Padre Ernesto de Freitas Barcelos 


Pe. Ernesto de Freitas Barcelos, Filho de Geraldo Luiz de Barcelos e Waldemira de Freitas, nasceu no dia 08 de setembro de 1955. Entrou para o Seminário em 1978; foi ordenado Diácono em setembro de 1984 na Paróquia Cristo Rei, em Ipatinga e sua ordenação presbiteral foi aos 13 de janeiro de 1985, por Dom Lelis Lara, na Paróquia Nossa Senhora do Pilar, em Pitangui. Antes de ficar licenciado era pároco da Paróquia Bom Jesus, em Bom Jesus do Amparo. Tendo ido encontrar-se com o Pai na manhã deste sábado, 27 de julho de 2019. Padre Ernesto sempre nos interpelava para a vivência coerente com o ensinamento de Jesus Cristo e com o seu Evangelho; primeiro, por ter vivido sempre de forma simples e austera. 

Padre Ernesto participava sempre de todas as lutas do povo. Foi protagonista na Pastoral Carcerária. Sempre foi um animador das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), e para participar dos Intereclesiais (Encontros Nacionais das CEBs), sempre organizava uma caravana de romeiras e romeiros que, mesmo não sendo representantes das CEBs no Intereclesial, participavam de vários momentos dos Intereclesiais. Membro fiel da fraternidade sacerdotal Jesus Caritas. Foi sempre um agente de pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entusiasta animador, organizador e participante das Romarias das Águas e da Terra no estado de Minas Gerais e em outros estados. Inesquecível ver a paixão do padre Ernesto pela Bíblia lida e interpretada em uma linha libertadora.  Participava também do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI), Padre Ernesto era essencialmente missionário, ele animava, organizava e realizava Missões Populares. Ele participava também do Movimento de Fé e Política, era um ardoroso defensor dos Direitos Humanos fundamentais. Padre Ernesto também lutou na defesa dos direitos dos povos indígenas.  Gratidão eterna, padre Ernesto, pelo imenso legado espiritual, ético, profético e revolucionário que você nos deixou. Perdemos sua presença física, mas você continuará sempre vivo em nós, na luta.  A palavra esperança marcou tão forte a personalidade de Ernesto que tantas vezes gritou às multidões: vivo cada dia para matar a morte. Morro cada dia para repartir a vida. E nesta morte da morte, morro mil vezes e ressuscito outras tantas com o amor que alimenta, do meu povo, a Esperança. E mais: tanto bem lhe queríamos que desejávamos dar-lhes, não somente o evangelho de Deus, mas ate a nossa própria vida (cf 1 Tes 2,8). Faltam-nos as palavras para agradecer, para expressar a nossa gratidão ao Ernesto por tudo que ele significa para a Igreja dos pobres e a causa dos excluídos. Vamos ter que dizer sempre em nossa caminhada: Padre Ernesto Presente! 

 (CEBI), Padre Ernesto era essencialmente missionário, ele animava, organizava e realizava Missões Populares. Ele participava também do Movimento de Fé e Política, era um ardoroso defensor dos Direitos Humanos fundamentais. Padre Ernesto também lutou na defesa dos direitos dos povos indígenas.  


AGENDA 2019 - 2020 

 Região Sudeste – Retiro para seminaristas – 16 a 18 de julho de 2019, em Aparecida - SP Encontros das Fraternidades por Região em 2019 • Leste: 27 a 30 de maio, em Mariana-MG;  • Centro Oeste: 27 a 30 de maio, em Brasília - DF • Norte (MA e PA): 1 a 4 de julho, em São Luís - MA;  • Norte (AM e RO): 31 agosto a 1º setembro, em Porto Velho;  • Sul: 28 a 30 de julho, em Vacaria-RS;  • Sudeste: 29 a 31 de julho, em Agudos-SP;  • Nordeste: 2 a 5 de setembro, em João Pessoa-PB; 

 

Reunião do Conselho Data: 19 a 22 de Agosto de 2019. Local: Casa das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor Bairro: Tatuapé - São Paulo-SP 

 

Retiro Nacional Data: Dia 7 a 14 de janeiro de 2020. Local: Casa Cordimariana de Encontros e Retiros - Caucaia - CE. Pregador: Pe Carlos Roberto dos Santos 

 

Próxima Assembleia Pan Americana Data: 20 a 24 de setembro de 2021. Local: Argentina. Participantes: a escolher oportunamente. 


Li, ASSISTI E INDICO...

INDICAÇÃO DE LIVROS 

 

Carta Apostolica do Sumo Pontifice – Francisco Sobre a protecao dos menores e das pessoas vulneraveis 

 

Diretorio da liturgia da Igreja no Brasil: Ano A - São Mateus - 2020 

 

O Marco Juridico das Organizacoes Religiosas 

 

Guia do mês missionario extraordinario – outubro 2019 Batizados e Enviados A Igreja de Cristo em missão no mundo 

 

Teologia da Liturgia: O Fundamento Sacramental da Existencia Crista, de Joseph Ratzinger 

 

INDICAÇÃO DE SITES 

 

http://www.unisinos.br/ 

htpp://www.cartacapital.com

https://agencia.ecclesia.pt/portal/ 

https://www.portalcatolico.org.br/

blog:www.hermanitasdejesus.org/brasil/brasilnuestrahistoria.htm

blog:https://gritaroevangelho.blogspot.com.br 

https://sites.google.com/site/jesuscaritascarlosdefoucauld 

 

INDICAÇÃO DE FILMES 

 

Filme: SNOWDEN HERÓI OU TRAIDOR: Excelente filme para entender o processo de espionagem no qual vive o Brasil. 

 

Filme: DEMOCRACIA EM VERTIGEM: Filme de Petra Costa – documentário político e memórias pessoais se misturam nesta análise sobre a ascensão e queda de Lula e Dilma Rousseff e a polarização da nação. 

 Responsáveis da Fraternidade  (CLIQUE PARA ACESSAR OS NOMES DOS RESPONSÁVEIS)

CONSELHO  (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DO CONSELHO)


SERVIÇOS (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DE SERVIÇOS)


FAMÍLIA ESPIRITUAL DO IRMÃO CARLOS DE FOUCAULD NO BRASIL  (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DA FAMÍLIA C.F.)