Você tem em mãos mais um número do Boletim das Fraternidades. É um subsídio para a nossa espiritualidade, é um meio de comunicação. Leia tudo com atenção, mas leia com muito carinho a carta do nosso Responsável Geral, Mariano Puga. É um relatório de suas visitas, juntamente com outros membros da equipe de serviço internacional. A carta transpira o Espírito, que Mariano gosta de chamar, segundo o vocábulo original, de Vento. Para ele somos Homens do Vento. O relato de Mariano é um testemunho de amor e entusiasmo pela causa de Cristo e de seu Evangelho no meio dos mais deserdados, que estimula a quem o lê.
(...)
Beatificação do Irmão Carlos, acróstico do Anchieta, nosso poeta, relatório de Bauru, convite do Günther ao encontro de introdução à oração contemplativa. Veja também os livros que estão sendo indicados para leitura.
Relembrando o que já foi dito quando da publicação das meditações de retiro das Irmãzinhas: façam grupo de leigos/as que meditem os temas lá propostos, sem compromissos estruturais ou preocupação em formar “movimento”. Simplesmente reunir-se e passar um a um todos os temas para entrar no banho da espiritualidade Jesus+Caritas. Se o grupo quiser continuar, e depois encontrar-se com outros grupos, ampliando assim seus horizontes, tanto melhor. Se nos grupos alguém perguntar “como ser irmãzinha, como ser irmãozinho?” bendito seja Deus.
Boa leitura.
1. A MISSÃO NO DESERTO DE HOJE
Entrevista com o cardeal Walter Kasper sobre o cristão que, sozinho, nos primeiros anos do século XX, construía tabernáculos para “transportar” Jesus pelo deserto da Argélia.
De Gianni Valente
Nos primeiros anos do século XX, um francês amante da literatura e da vida de aventuras, renomado explorador, teve a oportunidade de viver uma das mais sugestivas aventuras cristãs do século passado. Charles de Foucauld, o monge que sozinho construía tabernáculos no deserto argelino para “transportar” Jesus para o meio àqueles que não o conheciam nem o buscavam, e que morreu assassinado por aqueles mesmos tuaregues entre os quais escolhera viver, em silêncio e oração, sem ter ganho entre eles nenhum novo cristão, será proclamado beato pela Igreja ainda este ano.
Entre as fileiras cada vez mais densas de canonizados, De Foucauld poderia parecer à primeira vista pertencer à categoria dos santos extremos, aqueles que defendem as terras de fronteiras da aventura cristã no mundo. No entanto, sua história tão irrepetível constitui um dom de alento e de conorto.
E sobre isso, justamente, que 30 Dias conversou com o cardeal Walter Kasper, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Que, entre outras coisas, é um velho amigo de Charles de Foucauld.
Ainda este ano, De Foucauld será declarado beato. Em 1905, há exatos cem anos, chegava a Tamanrasset, sua meta definitiva, no deserto da Argélia. Sei que a figura de De Foucauld lhe é cara e ocupa um lugar especial em sua vida de cristão e de sacerdote. Como o senhor o conheceu?
WALTER KASPER: Na época em que eu era professor de Teologia na Universidade de Tubingen, encontrava com freqüência um grupo de sacerdotes membros e amigos da comunidade “Jesus Caritas”, sacerdotes que seguiam a espiritualidade de Charles de Foucauld. Eu participava regularmente de suas reuniões mensais, que incluíam vários momentos: révision de vie, leitura e meditaçãoda Sagrada Escritura, celebração e adoração eucarística e , enfim, uma ceia fraternal. Fascinado pela figura Charles de Foucauld, fui também para a Argélia, para a montanha do Hoggar, onde ele havia vivido em seu tempo, e ali, numa simples cabana na solidão da montanha, fiz meus exercícios espirituais. Lembro-me de que todas as noites um ratinho de olhinhos vivos me visitava para ganhar um pouco de pão. Lá em Tamanrasset, mas também em outros lugares, por exemplo em Nazaré ou aqui em Roma, sempre me impressionou a vida das Pequenas Irmãs de Charles de Foucauld, sua vida de pobreza evangélica entre os pobres de sua vida de adoração eucarística. Para entender melhor a espiritualidade de Charles de Foucauld, foram-se de grande ajuda os escritos de René Voillaume; alguns aspectos dessa espiritualidade entraram também em meu livro Jesus, O Cristo.
Naqueles anos, nos quais o senhor participava dos encontros dos grupos “Jesus Caritas”, o que o impressionava em De Foucauld? Porque achava interessante e atual a sua história?
KASPER: Eu encontrava aquele grupo de sacerdotes numa casa de irmãs franciscanas um pouco fora de Tubingen, numa região muito bonita. Comoveu-me a autêntica espiritualidade evangélica, espiritualidade de Nazaré, espiritualidade do silêncio, da escuta da Palavra de Deus, da adoração eucarística, da simplicidade da vida e da partilha fraternal. Mas tarde, compreendi a
atualidade e a exemplaridade do testemunho de Charles de Foucauld para os cristãos e o cristianismo no mundo de hoje. Charles de Foucauld me parecia interessante como modelo para realizar a missão do cristão e da Igreja não apenas no deserto de Tamanrasset, mas também no
deserto do mundo moderno: a missão por meio da simples presença cristã, na oração com Deus e na amizade com homens.
A julgar pelos resultados imediatos, De Foucauld parece um perdedor. Durante sua vida no
deserto, não houve conversões ao cristianismo entre os tuaregues. O que é que sugere que seu itinerário seja proposto hoje novamente?
KASPER: o filósofo e teólogo Martin Buber disse que “sucesso” não é um dos nomes de Deus. Mesmo Jesus Cristo, em sua vida terrena, não teve “sucesso”; no fim, morreu na cruz e seus discípulos, exeto João e sua mãe, Maria, se afastaram e o abandonaram. Humanamente falando, a Sexta-feira Santa foi um fracasso. A experiência da Sexta-feira Santa faz parte da vida de todo santo e de todo cristão. Essa constatação pode ser um conforto para muitos sacerdotes que sofrem pela falta de um sucesso imediato, pois em nosso mundo ocidental, apesar de todos os esforços pastorais realizados, as igrejas estão cada vez mais vazias no domingo e a sociedade mais descristianizada. Muitos têm a impressão de pregar para ouvidos surdos. Nessa situação difícil, o exemplo de Charles de Foucauld pode ser de grandíssima ajuda para muitos sacerdotes.
De que forma se expressa essa ajuda?
KASPER: Podemos aprender que não se trata da nossa missão ou, por assim dizer, do nosso empreendimento missionário, de uma hegemonia cultural ou de uma amplicação de um império eclesial por meio de estratégias sofisticadas e aperfeiçoadas de pedagogia, psicologia, organização qualquer outro método. Certamente, nós devemos fazer o que pudermos, e podemos até nos valer de métodos modernos. Mas no fim se trata da missão de Deus por meio de Jesus Cristo no Espírito Santo. Nós somos apenas o recipiente e o instrumento por meio do qual Deus quer estar presente; no final, é Ele quem deve tocar o coração do outro; só Ele pode converter o coração e abrir os olhos e os ouvidos. Assim, na presença, na oração, na vida simples, no serviço e na amizade humana, como a que Charles de Foucauld viveu com os tuaregues, o próprio Senhor está presente e operante. Devemos nos entregar em Suas mãos e a Ele deixar a escolha de como, quando e onde quer convencer os outros e reunir o seu povo.
Isso foi o que De Foucauld viu acontecer na própria história pessoal.
KASPER: Numa meditação de novembro de 1897, ele escreve: “Tudo isso era obra tua, Senhor, e tua somente.[...] Tu, meu Jesus, meu salvador, tu fazias tudo, tanto em meu íntimo quanto fora de mim. Tu me atraístes para a virtude pela beleza de uma alma na qual a virtude me parecera tão bela a ponto de encher irrevogavelmente o meu coração.[...] Atraíste-me para a verdade pela beleza daquela mesma alma.” Certamente não podemos fazer de Charles de Foucauld o único modelo de missão para todas as situações; há também outros santos exemplares, como por exemplo Francisco Xavier, Daniel Comboni e muitos outros, que representam um outro tipo e um outro carisma missionário. As situações missionárias são variadas e assim também os desafios e as respostas. Não é para menos que Charles de Foucauld me parece ser um modelo para missão não apenas no deserto entre os muçulmanos mas também no deserto moderno. É emblemático que Teresa de Lisieux sido proclamada padroeira das missões, ela uma jovem irmã carmelita, que nunca deixou o Carmelo e nunca esteve num país de missão; no entanto, ela prometeu deixar cair uma chuva de rosas do céu depois de sua morte.
Os chamados à missão não são nada raros. No entanto, parecem muitas vezes abstratos, quando não até deprimentes.
KASPER: Nós, cristãos, também somos filhos de nosso tempo; queremos planejar, fazer, organizar, controlar os resultados... Charles de Foucauld nos sugere uma abordagem diferente: imitar e viver a vida de Jesus em Nazaré. Poderiamos nos perguntar: Jesus, passando trinta de seus trinta e três anos numa vida oculta em Nazaré, por acaso perdeu tempo? Em verdade, é justamente a realidade ordinária que é o verdadeiro espaço público onde se manifesta o dom da vida cristã. A propósito disso, podemos lembrar uma passagem importante da constituição dogmática sobre a Igreja Lumen gentium, no parágrafo 31, onde o Concílio fala da missão dos leigos e diz que os leigos são fiéis que vivem no século, ou seja, nas condições ordinárias, como o trabalho e as outras atividades diárias. “Lá nas condições ordinárias de sua vida cotidiana, tornam visível a Cristo por meio do fulgor da fé, da esperança e da caridade.” As vezes temos a idéia errada de que para ser um leigo engajado na missão deva-se ser um empregado eclesiástico, que, na medida do possível, participa das tarefas do sacerdote, aparece ativamente na liturgia, etc. Mas a coisa mais importante é viver o Evangelho na vida cotidiana, na oração, na caridade, na paciência, no sofrimento, ser irmão de todos e estar convencido como diz São Paulo - de que a própria Palavra de Deus, se acolhida e vivida por nós, corre e convence.
Muitos reconhecem que os cristãos se tornaram minoria. Mas dizem que justamente por isso é preciso pôr mãos à obra, ser criativos, reavivar a nossa ação. Essa maneira de entender o convence?
KASPER: Convence-me sim e não. Sim, se os cristãos despertam, se tornam conscientes de sua condição, dos novos desafios e de sua missão. Não podemos nos contentar com status quo e continuar como se nada fosse. Isso vale sobretudo para a Europa acidental, que vive numa profunda crise de identidade, ao passo que antes era claramente marcada pelo cristianismo. A Europa deve despertar de sua indiferença, que é uma falsa tolerância. Mas, por outro lado, há o risco de comportamento como propagandistas de um lobby minoritário, ou seja, de maneira sectária. Nesse sentido, não ao fantismo militante como o encontramos em muitas velhas e novas seitas que se tornaram hoje um novo desafio em qualquer parte do mundo. Sobretudo a partir do Concílio Vaticano II, é preciso um estilo dialogante, ou seja, uma postura de respeito também para com aqueles que são definidos como distantes, que talvez conservem um laço tênue, mas resistente, com a Igreja, e uma postura de respeito para com a cultura moderna, cuja legítima autonomia é reconhecida pelo próprio Concílio. Não queremos e não podemos impor a fé, que por sua natureza não pode ser imposta; queremos - como diz o Concílio Vaticano II na constituição pastoral Gaugium et spes, no parágrafo 1 - compartilhar as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens, dos pobres sobretudo e de todos aqueles que sofrem, e, por meio dessa vida de partilha, dar testemunho da nossa fé.
E nisso entra De Foucauld?
KASPER: Essa postura era típica de Charles de Foucauld. Basta pensar em sua amizade com os tuaregues, e sobretudo com seu chefe, Musa ag Amastan. Ele nada fazia para convencer a fazer prosélitos. O máximo que podia fazer era tornar alcançável o próprio Cristo, levando o tabernáculo ao deserto. Mas depois não idealizava estratégias elaboradas. Vivia simplesmente sua vida de oração e trabalho. Só depois da sua morte encontrou seguidores, seguidores que vivem hoje entre os mais pobres compartilhando suas experiências cotidianas.
Nos últimos tempos, nas discussões sobre as raízes cristãs da Europa, alguns pensadores leigos também repreenderam a Igreja por timidez ao defender e propor verdades e valores. Como o senhor julga essas acusações? E o que diria delas De Foucauld?
KASPER: A acusação movida freqüentemente contra a Igreja em seu conjunto não é certamente fundamentada; o Papa e muitos episcopados europeus se expressaram clara e vigorasamente em favor da identidade cristã na Europa. Mas ao mesmo tempo é verdade que em alguns âmbito e círculos dentro da Igreja existe uma certa timidez e fraqueza ao defender e propor a verdade e os valores cristãos. Essa postura brota muitas vezes de uma fé frágil que perdeu suas certezas, sua determinação, que confunde a tolerância com a indiferença. Charles de Foucauld não declamou grandes slogans: seu comportamento nasceu de uma convicção totalmente diferente. Ele partiu de uma fé sólida e viva, que em si mesma, também sem grandes palavras, era um testemunho
forte e corajoso, mas também humilde, da mensagem cristã e de seus valores. Sem pretensões de posse, sem atitudes de desafio. No final de 1910, escreveu: “Jesus basta. Quando ele está presente, nada falta. Quem se apoia nele tem a sua força invencível.” Um testemunho como esse pode induzir os outros aorefletirem, a fazerem perguntas, pode suscitar admiração e, se Deus conceder a graça, até o desejo de compartilhar essa vida segundo os valores cristãos. De fato, nossa defesa da identidade cristã da Europa só será convincente se vivermos os valores que defendemos. Não apenas as palavras, é a vida que convence. Escrevia a De Foucauld o seu mestre espiritual, padre Henri Huvelin, numa carta de 18 de julho de 1899: “Faz-se o bem com aquilo que se é , bem mais do que com o que se diz... Faz-se o bem quando se é de Deus, quando se pertence a Ele!.” E quando isso acontece, não é preciso inventar nada mais. Basta “ficar onde está, deixar penetrarem, crescerem e consolidarem-se na alma as graças de Deus, defender-se da agitação”.
Os pedidos de perdão pelos pecados do passado também foram considerados por alguns expressão de fraqueza. O que o senhor diz sobre isso, à luz da figura de De Foucauld?
KASPER: Charles de Foucauld tinha razão em pedir perdão por sua vida mal empregada antes da conversão. Ele nos mostra que um novo início é sempre possível, por graça divina. Nós também, em todas as celebrações eucarísticas, começamos com um ato penitencial; isso seria completamente impensável numa reunião de partido, de empresa ou de qualquer outra associação. Agindo assim, esprimimos nossa fraqueza, o que é um ato de sinceridade, mas ao mesmo tempo manifestamos a força da mensagem cristã da misericórdia e do perdão, ou seja, da possibilidade de que Deus possa realizar uma mudança e dar um novo início também a uma história humanamente sem saída e sem esperança. De Foucauld, numa meditação, escreve: “Não existe pecador tão grande, nem criminoso tão calejado, ao qual tu não ofereças em voz alta o Paraíso, como o deu ao bom ladrão, ao preço de um instante de boa vontade.” Pedir perdão não é, portanto, uma fraqueza, mas uma força; é expressão de uma esperança que não esquece, não renega nem desconhece o passado e que, ao mesmo tempo, não se sente acorrentada ao passado e pode olhar para o futuro. Pedir perdão é expressão da liberdade cristã, liberdade que nós conhecemos em Cristo. Pedir perdão não é um ato politicamente correto, mas tem a ver com a natureza da Igraja e com sua mensagem.
O que os tuaregues da Argélia têm comum conosco, homens das realidades urbanas?
KASPER: De Foucauld leva Jesus Cristo até “aqueles que não o buscam”. Não é errado dizer que, sob alguns aspctos, a situação dos tuaregues da Argélia é semelhante à dos nossos contemporâneos na realidade urbana, ou seja, a nossa mesma situação, ainda que exteriormente a diferença seja evidente; no caso deles, trata-se de pobreza material, no nosso, de pobreza espiritual. O deserto certamente é diferente. Mas o ponto em comum consite no fato de que nem eles nem nós estamos realmente “em casa” em lugar nenhum; estamos em caminho, somos nômades. Temos em comum, além disso, uma certa letargia. Muitas vezes vagamos sem uma meta precisa e uma sólida esperança. Somos, portanto, um povo junto ao qual a pregação do Evangelho e a conversão são difíceis. Nessa situação, Charles de Foucauld nos dá uma resposta profética mas também exigente, no fundo a única resposta possível: uma vida evangélica que manifesta a alternativa profética do Evangelho, tornado-o novamente interessante e atraente. Assim, Charles de Foucauld é uma figura luminosa, e pode ser também um válido contrapeso diante do perigo de um emburguesamento e de uma tediosa banalização da Igreja.
Os pobres são para De Foucauld os destinatários prediletos da promessa de Cristo. Não lhe parece que a percepção da predileção dos pobres tenha-se ofuscado?
KASPER: Os pobres e os pequenos são, segundo Jesus, os prediletos de Deus e os destinatários preferidos de sua evangelização. São Paulo também nos diz que nas comunidades primitivas havia poucos ricos, poucos sábios, poucos poderosos e poucos nobres. O Concílio Vaticano II redescobriu e frisou esse aspecto; depois do Concílio falou-se muito da opção preferencial pelos pobres. A teologia da libertação se inspirou nessa mensagem, mas ás vezes o instrumentalizou por objetivos ideológicos; fazendo assim, tornou-se ambígua. Isso não significa, porém, que a mensagem não seja mais válida e atual. Pelo contrário. A grande maioria da humanidade vive atualmente abaixo do limitar da pobreza, e isso é verdade sobretudo na África, onde Charles de Foucauld viveu, entre os pobres. Nós fazemos votos, então, de que sua beatificação reproponha num sentido absolutamente não ideológico urgência de enfrentar o desfio da pobreza, tanto material quanto espiritual, e nos mostre a resposta evangélica, por ele vivida de maneira exemplar, que o mundo atual deve dar.
2. CHARLES DE FOUCAULD SERÁ BEATIFICADO
A Santa Sé reconhece um milagre atribuído a sua intercessão.
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 20 de dezembro de 2004 (ZENIT.org).- Charles de Foucauld (1858-1916), o grande explorador francês e testemunho do Evangelho entre os tuaregs do Saara, será beatificado, depois de que esta segunda-feira a Santa Sé publicasse um decreto de reconhecimento de um milagre atribuído a sua intercessão.
Nascido em Estrasburgo (França) em 15 de setembro de 1858, ficou órfão dos dois pais na idade de seis anos e, após uma breve carreira militar, em 1883 empreendeu uma afortunada expedição no deserto de Marrocos que valeu a medalha de ouro da Sociedade de Geografia.
Sua conversão religiosa se produziu em 1886 e teve como conseqüência a peregrinação à Terra Santa realizada em 1888. Após a experiência como trapista na Síria e como eremita em Nazaré, em 1901 foi ordenado sacerdote. Estudou o árabe e o hebreu.
«Viveu na pobreza, na contemplação, na humildade, testemunhando fraternalmente o amor de Deus entre os cristãos, os judeus e os muçulmanos», recordou ante João Paulo II durante a cerimônia de promulgação do decreto o cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.
«Para imitar a vida oculta de Jesus em Nazaré, foi viver no coração do deserto do Saara, em Tamanrasset» (Hoggar), acrescentou o purpurado português.
Escreveu vários livros sobre os tuaregs, em particular uma gramática e um dicionário francês-tuareg, tuareg-francês.
Surgiu em torno a ele a comunidade dos Irmãozinhos de Jesus, empenhados na evangelização dos tuaregs do Saara.
Em 1 de dezembro de 1916, aos 58 anos, Charles de Foucauld morre por um disparo de fuzil em meio de um conflito entre os bereberes de Hoggar.
Dez congregações religiosas e oito associações de vida espiritual surgiram de seu testemunho e carisma. Entre eles, encontram-se as Irmãzinhas do Sagrado Coração, as Irmãzinhas de Jesus, as Irmãzinhas do Evangelho, as Irmãzinhas de Nazaré, os Irmãozinhos de Jesus, os Irmãozinhos do Evangelho, assim como a Fraternidade Jesus Cáritas, ou a Fraternidade Charles de Foucauld.
3. TEMPO DO NATAL 2004
Meus queridos irmãos. Hoje de manhã, diante do presépio artesanal do Congo (presente de meu amigo Adrian), expus o sacramento de nosso querido Irmão Jesus, Pão repartido para a vida do mundo. O escândalo destes dias! O Todo poderoso... se faz “nosso Irmão Pobre”, que grita por liberdade em todos os presépios do mundo.
(Tenho muito presente no horror, a solidariedade, a oração; o terremoto e maremoto destes dias no Sudeste asiático. Os pobres de nossas comunidades, uma vez mais, se solidarizaram com eles). De repente senti que “os pastores” começaram a ganhar vida e rosto: São vocês, seus sonhos, suas quedas e ressurreições, suas comunidades, seus desafios... sim, os cerca de 700 irmãos visitados, os cerca de 4000 irmãos que Jesus chamou na Igreja e no mundo, a viver nosso ministério diocesano nas Fraternidades Sacerdotais Jesus+Caritas, seguindo as pegadas do Irmão Carlos.
Estamos, com Feliciene, Tony e Helmut, em nosso quarto ano de serviço às Fraternidades, olhando com vocês para a nossa próxima Assembléia Internacional 2006, no Brasil (a não ser que haja alguma mudança por causa da canonização do Irmão Carlos).
Sim, é nesta comunicação (muito mais profunda do que a da internet), que partilho com imensa alegria “o que ouvimos, o que os nossos olhos contemplaram, o que as nossas mãos tocaram... Porque a vida se manifestou!” (1 Jo 1).
Como sou privilegiado! Muito obrigado às Fraternidades que com sua solidariedade possibilitaram estes contatos.
2004 - Mês de Janeiro: República Centro-africana, Camarões e Burkina Faso.
República Centro-africana
Na República Centro-africana tivemos o encontro anual da Equipe de Serviço Internacional: partilhar nossas vidas na oração, o acompanhamento das Fraternidades nos Continentes. A preparação da Assembléia Internacional 2006 no Brasil (devem ter recebido já o questionário de preparação para as Fraternidades do mundo). Acolhidos em Bangui por Feliciene, partilhamos na comunidade monástica das Irmãs do Coração de Jesus: a alegria pascal das contemplativas no “Mosteiro dos Excluídos”; também visitamos o “Mosteiro de jovens monges”. Ajudaram-nos a entrar no coração deste país: dos mais pobres do mundo, assolados por uma guerra fratricida, uma igreja viva, missionária, de minorias pobres. Durante estes dias as Fraternidades tinham sua assembléia anual: uns 10 irmãos. Anoto: a juventude desta Igreja (alguns são convertidos, outros vêm de famílias polígamas), suas comunidades têm sido saqueadas, alguns ainda não as recuperaram. É seu “isolamento” e necessidade de “contemplação” que os atrai. Seus desafios:
- “Como ser Irmãos Universais” em um país Mulçumano.
- Contemplação e eficácia pastoral.
- Reinventar, na África, o anúncio da Boa Nova aos pobres, em suas culturas.
- Como partilhar nossas vidas com nossos irmãos pobres.
- Relançar as Fraternidades, com um mínimo de planejamento.
- Repensar o diálogo, no tempo de crise social, eclesial a partir da realidade.
- O Mês de Nazaré, proposto para agosto de 2004, será uma ocasião para o renascer das Fraternidades na África francófona.
Convidados à Liturgia Eucarística da Conferência Episcopal, sofro pela europeização da Igreja neste país pobre e sofredor, apesar da força profética do Bispo que a presidia.
Camarões
Nos Camarões, fomos acolhidos, Feliciene, Helmut eu, por Jean Marc Bikay, responsável de Duala, (Tomy não esteve presente neste ano). São as mais antigas Fraternidades da África marcadas por Baba Simon, testemunha de Jesus e irmão de seu povo, fomos rezar na sua tumba na Catedral de Edea. Aií estão para o encontro “anual” das Fraternidades: São uns 15 irmãos. Descrevo o que partilhamos:
- Somos chamados a partilhar fraternalmente com os pobres ou também a ajudá-los a organizar-se e fazer nossa “a causa dos pobres”?
- Como projetar nossas experiências de Fraternidade em nossas Comunidades de Base?
- Que chamados sentimos para a solidariedade universal e para as Fraternidades, com os irmãos que se solidarizam com os marginalizados?
O livro “O rosto de um africano”, a vida do Padre Bartolomeu Tsahuen, me faz mergulhar no desafio aos pastores para dar à Igreja um “rosto Africano”.
Aonde vou, me interessa o contato com o povo e com a Família Espiritual do Irmão Carlos.
Infelizmente não foi possível encontrar os Irmãos em seu local de trabalho. Tive, sim, um magnífico encontro com os membros das Fraternidades Leigas: são jovens e adultos, operários e donas de casa, verdadeiros “adoradores em espírito e verdade”: Famintos de justiça, lutadores pela paz. Quais são nossas relações com as Fraternidades Leigas em nossos países?
Burkina Faso
Com razão batizaram o antigo Alto Volta de Burkina Faso = “País dos homens retos”, um dos três países mais pobres do mundo, sem litoral, sem turismo, sem indústria própria... Porém, onde o povo te acolhe sorrindo. Em Uagadugu me esperava Heriberto: irmãos me hospedaram. Percorremos caminhos empoeirados, temperaturas insuportáveis. Fomos acolhidos por camponeses em suas pobres casas de barro e palha, participamos em paróquias rurais, centros de humanização e evangelização... Que presente foi ter vivido estes 30 anos nas favelas pobres de Santiago! Compartilhar com gente que ganha menos de um euro ao dia, onde a água corrente e a luz elétrica são luxos, onde o transporte “são os pés”, onde a “casa de câmbio” é a engraxataria na saída do aeroporto. Heriberto me convida a conhecer a sua família, e seu pai nos recebe com muito carinho... Hoje já foi acolhido pelo nosso Pai no céu.
Heriberto tinha preparado os encontros com a “família espiritual” do Irmão. Carlos:
- Convidam-me ao Seminário Maior de Uagadugu, são uns cem seminaristas para uns quinhentos mil cristãos (a inveja é pecado).
- Dou testemunho do que o Irmão Carlos tem marcado em meu ministério diocesano: Encarnação no mundo dos pobres como padre operário, a dimensão contemplativa no deserto e a experiência do Assekrem, o ministério profético.
- A perseguição pela causa do Evangelho. Segue-se um diálogo difícil. Ainda me chegam cartas de alguns que desejam entrar em contato com seminaristas de outros lugares (se querem contatá-los, me escrevam).
- Estas longas viagens, em um caminho sem rastros, nos levam ao Mosteiro “Jesus Salvador”, fundado por Emmanuel, da Fraternidade de Honda, inspirado na experiência monástica do Irmão Carlos (esteve em Nossa Senhora das Neves, para assimilar a tradição monástica do Ocidente). São já 10 monges jovens, que vivem em casas de barro, em silêncio, oração e trabalho. Na Capela pobre, sem piso, partilhamos a fração do pão celebrada “com alegria e sensibilidade” pelo Bispo Felipe e seus seminaristas. Bispo de Uahiguya, foi quem introduziu em 1997, a Fraternidade em Burkina Faso.
- Acompanhado de Heriberto nos reunimos com as Irmãzinhas de Jesus, as Fraternidades Leigas e as Fraternidades Sacerdotais…! Verdadeiramente o espírito do Irmão Carlos está à vontade nestas terras; há uma grande responsabilidade para com os países vizinhos.
- Leva-me à Diocese de Kaya onde trabalha, entramos em contato com religiosas em meios rurais muçulmanos, escolas de formação para casais, catequistas (três anos), animados por Irmãos das Fraternidades.
Antes da Eucaristia final telefonei para Santiago do Chile para saber do estado de saúde de meu querido irmão Federico, com câncer terminal... Dizem que ele me chama em sua inconsciência. Chego à celebração de sua Páscoa. Partilho em paz o preço de estar disponível aos irmãos.
Sudeste da Ásia
No fim de agosto, em setembro e começo de outubro realizou-se o encontro com os Irmãos e Fraternidades da Índia, Austrália, Indonésia, Tailândia e Bangladesh (imaginem-se como têm estado presentes estes irmãos nestes dias, pelas informações que continuam chegando). Não me foi possível ir ao Vietnã, apesar do desejo de encontrar-me com esses quase 30 irmãos de antigas Fraternidades. Num último momento, por problemas de segurança para eles, suspendi a viagem: haverá outros irmãos que poderão visitá-los?
O impacto destes quase mil e seiscentos milhões de pessoas nestes 4 países, (aos quais a Índia acrescenta mil e duzentos milhões), esta pobreza massificada (quarenta e dois a quarenta e oito anos de média de vida), terra de antiquíssimas culturas, do Hinduísmo, do Budismo, do Islã, a presença ínfima do cristianismo (3.5% na Índia, 0.01% em Bangladesc).
(Tenho diante de mim, o programa do Forum Mundial de Teologia e Libertação, em Poto Alegre, Brasil, de janeiro e 2005, temas como: Deus de todos os Nomes e o diálogo inter-religioso, o futuro da religião entre fundamentalismo e modernidade). Em alguns anos o polo econômico se deslocará para a Índia e a China.
Como a Igreja do Pobre de Nazaré pode fazer-se voz destes novos milhões de excluídos? Que desafio para a oferta da fé em Deus dos pobres nestes povos!
Meu querido irmão José Susanaithan (me recebe com colar de flores no Aeroporto) me vai mergulhando em diversas realidades desse povo e dessa Igreja:
- Meu irmão Moisés me hospeda em sua casa, com sua mamãe “Tia Maria”, eles me acolhem como um da família. Com um grupinho de crianças cristãs da escola São Luís Gonzaga (80% Hindús, 14% Muçulmanos), partilhamos a Eucaristia, não a esquecerei, o Espírito flui (os “discos” do canto acompanham hoje as crianças aqui em Colo na novena do Menino Jesus).
- No Seminário Maior de Bangalore são mais de 200 seminaristas (têm mais de 20 seminários maiores, para 25 milhões de cristãos). Uma vez mais os desafíos do Irmão Carlos em nosso ministério diocesano.
- Que alegria encontrar meu amigo Tomiar (desde o mês de Nazaré, Baguio 1992) em uma comunidade de bairro paupérrimo, num dia de semana, partilhamos a Eucaristia e a Adoração: Não são para uma “Elite Sacerdotal” senão para os pobres e os humildes! “Eu te louvo Pai, porque te revelastes aos pobres e te ocultastes aos sábios”. São centenas esta noite! (o colar que me ofereceram, eu o tenho diante do Sacramento do Pão da Vida, depois de celebrar com ele, na minha chegada). É a alegria pascal desta noite, tão distantes da piedade dos Santos, Mortos e Cristos Dolorosos da piedade chilota.
- A visita das Irmãzinhas de Jesus, tem sempre algo de Nazaré que nos interpela: Na entrada está uma irmãzinha curando as feridas de um leproso (são tantos aqui...); as crianças vêm buscar os frutos que caem na horta. Não entendo como não tem vocações para estas irmãzinhas que “gritam o evangelho com suas vidas”. Nós as convidamos aos nossos encontros? Têm tanto para nos ensinar!
- Acompanham-nos, com José, ao “Centro de Inculturação da Igreja na Índia”. Era o que buscava, um tanto escandalizado com o rosto europeu destas Igrejas, apesar da antiguidade da Igreja Siro-Malankar. Apesar de sua seriedade, não parece chegar ainda à pastoral ordinária das paróquias.
- A Índia é a “Terra dos Contrastes”. Convidaram-me a dar uma bênção com o Santíssimo Sacramento no grande Santuário de “Nossa Senhora dos enfermos”. Milhares de peregrinos durante a novena, na qual se misturavam cristãos, hindus e muçulmanos. Fico feliz deixando-me evangelizar pelos pobres. Fiquei um dia entre eles! Impressionam-me a quantidade de peregrinos em silêncio e adoração em uma capela diante da presença de Jesus no pão partilhado. Que diferença dos nossos Santuários da América Latina!
- O “contraste” que mais afetou minha sensibilidade evangélica “tinha fome... a mim o fizestes”, em um povoado tão religioso! Fui vê-lo passar ao lado de milhares de “famintos..., sem casa...” sem se deter. Éramos uns cem voluntários de toda parte, esta manhã na casa dos “Moribundos da Irmã Teresa de Calcutá”. Enquanto nos lavávamos, vestíamos, alimentávamos, nos sorriam com olhos de paz e bondade que me lembro até hoje. Dois morreram de fome diante de nós. Faz-me pensar na nossa Eucaristia “examine-se antes de comer o pão e beber o cálice, porque quem come e bebe sem discernir o Corpo, peca contra o corpo e o sangue de nosso Senhor... Vocês são o corpo de Cristo” (1Co 11, 12). Nossas Eucaristias também podem ser abomináveis a Yahweh (Is 1). Há muito o que rever em nossas Fraternidades: nossa adoração do Corpo de Cristo, nossa Fraternidade com o “Corpo crucificado” de Cristo. Estamos no ano da Eucaristia!
Definitivamente desde este dia minhas Eucaristias não são iguais.
- Com uns doze Irmãos das Fraternidades que regressavam do Mês de Nazaré na terra de Jesus (convidados pela Fraternidade da Alemanha), culminou minha passagem pela Índia. Fizemos juntos o mundo do Caminho de Emaús: O que vivem em suas Fraternidades? Como nos interpela a palavra de Deus? Reconhecemos o ressuscitado na Páscoa que nos liberta ao partir o Pão? À missão!
Muito obrigado Michael, pela acolhida em Delhi, deixa-te evangelizar por esta gente, dê uma mão às Fraternidades.
Na Indonésia, o país das 1.700 ilhas (há apenas 70 em Chiloé), com a maior presença muçulmana do mundo, mergulha-se, a passos agigantados, na globalização “com os típicos contrastes da Asia”. Chego em plena eleição presidencial. De Yakarta (outra desconexão, ninguém me esperava ) parto para Yog Yakarta: alí estão reunidos quase 40 sacerdotes das Fraternidades e simpatizantes, em sua Assembléia Anual. A tradução não é fácil, compreendo algo como a “Igreja dos Pobres”… “Comunidades cristãs de base”… “Opção pelos pobres”… Estou em casa!”
Aqui me encontro com Tony Llanes, da equipe Internacional. Que alegria! Estava previsto que visitaríamos juntos o Vietnam, a Tailândia e o Bangladesh:
Mais uma vez, não foi possível.
Na Assembléia nos pediram para falar da espiritualidade do Irmão Carlos e da Organização Mundial, Continental e Regional das Fraternidades. Nunca nos tinham pedido isto!
Desejamos muito um tempo livre para escutá-los e partilhar experiências das Fraternidades em outros Continentes.
Uma tarde, fomos convidados a visitar uma paróquia rural vizinha para uma Celebração Eucarística inculturada. Em todos os níveis: a arquitetura, ritos, vestimentas, cantos, instrumentos, disposição da gente… Até mesmo um refeitório bem provido, ao qual acedem durante a celebração! Nunca me havia me sentido mais fora de minha cultura e em tão profunda comunhão com o mistério Pascal e o Ágape fraterno.
Admiro o esforço sério e profundo de nosso irmão Augustinus, o responsável, pela formação Teológico Pastoral das Fraternidades, numa Cristologia e numa Eclesiología que impeçam fazer da espiritualidade do irmão Carlos um conjunto de “práticas piedosas”. É um risco de nossas Fraternidades. Estejamos atentos!
As palavras do Padre Huvelin “Cristo pegou o último lugar e ninguém lho poderá tirar”, é o que o Senhor Jesus me permitiu “ver com meus próprios olhos e tocar com minhas próprias mãos” na Tailândia. Há aí um só sacerdote das Fraternidades, membro de nossa Fraternidade de Santiago do Chile: o norte-americano Miguel Bassano, missionário de Maryknoll. Vive com uma equipe de leigos a uns cem kilômetros de Bangkok, homem transparente e serviçal, gosta de cantar o Evangelho. Convida-me, numa manhã quente, a ir de moto-taxi, a um Mosteiro budista, aberto a enfermos de Aids em estado terminal. Passa sua vida com eles: dá banho neles, dá-lhes de comer, dá a eles os medicamentos, brinca, canta e reza com eles. O sorriso com que eles recebem Miguel, recompensa a parada que fiz em Bangkok (foram 27 conexões aéreas). Sua vida é um Sacramento da Igreja pobre e testemunha do amor gratúito de Jesus. Celebramos a Eucaristia com as carmelitas e uma tarde de oração com os moges de um Mosteiro budista (obrigado querido Miguel, pelos artesanatos que chegram aos lares de Colo). Não haveria alguém que esteja disposto a acompanhá-lo?
Em Bangladesh, é uma Fraternidade um pouco dispersa que me acolhe; mas, “que Irmãos valiosos”. Gabriel, reitor do Seminário Maior, Dominic e seu incansável espírito missionário, facilitando encontros eucarísticos entre cristãos perdidos em um mundo muçulmano; Jacob em sua pobre comunidade rural. Na Eucaristia dialogada (que bom tradutor tinha ele!) se vêm interessados por seus Irmãos pobres da América Latina. Como se faz urgente a “globalização Católica” entre as Igrejas pobres da África, da Ásia e da América! Não é a Europa um lugar privilegiado para estes encontros? Como produzir união “por baixo”? O diálogo e a Eucaristia na festa de São Vicente de Paula, no Seminário Maior nos deixa a todos contentes. Testemunha do Evangelho que admiro, junto a Francisco, o Irmão Carlos e Monsenhor Romero; base da Igreja dos pobres. São 65 os Seminaristas para cento e cinquenta mil cristãos em uma população de 140 milhões. A Igreja é reconhecida por sua contribuição à educação e à saúde: grande serviço gratuito para o crescimento do Reino.
Amigo Jacob, nossas vidas compartilhadas na busca de Jesus e seu evangelho, a Celebração eucarística na Liturgia da multiplicação dos pães, com sua comunidade, seu convite a partilhar com sua família: Sinto que aí está a dimensão do serviço que tanto nos é pedido. Que renasça essa Fraternidade!
Em minha passagem pela Bélgica, de volta ao mundo oceidental! Acolhido pelos Irmãozinhos do Evangelho, tivemos um diálogo interessante sobre o caminhar das Fraternidades da Europa, com Eddie (responsável da Europa) y Helmut. Aí me informaram que o esperado Mês de Nazaré da África acabou não acontecendo; ainda não sei quais foram os motivos. Muito obrigado amigo Jean Marie Pasquier, por sua viajem a París, sempre disponível ao serviço das Fraternidades.
No Chile o retiro anual das Fraternidades se faz em torno do testemunho e escritos do Padre René Voillaume, apoiados por Irmãozinhos e Irmãzinhas. O Deus de Jesus é o Deus dos pobres, ele nos impulsiona em nosso caminhar de cada dia. Sergio Torres, do grupo de “Teólogos do Terceiro Mundo”, é nosso responsável nacional.
Esta carta ficou cumprida... agora fecho os olhos, desperto minha memória, abro-me à contemplação, ao inesperado… “O Vento sopra, ninguém sabe de onde vem nem para onde vai… assim são os renascidos pelo Espírito (Jo 3).
Desde nossas “viagenzinhas”, do ordinário de cada dia…
Um abraço, em Jesus nosso Irmão, que nos faz Irmãos.
Mariano
P.S.: Oxalá pudéssemos nos encontrar com as Fraternidades com as quais até agora não foi possível.
(...)
5. ACRÓSTICO DO RETIRO - 2005
“Quero gritar o Evangelho com a Vida”.
Uma frase questionadora do Ir. Carlos
Exigente de compromisso Evangelizador
Recriando novas formas de relacionamento
Organizando comunidades fraternas
Gerando “Novo jeito de todos a Igreja ser”
Refletindo a Palavra de Libertação
Imitando o Bem-Amado, Morto e Ressuscitado
Testemunhando Sua Mística e Profecia
Acolhendo as diferenças que nos enriquecem
“Revendo a Vida” com liberdade e coragem
Optando sempre pelos preferidos do Reino
Estando no “último lugar” silenciosamente
Vivenciando ricamente o tempo de Deserto
Aprendendo com a Humanidade Jesus de Nazaré
Novas formas de “Contemplação da Eucaristia”
Germinando esperanças para o povo sofredor
Enriquecendo na experiência da solidariedade
Livrando dos males que nos impedem de crescer
Hoje vivendo a riqueza das reflexões
Observando a caminhada das “Fraternidades”
Convivendo 7 dias, sem a presença de Edson
Ouvindo Celso Pedro sobre Cartas de João
Mês de Janeiro, em Hidrolândia, Acolhido pelos capuchinhos
Analisando e solidarizando com os povos indígenas em “Raposa Serra do Sol”
Vivenciando ao longo de 2005, o Reino
Indo com mais responsabilidade para as comunidades
Doando missão a serviço da Vida e da Esperança
Aguardando o Reino definitivo. Amém
Dia de Deserto, Retiro em Hidrolândia-GO
Pe. José de Anchieta
6. III ENCONTRO DAS FRATERNIDADES DA PROVÍNCIA
Dia: 06 de dezembro de 2004, no ITRA – Marília
Chegada – 8h30
Início – 9h00 com a oração inicial – ofício divino das comunidades
9h35 – O Pe. Tito Marega ajudou-nos com a reflexão: A Espiritualidade eucarística a partir de Carlos de Foucauld
10h40 – Adoração ao Santíssimo
11h20 – intervalo
11h40 – partilha das fraternidades:
Assis 1
Desde 1996
7 membros
estimulados por Pe. Eugênio, na época e depois Pe. Sérgio
encontros a cada 45 dias, chegando-se no domingo á noite e indo até a noite da segunda-feira
partilha – laudes – deserto – partilha – adoração
Marília 2
Reuniões mensais
Pe. Carlos, Pe. Afonso, Pe. Sérgio, Pe. Padula, Pe. Beloto, Pe. Quinzinho e Pe. Pedro
Estão acolhendo o bispo dom Guedes e dois padres de Bauru(Fontana e Júnior) agora como incentivo para formarem depois uma fraternidade em Bauru.
13h00 - almoço
Tentamos ainda estimular os companheiros para participarem do encontro nacional em Hidrolãndia, mas confirmaram presença até agora 3 padres de Marília e um seminarista.
O encontro foi muito rico pela graça do encontro em si, pela riqueza das partilhas e para retomarmos a caminhada com mais força e coragem.
7. INTRODUÇÃO À ORAÇÃO CONTEMPLATIVA
Prezados e Prezadas Participantes do Retiro,
Você já enviou a sua inscrição para a Diocese de Goiás. Hoje gostaria de comunicar-me com você e dar-lhe alguns detalhes mais preciosos. Gostaria de aproveitar a oportunidade e repetir – não para assustá-lo, mas, para situá-lo melhor – algumas orientações que já constaram no primeiro convite.
Para os participantes deste retiro “Introdução à Oração Contemplativa”, eu coloco algumas condições.
1. Condição: Fome de Deus
O retiro é exigente. Na meditação cada um é confrontado radicalmente consigo mesmo. Na meditação você irá atravessar momentos difíceis de solidão e de aridez. Somente quem tem fome e saudade de Deus, só quem tem vontade de crescer na oração, terá a resistência necessária para continuar.
2. Condição: Estar à procura
O retiro dirige-se a pessoas que têm um coração e uma mente aberta, que estão buscando um aprofundamento na oração. Aquele que já encontrou o seu caminho e o seu jeito de rezar, continue naquilo que já conquistou.
3. Condição: Estar engajado e participar ativamente em alguma pastoral ou serviço da Igreja
O retiro se dirige as pessoas que andam com os pés no chão, que estão engajadas na ação pastoral ou num serviço da Igreja e desejam dar um testemunho mais evangélico de sua fé.
4. Condição: Ser equilibrado emocionalmente, ter maturidade e saúde física, psíquica e mental.
O retiro não visa resolver problemas psicológicos dos participantes.
5. Condição: Participar do retiro integralmente d início até o fim e estar disposto a aceitar as orientações.
Uma das orientações é manter silêncio durante todo o tempo e deixar-se conduzir.
Data: O retiro começa no dia 10 de outubro de 2005 às 18h com o jantar.
O retiro termina no dia 20 de outubro de 2005 às 8h depois do café.
Local: Chácara do Lar São José (Dirigir-se a Diocese de Goiás)
Diária: R$ 20,00
Trazer: Roupa de esporte para os exercícios de ioga
Roupa para os trabalhos manuais.
Não é necessário trazer roupa de cama e banho.
Para os padres que querem concelebrar trazer paramentos.
Ainda não possível enviar a lista dos participantes, mas tão logo que ela estiver completa, pretendo enviar para todos os participantes, nome e endereço. Peço que desde agora comecemos a rezar uns pelos outros e pedir a Deus, nosso Senhor, que o retiro realize as nossas expectativas.
Peço reconfirmar o quanto antes por carta, fax ou e-mail a sua participação.
STEGEMANN, W. Ekkehard e STEGEMANN, Wolfgang. História social do protocristianismo. Os primódios no judaísmo e as comunidades de Cristo no mundo mediterrêneo. Ed. Paulus, São Paulo e Ed. Sinodal, São Leopoldo, 2004.”Esta história social do protocristianismo oferece um panorama abrangente das condições de vida de Jesus, seus seguidores e seguidoras tanto na terra de Israel como nas comunidades e grupos cristãos dos centros urbanos do mundo mediterrâneo, cujos testemunhos escritos encontram-se no Novo Testamento...”
Instituto Nacional de Pastoral Centro Loyola-Rio (Org). Violência e paz à luz da Pacem in Terris, Ed. Paulinas, São Paulo, 2005. “Esta obra é resultado do seminário comemorativo organizado pelo Instituto Nacional de Pastoral em Parceria com o Centro Loyola de Fé e Cultura-Rio, por ocasião dos quarenta anos da publicação da encíclica do Papa João XXIII, Pacem in Terris, sobre “a paz de todos os povos na base da Verdade, Justiça, Caridade e Liberdade”.
HUMMES, Dom Claúdio Cardeal. Diálogo na Cidade, Ed. Paulus, São Paulo,2005. “Diálogo com a cidade enfeixa os artigos que Dom Claúdio Hummes, cardeal-arcebispo de São Paulo, vem escrevendo, há sete anos, para o jornal O Estado de S.Paulo...”
USP - Estudos Avançados Dossiê Religiões no Brasil Nº 52 vol. 18. “O dossiê sobre as religiões no Brasil contempla uma das marcas com que os cidadões se auto-identificam ao lado da nacionalidade, do sexo, da idade, da cor, do estado civil, da escolaridade, da profisão etc...”
ANTONIAZZI, Alberto. Por que o panorama religioso no Brasil mudou tanto?Ed. Paulus, São Paulo, 2004.
LÉGER, Daniélle Hervieu. Catholicisme, la fin d’un monde, Ed. Bayard, Paris, 2003. (Execlente análise do processo de nascimento de um novo catolicisme, após a secularização, que a autora identifica como sendo um processo de exculturação.)
Ler a Bíblia com a Igreja – Comentário didático à Constituição Dogmática Dei Verbum. Coleção Queremos ver Jesus, Paulus e Paulinas.
QUEIRÓS, Bartolomeu Campos. Escritura, Ed. Maza, Belo Horizonte, 1997.(Trata-se de um livro que narra poeticamente os estágios do mistério da encarnação de Jesus.)
BATAILLE, Christophe. Annam, Ed. Contraponto, Rio de Janeiro, 1995. (Trate-se de um romance que nos ajuda a ver que o processo missionário passa pelas emoções e sentimentos de quem se envolve numa cultura diferente, tentando apresentar a Boa Nova).
BERNAMOS, Georges. Diário de um pároco de aldeia, Ed. Paulus, 2ª edição, São Paulo, 2000. ( Sempre vale a pena retornar a esse velho livro).