Pe. Carlos Roberto dos Santos - Tupã/SP Irmão responsável nacional.
Irmãos e irmãs de todo o Brasil. Com muita alegria, apresento a vocês o segundo Boletim da Fraternidade neste ano, o de número 159.
Ele foi escrito neste tempo de alegria provocada pelo Sínodo Pan-Amazônico, acontecido lá em Roma. Ficamos muito felizes com a participação ativa de alguns de nossos irmãos, os quais nos mantiveram constantemente informados sobre os passos que foram dados no Sínodo. Muito obrigado!
Foi por meio destes irmãos e também pela imprensa alternativa promovida pela Repam e comunidades que acompanhamos, com muita esperança, o longo processo de escuta e partilha das preocupações comuns com os povos originários e da busca de soluções tanto para a evangelização como para a promoção da vida e dignidade humanas, e ainda, a preservação das reservas naturais. Ainda respiramos, felizes, os ecos desta sinodalidade promovida pelo Papa Francisco, e aguardamos ansiosos o documento que virá, com certeza, como luz para nossa Igreja e quiçá, para nosso mundo todo.
Este boletim já vem com a nova formatação sugerida e aprovada na reunião do Conselho. Além das novas informações na contracapa, ele apresenta nos Ecos da Assembleia de Cebu, a Carta aos irmãos da fraternidade do mundo todo, escrita pelo Pe. Eric Lozada, nosso responsável internacional, logo depois de ser escolhido para esta missão. Traz um artigo sobre a importância da revisão de vida, que meditei com várias fraternidades, por ocasião de minha participação nos Encontros por Região.
Traz, também, a transcrição de um belo texto do Pe. Pablo D’Ors, publicado no L’Osservatore Romano, sobre a espiritualidade do Irmão Carlos: “Sete palavras para refletir sobre a lição de gratuidade de Charles de Foucauld”. Nos mostra a vitalidade da Fraternidade na África, num artigo sobre a sobre os votos perpétuos dos irmãozinhos Rafael e Norbert, monges da Fraternidade de Foucauld, que vivem no Mosteiro de Jesus Salvador, Diocese de Ouahigouya, em Burkina Faso. Contém ainda o relatório do encontro do Conselho Nacional da Fraternidade, acontecido em São Paulo.
Por fim, traz as informações sobre a Agenda da Fraternidade em 2020, principalmente o retiro anual, que faremos m Caucaia – CE.
Um grande abraço a todos, e boa leitura.
“O Advogado, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que Eu vos disse” (Jo 14,26)
Minhas calorosas saudações a todos vocês, meus queridos irmãos. Com toda humildade eu confesso, pessoalmente, o porquê demorei tanto tempo para escrever-lhes esta carta. Sentei-me muitas vezes diante do meu computador sem saber o que e como escrever.
Senti-me como uma mulher grávida a ponto de dar à luz, mas com a pélvis demasiada estreita para o recém-nascido. Lutei com as palavras, mas a luta maior foi com meu coração, procurando ter o espírito e a disposição apropriados de um irmão.
Como muitos de vocês são somente nomes para mim, sem rostos e nem histórias que partilhamos para qualificar nossa união entre irmãos, eu necessitava de tempo para me colocar na presença amorosa do Pai que me convida a deixar o conforto de minha terra natal e me envia como um irmão missionário.
Eu necessitava de momentos de oração para desnudar-me diante de Jesus, aquela nudez que o espírito de Nazaré nos convida, você e eu, nesta grande aventura de movimento descendente, vivendo simplesmente com simplicidade e alegria, tanto no cotidiano como na obscuridade, encontrando o último lugar, consumido pelo evangelho do maior e do menor, vendo Jesus nos pobres, o apostolado do bem, não para reinar, mas para servir, para ser pobre em espírito por causa do Reino.
Eu precisava de espaço para ser reavivado pela espiritualidade, vida e intuições do Irmão Carlos, por meio do testemunho de irmãos e irmãs que vivem profundamente enraizados na vida e tradição da Fraternidade. O encontro com a família espiritual no Haiti, em abril passado, minhas visitas aos irmãos no Haiti, na República Dominicana e nos Estados Unidos, e meu retiro num mosteiro trapista na Geórgia, foram uma imensa ajuda para mim. (Estes assuntos serão o tema de minha próxima carta).
Jesus também tinha necessidade deste espaço em meu coração para minha conversão, porque, mesmo que eu já participe há 30 anos na Fraternidade, e já tenha feito três vezes o Mês de Nazaré, ainda tenho comportamentos pouco saudáveis e imaturos que poderiam se tornar obstáculo para eu viver este ministério. Sendo um projeto inacabado, eu necessito de seus comentários sinceros e seus conselhos fraternos. Por favor, diga-me e eu ficarei feliz em recebê-los como um presente para minha educação continuada.
Como vocês devem saber, antes de ser eleito responsável Internacional, meu mundo girava em torno da minha pequena fraternidade, numa cidadezinha, sem televisão nem internet, como capelão de um pequeno mosteiro carmelita, e diretor de estudos de um pequeno seminário universitário, vindo de uma pequena diocese das Filipinas. Meu mundo era tão pequeno, meu jeito de viver era muito rural e a ideia de escrever uma carta para irmãos do mundo inteiro era, no mínimo, assustadora. Agradeço ao Espírito Santo por me ajudar a escrevê-la. Rezo para que minhas palavras não se interponham à maneira do Espírito Santo ensinar-nos tudo o que Jesus quer que saibamos.
Agradeço sua generosa paciência. Peço desculpas àqueles irmãos que se sentem órfãos por causa do meu longo silêncio. Em meu silêncio, em minha oração, eu rezei por vocês, seus nomes, uma vez ao dia (graças ao repertório).
Um outro olhar sobre a Assembleia de Cebu, e mais além
Nossa Assembleia de Cebu em janeiro passado foi, de fato, “uma preciosa manifestação do Espírito de Pentecostes”.
Minha alegria fraterna e minha sincera gratidão a todos vocês que rezaram por nós enquanto estávamos em assembleia. A nossos responsáveis continentais e nacionais com nossos antigos responsáveis internacionais: Mariano e Abraham, que viajaram até o outro lado do mundo para participarem desta assembleia, muito obrigado. À equipe internacional anterior: Aurélio, Jean François, Emmanuel, Mark e Maurício, por seu excelente trabalho de organização e pelo árduo trabalho durante a assembleia, muito obrigado. Somente podemos construir sobre o trabalho que vocês generosamente realizaram.
Agradeço particularmente ao Aurélio pela herança do site na internet: iesuscaritas.org e a José Alberto Hernandis, que se dispôs a gerenciar nosso site na internet. Minha alegria e gratidão aos membros de minha equipe, com Tony Llanes como meu corresponsável internacional, que estão muito disponíveis para servir. Como estamos a serviço da Fraternidade Internacional, peço que nos escrevam suas preocupações, notícias, convites, comentários e histórias. Pessoalmente, eu os escolho para representar os quatro continentes, de maneira a facilitar o acesso às notícias. Abaixo deixo nossos contatos:
Eric Lozada ericlozada@yahoo.com + 63 9167939585
Tony Llanes stonyllanes@yahoo.com + 63 9183908488
Fernando Tapia ftapia@iglesia.cl + 56 988880397
Honore Savadogo sawono2002@yahoo.com + 226 70717642
Matthias Keil Matthias.keil@graz-seckau.at + 43 67687426115
Assim como você confia em nós, podemos também confiar em você, para nos ajudar? Mais que uma dinâmica de cima para baixo, desejamos ter mais diálogo, transparência, reciprocidade e feedback nestes diferentes níveis de comunicação. Para começar, nos reuniremos do 11 a 18 de outubro na Coréia do Sul, e agradecíamos qualquer coisa de tua parte, seja pessoal, local, nacional ou regional, que queira que consideremos e respondamos. Você pode envia-las pra mim ou ao responsável continental da equipe.
Irmãos, a carta de Cebu não é um documento acabado. É um trabalho que está em andamento. Permita-me de convidá-lo (sejamos unidos nisso) a torna-la um assunto de leitura e discussão pessoal e da fraternidade.
Em Cebu, nos comprometemos em ser sacerdotes diocesanos missionários, inspirados pelo testemunho do Irmão Carlos. Contemplamos as realidades de nossa sociedade, nossa Igreja e nossas fraternidades a partir de diferentes continentes e países.
Ouvimos o chamado do Espírito para nos tornarmos Igreja nas periferias (graças à liderança profética do Papa Francisco). Com base nestes apelos que ouvimos, estamos firmemente decididos em dar passos concretos e estratégicos para o desenvolvimento de nossa sociedade, nossa igreja e nossas fraternidades.
Gostaria de convidá-lo para, em sua análise e discussão, tratar este documento como um amigo cujas palavras, cheias do Espírito, são transformadoras e proféticas. A realidade é muito complexa: a violência, terrorismo, injustiça, tráfico, uma grave crise ecológica, migração, a globalização da indiferença, o fundamentalismo, a secularização (e a lista é muito longa).
Quase imediatamente tendemos em observar essa realidade a partir de fora. Essa atitude não é muito benéfica. Como padres diocesanos devemos nos envolver mais, pedindo ao Espírito que nos dê coragem e humildade, para ver a realidade com um olhar profundo e amoroso sobre nossas estruturas e subculturas interiores: valores, mentalidade, modo de vida, preconceitos, atitudes, preferências, desejos.
Nomeamos as muitas maneiras sutis pelas quais fazemos parte no problema. Partilhamos nossas conquistas com irmãos de nossa fraternidade que poderiam nos ajudar em nosso crescimento. Talvez o maior presente que podemos oferecer ao nosso mundo hoje é reconhecer que fazemos parte do problema. Esperemos que, com corações arrependidos e transformados, nos tornemos também, parte da solução.
O Espírito nos chama a ser uma Igreja em saída. Peçamos ao Espírito o dom da coragem e da confiança para explorar juntos as periferias da nossa alma: as partes rejeitadas, feias, desprezadas, profundamente enterradas e ocultas de nós mesmos que devemos expressar, possuir, aceitar, abraçar para nos curar. Aqui, precisamos da intimidade de nossa fraternidade para poder partilhar nossas feridas mais profundas sem ser julgados.
Se necessário, podemos consultar um profissional para nosso continuo crescimento e nossa cura. Então, da próxima vez que formos às periferias, seremos diferentes. Seremos missionários interiormente mais livres e felizes. Triste é quando vamos com nossas feridas não curadas, aparentando o que não somos interiormente. Pois nos tornamos cegos, precisando de ajuda, cheios de nós mesmos e nem sequer sabemos disso.
Esquecemos a agenda de Jesus e do Reino. Como um cego pode conduzir outro cego? Estou convencido de que o melhor presente missionário que podemos oferecer ao povo de Deus, especialmente aos pobres, é o cuidado conosco mesmos, para nossa transformação contínua como discípulos missionários de Jesus. Irmãos, em Cebu nós vimos como todos lutamos para fazer o dia do deserto e a revisão de vida.
Devemos tratar este fato não como uma conclusão, mas como um ponto de partida. A conclusão é bastante óbvia e devemos ser honestos em relação a isso. Isto significa uma má qualidade de nossas reuniões, nossos relacionamentos, nossos ministérios e até mesmo nossa oração. É nossa pobreza e nossa falta de atenção ao essencial. Este é, também, o nosso caminho para a libertação e integridade, se assim o quisermos.
Precisamos de uma firme determinação para comprometermo-nos em reservar um tempo regular e qualitativo de solidão no deserto, onde o Divino terapeuta poderia nos transformar e nos curar. Nossa revisão de vida não é simplesmente um relato de nossas vidas e ministérios, por mais honestos que sejamos. É, antes de tudo, um lugar de encontro com o Espírito que nos permite ver nossas vidas como Deus nos vê. Nossa partilha fraterna é um verdadeiro ponto de encontro, coração a coração.
Na regularidade de tais encontros, crescemos juntos como irmãos da alma: mais confiantes, honestos, íntimos, verdadeiros, menos críticos, pretensiosos e defensivos, mais cuidadosos e mais comprometidos com o crescimento contínuo uns dos outros como discípulos bem amados de Jesus em Nazaré, inspirado pelo Irmão Carlos. Este testemunho de fraternidade é para mim uma boa campanha vocacional.
Vem, Espírito Santo, vem
Permita-me falar um pouco sobre a próxima festa de Pentecostes.
Está escrito no livro dos Atos dos Apóstolos: “Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então línguas, como de fogo, que se repartiam e pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem” (Ac 2,1-4).
Com todo o respeito aos nossos especialistas em Bíblia, especialmente Emmanuel Asi, convido-vos a meditar este texto comigo. Parece que o lugar de predileção pelo Espírito Santo é quando as pessoas se reúnem intencionalmente numa comunidade de amigos, de irmãos (incluindo irmãs) que acreditam em Cristo ressuscitado. Em seu núcleo, uma comunidade, bem diferente de uma multidão, é a firme resolução de cada um dos seus membros em trabalhar incessantemente por aquilo que une, em vez de dividir, conscientes de que tudo é dom e que existe apenas um doador.
Embora lutemos com as diferenças (lembrar delas é sempre difícil), continuamos caminhando e caindo na Fonte que nos une. A cada vez que rezamos: "Vem, Espírito Santo e renove a face da terra", nós rezamos por aquilo que Jesus, o sumo sacerdote, sonhou para o mundo: "Pai, que todos sejam um, como você e eu somos um "(Jo, 17-21).
O Espírito Santo, que dá vida (como professamos no Credo), anima, capacita, transforma e reúne toda a criação para torná-la uma imagem viva da unidade na Trindade, assim como no princípio. A terra inteira, e não somente o mundo humano, como fala carinhosamente o Papa Francisco, torna-se nossa casa comum onde a vida, em todas as suas formas, é venerada como sagrada e como um dom. Quando Paulo ensina a comunidade de Filipos a "colocar todas as coisas sob Cristo" (2,10), o Cristo é o ponto de referência universal para todas as coisas e não apenas para os cristãos.
Para ser homens e mulheres do Espírito, portanto, temos que trabalhar sempre por aquilo que inclui, e não pelo que exclui, pelo diálogo, pela fraternidade universal com tudo o que existe. O nome que Jesus dá ao Espírito é o Advogado. Jesus prometeu o advogado que nos ensinará tudo o que precisarmos saber. Em termos legais, o advogado significa um defensor. O Espírito é nossa defesa contra o espírito maligno operando em nosso mundo atual, seja nas estruturas políticas e econômicas, nas relações interpessoais, familiares ou comunitárias, inclusive nas subculturas dentro da igreja e da religião.
É muito astuto e enganador, sempre disfarçado de bom e inclusive com licença para fazer o mal em nome de Deus. O texto nos diz que a vinda do Espírito invisível toma a forma visível de línguas de fogo que repousa sobre as cabeças de cada um dos apóstolos reunidos. Rezemos para que este fogo repouse sobre cada um de nós "para transformar nossos corações de pedra em corações de carne" e para nos tornar capazes de discernir muito bem onde se encontra o mal e o bem.
Que o fogo da Verdade reavive nossos corações com uma paixão por Jesus e pelo Reino. A outra imagem visível do Espírito Santo é um vento forte que preenche todo o lugar onde o povo estava reunido. Rezemos para que este vento forte quebre e transforme corações e instituições endurecidas pela indiferença, violência, ódio, ressentimento, exclusão que apenas divide a criação de Deus. Que o Espírito, que é um vento forte, amplie os espaços em cada coração humano para incluir os pobres, os marginalizados e os estrangeiros na família dos bem-amados filhos de Deus.
Que nossas fraternidades sejam escolas do Espírito para que, inspiradas pelo irmão Carlos, nos tornemos discípulos apaixonados, amorosos, de Jesus em Nazaré em nosso mundo fragmentado e violento.
Irmão Carlos, o irmão universal
Finalmente, uma nota sobre o irmão Carlos. No início deste ano, a irmãzinha Kathleen de Jesus publicou um livro com o mesmo título. Ele contém os temas principais e eu gosto da maneira como está escrito. Muito obrigado, Kathleen. Como vocês já sabem, o irmão Carlos - sua vida, sua mensagem e suas intuições - devem ocupar um lugar importante em nossa formação permanente de presbíteros diocesanos. Isso é o que nos caracteriza. Quanto mais o conhecemos, mais conhecemos a Jesus, seu Bem-Amado. O irmão Carlos não é apenas um ícone para ser venerado. Ele é um convite vivo, uma pessoa que toca em nosso profundo desejo de seguir a Jesus. No que diz respeito ao chamado para ser um irmão universal, o irmãozinho Antoine Chatelard sublinha: "trata-se de ser um irmão antes de pensar em ser universal". Como disse irmã Kathleen, na vida do irmão Carlos, a intuição de ser um irmão universal ocorreu, pela primeira vez, em outubro de 1901, quando ele mudou-se para Beni Abbès. Graças à generosidade de sua prima Marie, ele conseguiu comprar um terreno, estrategicamente localizado a meio caminho, entre as cidades fortificadas e a guarnição francesa. Ele construiu, com a ajuda do exército francês, um pequeno mosteiro cercado por fileiras de grandes pedras. E esta é a chave. "Ele mesmo, raramente ultrapassava este limite, mas qualquer um podia entrar. Ele queria ser um irmão universal neste contexto de conflito envolvendo muitas partes opostas "(p.16). Foi um momento de clarividência! O chamado para ser um irmão universal é, acima de tudo, o chamado para ser irmão. Para Irmão Carlos, ser irmão significa permanecer no meio, entre muitos lados opostos (nem preto e nem branco, mas cinza), o que não é a mesma coisa que estar no centro.
Um irmão está imerso, enraizado, no meio da realidade com todos seus paradoxos, suas tensões e seus complexos pontos de crescimento, e nunca abandona sua posição. Se ele sai e se afasta do meio, acaba se tornando particular.
Quando ele abraça um, acaba excluindo o outro. Ele não é um guardião de muros, que não tem posição concreta sobre questões sociais, políticas, econômicas, culturais ou mesmo eclesiais. Ao contrário, ele está bem informado sobre os acontecimentos e se posiciona sobre tudo. Quando opta pelos pobres e marginalizados, ele inclui os ricos.
Precisamente, é somente estando no meio das coisas que ele pode abraçar todas as coisas como um irmão universal. E foi só então neste momento, graças a essa percepção evolutiva, que o irmão Carlos começou a chamar sua casa não de eremitério (onde vivia enclausurado, de acordo com uma regra de vida monástica), mas de Fraternidade, onde qualquer um poderia vir e ser bem acolhido.
No teto de sua casa, ele pinta a imagem do Sagrado Coração de Jesus, com os braços bem abertos para acolher quem quer que venha em sua fraternidade. Sua devoção e proximidade ardente com o Sagrado Coração de Jesus leva-o a imitar Jesus Caritas, o Irmão Universal por excelência, do qual ele é apenas um humilde testemunho que mostra Jesus. Irmãos, agradeço por ler minha longa carta com generosa paciência. Eu continuo mantendo vocês, suas fraternidades e dioceses em minha oração, e rezo por todos os países. Por favor, orem por mim também, seu irmãozinho servidor. No amor de Jesus, um grande e fraterno abraço
Eric Lozada
“Vocês foram escolhidos, são amados pelo Senhor ... Deus olha para vocês com a ternura de Pai e não deixa os seus passos vacilar” (Papa Francisco aos participantes da Plenária da Congregação para o Clero, 1º junho 2017).
Imersos na cultura contemporânea, hedonista e materialista ao extremo, nós, sacerdotes, vivemos tempos difíceis. Na velocidade em que tudo acontece, muitas vezes acabamos nos tornando burocratas do sagrado, numa ação pastoral que absorve todo o nosso tempo e ficamos preocupados demais com as muitas exigências que são esperadas do padre, em todos os sentidos. Não sobra tempo para cuidarmos de nós mesmos, nem para perguntarmo-nos como estamos vivendo, interiormente, nosso “ser homem de Deus”, e nem para averiguar se estamos sendo felizes como “homens de Deus”, realizando-nos humana e espiritualmente.
Aqui e acolá ouvimos relatos de padres que, “perdendo a paixão do primeiro amor de sua ordenação”, acabaram também se perdendo no caminho. E os motivos são muitos: a preocupação exagerada em querer fazer tudo bem feito, as fraquezas e tentações da castidade somadas com uma afetividade nem sempre bem resolvida, a comunicação virtual e as artimanhas que ela porta ao celibatário, o orgulho, a atração pelo dinheiro, pelo poder e pelo conforto, a preguiça e o desânimo pastoral, etc.
Por outro lado, a Igreja, já de longa data, preocupada com a vida pessoal dos sacerdotes, nos orienta a cuidarmos constantemente de nós mesmos em nossa vida sacerdotal, por meio da formação permanente em todos seus aspectos: humano, pastoral, espiritual, comunitário. É bem verdade que nem todo padre acha isso importante. Talvez porque não sinta necessidade, ou porque acha que não precisa. Em todo caso, para buscarmos esta formação permanente é necessário sermos humildes o suficiente para reconhecer nossos próprios limites e fraquezas. A formação permanente nasce desta consciência.
Para esta tomada de consciência a Revisão de Vida proporcionada pela Fraternidade Sacerdotal Jesus + Caritas oferece um grande instrumento para todos aqueles sacerdotes que querem manter-se firmes na caminhada, unidos ao Cristo, seu melhor amigo, em todos os momentos de sua vida. Pois ela sempre o ajudará, a voltar ao seu primeiro amor: a lembrar aquela primeira paixão que o motivou a decidir-se pela vida sacerdotal.
Ali, bebendo novamente neste poço de águas puras, o irmão sacerdote compreende que não é um burocrata e nem um funcionário do sagrado. Mas sim que é um amante, apaixonado por Deus. Mais ainda, ferido deste amor por Deus em seu coração, compreende que não consegue viver bem e ser feliz se sua vida não estiver totalmente direcionada para este amor.
A Revisão de Vida nos ajuda a compreender que nosso “ser sacerdotal” é e será sempre um “buscar a Deus sem cessar”, e um “querer agradá-Lo”, querer “fazer Sua vontade” em nossas vidas”.
Irmãos, se o Bom Deus nos deu a oportunidade de pertencermos à Fraternidade, não é porque somos melhores ² que os outros, mas porque de alguma forma o próprio Deus nos atraiu e nela encontramos pessoas e meios que podem nos ajudar a viver esta aventura louca e apaixonante. Queremos amar mais e mais, com todo nosso coração, com toda nossa inteligência, com todo nosso ser, com toda nossa alma até o dia em que nos encontraremos face a face com o Senhor.
Como a Fraternidade é, de certa forma, uma instituição, em julho de 1978, Guy-Marie Riobé escrevia: "Todas as instituições, todos os sinais, inclusive os mais sagrados, se degeneram se não aceitam mudar de pele, a cada primavera." Sendo que as instituições são formadas por homens que somos nós, e que atuamos com palavras e com sinais, temos necessidade de recuperar a consciência das exigências concretas de nossa lenta transformação em Cristo, porque, por natureza, temos a tendência de nos contentar com a velocidade adquirida, sem renovar, com frequência, o arranque da generosidade que somente pode vir do amor.
É verdade que são muitas as circunstâncias e os meios de que Deus se vale para tornar mais viva e atual a nossa generosidade. Há, porém, um entre os mais importantes: a Revisão de Vida. René Voillaume diz que ela consiste em "nos tornarmos responsáveis uns pelos outros, dentro de uma caridade fraterna viril e clarividente". Para ele "é necessário mantermos sobre os nossos irmãos e sobre nós mesmos um olhar vigilante e atento porque, como homens, todos somos vulneráveis e cheios de defeitos”.
Surge, então, a necessidade da "Revisão de Vida que exige a correção fraterna feita com espírito crítico, na verdade, na humildade e no amor, para podermos descobrir também todo o bem que existe igualmente em nosso irmão”3. Abaixo, apresento dois textos que já foram editados em nossos boletins. Eu os adaptei para nossos tempos, para nos ajudar a ter mais clareza sobre o que é a Revisão de Vida, o que não é a Revisão de Vida, e como devemos fazê-la no cotidiano de nossa vida sacerdotal e na partilha com os irmãos, em fraternidade.
• É querer contemplar Jesus Ressuscitado presente em minha vida simples e na vida simples dos irmãos.
• É colocar minha vida nas mãos dos irmãos, para que eles possam ajudar-me a lê-la de novo, sob uma nova perspectiva, e conseguir descobrir (ou redescobrir) as pegadas de Deus.
• É revelar uma sintoma das coisas interiores que estou vivendo, e decidir sair do isolamento, da escuridão, partilhando um pedaço significativo da minha vida com os irmãos, disposto a crescer em transparência, para ver, e compreender, como Deus está agindo em mim; para ver onde estou colocando objeções à vontade e às ações de Deus em mim. Esta ação é como ir mostrando as imagens dos diferentes detalhes nos quais Deus está agindo, moldando, trabalhando em minha vida, assim como faz o escultor, que retira da madeira a forma esculpida. Ao me abrir e partilhar com os outros estas facetas de minha vida, os irmãos podem ver melhor que eu a ação de Deus em minha vida, e como Ele está trabalhando em mim. Por isso, eles podem me ajudar, amorosamente, me questionando e me fazendo perguntas até eu conseguir ver e descobrir esta ação, seja em situações desconcertantes, dolorosas, alegres ou cheias de esperança. Muitas vezes, vivo tão atarefado, fazendo tantas coisas, que nem tenho tempo para perceber o mistério da presença de Deus em mim e nos irmãos.
• É entregar-se. A Revisão de Vida é um ato generoso de entrega de minha vida, o que me torna pobre e livre. Entregar a minha vida significa reconhecer minha fraqueza e permitir que os irmãos a vejam, e esperar que eles me ajudem a enfrentar e vencer minhas fraquezas. Esta pobreza (humildade e simplicidade) existencial tem três graus:
1º. Entregar as coisas é mais fácil (e isto já é tão difícil de fazer).
2º. Entregar o tempo é muito difícil (nos apegamos tanto).
3º. Entregar-se. Desnudar-se, colocar a minha vida nas mãos dos irmãos é uma ação extremamente difícil, pois custa muito para eu fazer isto.
• Os Santos e Santas de Deus são as pessoas mais pobres e livres que existiram e existem, pois, cada um, de acordo com sua realidade de vida, aprendeu a entregar tudo ao Senhor e aos irmãos. Muito próximo de nós, temos o exemplo do irmão Carlos.
A Revisão de Vida é uma entrega do meu tesouro, daquilo que me custa mais, daquilo que é muito importante para mim.
• Não é partilha de experiências pastorais ou pessoais, daquilo que vivemos deste o último encontro.
• Não é apenas um diálogo entre amigos, que se encontram uma vez por mês para bater papo. É importante compreender que, para fazer a revisão de vida, nem é necessário ser amigos uns dos outros, mas é fundamental que sejamos irmãos. No entanto, a prática nos ensina que a Revisão de Vida cria laços de amizade entre os irmãos, e os solidifica quanto mais profunda forem as partilhas.
• Não é partilhar nossos erros e culpas para nos sentirmos aliviados e justificados. Nem ficar vomitando nossos problemas para os outros. Isto seria uma catarse (alívio e purificação), estranha reunião de terapia barata.
• Não é ficar lamentando-se e nem falando mal dos outros, do bispo, ou daqueles que convivem conosco.
• Não é um encontro para ficar falando do sucesso que tivemos em nossa vida.
• Não é ficar chorando as dificuldades da vida, jogando a culpa nos outros. Algumas disposições pessoais para fazer uma boa revisão de vida
• Em primeiro lugar a decisão de fazer a vontade de Deus em minha vida;
• Decidir, voluntariamente, em colocar a minha vida nas mãos dos irmãos que me ouvem, e confiar neles, e na ação de Deus por meio deles. Aqueles que estão ali me ouvindo, não são estranhos, nem psicólogos. São meus irmãos. Mas atenção: não basta ser humilde, é preciso aceitar de verdade a ajuda dos irmãos, pois, às vezes, achamos que somos autossuficientes (autorreferentes) e estamos mais dispostos a ajudar do que ser ajudados.
• Agir com simplicidade, isto é, colocar minha vida, minhas fraquezas, minhas ilusões e desilusões, minhas preocupações e até neuroses nas mãos dos irmãos que me ouvem e confiar verdadeiramente que eles vão, não apenas receber minha vida, mas terão o direito de dizer uma palavra sobre ela. E ouvi-los.
• Crer que Deus me fala através dos irmãos, para que eu possa descobrir ou redescobrir sua vontade pra mim. Eles me ajudarão a ver, a ler e compreender aqueles fatos de minha vida que não estou conseguindo. Em minha vida existem pontos cegos que não consigo perceber sozinho. Por isso, preciso dos olhos dos irmãos, que me olharão com um olhar exterior e, assim, eles poderão ver o que está fora do meu alcance e me ajudarão a recentralizar a minha vida em Deus.
• Crer que Deus não me abandonou e nem me abandona. Ele está presente também em minhas fragilidades, obscuridades e pecados, mesmo que eu esteja vivendo “a noite escura” e não O veja, nem O sinta. Ele não se alegra com meus erros, mas respeita minha liberdade. Em meu sofrimento, Deus está sofrendo comigo nesta trajetória existencial, e, muitas vezes, me carregando no colo.
O que é preciso entender para fazer uma boa Revisão de Vida
1. A Revisão de Vida não se improvisa e não é um debate de ideias. Ela exige preparação por meio de oração prolongada e silenciosa, que predisponha o nosso espírito para a revisão. O dia de deserto não é uma Revisão de Vida, mas ajuda a prepará-la. Para preparar a revisão é importante isolar-se, fazer um esforço para afastar-se de toda preocupação pastoral e das correrias cotidianas. Neste tempo procure ficar a sós com Jesus, o Irmão Bem Amado. Em sua presença, pode-se fazer um bom balanço de vida: se está fazendo a vontade de Deus, ou suas próprias vontades, dizendo que é de Deus. Ali, no silêncio, na presença do Bem amado, deixe-se ser olhado e amado por Ele; procure corresponder a este amor, amando-O e deixando-se amar mais e mais por Ele. Trata se de uma espera tranquila e iluminadora. Ao final deste “colóquio amoroso” escreva um breve relato ou uma oração: eis ai o “material” para sua partilha na revisão de vida. Atenção: quando os irmãos partilham suas vidas, não devemos ficar debatendo ideias, pois eles partilharam fatos e realizações da vida.
2. Na Revisão de vida acreditamos que Cristo está presente no meio de nós. No grupo de fraternidade, quando os irmãos estão fazendo a Revisão de Vida, é importante criar um clima de respeito e seriedade, e não permitir que brincadeiras e gozações atrapalhem a partilha. Lembre-se sempre que a vida de cada um é única e irrepetível. Tudo que um irmão estiver partilhando no grupo, é uma verdade interior e profunda para ele, mesmo que nos pareça simples, irrelevante, exagerado ou até mesmo “muito negativo”. Respeite a sua vida! Não se pode ajudá-lo se ficarmos fixados em seus defeitos e falhas. Cada um dos irmãos que ouve, deve estar atento para ver o que, no irmão que partilha, é positivo e animá-lo a crescer e desenvolver suas qualidades. Todos estamos ali, juntos, buscando reavivar o encontro de cada um, e de todos nós, com o Cristo Ressuscitado. Neste sentido os irmãos podem, e muito, colaborar com o crescimento humano, afetivo, espiritual e comunitário uns dos outros.
3. A força da fraternidade radica-se na Revisão de Vida". Esta expressão caracteriza bem a Fraternidade Sacerdotal Jesus + Caritas, pois a Revisão de Vida exige, de um lado, a vontade de deixar-se ser ajudado com franqueza e humildade, e também a disposição de ajudar os outros irmãos da mesma maneira, porque isso implica em mútua responsabilidade; de outro lado, exige solidariedade: além da capacidade de ouvir e escutar os irmãos que partilha sua vida, exige que carreguemos a sua vida, e suas dores conosco para que ele nunca se sinta sozinho, mas sustentado e encorajado. Quando um irmão partilha sua vida dizendo que está enfrentando um grave problema, lutando honradamente e fazendo todo o possível para vencê-lo, não podemos apenas ouvir sua história como se estivéssemos assistindo a um filme. Muito menos ignorá-lo ou ironizá-lo, pois isso só atrapalharia. Como irmãos, devemos assumir um compromisso com ele, preocuparmo-nos com ele e acompanhá-lo, com nossa oração e nossa amizade, para ver se ele consegue solucionar seus problemas, se consegue “secar as lágrimas” que o faziam sofrer. Mas também exige de todos a capacidade de alegrar-se com as conquistas e vitórias daquele irmão que partilhou sua história de vida.
4. A Revisão de Vida está intimamente ligada com a confiança e com o sigilo. Todo este intercâmbio e partilha de vida acontece no sigilo e na confiança com os irmãos do grupo da fraternidade. A Revisão é um meio eficaz para nos conhecermos melhor e aceitarmo-nos como somos; para nos ajudar a retirar as máscaras uns aos outros, para nos despir de tudo o que possa parecer “sucesso pessoal”, “egolatria” etc. É um modo de compartilhar nossas vidas pobres com outros pobres e ajudarmo-nos a compartilhá-las com os mais pobres. É também um modo de partilhar a vida contemplativa. Quanto mais verdadeiras e aprofundadas forem as partilhas na Revisão de Vida, mais vão se estreitando os laços e solidificando as amizades entre os irmãos, e a fraternidade vai amadurecendo e criando vínculos cada vez mais forte entre os irmãos. Assim os irmãos da fraternidade vão descobrindo e potencializando novas exigências, tanto em nível pessoal quanto de grupo. Isso ajuda os irmãos a serem fiéis aos objetivos de fraternidade e ao próprio carisma. "Se encontrarem meu amado, digam lhe que eu estou doente de amor" (Ct 5,8).
5. Quando entra um novo irmão na Fraternidade, automaticamente este “grau de confiança” se relativiza e até enfraquece, a ponto dos irmãos partilharem só superficialmente, ou pouca coisa de suas vidas. No entanto, estes laços fraternos vão se aprofundando novamente, pouco a pouco, à medida que as partilhas na Revisão de Vida vão se desenvolvendo na verdade e na confiança.
Somos como os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Continuadores, amigos dos discípulos de Emaús. Vivemos num lugar e num tempo, submersos entre os homens e atarefados com nossos encargos. Somos uma parte muito pequena da vida imensa que nos envolve. Há coisas que nos questionam, outras nos arrebatam, outras ainda nos decepcionam e fazem-nos sofrer. Às vezes, nossas convicções mais profundas ficam abaladas. Isto é ser homem. Caminhamos cambaleantes, cansados, desiludidos, como os discípulos de Emaús.
Vamos seguir os passos da Revisão de Vida desses discípulos:
1. Os dois caminhavam tristes.
Chega o peregrino. Eles contam como foram afetados pelos acontecimentos. Esperávamos que Ele fosse o libertador de Israel". Toda a esperança estava destruída. "Algumas mulheres foram ao seu sepulcro... e voltaram dizendo que tiveram uma visão de anjos que asseguravam que Ele está vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro... mas não O viram" (Lc 24,21-24). Este é o primeiro momento da Revisão de Vida: contar fatos e não pensamentos, nem análises de conjuntura [psicológicas, eclesial etc.]. Pequenos fatos que nos intrigam, podem ser o fio condutor. Explicam porque não se consegue integrar Reino de Deus e vida pessoal; como os discípulos de Emaús.
2. Jesus escuta atentamente os dois que caminham.
Os irmãos na Fraternidade escutam com atenção o desencanto e a obscuridade do que o irmão partilha, para desentranhar toda magnitude do fato. Nunca se deve dizer para o irmão que está partilhando sua vida que aquele fato não é importante. No entanto, é bom questioná-lo sobre quanto tempo estes fatos estão ocupando em sua cabeça, seus pensamentos e em seu coração.
3. Jesus ilumina a realidade dos dois discípulos a partir de dentro. Ele não a substitui. Lentamente, Jesus lhes abre os olhos com suas palavras, com suas perguntas, com seus comentários, com suas correções. Os irmãos têm direito de perguntar, não somente o que a pessoa está pensando sobre o que ela mesma partilha, mas também sobre como está a sua fé diante daquela situação. Não se deve nunca relativizar e nem suavizar. Trata-se de dimensionar tudo na perspectiva do Reino. É preciso ir alinhando os fatos como o Cristo fez com com os discípulos de Emaús. Ele foi interpretando as passagens da Escritura que falavam sobre Ele ... "Acaso não era necessário que o Cristo sofresse todas estas coisas para entrar em sua glória?" (Lc 24, 26). Jesus não atenuou e nem suavizou a “tomada de consciência” dos discípulos de Emaús. Com audácia, Ele estabeleceu um diálogo profundo que foi iluminando as consciências dos dois discípulos. E foi exatamente isto que provocou mudanças no coração e na mente dos discípulos, e os abriu às dimensões da vida que não conheciam. É assim que o Ressuscitado age conosco, quando os irmãos intervem em nossa partilha de vida na fraternidade.
4. "Num determinado momento eles pararam".
Jesus deu a entender que iria mais adiante. Mas eles insistiram e o forçaram a entrar: "Fica conosco, Senhor, pois já e tarde o dia declina"(Lc 24,29). Em toda a Revisão de Vida é preciso parar e recolher-se no silêncio para admirar-se, para contemplar tudo o que foi colocado e deixar que o Ressuscitado continue falando, revelando sua presença sempre maior. É preciso ultrapassar as camadas da vida para penetrar no mistério de Deus e ser mensagem de salvação. Sozinhos, será muito difícil redescobrirmos o sentido da vida, da caminhada.
5. Nasce a ação de graças: Partilhar e Celebrar. "Jesus entrou com eles... estando sentado à mesa, tomou o pão, abençoou-o e partiu-o e o serviu a eles. Então os seus olhos se abriram e eles O reconheceram” (Lc 24, 20-31). Começou uma vida nova. É importante encontrar algum texto bíblico que o Espírito nos indica para expressar com palavras da revelação aquilo que descobrimos: “Não ardia o nosso coração quando Ele nos falava no caminho e nos explicava as Escrituras?" (Lc 24,32).6
Há uma parte grande do mistério de Deus que não conseguimos expressar. Mas existe algo que conseguimos traduzir e transformar em oração, preces espontâneas e oração eucarística, onde tudo se transforma em sacramento; o desejo de seu Reino, a necessidade de perdão, o agradecimento.
Assim, lentamente cresceremos em fraternidade e vamos encontrando o Bem Amado onde quer que se encontre e tenha passado. Vamos adquirindo uma visão nova, transfigurada para viver em profundidade a vida que levamos. Aprendemos a rezar a partir da realidade, deixamos a realidade mesmo nos falar.
O Magnificat é a belíssima Revisão de Vida de Maria, depois da Anunciação, pois este fato que marcou sua vida para sempre. Ela reconheceu a ação de Deus e por isso cantou estas maravilhas no Magnificat. No canto, Maria afirma que Deus não abandonou o povo de Israel, que O buscou a vida inteira.
Estas pequenas orientações acima não servem apenas para ajudar-nos a fazer boas Revisões de Vidas. Elas querem nos ajudar para que sejamos bons e incansáveis buscadores de Deus, sonhadores e fazedores da paz, construtores do Reino de Deus.
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1 Pe. Carlos Roberto dos Santos fez uma coletânea de diversos textos sobre a “revisão de vida” já publicados no Boletim Jesus Caritas da Fraternidade Sacerdotal. E acrescentando a experiência eclesial do Papa Francisco, apresenta-nos esta releitura, com o objetivo ajudar os irmãos da fraternidade a viver melhor a “revisão de vida” no seu cotidiano.
2 Se nos julgarmos assim, melhores que os outros, nosso grupo de fraternidade pode tornar-se um grupo de fariseus e hipócritas.
3 Publicado no Boletim Jesus Caritas da Fraternidade Sacerdotal, nº 99, ano 1977. Apresento-o aqui, com algumas modificações e acréscimos.
4 Cfr. Boletim das Fraternidades nº 139, ano 2010, p. 24-31. Eu fiz algumas modificações e acréscimos.
5 Sugestão do Pe. Álvaro Gonzales, publicada no Boletim Jesus + Caritas da Fraternidade Sacerdotal, nº 84, ano 1991.
6 Seria bom se, após a partilha de cada irmão na Revisão de Vida em fraternidade, os irmãos lhe direcionassem um refrão de canto, um texto bíblico, um questionamento, enfim, uma palavra para animá-lo em sua caminhada existencial.
Desde o primeiro momento em que vi o seu rosto, há mais de 30 anos, percebi que Charles de Foucauld haveria de ter, de uma maneira ou de outra, grande importância para mim. Todos desejamos deixar, com o nosso pensamento e a nossa ação, uma marca neste mundo: criamos famílias, escrevemos livros, fundamos instituições... Poucos, os imprescindíveis, deixam a marca da sua passagem sobre a Terra graças à sua contemplação e à sua paixão. Charles de Foucauld foi, sem dúvida, um deles. Mais do que fazer, e, no entanto, fez muito, deixou-se fazer; mais que pensar, e pensou muitíssimo, esvaziou-se a si próprio a ponto de não ser senão pura receptividade.
O seu rosto, terno e vigoroso, ao mesmo tempo, marcado pelo rigor e a indulgência é seguramente um espelho fiel da sua alma. Foucauld fez da sua vida uma obra de arte, ou seja, um testemunho eloquente da gratuidade. Por isso, quando eu tinha 20 anos, não consegui ficar indiferente a um olhar como o seu, revelador de tanta plenitude. Não que hoje eu tenha penetrado o segredo da graça que modelava os seus traços, mas agora posso falar e descrevê-los com maior conhecimento de causa. O rosto deste eremita e missionário reflete a alegria e a gratidão que são os sinais inconfundíveis do verdadeiro amor.
Para mim Foucauld é um padre do deserto contemporâneo; quero dizer que a sua vida e a sua obra, que certamente atingem a espiritualidade de figuras da estatura de Agostinho, Bento, Francisco e Inácio, remetem para as figuras dos célebres padres que povoaram piedosamente os desertos da Síria e do Egito nos primeiros séculos do cristianismo.
Para compreender Foucauld na sua dimensão autêntica é preciso juntá-lo a Dionísio, o Areopagita e a Efrém, o Sírio; a Isaías, o anacoreta ou a Gregório nazianzeno, para referir alguns nomes. A fonte de onde beberam aqueles padres do deserto, e que depois deu vida ao movimento hesicasta é a mesma da qual bebe o irmão Carlos, cuja missão - esta é a minha tese - não foi a de fundar algo radicalmente novo, mas de reinaugurar para o Ocidente uma via contemplativa, visto que estas não tiveram uma continuidade no Ocidente cristão, em particular na república monástica do Monte Athos.
Na minha visão, Foucauld recebe o colossal encargo de recuperar aquela tradição milenar de sabedoria e de atualizá-la. É por isso que a sua obra, sempre do meu ponto de vista, está ainda no estágio inicial. Neste século em que vivemos, e nos vindouros, compreenderemos com mais clareza a relevância da sua pessoa e do alcance da sua missão.
Para ilustrar a minha tese usarei sete palavras que, a meu ver, refletem com fidelidade integral o contributo daquele que chamamos "irmão universal": procura, consciência, deserto, adoração, nome, coração e fracasso. Com elas pretendo não só dar conta das categorias fundamentais que orientaram o nosso personagem, mas também indicar as razões da sua atualidade.
Procura
Um olhar superficial pela biografia de Foucauld (a meta das suas viagens, os hábitos e os uniformes que vestiu, as pessoas das quais se aproximava, as casas onde morou...) é suficiente para constatar que a vida deste homem foi realmente insólita. Foucauld não se assemelha a nenhum outro. A sua vida foi um contínuo peregrinar. Dizia de si mesmo que queria ser monge ou eremita; o que é certo é que viajou muitíssimo, que se estabeleceu em lugares diferentes, que foi um peregrino estrutural. Tais mudanças de horizontes, geográficos, mas sobretudo existenciais, as metamorfoses constantes que o levaram a ser um dia explorador disfarçado de judeu, e em outro, autor de um dicionário tuaregue; um dia soldado do exército francês e outro jardineiro de algumas monjas em Nazaré, realçam sua atitude constante de estar à procura. Foucauld não cessou de responder ao chamado que sentia em seu “eu profundo”, onde quer que fosse o lugar que Deus o chamasse.
Foucauld, como Gandhi ou Simone Weil, fez da própria vida uma autêntica e contínua procura de Deus, como vemos nas palavras a seguir.
Consciência
Um olhar mesmo superficial nos escritos de Carlos de Foucauld, sobretudo nos diários espirituais e nas cartas, faz-nos compreender como ele atravessou a vida escrutinando sua própria consciência, entrando nas motivações de seus próprios atos, revendo suas verdadeiras intenções, examinando minuciosamente os mínimos detalhes, como tinha aprendido de Santo Inácio, projetando sonhos com os quais daria corpo a uma intuição, observando-se no espelho de Jesus Cristo, o seu Bem amado, estudando o que seria mais aconselhável e oportuno, censurando-se as falhas, agradecendo os dons recebidos, louvando por tanto bem e bondade, programando o impossível. Foucauld, que na juventude foi soldado, não cessou de o ser plenamente na maturidade.
Não era apenas um enamorado [de Jesus, seu Bem Amado], é inútil dizê-lo, mas foi também um estrategista, alguém que projeta o seu próprio dar-se: que reforça os lados mais fracos, que traça planos para dar fecundidade ao seu ingovernável amor.
Foucauld percorreu um grande número de dias e de horas na mais rigorosa solidão e no mais estrito silêncio. É neste terreno de cultura que aprendeu a escutar. O aspeto mais surpreendente da sua personalidade é que não escutou simplesmente a si próprio e, por esta via, Deus e os outros, mas que obedecia às vozes que escutava e, ainda mais, que fez de tal escuta e obediência um estilo de vida: sempre a escutar e a obedecer, sempre dentro da aventura de ser “si mesmo”.
Reconhecendo sempre que era ele a melhor palavra, ou melhor dizendo, a única, que Deus lhe tinha concedido.
Deserto
Foi este o cenário privilegiado da escuta permanente, uma escuta quase assustadora, de Charles de Foucauld. E não por acaso. Foucauld converteu-se na África do Norte, surpreendido pela extraordinária religiosidade dos muçulmanos. Entendeu o deserto em primeiro lugar em chave metafórica, por isso experimentou ser monge inicialmente na região de Ardèche, em França, depois em Akbés, na Síria, portanto na Terra Santa; mas não tardou a regressar ao deserto do Saara, o da sua juventude, o seu amado Marrocos e a sua desejada Argélia.
Foi lá que o destino e a providência marcaram um encontro com ele. Os fenomenólogos e os historiadores das religiões realçaram como o Oriente Médio foi o principal berço das religiões. Não penso apenas nas tradições monoteístas - judaísmo, cristianismo e islã - que encontram lá as suas raízes, mas também nos fenícios, babilônicos, egípcios.
Para aquelas terras também se dirigiu o nosso Foucauld, talvez porque poucas regiões da Terra, como essa, na sua desolação, sabem evocar o mundo interior e a ele o remeter com tanta força. O vazio externo, portanto, como incitamento àquela obra de esvaziamento que no cristianismo chamamos “esquecimento de si” ou “pobreza espiritual”.
O deserto, como lugar da vitória sobre a provação ou, que é o mesmo, como descoberta da “sarça ardente” ou da “chama viva” de amor à qual se acede para além da noite escura, do abandono e da solidão.
Foucauld voltou ao deserto como fez Israel ao sair do Egito ou como fez o próprio Jesus Cristo pouco antes de dar início ao seu ministério público. Por isso Foucauld é, para mim, um novo Moisés, mas sem povo, ou com um povo invisível. Ou um novo e amoroso Jonas que prega na sua Nínive. Foucauld é um pró-memória permanente de como não há caminho espiritual sem deserto e purificação.
Adoração
No meio do deserto, espelho da sua consciência e território das suas procuras, Foucauld adorava.
É uma palavra que hoje nos soa estranha, mas adoração significa, simplesmente e linearmente, que o homem não se realiza sobre a via do ego, mas quando sai do seu próprio micromundo e vence essa tendência tão nefasta e generalizada que é a posse e a autoafirmação. Adorar quer dizer apenas parar de viver a partir do “pequeno eu” para ceder o passo ao “eu profundo”, onde habita o hóspede divino.
A adoração, ou oração contemplativa é a única medicina para a idolatria do eu. “Ao Senhor, teu Deus, adorarás: só a Ele prestarás culto” é a resposta de Jesus à última tentação com que o diabo o prova. Hoje poderemos traduzir: você não é o centro do mundo, sai de ti mesmo. E é isto que Foucauld fazia dia e noite, durante horas e horas sem interrupção, de joelhos diante do seu pequeno tabernáculo, cheio ou vazio. Foucauld correu o risco da solidão e da diversidade como poucos homens e mulheres do nosso tempo. O risco de se perder definitivamente.
Como poucos, Foucauld atravessou o muro de silêncio que lhe pôs diante de si a sua miséria e que, depois de anos de luta, o conduziu a uma doce, íntima certeza. Quer o saibamos ou não, todos aqueles que estão à procura têm - temos - em Charles de Foucauld um mestre insigne. Amou muito porque calou-se muito. Hoje nós falamos dele porque se esvaziou de si
Nome
Esta adoração, esta nudez absoluta cada vez mais radical, esta peregrinação ao próprio centro em que se encontra o templo da verdade, Foucauld levou-a ao termo, à maneira dos padres do deserto um milênio e meio antes, como uma arma tão simples quanto eficaz: o doce nome de Jesus. Poucos homens na história, como Foucauld, deixaram escrito um testemunho tão eloquente sobre o seu apaixonado amor por Jesus de Nazaré.
Ao abrir qualquer um dos seus diários e qualquer uma das suas páginas encontrar-se-á sempre, sempre, expressões incendiadas por um ardor quase insuportável: “Amo-te, adoro-te, quero dar-te tudo, quanto me amas, quanto te amo, dou-te graças, entrego-me nas tuas mãos, faz de mim o que quiseres, louvote, meu Bem-amado...”.
O nome de Jesus acompanhou-o, como um incessante mantra, durante quase todos os minutos da sua vida. Foucauld era um louco de amor, um apaixonado por este nome. Ele não só buscou, mas deixou que o nome “Jesus” e a pessoa que ele evoca, o possuíssem. Isto significa que a solidão na qual Foucauld viveu, por mais dura que pudesse ser ou parecer, era uma solidão acompanhada. O seu silêncio era sonoro, por mais doloroso que pudesse ser para ele, e muitas vezes era realmente. Uma só palavra explica a incrível vida de Charles de Foucauld: Jesus.
Coração
O nome de Jesus, incessantemente repetido, invocado, sonhado, escrito em centenas de milhares de páginas, radicouse progressivamente na sua consciência e no seu coração, finalmente unidos naquilo que poderemos chamar o coração consciente, e que eram o lugar no qual tal Presença residia.
A certo ponto da sua vida, esmagado por tanto amor, Foucauld costurou um coração vermelho no seu hábito branco, dando uma prova clara e visível de como aquele coração [de Jesus] tinha tomado todo o seu ser. Foucauld foi certamente um sentimental, mas no interior de uma personalidade poliédrica de incomparável riqueza.
Ainda que sua vocação fosse uma vocação à oração contemplativa e silenciosa, ele nunca abandonou a oração afetiva, alimentada por palavras e imagens que a mantinham acesa.
Praticou aquilo que os hesicastas chamam a custódia do coração (oração de Jesus): sentir a vida, oculta e frágil, em cada palpitação; sentir a Vida de Jesus, com maiúscula, nesta nossa vida, tão limitada e intensa, tão humana e tão divina.
Fracasso
Ao final de sua vida, pouco antes de ser assassinado, Foucauld encontrou-se - depois de décadas inteiras de trabalho - com as mãos felizmente vazias. Poder-se-ia dizer que ao longo da sua existência recolheu um fracasso após o outro: último da sua classe no exército, no qual esteve várias vezes para ser expulso por causa dos seus escândalos e indisciplina. Fracasso também como patriota e teve que interromper sua vocação de explorador, jogando fora uma brilhante carreira profissional.
Monge fracassado na trapa de Cheikhlé. Também fracassou o seu quimérico desejo de comprar o Monte das BemAventuranças para aí estabelecer-se como eremita. Inútil também como simples ajudante ou doméstico no mosteiro das Clarissas. Nem uma só conversão em tantos anos de apostolado. Não teve nem sequer um seguidor depois de ter redigido tantos esboços da Regra para os eremitas que projetava.
Foi ignorado tanto pela administração civil como pela eclesiástica, pois não teve nenhum escravo liberto e nenhum companheiro para a sua missão. Sobre o fracasso, Charles de Foucauld foi um dos melhores ícones. Porque preferiu os últimos lugares aos primeiros, a vida oculta à pública, a humilhação à elevação. Por tudo isto, Foucauld é a imagem em que podem reconhecer-se todos os fracassados da história.
E, por tudo isto, vejo as pessoas do mundo caminharem muitas vezes para uma direção e Foucauld na direção oposta. Felizmente, ele não é o único; há outros com ele, todos solitários, todos loucos. E o primeiro desta fila é o próprio Jesus Cristo, o mais louco de todos.
Termino este léxico de Foucauld com uma nota pessoal. Em maio de 2014 fundei na minha cidade a associação "Amigos do Deserto", uma rede de meditação, com crentes e não crentes, interessados no aprofundamento e na difusão da experiência do silêncio a partir da tradição espiritual do hesicasmo.
Desde então quase um milhar de pessoas foram iniciadas, em diversos pontos da geografia espanhola e europeia, à oração do coração. E todos, numa ocasião ou noutra, muitos diariamente, recitamos as palavras que Foucauld, verdadeiro fundador destes Amigos do Deserto, deixou escritas como testamento: “Meu Pai, a vós eu me abandono.
Fazei de mim o que quiserdes. O que de mim fizerdes, eu vos agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, contanto que a vossa vontade se faça em mim e em todas as vossas criaturas. Não quero outra coisa, meu Deus. Entrego a minha vida em vossas mãos, eu vô-la dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração, porque eu vos amo.
E porque é para mim uma necessidade de amor, dar-me, entregar-me em vossas mãos, com infinita confiança, porque sois meu Pai”. Quando escuto esta oração, às vezes proclamada em uníssono por centenas de amigos do deserto, sinto subir em mim uma profunda ação de graças e compreendo, como nunca, que não basta uma vida para ver os frutos de uma sementeira.
Tais mudanças de horizontes, geográficos mas sobretudo existenciais, as metamorfoses constantes que o levaram a ser hoje explorador travestido de judeu e amanhã autor de um dicionário tuaregue, hoje soldado do exército francês e amanhã jardineiro de alguns monges em Nazaré, realçam o seu constante estar à procura
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7 Texto de Pablo d'Ors, publicado no "L'Osservatore Romano", 19.9.2016, Traduzido por Rui Jorge Martins, in http://www.snpcultura.org/sete_palavras_para_refletir_sobre_a_licao_de_gratuidade_de_cha rles_de_foucauld.html. Acesso em 14/08/2019 as 08h35
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O mosteiro de Jesus Salvador, situado em Honda, e os fiéis da Paróquia Bem-aventurado Carlos de Foucauld, da cidade de Sabcé, Diocese de Ouahigouya, em Burkina Faso, celebraram no dia 8 de junho de 2019 os Votos Perpétuos na vida monástica dos irmãos Raphael Ilboudo e Norbert Ouedraogo. A celebração eucarística foi presidida pelo cardeal Philippe Ouédraogo, bispo emérito da Diocese de Ouahigouya e co-fundador do mosteiro de Jesus Salvador, junto com o irmãozinho Emmanuel Kalmogo.
O Mosteiro de Jesus Salvador da Honda é uma nova fundação monástica. Nasceu em 15 de agosto de 2001, seguindo a inspiração do então bispo diocesano, Dom Philippe Ouedraogo, que desejava ter monges e monjas consagrados à vida contemplativa para, com suas orações, sustentarem os trabalhos de evangelização em sua diocese e no mundo.
Esta simples inspiração de procurar uma comunidade monástica masculina foi compreendida como um convite da divina providência para arriscar constituir uma fundação local. Os trabalhos iniciais para fundar este mosteiro foi conduzido pelo Irmãozinho Emmanuel Kalmogo, com estreita colaboração de Dom Philippe, ambos membros da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas.
O Mosteiro de Jesus Salvador se inspira em duas fontes principais: por um lado, a regra e o espírito de São Bento, experimentados na perspectiva da tradição cisterciense de estrita observância e, por outro, a experiência espiritual do Irmão Carlos de Foucauld. Essa experiência monástica deve ser vivida num enraizamento inculturado na cultura local.
Os monges da Honda vivem uma missão de intercessão pela salvação de todos aqueles que ainda não conhecem a Cristo. Por sua vida contemplativa eles são monges missionários, especialmente por meio de sua intercessão aos pés do Santíssimo Sacramento.
Como o irmão Carlos de Foucauld, que viveu profundamente mergulhado nas raízes da cultura dos tuaregues, eles também querem viver profundamente inculturados e inspirados na cultura dos homens e mulheres, em cujo meio vivem inseridos. Os dois irmãozinhos que professaram votos perpétuos, Rafael e Norbert, fizeram um longo caminho vocacional. Eles viram o nascimento do mosteiro e, por muito tempo, foram acompanhados pelo irmãozinho Emmanuel Kalmogo antes de pronunciar seus primeiros votos em 2012.
Eles ficaram sem Prior quando o fundador morreu, em 2011. Esse grande vazio marcou a vida e o crescimento do mosteiro. Presbíteros da paróquia de Sabcé e de toda a Diocese de Ouahigouya se revezaram para assegurar as celebrações eucarísticas, os retiros espirituais e a formação monástica. Mas tudo isso não podia substituir o papel e a importância do prior ou abade.
Honda tem uma grande necessidade de líderes qualificados para continuar efetivamente o trabalho de fundação que começou há quase 20 anos! Desde a sua fundação, o mosteiro atrai um grande número de jovens, mas são poucos os que perseveram até o fim. Atualmente, Honda tem três irmãozinhos, um número insuficiente para as diferentes exigências da vida monástica. A fundação da Honda parece crescer como o irmão Carlos, que só teve discípulos depois de sua morte.
Além da necessidade de liderança qualificada, o local onde o mosteiro está instalado é constantemente ameaçado pelas águas de uma barragem criada pela mineradora Bissa-Bouly Gold Mine. Segundo os monges, a mina havia garantido que o mosteiro nunca seria inundado pelas águas da barragem e que eles não precisariam se mudar. Durante a primeira inundação, a mina teria compensado a cobertura do mosteiro e as árvores frutíferas que foram inundadas.
No entanto, desde a criação da barragem, a inundação do mosteiro está cada ano mais forte. Este ano, os monges construíram pequenas casas para se refugiarem temporariamente quando o mosteiro fica inundado. No ritmo que a água avança de um ano para outro, percebe-se, claramente, que não restará quase nada do terreno de 40 hectares do mosteiro. É necessário procurar um outro lugar para o mosteiro, mas, infelizmente a mina ainda não parece pronta para assumir suas responsabilidades.
Uma das imagens mais belas no rito da profissão dos votos perpétuos foi a música de tam-tams (Bendré) esboçada por cada monge. O tam-tam é o instrumento musical dos griot, na tradição Mossi. É ao som desses instrumentos que os griots cantam seus louvores aos reis e perpetuam a memória de suas maravilhas. Na perspectiva da inculturação, o tam-tam representa a vida inteira do monge que é consagrada à serviço de Deus e às orações diárias, e que deve ser colocada acima de todas as outras atividades. O tam-tam, símbolo de louvor, e os sapatos, símbolo de adoração, são sinais muito importantes para os monges da Honda.
A celebração eucarística também foi marcada pela presença da família espiritual do Irmão Carlos de Foucauld. Todos os componentes da família foucauldiana estavam presentes para acompanhar o mosteiro, que necessita muito de orações e apoio fraterno para continuar sua jornada.
Abbé Honoré N.W. SAVADOGO Fraternidade de Burkina Fasso
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8 Artigo enviado pelo Pe. Honoré N.W. Savadogo, Fraternidade de Burkina Fasso - África, e membro da equipe internacional.
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O Conselho Nacional da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas no Brasil, composto pelo Responsável Nacional, pelos seis responsáveis das regiões de fraternidades e pelos responsáveis pelos serviços na Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas no Brasil, conforme segue:
Responsável Nacional : Pe. Carlos Roberto dos Santos,
Região Norte 1 e 2: Pe. Paulo Sergio Mendonça Cutrim,
Região Nordeste: Diácono José Gomes,
Região Sul: Pe. Camilo Pauletti,
Região Sudeste e tesoureiro nacional: Pe. Willians Roque de Brito,
Região Leste: Pe. Roberto José Gonçalves e
Região Centro-Oeste : Pe. Gunther Lendbradl.
Responsáveis pelos serviços do Mês de Nazaré: Pe. José de Anchieta Moura Lima,
pelas Publicações da Fraternidade: Pe. José Bizon,
a equipe de Redação e expedição do Boletim: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos, Pe. Nelito Nonato Dornelas, a leiga Magda Gonçalves de Melo, e extraordinariamente o Pe. Jaime Jongmans, a quem a Fraternidade confiou os trabalhos de Revisão e atualização do Diretório e Estatuto da Fraternidade, reuniu-se nos dia 19 a 22 de agosto 2019 na casa de Encontros Madre Antônia (Ir. Oblatas do Santíssimo Redentor), em São Paulo.
A programação do encontro foi preparada pelo responsável nacional, de acordo com as sugestões dos membros do conselho.
Iniciamos o encontro com a eucaristia no dia 19 de agosto. Depois do jantar fizemos a apresentação e aprovação da programação do encontro.
Na manhã do dia 20 de agosto, iniciamos com a missa, com laudes, às 7h30. Fizemos a leitura partilhada do texto “Sete Palavras para refletir sobre a gratuidade de Charles Foucauld” (em anexo), e na sequencia um tempo de deserto e meditação individual. Retornamos às 11h30 para a hora de adoração eucarística, que foi até às 12h30. Depois, almoço e descanso. Retornamos às 15h00 os trabalhos, conforme a programação acima. Cada noite tivemos uma atividade diferente.
Na tarde do dia 20 de agosto, fizemos avaliação da caminhada da Fraternidade no Brasil no período 2018/2019
• Trabalhos 1: Leitura e aprovação da Ata de janeiro de 2019
• Trabalhos 2: Avaliação do Retiro Nacional 2019, que aconteceu em Hidrolândia (GO). Foi considerado bem organizado e o conteúdo da pregação de Dom Edson Damian muito bom, inclusive transformou-se num livro, com mais algumas meditações de outros irmãos da fraternidade, que será publicado em breve.
• Trabalho 3: Pe. Carlos e Pe. Didi apresentaram num Power Point, o relatório da Assembleia Internacional - Cebu - Filipinas, contando o que lá aconteceu nos dias 15 a 31 de janeiro de 2019. Ambos participaram representando as fraternidades do Brasil. Pe. Mauricio também participou como membro da Equipe internacional. Eles relataram a importância do encontro com os irmãos de todo o mundo, ao todo 42 irmãos vindos da África, América, Ásia e Europa, cada um com sua cultura, sua história, seu testemunho entre as alegrias e provações, vividos em suas experiências humanas e pastorais. Foi uma bela e preciosa manifestação do espírito de pentecostes, pois todos falamos a mesma língua: a do amor, da solidariedade, da acolhida mútua.
A oração foi uma constante entre nós. Marcante também foi o clima de amizade e oração no qual se fez a eleição do novo responsável internacional, Pe. Eric Lozada, das Filipinas. Logo após sua eleição, ele apresentou o novo conselho internacional (Tony Llanes, das Filipinas, Fernando Tapia, do Chile, Honore Sawadogo, de Burkina Faso e Matthias Keil, da Austria).
Carlos e Didi apresentaram, também, as alegrias, preocupações e nossa solidariedade encaminhadas numa carta, assinada pelo novo responsável internacional, e que foi direcionada ao Papa.
À noite do dia 20 de agosto, Pe. Nelito Dornelas, nos ajudou na análise conjuntural, onde destacou o momento de crise em que o Brasil está vivendo. Foi um tempo bom para partilharmos opiniões e a busca de sentido para nossa vida de oração e ação, diante de um povo que perde sucessivamente seus direitos pelas seguintes causas: do desgoverno causado pela eleição de Bolsonaro, da ultradireita dominando espaços da política no Brasil, da alienação presente no pais, da influência das fake news encabeçadas por um movimento de ordem mundial, voltado para o lucro em detrimento da pessoa humana, e que invadem os países, principalmente o Brasil, neste momento. A
Após a apresentação foi excelente a partilha e colaboração entre todos sobre estes momentos que estamos vivendo, e a busca de perspectivas. Na manhã do dia 21 de agosto continuamos a avaliação com a programação da caminhada da Fraternidade no Brasil no período 2019/2020.
• Trabalhos 4: Programação do Retiro Nacional 2020. O local já está definido. Será na Casa Cordimariana de Encontros e Retiros, em CAUCAIA - CE, nos dias 7 a 14 de janeiro de 2020. O valor de todo o retiro será R$ 980,00 (novecentos e oitenta reais), incluso roupa de cama e banho. O orientador será o Pe. Carlos Roberto dos Santos. A programação do retiro, inclusive com o organograma de atividades, orações e serviços foi apresentada, e aprovada por todos os conselheiros.
• Trabalhos 5: fizemos a avaliação do Mês de Nazaré (MN), que aconteceu na cidade de Goiás em janeiro de 2019. O MN foi considerado muito bom. Bem coordenado e organizado. Foi muito positiva a participação dos padres Carlos, Freddy, Nelito, Dom Eugênio e diácono José Gomes, irmãos que falaram sobre a história e a vida da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas no mundo e no Brasil, sobre orientação aos padres que vivem a espiritualidade do irmão Carlos; sobre a colaboração no presbitério onde moramos, para gerarmos colegialidade presbiteral e unidade e sobre a necessidade de sermos profetas “gritando o Evangelho” com nosso jeito de viver.
Muito positivo também foram os dias de deserto e de encontro com a comunidade local em celebrações e no serviço. Foi sugerido, e aprovado pelo conselho, que mudássemos o coordenador do MN um ou dois anos depois da escolha do responsável nacional, para não coincidir as mudanças de responsáveis ao mesmo tempo. Como Pe. Anchieta já está há sete anos coordenando o MN, e conforme ele mesmo disse, é preciso renovar, foi sugerido Pe. Gildo Gomes para ser o próximo responsável do Mês de Nazaré nos próximos anos. Ele foi consultado e aceitou prestar este serviço à Fraternidade. Agora organizaremos a equipe que trabalhará com ele o MN no Brasil nos próximo seis anos.
Também foi sugerido que o Mês de Nazaré no Brasil aconteça de três em três anos. O motivo são as distâncias territoriais e o custo que acarreta. O conselho aprovou. Ainda avaliando a história da Fraternidade a partir do MN, após um tempo de reflexão, constatamos que perdemos muitas informações e história da Fraternidade, pois não temos, de forma organizada, um arquivo onde são registrados os acontecimentos. Sempre que necessário, precisamos pedir informações aos membros mais velhos, que nos contam de memória, mas nem sempre se lembram de todos os fatos, e as vezes faltam muitos detalhes ao narrarem os fatos.
Por isso, além do secretário da Fraternidade que redige as atas, o conselho achou necessário criarmos um novo serviço: o de Cronista da Fraternidade. Este irmão terá a função de, em cada retiro, em cada MN, redigir a crônica dos acontecimentos. Estas crônicas de cada retiro e de cada MN, acrescidas das atas das Assembleias Nacional, quando houver, e das atas do Conselho Nacional da Fraternidade, que acontece uma vez ao ano, serão redigidas, posteriormente, num livro onde ficará registrado a nossa história.
Na tarde do dia 21 de agosto continuamos a avaliação da caminhada nas fraternidades nas diversas regiões do Brasil.
• Trabalhos 6: Momento de escuta e partilha dos pontos positivos e negativos vivenciados em cada uma das fraternidades espalhadas nas diversas regiões do Brasil. Após fazermos memória dos irmãos que faleceram, a saber: Monsenhor Manoelito da Cruz Brito. Pe Geraldo Lima, Côn. Fioravante Antônio Moreschi, Pe. Martin Peter Huthmann e Pe. Ernesto de Freitas Barcelos. Após, cada responsável de região fez sua partilha a partir das questões:
1ª Como estão as fraternidades?
2ª O que podemos fazer para melhorar?
3ª Como foram os Encontros nos regionais?
E, na ocasião atualizamos as estatísticas das Fraternidades, conforme dados em anexo. (que podem sere encontrados na versão PDF para quem se interessar)
Este ano as Fraternidades do Maranhão e do norte relataram que há dificuldades para um maior engajamento entre os membros. Do leste, que há dificuldades para atrair novos membros e mesmo simpatizantes. As fraternidades do sudeste conseguiram boa organização e atraíram novos membros.
• Ainda nesta tarde do dia 21 avaliamos como aconteceram os encontro/retiros com seminaristas. A fraternidade do Maranhão, Pe. Paulo está acompanhando um grupo de seminaristas que estão muito fiéis à espiritualidade da fraternidade. A região Sudeste organizou em encontro/retiro com seminaristas do Estado de São Paulo, que aconteceu na cidade de Aparecida. O Conego Celso Pedro orientou 5 seminaristas de quatro dioceses na busca de uma espiritualidade inspirada pelo Irmão Carlos. Estiveram presentes na organização Pe. Willians e Pe. Carlos.
• Trabalhos 7: Pe. Jaime Jongmans apresentou o Diretório e o Estatuto da Fraternidade Sacerdotal Jesus + Caritas desde sua primeira edição. Também apresentou as atualizações e acréscimos que teve até nossos dias. Mostrou a necessidade de fazermos algumas revisões por causa de tradução para o português.
Todos concordamos que a edição brasileira do Diretório e Estatuto da Fraternidade deverá ser atualizada e reeditada. Como já era tarde e alguns irmãos precisariam partir na madrugada, adiantamos parte do próximo assunto: Pe. Willians fez uma breve apresentação sobre a contabilidade e Pe. Didi, Magda e Nelito, fizeram uma breve apresentação sobre os boletins, mas ambos assuntos ficaram de ser resolvidos no dia seguinte. Na noite do dia 21 de agosto fizemos uma bela confraternização, com direito a música, bolo e dança, comemorando o aniversário de todos, e também incluímos as irmãs da casa que nos acolheu. Na manhã do dia 22 de agosto celebramos a missa com laudes e continuamos a programação do encontro: finanças e meios de comunicação da fraternidade.
• Trabalhos 9: foi dividido em quatro momentos: no primeiro, o tesoureiro da Fraternidade, Pe. Willians, apresentou detalhadamente, a prestação de contas de janeiro a junho de 2019, e as contas foram aprovadas pelos conselheiros. Ele também lembrou a necessidade da colaboração dos membros à fraternidade, 10% do seu salário mensal, uma vez ao ano. E incentivou os irmãos de todo o Brasil a procurarem fazer sua colaboração no Encontro Regional de sua fraternidade. No entanto também pode ser pagas no Retiro anual.
• No segundo, falamos sobre o site e o blog da Fraternidade, tudo está indo muito bem. Alfieri e Magda estão atualizando constantemente. No entanto, precisamos divulgar mais, acessar mais tanto o site como o blog. Há uma outra versão da oração do abandono que está sendo muito difundida na internet. Pe. Carlos entrou em contato com o site pedindo-lhes para se adequarem, pois a atual oração é fruto de um acordo internacional na família Charles de Foucauld, e no mundo inteiro a rezamos assim, em linguagem culta no mesmo tempo e forma verbal. Aguarda respostas até agora. Por isso Pe. Carlos insistiu para que acessemos mais tanto o site como o blog da fraternidade e façamos mais divulgação da oração do abandono, para que seja mais conhecida.
• No terceiro, Pe. Carlos comunicou sobre as publicações da fraternidade. O livro sobre o retiro de Hidrolândia, que teve como orientador Dom Edson Damian, está pronto, mas ainda está na gráfica para ser publicado. Também comunicou que o pedido de livros da fraternidade deve ser encaminhado diretamente com o Bizon. Sobre o livro “os Meios para uma espiritualidade presbiteral”, ficou definido que devemos encaminhar uma revisão e publicá-lo novamente. Quanto ao livro “cantando a vida em fraternidade”, ele está sendo revisto e vai ser reeditado, mas será vendido. Por fim comunicou as informações encaminhadas pela Assembleia internacional sobre o Mês de Nazaré. A primeira parte já está aprovada e a segunda ainda o será. Pe. Carlos providenciará a tradução e a encaminhará ao Pe. Gildo, novo responsável do Mês de Nazaré.
• No quarto momento, a equipe de redação e de expedição (Didi, Magda e Nelito) do Boletim das Fraternidades, edição pró manuscrito da Fraternidade Sacerdotal Jesus + Caritas no Brasil, apresentou as dificuldades que estão tendo para conseguir cumprir a programação e fazer as três edições anuais. Foram apresentadas diversas propostas sobre como melhorar. Partilhamos, discutimos, e por fim todos concordamos que devemos continuar fazendo três edições do boletim a cada ano, sendo:
✓ Primeiro Boletim em março/abril, contendo três sessões em 84 – 92 páginas: a 1ª com informações sobre o Retiro Anual, sobre o Mês de Nazaré se houver, sobre as Assembleias nacional, Panamericana ou internacional, se houver, a 2ª com ao menos um artigo sobre o Irmão Carlos de Foucauld, e a 3ª contendo informações sobre a programação da Fraternidade, como local e a data onde serão os encontros estaduais, retiro de seminaristas e só a data do próximo retiro anual.
✓ Segundo Boletim em julho/agosto, contendo três sessões em 52 – 60 páginas: a 1ª com testemunhos e experiências dos irmãos e irmãs que vivem a espiritualidade foucauldiana, a 2ª com ao menos um artigo sobre o Irmão Carlos de Foucauld, e a 3ª contendo informações sobre a Fraternidade, principalmente o local e a data onde será o Retiro anual, com detalhes sobre onde farão a inscrição, como chegar ao local etc. e outras datas da fraternidade.
✓ Terceiro Boletim em dezembro/janeiro, contendo três sessões em 52 – 60 páginas: a 1ª com artigos sobre Foucauld ou a fraternidade escritos por irmãos e irmãs de nossa fraternidade ou compilados de um livro ou da internet, a 2ª com um artigo do Irmão Carlos de Foucauld, e a 3ª contendo informações sobre a Fraternidade, principalmente o local e a data onde será o Retiro anual, com detalhes sobre onde farão a inscrição, como chegar ao local etc. e outras datas da fraternidade.
Foi sugerido, e aceito, que todo boletim contenha textos escritos pelos próprios irmãos das fraternidades, sobre a nossa espiritualidade. Mudaremos a apresentação como formato de revista: primeira página, contra capa com agenda e nomes da equipe de editoração e dos colaboradores daquele número.
No momento de comunicados, ficou acertado que publicaremos um pequeno livreto contendo os textos Tríduo do Irmão Carlos, e os textos e orações da Missa do Irmão Carlos para serem celebrados nas proximidades do dia 1ª de dezembro. Carlos e Willians vão encaminhar os textos, e Anchieta encaminhará a publicação. Também faremos a confecção de camisetas polos com o coração da fraternidade, e algumas estolas em tecido com o coração da fraternidade e o escrito Jesus Caritas, ambas para serem vendidas. Pe. Carlos falou sobre a mensagem do responsável internacional, Eric Lozada, que nos comunica a reunião da equipe internacional em outubro próximo, e nos pede para lhe enviar notícias, preocupações significativas, sugestões e fatos relevantes que estejam acontecendo em nossas fraternidades. Pe. Carlos vai enviar (para tal) o relatório deste nosso encontro para o responsável pan-americano Fernando Tapia, que é membro da equipe internacional. O próximo encontro deste conselho ficou nos dias 17 a 20 de agosto de 2020, em São Paulo, mas o local ainda será definido.
Por uma Igreja com rosto amazônico, pobre e servidora, profética e samaritana
1. Assumir, diante da extrema ameaça do aquecimento global e da exaustão dos recursos naturais, o compromisso de defender em nossos territórios e com nossas atitudes a floresta amazônica em pé.
2. Reconhecer que não somos donos da mãe terra, mas seus filhos e filhas, formados do pó da terra (Gn 2, 7-8), hóspedes e peregrinos (1 Pd 1, 17b e 1 Pd 2, 11), chamados a ser seus zelosos cuidadores e cuidadoras (Gn 1, 26).
3. Acolher e renovar a cada dia a aliança de Deus com todo o criado (Gn 9, 9-10 e Gn 9, 12-17).
4. Renovar em nossas igrejas a opção preferencial pelos pobres, em especial pelos povos originários, e junto com eles garantir o direito de serem protagonistas na sociedade e na Igreja.
5. Abandonar, como decorrência, em nossas paróquias, dioceses e grupos toda espécie de mentalidade e postura colonialista, acolhendo e valorizando a diversidade cultural, étnica e linguística num diálogo respeitoso com todas as tradições espirituais.
6. Denunciar todas as formas de violência e agressão à autonomia e direitos dos povos originários, à sua identidade, aos seus territórios e às suas formas de vida.
7. Anunciar a novidade libertadora do evangelho de Jesus Cristo, na acolhida ao outro e ao diferente, como sucedeu com Pedro na casa de Cornélio. (At 10, 28).
8. Caminhar ecumenicamente com outras comunidades cristãs no anúncio inculturado e libertador do evangelho, e com as outras religiões e pessoas de boa vontade, na solidariedade com os povos originários, com os pobres e pequenos, na defesa dos seus direitos e na preservação da Casa Comum
9. Empenhar-nos no urgente reconhecimento dos ministérios eclesiais já existentes nas comunidades, exercidos por agentes de pastoral, catequistas indígenas, ministras e ministros e da Palavra, valorizando em especial seu cuidado em relação aos mais vulneráveis e excluídos.
10. Tornar efetiva nas comunidades a nós confiadas a passagem de uma pastoral de visita a uma pastoral de presença, assegurando que o direito à Mesa da Palavra e à Mesa de Eucaristia se torne efetivo em todas as comunidades.
11. Reconhecer os serviços e a real diaconia do grande número de mulheres que hoje dirigem comunidades na Amazônia e procurar consolidá-los com um ministério adequado de mulheres dirigentes de comunidade.
12. Buscar novos caminhos de ação pastoral nas cidades onde atuamos, com protagonismo de leigos e jovens, com atenção às suas periferias e aos migrantes, aos trabalhadores e aos desempregados, aos estudantes, educadores, pesquisadores e ao mundo da cultura e da comunicação.
13. Assumir diante do consumismo um estilo de vida alegremente sóbrio, simples e solidário com os que pouco ou nada tem; reduzir a produção de lixo e o uso de plásticos, favorecer a produção e comercialização de produtos agroecológicos, utilizar sempre que possível o transporte público.
14. Colocar-nos ao lado dos que são perseguidos pelo profético serviço de denúncia e reparação de injustiças, de defesa da terra e dos direitos dos pequenos, de acolhida e apoio a migrantes e refugiados.
15. Cultivar amizades verdadeiras com os pobres, visitar as pessoas mais simples e os enfermos, exercitando o ministério da escuta, da consolação e do apoio que trazem alento e renovam a esperança.
Catacumbas de Santa Domitila Roma, 20 de outubro de 2019
RETIRO ANUAL EM 2020 – CAUCAIA (Carta convite do Responsável Nacional)
Caros irmãos das Fraternidades no Brasil
A graça e a paz em nosso Bem Amado irmão e Senhor Jesus! Foi olhando e contemplando sem cessar o bem Amado Jesus durante o trabalho cotidiano; adorando-o no Santíssimo Sacramento durante as noites e colocando-o sempre em primeiro lugar, que o Irmão Carlos nos ensinou amar e imitar a Jesus de Nazaré, perdidamente, e deixar fluir, iluminar este grande amor de Deus e de Jesus sobre os homens. “A Fraternidade é o lugar onde fazemos juntos, o aprendizado da oração, e onde, à luz do Evangelho, interpelamo-nos na verdade, com coragem, sem duplicidade, para descobrir os apelos do Senhor. Esta experiência da diversidade abre-nos ao universal” (Ir. Carlos). É neste espírito fraterno que venho, com muita alegria, convidá-lo para participar do Retiro Anual da Fraternidade Sacerdotal Jesus + Caritas, que promovemos todos os anos para aprofundar a nossa espiritualidade e estreitar laços entre os irmãos.
Início:
07 de janeiro de 2020, terça- feira, às 18h00, com a Celebração Eucarística. (Pode-se chegar ao longo do dia, mas neste caso é necessário confirmar com a Ir. Regina Rosa no Telefone (85) 3342 0906 ou 99997-7845)
Término:
14 de janeiro de 2020, terça-feira, com o almoço.
Orientador:
Pe. Carlos Roberto dos Santos
Local:
Casa Cordimariana de Encontros e Retiros - CAUCAIA - CE
Hospedagem
:R$ 950,00 (novecentos e cinquenta reais) incluso roupa de cama e banho
Levar:
Ofício Divino das Comunidades e Bíblia
Por favor, fazer a inscrição e me enviar até o dia 30 novembro 2019, no email: fsjcbrasil@gmail.com para organização do evento.
Por favor, fazer a inscrição e me enviar até o dia 30 novembro 2019, no email: fsjcbrasil@gmail.com para organização do evento. Convidem também outros irmãos que queiram participar conosco: simpatizantes da espiritualidade de Nazaré, seminaristas teólogos, irmãos(as) consagrados(as) e leigos(as) ligados à espiritualidade de Foucauld.
Fraternalmente, em Cristo Jesus, nosso bem amado irmão e Senhor,
OUTRAS DATAS
Reunião do Conselho da Fraternidade Data: Dia 17 a 20 de agosto 2020 Local: a definir, em São Paulo
Próxima Assembleia Pan Americana Data: 20 a 24 de setembro de 2021 Local: Argentina Participantes: a escolher oportunamente.
INDICAÇÃO DE LIVROS
Teologia em saída para as periferias, Francisco de Aquino Júnior. Ed Paulinas, 2019.
Os ventos sopram do sul, Agenor Brighenti (Org). Ed Paulinas, 2019.
O laicato na Igreja e no mundo, Agenor Brighenti, Ed Paulinas, 2019.
INDICAÇÃO DE SITES
https://sites.google.com/site/jesuscaritascarlosdefoucauld https://gritaroevangelho.blogspot.com/
www.vatican.va blog:www.hermanitasdejesus.org/brasil/brasilnuestrahistoria.htm htpp://www.ihu.unisinos.br htpp://www.cartacapital.com agencia.ecclesia.pt portalcatolico.org.br
INDICAÇÃO DE FILMES
Filme: Cafarnaum Cafarnaum conta a história de Zain, um garoto que carregava muito mais responsabilidades do que uma criança de 12 anos deveria ter. Quando a irmã de 11 anos, foi forcada a se casar com um homem mais velho, ele fugiu de casa e passou a viver nas ruas, conhecendo a realidade de outras crianças e refugiados. Filme libanês.