BOLETIM 109

-2001

BOLETIM 109 DE 2001

INTRODUÇÃO

 

          A Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas edita regularmente um Boletim formativo e informativo para o uso de presbíteros diocesanos e todos os que se sintonizam com a espiritualidade do Padre de Foucauld, o Irmão Carlos de Jesus. Foram feitas duas edições do nrº 109, que se esgotaram rapidamente. Dado o interesse, os membros da Fraternidade acharam que poderia ser útil fazer uma publicação em forma de “livro” e colocá-la no comércio à disposição se quem se interessar. 

Trata-se de uma apresentação da Fraternidade. O texto foi elaborado a partir da experiência brasileira e de apresentações feitas pelas fraternidades dos Estados Unidos, do Canadá, da França e da Espanha. Certamente há coisas que não precisavam ser escritas e coisas que deveriam aparecer e não aparecem. Continua, pois, sendo um texto provisório, isto é, incompleto, porque a vida das fraternidades é muito mais do que um texto escrito. 

Não é uma propaganda. É uma apresentação de como padres seculares procuram exercer seu ministério no espírito do Ir. Carlos de Jesus. Olhamos com o Ir. Carlos para onde ele olha, para Cristo e para os irmãos e irmãs. A proposta é simples e se reveste de muita simplicidade. Pouca estrutura, vontade de estar junto, apoio mútuo, presença gratuita e despretensiosa, estar com Jesus no último lugar. O grito transformador do evangelho se faz com a própria vida. Não queremos ser sentinelas adormecidas. Velamos atentamente em favor do mundo diante do Senhor sacramentado.

 

Côn. Celso Pedro da Silva

 

APRESENTAÇÃO 

 

 

Na 42ª Assembléia Geral da CNBB de 2004, os Bispos publicaram “A carta aos Presbíteros”. Esta iniciativa a criação de Fraternidades Presbiteriais (n.º 27). Existem vários tipos de fraternidades, cada uma marcada por uma espiritualidade própria. A Fraternidade Sacerdotal “Jesus+Caritas” reúne padres seculares na linha das intuições de Carlos de Foucauld. 

          A centralidade destas fraternidades é a amizade pessoal com Jesus na escuta de sua Palavra. O membro destas é chamado a se entregar à vontade de Deus, abandonando-se nas mãos do Bem Amado. Procura imitar Jesus na vida simples de Nazaré. Prega mais pelo testemunho do que pelas palavras. “Grita o Evangelho com a própria vida”, como dirá o irmão Carlos. 

          A Fraternidade Sacerdotal “Jesus+Caritas” propõe  um caminho de santidade para os presbíteros. Reúne alguns padres uma vez por mês  para um dia de oração e de revisão de vida à Luz da Palavra. A celebração eucarística e a adoração silenciosa diante do Santíssimo alimentam a espiritualidade dos irmãos.

           Num mundo marcado por tanta solidão e isolamento, é importante que os padres se encontrem para partilhar a suas alegrias e tristezas, suas angústias e esperanças. Possam experimentar uma nova qualidade de relacionamento humana, feita de confiança e solidariedade.

           A Fraternidade ajuda a manter firme o ideal da vida sacerdotal: a caridade pastoral. Com  os irmãos que fizeram o mesmo compromisso, os padres da fraternidade se apoiam mutuamente para serem bons pastores  que dão a vida pelas suas ovelhas. 

           Este livrinho sobre a “Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas” coloca as grandes linhas da espiritualidade destes grupos. Possa ele suscitar a criação de novas fraternidades e assim ajudar os presbíteros no caminho da santificação e do compromisso com os mais humildes.

 

+ Eugène Rixen

Bispo de Goiás

1. A FRATERNIDADE SACERDOTAL JESUS+CARITAS

 

          A Fraternidade Sacerdotal nasceu da procura de um grupo de padres seculares na linha das intuições de Carlos de Foucauld. Diversas famílias já tinham nascido dessas intuições, em particular os Irmãozinhos de Jesus. Mas o aspecto propriamente religioso não convinha a padres que queriam permanecer diocesanos. Assim nasceu em 1951 a União Sacerdotal Jesus+Caritas que, em 1976, tomou o nome de Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas.

          A irradiação da personalidade humana e evangélica do irmão Carlos e sua aventura espiritual e evangelizadora estão na origem da fraternidade e continuam hoje como inspiradoras de uma forma evangélica de viver a vida e o ministério presbiteral. As intuições de Carlos de Foucauld se revelaram simples e fecundas para a nossa época. Nada perderam de sua atualidade. A fraternidade continua despertando interesse entre os padres no mundo todo. Conta atualmente com 4 mil membros. 

          Os aspectos característicos do carisma de Carlos de Foucauld encontram-se no amor a Jesus, ouvido no evangelho, adorado na eucaristia; na fraternidade universal; no desejo de proximidade com os mais deserdados; na preocupação com os mais afastados; no trabalho com meios pobres; na vontade de ser padre em estrita união com o povo, o presbitério e o bispo.         São, pois, núcleos da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas: 

          a) A consciência da gratuidade do Amor de Deus, que leva a uma resposta agradecida no amor a Deus por Ele mesmo. 

          b) A amizade pessoal com Jesus na escuta de sua plavra: "voltemos sempre ao Evangelho"; no intento inacabado e sempre recomeçado do seguimento-imitação, pois segui-lo é imitá-lo em tudo. É instintivo, é necessário: "quando se ama, se imita..."; na adoração eucarística: "A sagrada eucaristia, é Jesus, todo Jesus"; no irmão, especialmente no mais abandonado: "Ver Jesus em qualquer ser humano". 

  

          c) A reconciliação conosco mesmos: Na aceitação sincera e serena de nossa pessoa com nossos valores e limitações: "Pai, a vós me abandono"; numa vida fraterna: "Fazer-me chamar de irmão e não de padre..."; num olhar contemplativo de toda a realidade: "Recebamos todo sofrimento como um presente da mão do Bem-amado". d) Um estilo próprio no modo de evangelizar: Na imitação da vida simples de Jesus de Nazaré. Grita-se o Evangelho com a vida na amizade e na bondade; num dinamismo voltado para os mais abandonados: "E tenho que fazê-lo, pelos esquecidos, pelos mais abandonados"; na pobreza dos meios pobres: "Tomastes o último lugar, e ninguém jamais poderá tirá-lo de vós”.

          Em suma: "Toda a nossa vida, por muda que seja, a vida de Nazaré, a vida de deserto, como a vida pública, deve ser uma pregação do Evangelho com o exemplo; toda nossa existência, todo nosso ser deve gritar o Evangelho sobre os telhados...".

 

          Para realizar o que buscamos, empregamos os “meios” da fraternidade: 

          a) Dia de fraternidade - Encontro mensal em pequenas fraternidades estáveis de 5 ou 6 padres, que se querem como irmãos, se assumem mutuamente, expressam-se livremente e se interpelam fraternalmente, para fazer o aprendizado da oração, para celebrar na eucaristia o que faz a vida das pessoas hoje.

          b) Dia de deserto, cada mês.

          c) Retiro nacional, uma vez ao ano.

          d) Mês de Nazaré, ao menos uma vez na vida. 

          e) Tempo de oração pessoal diário diante do Santíssimo. 

          f) Um diretório comum, no respeito às legítimas diferenças. 

          As funções na fraternidade são assumidas sem prejuízo das funções diocesanas. Há um mínimo de estrutura que supõe coordenações nacionais e internacionais, bem como uma caixa comum em diversos níveis. A ligação entre as fraternidades se faz por meio de boletins nacionais e internacionais.

 

2. VIVER EM FRATERNIDADE

 

          “Por causa de Cristo e do Evangelho”, é o lema das fraternidades. Isto significa que o nosso compromisso é com Cristo e com todas as pessoas deste mundo, num espírito de fraternidade universal. Nosso compromisso consiste em procurar ser irmão um do outro. 

Formar fraternidade e viver em fraternidade significa estender pontes e encurtar distâncias. Significa buscar com renovado ardor uma nova qualidade no relacionamento humano. Soa aos nossos ouvidos a palavra de Jesus em Marcos: “Entre vós não será assim” (Mc 10, 43) porque vocês vão colocar sinais do reino no tempo da humanidade, vocês vão mostrar ao mundo o que é uma sociedade sem dominações. Na esperança, começamos o que queremos que aconteça. Por isso tentamos viver fraternidade com os padres, nossos próximos mais próximos, com os quais carregamos o mesmo peso do dia. Nosso ministério é um ministério de reconciliação. Na cruz, Cristo mata em sua pessoa a inimizade e derruba o muro de separação que afasta uns dos outros (cf. Ef  2,14-22). Vivendo em fraternidade testemunhamos de forma visível as possibilidades do amor. Certamente, todo problema humano se concentra na dificuldade de relacionamento. Fraternidade significa caminhar no sentido contrário, estabelecendo um novo tipo de relacionamento. 

O propósito de uma fraternidade vai além da simples convivência ou de discussões teológicas e pastorais. Em fraternidade, os irmãos buscam entrar em sintonia com Jesus que veio realizar a vontade do Pai. Cada fraternidade se organiza de acordo com as necessidades de seus membros, mas dois pontos precisam ser levados em consideração: O grupo deve dar tempo ao tempo para que cada um se sinta à vontade e se superem os mecanismos de defesa que bloqueiam os relacionamentos. O segundo ponto é a estabilidade do grupo. Sem a estabilidade dos membros é difícil chegar a um nível razoável de confiança. A fraternidade “não funciona” se em cada encontro o grupo é diferente. A estabilidade de cinco a seis membros se faz necessária. 

 

3. O DIA DE FRATERNIDADE

 

É no dia de fraternidade que se dá a “graça do encontro”. Os irmãos se sentem solidários uns com os outros, por isso participam do dia de fraternidade. Não se trata de mais uma reunião. É um momento forte e um momento fonte. Há irmãos que fazem longas viagens para não perder o dia de fraternidade. 

Na prática, o encontro acontece uma vez por mês. Uma freqüência menor pode enfraquecer a qualidade da reflexão do grupo. Maior freqüência se torna pastoralmente impraticável. Normalmente os irmãos se encontram no início da manhã e permanecem juntos até ao cair da tarde. Outros preferem começar na véspera, considerando a noite e a madrugada, tempo mais oportuno para a oração. Há grupos que começam com um tempo de solidão, outros com uma conversação ou uma refeição em comum. Um esquema interessante de Dia de Fraternidade para os que moram próximos uns dos outros é começar às 15 h. 15.30 adoração. 16.40 revisão. 18 h vésperas e missa. 19 h lanche. 19.30 estudo e comunicações. 21 h partida. Seja qual for a distribuição do horário, o esquema básico consta sempre de adoração, revisão de vida, meditação do Evangelho. 

O que se espera é que o grupo tenha consciência da importância de se estar junto. Habitualmente esse dia é reservado com meses de antecedência, dando-lhe alta prioridade. Cada um procura chegar ao encontro tendo feito anteriormente uma preparação para a revisão de vida num dia de deserto. Essa preparação demonstra a seriedade com a qual se toma esse tempo de graça. A fraternidade encontra-se com Jesus no silêncio, na Palavra, no mistério eucarístico, e na vida e no ministério de cada um. A estrutura do dia visa a criar um clima no qual tudo isso possa acontecer. 

Uma das tarefas do responsável da fraternidade é lembrar os irmãos na ante-véspera o compromisso do encontro. Mas, o importante mesmo é que cada um tenha o dia reservado. 

 

4. O DIA DE DESERTO

 

O termo “deserto” vem da espiritualidade do irmão Carlos e é um tema clássico na história da espiritualidade cristã. O dia de deserto se entende como “dia de solidão”. O membro da fraternidade procura passar um dia de ao menos seis horas, cada mês, completamente à parte de tudo, a sós com o Senhor, de preferência sem nenhum material de leitura ou outras ajudas espirituais. É de grande utilidade começar na noite anterior e passar o dia seguinte em solidão. Os que são fiéis à prática do dia de deserto, descobrem o imenso benefício que ele traz para sua vida cristã e ministerial. A oração do dia consiste na entrega do nosso tempo a Deus, reconhecendo-o como o Absoluto de nossa vida. O deserto é um intenso despojamento em vista do essencial, juntamente com um forte sentido da presença de Deus e sua adoração. É uma experiência de esvaziamento de nós mesmos e experiência de que só Deus é o Absoluto de uma vida. Suspendendo nossas atividades, experimentamos a própria pobreza e a total dependência do Senhor. Experimentamos nossa fragilidade, nossa situação de criaturas. O deserto é freqüentemente um lugar de tentação. Alguns irmãos são tomados de melancolia, de desolação interior, de aridez. É então que sentimos a aguda necessidade do Espírito Santo para perseverarmos com coragem, apesar da nossa fraqueza, e permanecermos fiéis. Humanamente falando, a maior tentação pode ser a procura de resultados imediatos do dia de deserto. 

O deserto não é primeiramente um lugar físico. No entanto, quanto mais simples e sem distrações o ambiente, mais favoráveis as condições para um dia proveitoso. Isso é importante como é importante entrar no dia com o espírito aberto e generoso. Alguns procuram um sítio, outros vão a uma praia deserta ou fazem longas caminhadas. Outros simplesmente ficam num quarto vazio onde passam o dia. Nossa revisão de vida é preparada em oração no dia de deserto, refletindo e interpretando na fé a atual compreensão de nossa vida espiritual.

 

5. MÊS DE NAZARÉ

 

O mês de Nazaré oferece aos irmãos uma experiência mais ampla e mais profunda da vida de fraternidade. É uma oportunidade para se por em prática os valores e os meios da fraternidade. O mês pretende ser a ocasião para se experimentar de forma intensa e comunitária o que a fraternidade se propõe. Por isso o ambiente de simplicidade, de silêncio e oração contemplativa, de meditação da palavra, de co-responsabilidade na revisão de vida feita com tempo e atenção, do estudo da vida do irmão Carlos e do diretório da fraternidade, do trabalho manual no espírito de Nazaré. No Brasil, fazemos o retiro anual no início de janeiro. Os que fazem o mês de Nazaré participam desse retiro e continuam até o fim do mês, normalmente no mesmo lugar. O mês permanece um ideal para todos os membros da fraternidade. Sabendo que a fraternidade e a região se enriquecem quando um de seus membros participa do mês, é necessário que haja um esforço comum para apoiar financeiramente o padre participante e dar-lhe oportunidade de se ausentar de seu lugar de trabalho. A participação no mês é imprescindível para que alguém seja membro pleno da fraternidade sacerdotal. A organização pessoal também se faz necessária. Prever ao longo do ano os possíveis gastos e substituto, se for o caso. Participar do mês é uma boa e salutar maneira de se passar as férias. 

          As intuições do irmão Carlos e os meios propostos pela fraternidade precisam ser experimentados com tempo e com os irmãos que partilham os mesmos ideais. O mês de Nazaré faz com que a fraternidade adquira dimensões universais e não seja mera teoria. Estamos ligados a uma família e é preciso “comer um quilo de sal juntos” para dizer que sabemos conviver. A convivência prolongada aproxima os irmãos e universaliza o carisma. Nesse tempo de oração e convivência, nós nos descobrimos na mesma caminhada e nos tornamos uns aos outros estímulo e apoio. Sei que não estou sozinho nesta aventura. Há outros com as mesmas convicções fazendo o mesmo percurso.

 

6. MEDITAÇÃO DO EVANGELHO

 

A Escritura desempenha um papel muito importante na fraternidade. Irmão Carlos aproximou-se da palavra de Deus com simplicidade e esperança. Os membros da fraternidade dedicam aproximadamente quinze minutos por dia à leitura meditada das Escrituras. Esse contato com Jesus em sua palavra leva naturalmente à contemplação e à adoração. Rezar com as escrituras faz parte da vida de oração de cada um e a partilha em comum do evangelho é parte integrante do dia de fraternidade. A leitura meditada não é um exercício exegético de compreensão intelectual, embora isso às vezes possa ser necessário. Meditar a palavra é antes colocar-se atentamente à escuta do que o Senhor diz, “pois o Senhor não faz coisa alguma sem revelar o seu segredo a seus servos, os profetas” (Am 3,7) 

A fraternidade é de grande ajuda para se viver o evangelho, para não tratá-lo como propriedade nossa, para levá-lo a sério em sua mensagem de amor, de simplicidade e de pobreza, porque estamos caminhando com irmãos que se empenham na fé para viver a radicalidade da palavra revelada. Até mesmo quando falhamos, a fraternidade nos ajuda a ver a falha à luz do amor de um Deus resgatador. Falamos de evangelho por seu lugar privilegiado na vida da Igreja, sem, porém, excluir o conjunto das Escrituras porque “são elas que dão testemunho de mim” (Jo 5,39).

Como meditar as escrituras em fraternidade depende de cada grupo. Alguns lêem juntos um trecho escolhido. Depois se separam permanecendo em meditação silenciosa durante um certo tempo. Retornam e partilham o fruto da palavra numa reflexão orante. A partilha em fraternidade é um ato de contemplação da Palavra que ilumina nossas vidas e fala ao íntimo de cada um de nós. Seja qual for o meio que encontramos para deixar a palavra nos falar, estamos sempre atentos à exortação do irmão Carlos: “Voltemos ao evangelho; se não vivermos o evangelho, Jesus não vive em nós”. 


7. ADORAÇÃO EUCARÍSTICA

 

A Eucaristia, presença viva de Jesus, foi o centro da vida do irmão Carlos. Somos presbíteros e presidimos a oração eucarística do povo de Deus. Lidando com os mistérios da fé, podemos fazer uma experiência pessoal do mistério pascal de Jesus, transformando-o no ritmo e na pulsação de nossas vidas e do nosso ministério. Esta experiência se faz primordialmente na celebração da missa, a oração do corpo ressuscitado de Cristo, e no serviço ministerial prestado ao povo de Deus. A fraternidade nos convida a permanecer nesta misteriosa presença em adoração silenciosa e contemplativa. Para o irmão Carlos, o mistério central da eucaristia era claro e profundo: Jesus dando sua vida por seu povo. Esta oferta única se torna presente de forma simbólica, mas eficaz na simplicidade de nossa presença silenciosa diante de Jesus. A hora passada em atenta oração na presença eucarística prepara e prolonga a liturgia da missa com o povo de Deus. René Voillaume assim descreve essa realidade: "Viver da eucaristia significa entregar-se pelo povo e tornar-se para ele, no amor e na contemplação eucarística, um alimento digno”. Na mesma linha das convicções do irmão Carlos, os membros da fraternidade consideram o tempo dedicado à adoração como integrante do dia de trabalho. A adoração faz parte do programa do dia. A ela não se destina o tempo que sobrar, se sobrar. Uma hora diante do Santíssimo, cada dia, faz parte do programa diário dos membros da Fraternidade. A experiência de Deus na vida do irmão Carlos foi tão marcante que ele compreendeu que não poderia viver a não ser para Deus. Estar junto de Deus seria uma atitude lógica e coerente se não fosse antes de tudo uma atitude de amor e amizade. Jesus é muito real para o irmão Carlos. Ele nutre por seu Bem-Amado Senhor Jesus uma amizade afetiva que o leva a querer estar junto dele, em sua presença. Nossa presença diante do Santíssimo quer ser essa presença de amor e amizade. A presença não é sensível, é por vezes árdua, mas é na perseverança corajosa que algo novo começa a acontecer em nossa vida. É preciso experimentar. 

  

8. REVISÃO DE VIDA

 

A revisão de vida ocupa um lugar central na fraternidade. De forma disciplinada e deliberada, ela nos ajuda a discernir a sintonia de nossa vontade com a vontade de Deus, de nossas decisões com o desígnio de Deus para o mundo. O princípio teológico fundante da revisão de vida está bem expresso na Gaudium et Spes 11: “O povo de Deus, levado pela fé com que acredita ser conduzido pelo Espírito do Senhor, o qual enche o universo, esforça-se por discernir nos acontecimentos, nas exigências e aspirações, em que participa juntamente com os homens de hoje, quais são os verdadeiros sinais da presença ou da vontade de Deus. Porque a fé ilumina todas as coisas com uma luz nova, e faz conhecer o desígnio divino acerca da vocação integral do homem e, dessa forma, orienta o espírito para soluções plenamente humanas”. A revisão de vida apóia-se em duas verdades fundamentais: (1) Deus age na história e de forma marcante em determinados acontecimentos de nossa vida. (2) O Espírito Santo se deixa contemplar nos relacionamentos humanos, porque “Deus é o Amor com que amamos nosso irmão”, no dizer de Santo Agostinho. 

A intuição do irmão Carlos sobre a qualidade salvífica da vida de Jesus em Nazaré lança uma nova luz sobre o valor dos gestos mais simples da vida. Nazaré é o ordinário e o oculto de tudo o que faz o nosso dia a dia. É aí que encontramos Jesus. Em cada acontecimento, mesmo confuso e cheio de contradições, Deus nos chama a descobri-lo, a caminhar com ele, muitas vezes sem saber para onde estamos indo. 

          A Revisão de Vida não se faz sobre generalidades nem pretende ser uma análise psicológica de uma situação. Não se trata de fazer um  exame de consciência detalhado e sim um exame orante da obra de Cristo em nós. É na realidade um esforço comum de discernimento sobre um acontecimento concreto, uma decisão a ser tomada, uma nova oportunidade que se abre para alguém. A revisão em fraternidade é, em última análise, um ato contemplativo da ação do Espírito Santo em nós. 

  

          Por causa da dimensão profundamente contemplativa da revisão de vida, devemos prepará-la bem na oração. Deve ser preparada no dia de deserto e na hora de adoração que precede a revisão. Expor à fraternidade, sem a devida preparação, acontecimentos da própria existência diminui drasticamente as possibilidades de uma revisão frutuosa. A revisão corre o risco de se tornar mera exposição de fatos, sem conexão e sem substrato, e corre o risco mais grave de gerar desentendimentos por juízos sem fundamento. Permanecemos na superfície sem ler a vida por dentro.

          Cada fraternidade tem seu modo próprio de fazer revisão. Em geral, cada um, sem ordem especial, apresenta brevemente o que preparou no dia de deserto ou durante algum outro tempo de oração. Os demais oferecem seu apoio e dispõe-se a ajudar o irmão com esclarecimentos, questionamentos, e até provocações. A revisão supõe que quem a faz queira ser questionado para libertar-se de ilusões e falsas seguranças. É importante que o irmão em revisão diga o que precisa e o que espera do grupo naquele momento. O tempo deve ser distribuído de modo que todos tenham oportunidade de expor sua situação, mas pode acontecer que um irmão necessite de mais tempo e até de todo o tempo. É natural que no início haja uma certa ansiedade. Podemos ter medo de não sermos aceitos como somos. Podemos pensar que nada temos a oferecer aos nossos irmãos. Podemos ter medo de ofender alguém. Tudo isso será gradualmente superado. Com atenção e reverência para com cada um, ajudamo-nos a viver a liberdade para a qual o Senhor nos libertou. 

          A revisão alimenta o desejo de abertura e transparência, levando o irmão a entender mais profundamente e a escolher mais livremente o amor a Deus e o seguimento de Jesus com crescente generosidade. Entrando numa fraternidade, estamos dizendo que necessitamos dos outros, que não somos autossuficientes. Não queremos impedir que os irmãos confiem em nós e nos ajudem. Nossa fé na presença de Cristo e de seu Espírito em nosso meio nos ajuda a compartilhar com os irmãos nossos próprios sentimentos e nossas intuições, por mais defasados que possam parecer. Havendo confiança, a revisão se realiza. 

 

9. POBREZA 

 

Na Fraternidade não emitimos votos, nem o da pobreza, mas aceitamos os desafios do Evangelho. Vivendo num continente empobrecido e numa nação de profundos contrastes sociais, não somos ricos, mas também não vivemos na insegurança do dia a dia. Num pais onde é possível passar num mesmo dia da idade da pedra lascada à da alta tecnologia, reconhecemos que a pobreza material está subordinada às legítimas obrigações de nosso ministério presbiteral. O exercício do ministério no contato direto com a vida do nosso povo nos leva a distinguir entre a pobreza como virtude e a pobreza como desgraça social. Estamos convencidos de que o ponto de partida para a vivência da pobreza como virtude está na liberdade interior, liberdade do coração, que nos torna generosos servidores num mundo de contradições. Conseqüentemente, o carisma do Irmão Carlos nos leva ao compromisso efetivo com os empobrecidos, os menos amados, os esquecidos e excluídos. A consciência do mundo dos pobres na Fraternidade Internacional mantém viva a sensibilidade de cada irmão e é um constante desafio para todos.

A Fraternidade nos ajuda a não escolher lugar, a aceitar o que ninguém quer, a estarmos disponíveis quando precisam de nós. Nossa pobreza de padres seculares não está circunscrita a um lugar geográfico. A pobreza, em última análise, está em nós, em nossas limitações, e a vivência da pobreza como virtude não depende de onde moramos, mas das pontes que somos capazes de lançar a partir do nosso lugar. Nós mesmos estamos pobremente equipados para realizar a missão de Jesus na terra e os meios de que dispomos são pobres por opção. 

A fraternidade ajuda também um irmão a discernir sobre o uso do dinheiro. Não se trata de pedir permissão para gastos, mas de questionar ou ao menos de se interrogar sobre a validade de certos gastos. Nesta dimensão da espiritualidade, a vida do Irmão Carlos permanece uma fonte de intranqüilidade e desconforto, verdadeiro estímulo para a liberdade.

 

10. LAZER

 

          Os rodeios estão na moda. Há cidades que se projetam pela celebração de rodeios com grande concurso de povo e de celebridades. Nossos irmãos dos Estados Unidos usaram a expressão para uma prática que poderia ser interessante também entre nós. Chamaram de “rodeio” um tempo sadio de lazer. Que nome teria entre nós?

Eis um verso de salmo muitas vezes repetido para animar a vida comunitária: “Como é bom e agradável o convívio entre irmãos”. Para tornar a fraternidade uma experiência atual de companheirismo e partilha, é saudável organizar um ambiente de recreação para que os padres possam passar um tempo com seus colegas de qualquer parte do país em atividades como futebol, vôlei, natação, pingue-pongue, caminhadas, cartas, bate papo. Mas cada dia é marcado com uma hora diante do Santíssimo Sacramento, com a celebração da Liturgia das Horas e da Eucaristia. São férias simples, no espírito do Irmão Carlos, e a vida de fraternidade é exemplificada para alguém interessado em participar de algum grupo. 

          Esse tempo de lazer é benéfico para a própria fraternidade na revitalização de seus membros e na propaganda. É uma oportunidade para convidar outros padres que entrarão de forma agradável em contato com a fraternidade. Depois os levaremos ao deserto! Se trabalhamos com meios pobres numa sociedade de competição e poder, podemos também organizar um tempo de lazer sadio numa sociedade permissiva que afeta a todos nós. A organização do lazer é parte do trabalho pastoral. Jesus levava os seus a lugares tranqüilos para que descansassem. 

          O tempo dedicado à oração aparece como parte integrante do nosso dia. A oração não entra em férias. Ela entra em harmonia com nossas atividades, sejam elas quais forem. Essa prática faz parte do espírito de Nazaré que considera o valor salvífico de todos os atos da vida humana, sobretudo dos mais simples e comuns. São lugares teológicos.

 

11. O LUGAR DO IRMÃO CARLOS NA FRATERNIDADE

 

          Muitos padres procuram uma fraternidade pela convivência presbiteral, pelo apoio mútuo, pela espiritualidade. O Irmão Carlos só é descoberto depois. Os padres seculares caracterizam sua espiritualidade como não pertencente a nenhuma “escola”. Se houver uma escola será a do discipulado, descoberto na Palavra e no Sacramento e vivido no meio do povo.

Por isso é compreensível que um padre seja cauteloso quando apresentado a uma figura recente como Carlos de Foucauld e o movimento surgido de seu carisma. 

No entanto, os que estão em fraternidade sabem o quanto o Irmão Carlos os ajudou a aprofundar a espiritualidade diocesana. De fato, a vida ministerial do padre secular tem uma profunda dimensão contemplativa, é marcada pela simplicidade do evangelho, é livre como o beduíno no deserto, ocupa o último lugar que é o lugar dos últimos, não se fecha em dimensões territoriais por ser universal, está inserida no mistério pascal sempre atualizado na eucaristia. 

Irmão Carlos começou como monge, mas ordenou-se padre secular. Sonhou com uma comunidade de irmãos e viveu sempre sozinho. Seu convento foi o mundo, sua comunidade, tuaregues muçulmanos. Os padres seculares têm um pouco de monges. Em geral vivem sozinhos, sem ser solitários. Sua comunidade é o povo. Às vezes pouca gente em proporção ao número de habitantes do lugar, e nem sempre os mais expressivos. Os demais permanecem à distância. Em alguns lugares nos defrontamos com fortes opositores. Há algo de deserto e de silêncio em nossa vida. 

Somos ministros do querigma. Anunciamos oportuna e inoportunamente a Palavra de Deus com os meios atuais de comunicação, e, no horizonte, o Irmão Carlos grita o Evangelho com sua própria vida. Sua presença silenciosa e significativa é um constante desafio ao nosso ministério “ordenado”. Com bispos e diáconos fazemos parte do “clero”. 

  

Somos homens públicos e exercemos liderança. Somos respeitados e às vezes até nos beijam as mãos. No horizonte, o Irmão Carlos descobre o alcançe da vida oculta de Nazaré. Ele se identifica com Cristo no fracasso de todos os seus projetos e cai por terra como a semente. E então dá muito fruto! Os construtores da “koinonia” se encontram com o irmão universal que vive oculto na solidão do último lugar. 

Presidimos a oração do povo de Deus ocupando um lugar de destaque junto à mesa do Senhor. Conosco está o Irmão Carlos que nos mostra o valor do “estar”. Estamos juntos, mas estamos sobretudo na presença do Bem-Amado e Senhor Jesus. Mesmo presidindo, nossa presença é fraterna e gratuita. 

O irmão Carlos permanece um profeta para as fraternidades. Ele nos inspira com seu carisma e nos provoca em seu total abandono à vontade de Deus. Suas intuições, refletidas em fraternidade, mostram-nos a vivência concreta do Evangelho e libertam-nos de desejos que obscurecem e entristecem a vida de um padre. 

O Padre de Foucauld foi um homem do seu tempo. Atraente e enigmático, com estilo próprio, resultante de profundas convicções de fé. 

          Na fraternidade o Padre de Foucauld ocupa o lugar de um irmão mais velho, mas irmão de virtudes heróicas. Sua vida é entusiasmante e seu modo de ser presença de Igreja num mundo adverso é estimulante para a nossa ação pastoral. Na medida em que descobrimos sua figura, cresce o amor por essa pessoa tão simples, tão comum e tão singular. Ele não nos convida a olharmos para ele ou a imitá-lo. Ele nos convida a olhar para onde ela olha. Seu olhar está fixo em seu Bem-Amado Senhor Jesus. Neste Jesus ele vê todas as pessoas e todas as realidades da vida. Por isso é um irmão universal.

 

12. O PROFETISMO DO PADRE DE FOUCAULD

 

Nossos irmãos participantes da assembléia do Cairo introduzem sua mensagem a todos os membros da Fraternidade Sacerdotal citando a conhecida frase do Irmão Carlos, escrita ao abade trapista Dom Martin, em carta de sete de fevereiro de 1902: “Não temos o direito de ser sentinelas adormecidas, cães mudos, pastores indiferentes”.

          O Diretório de 1976, n. 18, falando do povo no qual vivemos e com o qual convivemos, lembra que às vezes se fazem necessárias “tomadas de posição claras e públicas e até mesmo rupturas indispensáveis”. E cita então o pensamento do Irmão Carlos: Não sejais sentinelas adormecidas, cães mudos”. Trata-se, pois, de um pensamento já conhecido e assumido na Fraternidade Sacerdotal. Faz parte dos nossos objetivos não ser sentinela adormecida, cão mudo, pastor indiferente, ou, positivamente, na Fraternidade cada um de nós procura ser sentinela desperta, cão ruidoso, pastor comprometido. 

          A sentinela tem a função de vigiar, guardar, por isso deve estar atenta o tempo todo. No nosso caso, isso supõe 24 horas de doação. Devorados pelo Evangelho, não há pausa ministerial. Somos cães ruidosos, ladrando para dar sinal, reagindo a alguma presença indébita, por vezes mordendo. Não reagimos, porém, pela violência do instinto. Somos inteligentes e racionais. O que não queremos é ficar quietos quando é preciso falar. Interesses pessoais, interesses carreiristas não nos impedirão de dar o sinal quando a justiça estiver comprometida, quando a misericórdia for abandonada. 

          Pastor indiferente não se importa com a sorte do rebanho. Pastor comprometido está o tempo todo envolvido em ações concretas em favor de pessoas concretas e do conjunto da sociedade. Sua visão é larga, abrangente, envolvente. Suas ações são construtivas e criativas. Sua mente está concebendo constantemente e seu coração dá à luz projetos de vida. Marca presença, está, responde. Vive em função do rebanho. Pastor indiferente cuida de si mesmo e de seu prestígio, não duvidando sacrificar as ovelhas para salvaguardar seu lugar ao sol. 

          Foi a propósito da escravidão no Saara que o Irmão Carlos afirmou: “Não temos o direito de ser sentinelas adormecidas, cães mudos, pastores indiferentes”. E acrescentava: “eu me pergunto, numa palavra, (estando de acordo como estamos a respeito da conduta a ser seguida com os escravos), se não é preciso levantar a voz, direta ou indiretamente, para tornar conhecida na França esta injustiça e este roubo autorizado da escravidão em nossas regiões, e dizer ou fazer dizer: isto acabou, non licet. 

          Na carta a Dom Martin, Irmão Carlos revela seu pensamento sobre a dignidade da pessoa humana e revela sua maneira de dizer o que pensa. Parece que Dom Martin, em carta, o havia aconselhado a evitar rebeliões e fugas de escravos e a consolar os escravizados com a esperança da libertação futura no céu. Irmão Carlos responde de maneira muito respeitosa, dizendo: “Obrigado pela resposta tão clara e completa sobre a escravidão. O que o Sr. diz é o que estou fazendo em relação aos escravos. Longe de pregar-lhes rebelião e fuga, digo-lhes: paciência e esperança. Deus permite vossas penas para o vosso arrependimento e vossa glória celeste. Orai a Deus e santificai-vos. A quem busca o reino de Deus, o resto se lhe dá por acréscimo. A escravidão do homem e a pátria terrestre passam depressa, como a vida. Pensai na escravidão de satanás e na pátria celeste”. 

          Tais palavras soam muito mal a nossos ouvidos latino-americanos, ao menos soavam até agora. Mas, é na continuação que o Irmão Carlos se revela. “Porém, dito isto, e tendo-os aliviado na medida do possível, parece-me que nossa obrigação não terminou. É preciso dizer, ou existir alguém a quem compete dizer: non licet, vae vobis, hypocritae, que pondes nos selos e em toda parte ‘liberdade, igualdade, fraternidade, direitos humanos”, e reforçais os grilhões dos escravos, condenais às galeras os que falsificam vossos bilhetes de banco, e permitis que as crianças sejam roubadas de seus pais e vendidas publicamente, que castigais o roubo de um frango e permitis o de um homem (de fato, nestas regiões, crianças nascidas livres são arrancadas violentamente e de repente de seus pais)... Não devemos nos imiscuir no governo do temporal, ninguém está mais convencido disso do que eu, mas é preciso “amar a justiça e odiar a iniqüidade”, e quando o governo temporal comete uma grave injustiça contra aqueles dos quais, de alguma maneira, estamos encarregados (sou o único sacerdote da Prefeitura num raio de 300 kms), é preciso dizê-lo, pois nós representamos na terra a justiça e a verdade, e não temos direito de ser sentinelas adormecidas, cães mudos, pastores indiferentes. Eu me pergunto, numa palavra, (estando de acordo, como estamos, a respeito da conduta a ser seguida com os escravos), se não é preciso levantar a voz, direta ou indiretamente para tornar conhecida na França esta injustiça e este roubo autorizado da escravidão em nossas regiões, e dizer ou fazer dizer: isto acabou, non licet. Avisei o Prefeito Apostólico. Talvez seja suficiente. Longe de mim o desejo de falar ou escrever, mas não quero trair meus filhos, não fazer o necessário por Jesus, vivo em seus membros; é Jesus quem está nesta dolorosa situação. “O que fazeis a um destes pequenos, a mim o fazeis”. Não quero ser mau pastor, cão mudo. Tenho medo de sacrificar Jesus a meu descanso e meu grande gosto pela tranqüilidade, à minha preguiça e timidez naturais”.

 

13. O PADRE CARLOS DE FOUCAULD

 

CRONOLOGIA DOS PRINCIPAIS EVENTOS DE SUA VIDA

 

JUVENTUDE

 

1858 - 15 de setembro. Em Estrasburgo, nasce o visconde Carlos Eugênio de Foucauld.

1864 - Março: morre sua mãe. Carlos está com 5 anos. Setembro: morre seu pai. Carlos e         sua irmã mais nova, Maria, são criados pelo avô materno. 

1870/71 - Depois da guerra franco-germânica, o avô os registra como franceses. Carlos tem           12 anos. 

1872/75 - Dos 14 aos 17 anos, estuda em Nancy e Paris com os jesuítas.

 

EXÉRCITO

 

1876 - Aos 18 anos, é admitido à Academia militar de St-Cyr.

1878 - Torna-se subtenente na Academia militar de Saumur. Está com 20 anos. 

1880 - Seu regimento, o 4o dos Hussars, é enviado ao Setif na Argélia, dando-lhe o primei  ro sabor da África. Carlos tem apenas 22 anos. 

1881 – Março. Dispensado com perda de ofício por "indisciplina e flagrante má conduta".     Retira-se a Evian e aí vive "com a vaga inquietude que vem de uma má consciência         que, embora quase adormecida, não está totalmente morta".

1881 – Maio. Revolta de Bon Mama na região sul do Oran. Reconduzido ao exército por        seu próprio pedido, toma parte na campanha durante oito meses. Os árabes causam- lhe profunda impressão. Quando acaba a insurreição, pede permissão para fazer uma           excursão ao sul e estudar o árabe. Não obtendo a permissão, dá baixa e vai preparar em Argel sua viagem ao Marrocos. 

 

RETORNO À FÉ

 

1883 – Depois de 15 meses de meticulosa preparação, durante a qual aprende árabe e he          braico, Foucauld, com 25 anos, faz uma viagem de reconhecimento ao Marrocos,           disfarçado de rabino pobre. 

1885 – Mora perto de Bordeaux. Em maio, recebe uma medalha de ouro da Sociedade     geográfica francesa.

1885 - Em setembro completa 27 anos e até janeiro de 1886 empreende uma exploração no          sul da Argélia e no sul da Tunísia. Esse itinerário leva-o a Tiaret (região do Oran),     Gabes (Tunísia) via Laghouat, Ghardaia e Mzab, El Goléa, Ouargla, Touggourt,    Souf, Nefta, Tozeur, Gafsa.

1886 – 27 anos. Em fevereiro, vai viver em Paris, rua de Miromesnil 50, para preparar seu      trabalho "Reconnaissance au Maroc" que é publicado em 1888. 

          Nenhuma cama no apartamento. Carlos de Foucauld dorme num tapete, enrolado   num albornoz. Sua alma aspira encontrar a Deus. Vai a várias igrejas e um dia faz           esta prece: “Deus, se tu existes, faz com que eu te conheça".

1888 - Fim do mês de outubro. Carlos acaba de fazer 30 anos. Na igreja de Santo Agosti        nho, faz sua confissão e recebe a comunhão das mãos do Padre Huvelin, a quem for           a enviado por Mme de Bondy. "Assim que acreditei que havia uma Deus, compre         endi que não podia fazer outra coisa a não ser viver para ele. Minha vocação religio   sa data do mesmo momento que minha fé: Deus é tão grande. Há tanta diferença          em     tre Deus e tudo o que não O é”. 

1888 – Novembro a fevereiro de 1889. Peregrinação à Terra Santa. Visita todos os santos     lugares e pára duas vezes em Nazaré. 

          1889 - 4 retiros fechados: com os beneditinos de Solesmes, no mosteiro trapista de    Soligny, ainda com os trapistas em Notre-Dame de Neiges na Ardèche e com os   je       suítas na villa Manrèse, em Clamart. 

 

1890 – 31 anos. 16 janeiro. Entra no mosteiro trapista de Notre Dame-des-Neiges. Toma o      nome de irmão Marie-Albéric. "Reze por mim, rezarei por você, por sua familia,"      escreve à sua irmã Maria. "A gente não se esquece de si mesmo quando se aproxima      mais de Deus".

 

TRAPISTA

 

1890 – 31 anos. Junho. Vai para o mosteiro trapista de Akbès, na Síria.

1891 – 32 anos. Julho. Depois de ter renunciado, em 1891, à Sociedade geográfica, Irmão     Marie-Albéric renuncia também a seu posto de oficial da reserva. "Este ato deu-me    prazer; em 15 de janeiro deixei para trás todos os bens, mas ficaram estes miseráveis           estorvos, minha posição, minha pequena fortuna, e causou-me prazer jogá-los pela       janela a fora”. 

1892 - 33 anos. Fevereiro. Frère Albéric emite os votos e recebe a tonsura. Começa a pen         sar se poderia realizar na ordem trapista seu ideal de pobreza, abjeções e penitência. "Se me pedirem para estudar, explicarei que tenho um fino gosto para estar mergu  lhado até o pescoço no milho e no mato e uma extrema repugnância por tudo o que     possa me distanciar deste último lugar ao qual cheguei na abjeção e no qual desejo mergulhar sempre mais, seguindo o exemplo de nosso Senhor – mas, no fim,           obedecerei."

1893 – 35 anos. Setembro/outubro. Em sua correspondência, manifesta pela primeira vez a           idéia de uma nova congregação de monges vivendo unicamente do trabalho de suas         mãos e vivendo verdadeiramente a vida de nosso Senhor de Nazaré. 

1896 – 37 anos. Junho. Esboça seu primeiro plano para uma congregação religiosa. 

  

1896 – 38 anos. Outubro. Depois de passar um mês no mosteiro trapista de Staoueli, Irmão Marie-Albéric é enviado a Roma onde deve estudar durante 3 anos. Depois de 3 meses, o Rev. Pe. Geral dispensa-o dos votos e lhe dá liberdade de seguir sua voca     ção segundo suas próprias luzes.

 

NAZARÉ

 

1897 – 38 anos. 14 de fevereiro. Embarca em Brindisi para a Terra Santa.

1897 – Maio. Torna-se empregado das Clarissas em Nazaré.

1898 – Caminha dois dias a pé até Jerusalém. 

1900 – 41 anos. Quer comprar o monte das Bem-aventuranças e aí viver como sacerdote           eremita. O plano não dá certo. 

1900 – Agosto. Retorna à França com a decisão de se preparar para o sacerdócio.

 

BÉNI-ABBÈS

 

1901 – 42 anos. 9 de junho. É ordenado sacerdote no seminário de Viviers.

1901 – 5 de setembro. Incardinado na diocese de Viviers, é liberado para viver só ou com           outros na diocese do Saara. Vai morar na região sul do Oran, perto da fronteira mar       roquina, com o objetivo de preparar a evangelização do Marrocos. 

          1901 – 43 anos. 29 de outubro. O Padre de Foucauld celebra a missa pela primeira           vez em Beni-Abbès e compra um pedaço de terra para construir uma fraternidade.

1902 – 9 de janeiro. Resgata um primeiro escravo que chamará de “Joseph du Sacré-   Coeur”. Nesse ano troca muita correspondência com Dom Guérin, Prefeito apostóli      co do Saara, sobre a escravidão.

1902 – 7 de maio. Batalha de Tit, ganha pelo Tenente Cottenest, contra tribos tuaregues.

 1902 - 14 de agosto. Solene batismo de Abdel-Jesus (Servo de Jesus), menino negro de 3    anos e meio, resgatado em julho.

1902 - 14 de setembro. Aquisição e alforria de dois escravos, um deles Paul Embarek, de   15 anos, que será mais tarde testemunha da morte do Padre em Tamanrasset. 

1903 – 44 anos. Padre de Foucauld sonha ir para o Marrocos e lá estabelecer uma fraterni  dade. Deseja ter companheiros dos quais pediria três coisas: 1) estar pronto a ter a cabeça cortada 2) estar pronto a morrer de fome 3) obedecê-lo apesar de sua indig          nidade".

1903 – Junho. Na impossibilidade de entrar no Marrocos, revela ao Padre Huvelin, a Dom      Guérin e ao Comandante Laperrine seu plano de evangelizar a região dos tuaregues.

1904/05 – Janeiro. Acompanhando colunas militares que se movem ao longo do deserto,      entra em contato com populações do sul e do centro do Saara. Vai a Beni-Abbes, In         Salah, Aoulef, El Golea, Ghardaia. Durante os trajetos estuda Tamachek, a língua           dos tuaregues e começa a traduzir os Evangelho para essa mesma língua.

1905 – 46 anos. Abril. Termina as meditações sobre os Santos Evangelhos. 

1905 – Maio. Autorizado pelo Padre Huvelin e por Dom Guérin, toma parte numa viagem ao Hoggar.

1905 – Junho. Em Ouzzel, a caminho de Tamanrasset, conhece Moussa agg Amastan,           amenokal da tribo Ahaggar.

 

TAMANRASSET 

1905 – 46 anos. Agosto. Chega a Tamanrasset. O Padre vai morar numa 'zeriba', cabana de       junco, ainda hoje usada pelos habitantes do Hoggar. Mais tarde constrói uma casa    de tijolos e barro batido. Decide viver cada ano 6 meses em Tamanrasset, 3 meses          em Beni-Abbes e 3 meses viajando.

  1906 – 48 anos. Setembro a novembro. Volta a Beni-Abbes. Recebe a visita do General        Lyautey.

1906 – Dezembro. Na Maison Carrée, casa central dos Padres Brancos, Dom Guérin lhe dá         um companheiro, Padre Michel. Autoriza-o a expor o Santíssimo Sacramento por ao    menos três horas, sempre que houver dois adoradores. 

1906 - 25 de dezembro. Natal em Beni-Abbes.

1907 – Janeiro. Os dois monges partem para o Hoggar. Pe. Michel fica em In Salah, não           continuando a viagem por razões de saúde. Mais tarde, Padre de Foucauld junta-se à           missão Arnaud-Cortier. Permanece o mês de abril em Tamanrasset e segue para       Tanezrouft e Adrar Oriental. 

1907 – 48/49 anos. Julho ao Natal de 1908. Segunda permanência em Tamanrasset, durante           a qual retoma o estilo regular da vida monástica. 11 horas de trabalho por dia na       e        dição do léxico e da gramática Tamachek.

1908 - 31 de janeiro. Obtém autorização de celebrar a missa sem acólito.

1908 – 50 anos. Novembro. Termina a tradução de 6 mil linhas de poesia tuaregue.

1908 – Dezembro a março de 1909. A pedido da família, primeira viagem a França. Dom           Bonnet, Bispo de Viviers, e Dom Livinhac, Superior Geral dos Padres Brancos,      a          provam os estatutos da "União dos irmãos e irmãs do Sagrado Coração" - a "pia       u        nião para a evangelização das colônias."

1909 - 18 de março. Pára em El Abiodh Sidi Cheikh, onde será fundada a primeira fraterni    dade em 1933.

1909 – Junho a janeiro de 1911. Terceira estada em Tamanrasset.

1910 – 51 anos. Maio. Notícia da morte de Dom Guérin, com 37 anos de idade. Seu comen     tário na ocasião: “Foi uma grande perda para mim; mas não se pode ser egoísta. É          justo que os santos recebam sua recompensa".

1911 – Maio a abril de 1913. Quarta estada em Tamanrasset. Continua o léxico.

1911 – 3 anos. 13 de dezembro. Em Asekrem, redige sua última vontade: "Desejo ser se        pultado no lugar onde morrer e lá permanecer até a ressurreição. Proíbo que meu      corpo seja transportado para outro lugar, tirando-me do lugar onde o Bom Senhor           quis que eu terminasse a minha peregrinação”.

1912 – Conquista do Marrocos por Gouraud, Lyautey, Mangin.

1913 – 4/55 anos. Abril/novembro. O Padre de Foucauld leva Ouksem agg Ouragh, chefe      da tribo de Dag Ghali, à França. 

1914 – 56 anos. Setembro. Ao ouvir as notícias da declaração da guerra na Europa, escreve        a Mme. de Bondy, depois de muitas lutas de consciência: "Você vai entender: eu      sofro por estar tão longe de nossos soldados e da fronteira: mas é meu claro dever      ficar aqui para ajudar a população a permanecer calma".

1915 – Março. Insurreição de tribos árabes no sul da Tripolitânia.

1915 – Abril/maio. O Padre fala com o Capitão Duclos, novo comandante da Companhia           saariana de Tidikelt, estacionada em In Salah, sobre a situação no Hoggar e os mo     vimentos dos invasores marroquinos e senussis.

1916 – 57 anos. Abril. Tomado por atacantes líbios, o forte francês em Djanet cai. "Depois      dessa vitória, os Senussi estão com o caminho livre para chegar até aqui". O Capitão     de la Roche tinha construído, em Tamanrasset, um forte de 16 metros de comprimento para proteger a população tuaregue em caso de ataque. Padre Carlos foi para   lá em junho. 

1916 - 28 de novembro. Termina de copiar poesias tuaregues.

1916 – 58 anos, 2 meses e 18 dias. 1o de dezembro. Assassinado.


14. INICIANDO

 

Depende de você fazer acontecer!

 

Se você quer começar um grupo da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas, reúna alguns amigos para um momento de oração e vá trabalhando gradualmente as intuições e os valores da Fraternidade. Entre em contato com o Responsável Nacional ou com algum padre da Fraternidade. 

O retiro anual e o mês de Nazaré são considerados tempos fortes. A experiência dos padres da fraternidade diz que o mês de Nazaré é uma excelente escola de introdução ao espírito e ao carisma do irmão Carlos de Jesus. 

A grande expansão das Fraternidades Jesus+Caritas em todos os continentes mostra a necessidade e a utilidade de grupos fraternos de oração e partilha. A espiritualidade do irmão Carlos é vivida por mulheres, homens, leigos e religiosos em fraternidades ecumênicas, extra-territoriais, paroquiais, no campo, na cidade. A fraternidade sacerdotal destina-se especificamente, embora não exclusivamente, a padres seculares. 

Reúna alguns amigos para uma hora de oração silenciosa diante do Santíssimo. Conclua com um bate papo informal. Mais tarde introduza um tempo de meditação do evangelho. Depois, será o tempo de começarem a ler alguma coisa sobre o padre de Foucauld. No dia em que se encontram, vão introduzindo um tempo de deserto e gradativamente, nesse deserto, preparar uma pequena revisão de vida. Mais tarde se fará um dia todo de deserto e então será possível começar uma verdadeira revisão de vida. 

O contato com os irmãozinhos e as irmãzinhas ou as fraternidades de leigos é sempre benéfico. Quem toma a iniciativa de começar uma fraternidade dispõe-se a fazer visitas, estreitar laços e lembrar compromissos, sobretudo o do dia da fraternidade.

 

15. SIMPLESMENTE A ESCUTA

  

A verdade liberta

 

Quero ser um padre livre, alguém que não teme perder tudo para obter o único necessário. Quero crer em tua palavra, Senhor, seguir-te e descobrir um pouco mais a verdadeira liberdade e a alegria de ser salvo. 

 

A vontade de Deus

 

Não quero construir minha vida sobre o desejo de possuir, de dominar ou de impor, mas sobre o desejo de fazer de toda a minha vida, uma vida segundo a vontade de Deus, à qual quero me abandonar de todo o meu coração, com todas as minhas forças, com todo o meu espírito. Cada dia, um pouco mais, quero me unir a ti, Senhor, o único Deus verdadeiro. Quando me levanto e quando me deito, quando ando e quando trabalho, quando sofro e quando luto, quando me sinto ameaçado, quando sou provado, que tua paz que ultrapassa tudo, guarde meu coração e meus pensamentos em ti, Senhor Jesus. Amém.

 

Para ir mais longe

 

Como um irmão padre, com o olhar de um amigo, sinto-me feliz por acolher quem queira comigo partilhar. 

 

16. AS IRMÃZINHAS DE JESUS

 

          Seguindo a inspiração do irmão Carlos de Jesus, irmãzinha Madalena de Jesus começou a fraternidade das irmãzinhas de Jesus no dia 8 de setembro de 1939. Irmãzinha Madalena dizia: “Antes de ser religiosa, seja humana e cristã”. 

          As irmãzinhas estão presentes nos cinco continentes. São atualmente 1334 irmãzinhas, espalhadas em 68 países. Em 1952 chegaram as primeiras no continente latino-americano para viver com os índios Tapirapé, no Mato Grosso e em outros países. 

          São mulheres consagradas a Deus e aos irmãos e irmãs, numa vida contemplativa, vivida no meio dos empobrecidos, para juntos caminharem para Deus, num caminho de igualdade, fraternidade e justiça. É uma vida contemplativa mergulhada neste mundo que Deus ama. 

          O apostolado ou a pastoral das irmãzinhas consiste em fazer a palavra de Deus acontecer, caminhando cada dia com os irmãos e as irmãs, partilhando passo a passo suas vidas, suas histórias, seus clamores e suas lutas por uma vida verdadeiramente digna e humana. 

          A casa onde moram se chama “fraternidade”. Em pequenos grupos de três ou quatro, a comunidade se constrói, através da acolhida mútua, das fraquezas e dos limites, das riquezas e dos dons. Vale a pena entrar em contato com elas. Você descobre um mundo cheio de novas possibilidades. 

          Eis alguns endereços para contato: 

                     Caixa postal 404 – 60001-970 – Fortaleza, CE

                     Casa paroquial – 78657-000 – Confresa, MT

                     Rua 2 Qd. 2 Lt. 16 – Estrela Dalva – 74.475-294 – Goiânia/Go

 
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