BOLETIM 133-2009
Algumas Linhas de Espiritualidade do Beato Pe. Carlos de Foucauld
Ruy Guilhon Coutinho
I
Uma das figuras religiosas que mais impressionaram o século XX, foi a do francês Pe. Carlos de Foucauld. Hoje beatificado pela Igreja.
A sua personalidade despertou interesse e admiração, mesmo fora dos meios católicos. O conhecido teólogo ortodoxo Olivier Clement prefaciando o livro “Introduction a la Spiritualité Orthodoxe”, da autoria de “Um Moine de I’Eglise d’Orient”, pseudônimo do monge Louis Gillet, nos dá conta de uma tentativa de um ecumenismo monástico visando a união da Igreja Ortodoxa e Igreja Católica “sob o patrocínio entre outros de Serafim de Sarov e de Carlos de Foucauld” . Serafim de Sarov é um santo de grande prestígio na Igreja Ortodoxa Russa. Merejkovs exaltou-o chamando-o de gênio, ao lado do poeta nacional russo Puckin.
O que provocou o interesse pelo Pe. de Foucauld, por incrível que pareça foi o seu radicalismo religioso
Poderíamos nos valer aqui das palavras do grande teólogo brasileiro Maurílio Teixeira Leite Penido em seu precioso livro “Itinerário Místico de São João da Cruz”
“O mesmo furor de gozos matérias testemunha, por vezes, como um secreto anelo pelas “águas que não mais dão sede”. Ainda neste século tão enfastiado das coisas espirituais, tão materializado, tão relativista, tão descrente da verdade e do amor, corações há, e muitos, que embora espalhados pelas criaturas, sentem o tormento do Absoluto. Se a essas almas não lhes apontamos os cimos, mas antes lhes apresentamos um cristianismo entorpecido e complacente, irão elas, a miude, soçobrar em qualquer “mística” humana - adoradora do Estado, ou do Progresso, ou do Ouro, ou do Sucesso - outras vezes tentarão atordoar-se com os prazeres, ou distrair-se com atividade febril.”
Ao iniciar o prefácio da mesma obra, o Pe. Penido dizia:
“Tão desalentadora impressão as condições deste mundo apodrecido, que a água morna do chamado “catolicismo burguês” se mostra ineficaz.”
Sobrepondo-se a essa “água morna” ele atraiu o interesse e o entusiasmo de católicos e não católicos, de crentes e não crentes.
Tenho em mãos um recorte de jornal já amarelecido pelo tempo, com um artigo sobre o Irmão Carlos de Jesus, intitulado “O Evangelho vivido”. Nesse artigo há uma referência a três jovens universitários que abraçaram a vida religiosa:
“O motivo que determinou, pelo menos aparentemente, essa decisão fora a descoberta, por eles de uma impressionante figura de religioso francês chamado irmão Carlos de Jesus”.
A impressão que se teve e que acabou se confirmando com o surgimento de novas e vivas famílias religiosas, que se espalharam pelas regiões mais miseráveis de todo o mundo, sob o patrocínio do Pe. de Foucauld, é de que ele era, de fato, o portador, não somente de um novo entusiasmo por uma vivência autenticamente cristã, mas também de uma nova espiritualidade própria para os novos tempos.
Em sua conversão, ele passou de um ateísmo extremo e de uma vida inteiramente desregrada, para uma entrega total a Deus. Em uma carta que ele escreveu a um ex-colega de armas ele dizia:
“Logo que acreditei que havia um Deus, compreendi que eu não podia fazer da outra coisa que viver para Ele”.
O resto de sua vida, sua vocação religiosa entre os terapistas, o humilde sacristão de religiosas na Terra Santa, mais tarde em seu eremitério a margem de um povoado de tuaregues, a sua ordenação sacerdotal, a sua própria espiritualidade, tudo tem a marca dessa reviravolta total e permanente, diríamos também constante. Não se trata de declarações eventuais, feitas em momentos de entusiasmo, mas de um estado de espírito. Nesse sentido, compreende-se a sua declaração de estar “disposto a ir até o fim do mundo e viver o fim dos tempos”. A sua famosa “oração do abandono”, sempre repetida por seus incontáveis filhos espirituais está impregnada dessa permanente entrega nas mãos de Deus.
II
JESUS CARITAS - A espiritualidade do Irmão Carlos de Jesus poderia ser resumida pela revelação contida na Primeira Carta de João: “Deus é amor”. Comentando essas palavras ele dizia em uma de suas meditações:
“Todo o Evangelho não é senão a aplicação desta palavra... Tudo aí é amor é o amor mais terno, o mais delicado, o mais suave, verdadeiramente divino...” ( “Au Fil des Jours”, pp.96 e 97)
A figura central de sua vida nova é Jesus. “Modelo Único”, “Jesus Caritas”, “Senhor do Impossível”, são alguns dos nomes com que o Irmão Carlos se referia amorosamente ao Senhor. Os cristãos do Oriente gostam de chamar Jesus de “amigo dos homens”. Penso que seria uma expressão muito cara ao Pe. de Foucauld. Para ele Jesus é sobretudo o Deus que veio para o meio dos homens, fazer-se um deles, confraternizar com eles, tomar um lugar humilde entre eles, para elevá-los até Deus, para salvá-los. A sua caminhada espiritual consiste em acolher Jesus, seguir Jesus, descer com ele no sentido da incarnação, descer sempre, até o último lugar. A santidade para o Pe. Carlos consiste em unir-se a Jesus, ser “salvador com Jesus”. “Christiannus alter Christus”, diziam os primeiros cristãos. Daí vem o seu universalismo, o seu interesse pelas tribus mais pobres da África do Norte, mais afastadas da civilização.
O Pe. Carlos de Foucauld mantém uma relação de íntima amizade com Jesus. Em suas meditações por escrito ele fala ternamente de amigo para amigo com o seu Senhor. Jesus fala com ele: “Segue-me. Eu sou a tua regra: faz tudo o que eu teria feito”.
Os PRIMEIROS EFEITOS DO AMOR - As duas vertentes da espiritualidade do padre Carlos são a imitação e a contemplação de Jesus. São as duas palavras:
“Os primeiros atos e os primeiros efeitos do amor, como também os últimos, aqueles que são inseparáveis do amor, que o acompanham logo que existam, são a imitação e a contemplação. A partir do instante que se ama, se imita e se contempla. A imitação e a contemplação fazem parte necessariamente, naturalmente parte do amor, pois o amor leva à união, à transformação do ser que ama no ser amado, à unificação do ser que ama com o ser amado, e a imitação é a união, a unificação de um ser com o outro pela semelhança; a contemplação é a união de um ser com o outro pelo conhecimento e a visão... Imitação e contemplação fazem parte necessariamente de todo amor”.
“Imitemos, portanto Jesus por amor, contemplemos Jesus por amor, façamos tudo por amor a Jesus...Sejamos amor, façamos tudo por amor, em decorrência do amor”. (“Oeuvres Spirituelles” pág. 204, obra organizada pelo Irmão Milad Aissa, Irmãozinho de Jesus).
“é de imitar a vida oculta de Jesus, uma vida de humildade, de abjeção, de pobreza, de trabalho, de obscuridade, de retiro de submissão, de oração, de penitência...me fazer pela abjeção o último dos homens, um verme e não um homem, o despreso do povo e o oprobio dos homens: Quanto mais eu descer mais estarei com Jesus... (Au Fil Des Jours Nouvelle, anthologie des Écrits Spirituels, p.71)
A imitação da vida oculta de Jesus, no entanto, não exclui a presença missionária do Pe. Carlos. A sua preocupação de levar o Evangelho às populações mais abandonadas é uma constante em sua vida. Concretamente ela tomou a forma do que se convencionou chamar de pré-missão. Pregação pela presença, pela própria vida. Fala-se tanto e muitas vezes não se vive o que se diz. O Pe. Marcel Cornelis em seu livro “Sortis Du Ghetto”, “spirutualité de La pré-mission”, apresenta o Pe. Carlos de Foucauld, juntamente com o Pe. Teillar de Chardin e o Pe. Peyriquère como figuras exemplares da pré-missão.
Dizia o nosso Beato:
“Toda a nossa vida por muda que seja, a vida de Nazaré, a vida de deserto, assim como a vida pública, devem ser sempre uma pregação do Evangelho pelo exemplo; toda a nossa existência, todo o nosso ser deve gritar o Evangelho sobre os telhados; toda a nossa pessoa deve respirar Jesus, todos os nossos atos, toda a nossa vida deve gritar que nós pertencemos a Jesus, deve apresentar a imagem da vida evangélica; todo o nosso ser deve ser uma pregação viva, um reflexo de Jesus, um perfume de Jesus, alguma coisa que grite Jesus, que faça ver Jesus, que brilhe como uma imagem de Jesus. (“Oevres Spirituelles” p.395)
Talvez alguns de nós vejamos aí, melancolicamente, uma expressão dos nossos sentimentos, na primavera de nossa vida religiosa. Convém então lembrar que o Espírito Santo “renova a face da terra”.
Foi o desejo de imitação que orientou toda a sua vida no sentido da busca permanente do último lugar. Ele nunca mais esqueceu o que dissera o seu diretor espiritual: “Jesus escolheu de tal modo o último lugar que jamais alguém conseguiu arrebatá-lo”. A busca do último lugar e das populações mais pobres e abandonadas, representava a forma mais autêntica, em sua perspectiva, da imitação do seu “único modelo”.
III
A ORAÇÃO - Em uma sua meditação em retiro realizado em Novembro do ano de 1897 ele nos dá uma preciosa definição de oração: “Orar é estar com Deus”. (“AU FIL DES JOURS, Nouvelle anthologie des Écrits Spirituels” p.63). Oramos não somente quando dizemos, pronunciamos palavras, refletimos, meditamos, mas a nossa simples presença diante de Deus é oração. E uma das formas de oração de Pe. Carlos, talvez a preferida por ele, tenha sido a de simples presença. Podemos, de fato, pronunciar fórmulas, elaborar belos raciocínios e no entanto permanecer longe de Deus.
A sua contemplação se prolongava por longas horas e seguia pela noite adentro:
“Meu Deus, eis-me a vossos pés em minha cela, é noite, tudo é silêncio, tudo dorme, talvez seja eu a única pessoa, aqui em Nazaré, velando a vossos pés. O que teria feito eu para merecer esta graça. Eu vos adoro profundamente meu Deus - eu vos adoro com toda a minha alma, eu vos amo com toda força do meu coração: eu sou vosso: somente vosso, todo o meu ser é vosso; ele é necessariamente vosso, independentemente de mim, ele vos pertence por minha vontade, de todo o meu coração, fazei de mim o que quiserdes...” (Au Fil des Jours, p.73)”.
Ele nos fala em três formas de contemplação:
“Contemplar Deus em si, é a vida interior de Nosso Senhor, durante todo dia, a todo instante. Para imitá-lo é preciso que nós pratiquemos muito, e que por assim dizer, não percamos de vista este gênero de contemplação...”.
Observemos que encontramos, ainda aí, a idéia de imitação. Mas ele prossegue:
“Contemplar nossos Senhor na Sagrada Eucaristia, é também um dever, pois Ele se oferece a nós para isso, com o desejo que o contemplemos. Contemplá-lo nos mistérios de sua vida é também um dever, pois Ele realizou esses mistérios, Ele nos faz conhecê-lo pelos escritos inspirados pelo seu espírito. É para que nós o conheçamos, que nós os meditemos, para que nós aí o contemplemos; se Ele veio para o meio de nós, é para que nós o vejamos, para que nós o contemplemos nessa vida humana que ele passou aqui em baixo...”
Pareceu-nos indispensável transcrever esse trecho de uma meditação do Pe. de Foucauld sobre Mc. 6,30-32, que nos parece ter inspirado os seus seguidores quando instituíram o que chamaram de “O Dia do Deserto”.
“Vós conduzistes os vossos apóstolos a um lugar deserto, para descansar um pouco, Vós o dissestes! Como sois bom, meu Deus por querer que os operários evangélicos repousem de tempo em tempo e como é suave e salutar o repouso que Vós quisestes tomar com eles e no deserto! Como sois bom em querer que eles tenham de tempo em sua vida apostólica, em lhes dar o mandamento e o exemplo, pois vós íeis repousar com eles, e seja durante a quarentena ou seja em Efrém, vós repousáveis da mesma forma com eles! Como sois bom em lhes mostrar claramente o que devem ser esses dias de repouso, de solidão na vossa companhia...”
Mas adiante, ele detalha um pouco mais, como seria esse tempo de repouso e solidão:
1º “que seja realmente tempo de repouso e, portanto não seja tempo de fadiga, de aperreio, de trabalho penoso para o espírito, mas tempo de relaxamento, de onde nós sairemos, não com o espírito esgotado, cansado pelo trabalho extraordinário, mas repousado e refrescado por um agradável repouso aos pés de Jesus”;
2º “que seja um tempo de solidão, quanto mais estivermos com Jesus mais o apreciaremos, o amor ama o “tète à tète”, quanto menos estivermos com as criaturas, mais poderemos consagrar todos os minutos, todos os nossos pensamentos, todo o nosso coração somente ao amor, somente à contemplação de Jesus, mais afetuosamente, mais plenamente nossos dias ao nosso Bem-amado.”
3º “que seja um tempo de solidão em companhia de Jesus, sem cessar com Ele, ocupando-nos somente com Ele, permanecendo amorosamente a seus pés, ora olhando-o sem dizer nada, ora o questionando, sempre gozando de sua presença, como o faziam os santos apóstolos, a Santa Virgem, Santa Madalena, quando estavam sós com este divino e bem-amado Jesus... (Oeuvres Spirituelle. PP. 167 e 168)”.
A sua meditação se fazia sobre os textos bíblicos: Gênesis, Salmos, Evangelhos. Nas “Oeuvres Spirituelles”, encontramos o seu método de meditação:
“Em todas as meditações do santo Evangelho e das outras partes da sagrada Escritura, mentais ou por escrito, perguntar-me duas coisas: o principal ensinamento contido na passagem lida, em que se manifesta aí o maior amor de Deus pelos homens”.(“Oeuvres Spirituelles” p.562).
IV
A EUCARÍSTIA - Podemos dizer que a espiritualidade do Pe. de Foucauld, estava solidamente enraizada na Sagrada escritura. Mas era também uma espiritualidade eucarística, voltada principalmente para o mistério da presença real e o de alimento de vida divina, sem esquecer é claro o de sacrifício eucarístico. Sem dúvida, ele é homem de seu tempo, e reflete a própria atitude da Igreja hoje. Essa predileção decorre de fatos históricos que não nos cabe aqui analisar. O teólogo alsaciano Lucien Deiss em seu livro A Ceia do Senhor (Paulinas, p.50), aponta outro aspecto, mantido na sombra atualmente pela devoção católica: “A gente por vezes deixou-se hipnotizar pelo valor consecratório das palavras a ponto de esquecer sua riqueza no plano bíblico”. O referido autor está se referindo ao tema da Aliança. E mais adiante ele acrescenta: “Convém sublinhar o tema da Aliança: não só Jesus concluiu esta Aliança, mas como é dito do Servo (Is. 42,6) ele próprio é essa Aliança”. É óbvio que a volta para um povo aspecto do mistério eucarístico, não significa o abandono dos antes valorizados e cultuado. A eucaristia é uma realidade divina e o culto cristão jamais esgotará as suas imensas riquezas. A autêntica espiritualidade eucarística sempre se renova descobrindo novos aspectos.
Numa espécie de manual do catequista que ele intitulou de “Evangelho Apresentado aos Negros do Sahara”, depois de ter discorrido sobre a eucaristia, “alimento admirável e divino” ele acrescenta: “A eucaristia não é somente a comunhão, o beijo de Jesus, as núpcias com Jesus: é também o Tabernáculo e o Ostensório. Jesus presente em nossos altares, todos os dias até a consumação dos séculos, verdadeiro Emanuel, “verdadeiro Deus conosco”, exspondo-se a todas as horas, em toda parte da terra, a nossos olhos, à nossa adoração e à nosso amor. (“Oeuvres Spirituelle”, p.604).
O DESEJO DO MARTÍRIO - Seu extremado amor a Deus só poderia levá-lo a aspirar ardentemente o martírio. Ele não podia deixar por menos. Na historiada Igreja esta é a marca das grandes almas. Vem-nos logo à memória o jovem Orígenes, apresentando-se aos algozes por ocasião da prisão de seu pai Leônidas.
“O maior amor consiste em dar a sua vida por aqueles a quem se ama”, disseste ontem à tarde, ó Bem-amado! E eis que algumas horas depois de teres dito essas palavras, Vós destes a vida por mim, ó meu Esposo! Fazei-me a graça de também dar a minha vida por vós, eu vos suplico com todas as minhas forças; eu sei que eu sou muito covarde para fazê-lo, e indigno dessa honra, mas “eu posso tudo naquele que me fortifica”.
RELIGIÃO ALEGRE - E por fim, “sed no the least”, como dizem os de língua inglesa, a religião do Pe. de Foucauld, era uma religião alegre. “Ele não fica sempre remoendo as nossas culpas”. A sua oração filialmente confiante. Chegava, as vezes a ser exultante. Meditando sobre o Salmo 2 (Oeuvres Spiritueiles p.74) ele escreve:
“Nós sentimos dolorosamente a nossa miséria, nossa frieza, parece que há um grande caos entre vós e nós, que vós nos olhais com uma fisionomia severa, e nós nos perguntamos onde estamos, onde vamos, parece-nos que afundamos em areias movediças de onde não se sai... Mas, meu Deus, como sois bom; então vós gritais para nós: “Procura-te em mim” e vós nos mostrais uma âncora sólida a qual nós podemos amarrar a nossa alegria e amarrá-la de tal sorte que ninguém nos possa arrebatar, mesmo às portas do inferno: esta âncora é a alegria da vossa felicidade, a alegria da vossa beatitude infinita; que eu seja mau, miserável ingrato, frio, condenado mesmo, o que importa: isto já não faz mais sofrer, meu Deus, nada mais pode vos fazer sofrer: e vós sois feliz para a eternidade; vós sois feliz e é tudo de que preciso ...Vós sois feliz, ó meu Amor, e nada pode arrebatar a vossa felicidade, e por conseqüência tirar a minha... Eu só tenho que vos olhar repetindo-me que vós sois feliz...”
Logo percebemos que a sua linguagem é bem daquela convencional de uma certa literatura devota. No mesmo texto lemos ainda:
“...Que me importa o que eu sou, o que eu serei, eu sou bem-aventurado, meu Senhor e meu Deus, porque é a vós que eu amo e não a mim: é em vós que se estabeleceu o meu egoísmo...
Alegria e confiança.”
À sua irmã, de Beni-Abbès, em 15 de abril de 1903 ele escreve:
“Minha querida, desde este mundo, entremos, o mais possível na imutabilidade da vida dos céus: a alma piedosa o pode e o deve; aquilo de que nós teremos lá no alto a evidência, a clara visão, a fé nos ensina, e na medida da nossa fé e do nosso amor, nós devemos já nos alegrar dessa imensa glória de Jesus que faz a felicidade dos santos”.
Pensemos muitas vezes que o nosso “Bem-Amado é bem-aventurado e o agradeçamos a Deus com toda a nossa alma.” (Ecrits Spirituels de Charles de Foucauld, ermite au Sahara, apotre dês touareg pp 225 e 226 - Preface de M. René Bazin ; deuxième edition, J. De Gigord. Editeur)
Assinalemos a grande devoção que ele tinha por Nossa Senhora, sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
O radicalismo que acima apontamos na religiosidade do Pe. de Foucauld não contraria uma nota que perpassa toda a sua vivência espiritual. Estamos nos referindo à ternura que encontramos em trechos de seus escritos aqui citados.
A propósito, o autor da “Teologia da ternura”, Carlos Rochetta, refere, a nosso entender como motivação de sua obra a admoestação do escritor Heinrich Boll, Nobel 1972, em “Carta a um Jovem Católico”, lamentando a ausência de ternura nos mensageiros do evangelho:
“Aquilo que até hoje faltou aos mensageiros do cristianismo de toda providência é a ternura”.
Preenchemos esse vazio a espiritualidade do Pe. de Foucauld se credencia como espiritualidade do nosso tempo.
SOBRE O RETIRO 2009
Brasil: retiro para padres enfoca espiritualidade de Charles de Foucauld
70 presbíteros da Fraternidade Sacerdotal reúnem-se em Brasília
BRASÍLIA, terça-feira, 12 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- A Fraternidade Sacerdotal, organização de padres diocesanos que se propõe viver segundo a espiritualidade do beato Charles de Foucauld, realiza em Brasília até amanhã um retiro que reúne 70 sacerdotes.
O coordenador nacional da Fraternidade, padre Celso Pedro da Silva, explica que «esta espiritualidade se baseia em dois eixos: o abandono a Deus e a forte inserção na vida do povo».
«Ela se dá na linha do ‘aceito o último lugar, aquela nomeação para o lugar que ninguém quer, o anonimato’», afirma padre Celso, que é professor de Sagrada Escritura na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, segundo informa a Sala de Imprensa da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
O retiro foi iniciado na semana passada e termina nesta terça-feira. Conta com a participação do bispo de Goiás (GO), Dom Eugênio Rixen, e o bispo de Formosa (GO), Dom Paulo Roberto Beloto.
Padre Celso da Silva destaca que a Fraternidade Sacerdotal começou na França entre os padres diocesanos, também chamados de «seculares».
«O clero secular não tem uma espiritualidade própria e queríamos uma que nos tornasse mais diocesanos», afirma.
De acordo com a CNBB, as Fraternidades Sacerdotais estão presentes no Brasil desde 1962 e são constituídas de grupos de seis a oito padres que se reúnem periodicamente. São 200 sacerdotes membros.
Dentre as atividades desenvolvidas pela Fraternidade está um retiro anual de sete dias, um retiro de 30 dias, realizado alternadamente, e a publicação de um boletim.
O beato francês Charles de Foucauld (1858-1916) foi missionário na África, eremita no Saara (onde morreu assassinado) e portador de uma espiritualidade baseada na imitação de Cristo.
NOTÍCIAS
Do Pe. Xixo, de Cochabamba, Bolívia.
Caríssimo P. Bizon,
Espero que tudo vá bem com você e com todos os irmãos da fraternidade. Acredito que saibam que agora estou na Bolívia, trabalhando num bairro muito pobre. Estou aqui há quase quatro meses, procurando encontrar-me com irmãos de Jesus caritas, mas não posso.
De todos modos, lembro vocês meus irmãos no Brasil. Estou muito agradecido pelo carinho e a acolhida que me deram na fraternidade.
Estarei em oração com vocês, meus irmãos...
Abraços,
Pe. Xico
De Dom Pedro Casaldáliga
Queridos José Bizon, meu mestre Celso Pedro e toda a Fraternidade,
Continuo recebendo o Boletim que agradeço de coração. Na oração e na amizade continuaremos unidos. Desejo para todos os participantes um frutífero retiro anual.
Por aqui seguimos nas lutas e na esperança do Reino. Um abraço de paz pascal,
Pedro Casaldáliga.
Da Fraternidade de Porto Alegre.
O encontro da Região Sul se deu nos dias 20, 21 e 22 de julho, na casa de retiros Vila Betânia, em Porto Alegre.
Mantivemos a estrutura do "Dia da Fraternidade", com momentos de deserto, adoração eucarística e revisão de vida. Na seqüência da revisão de vida fizemos uma avaliação da caminhada da nossa região, principalmente quanto ao desafio de integrar Paraná e Santa Catarina nos nossos encontros.
Como destaques do encontro apontamos a presença do Pe. Jorge Osório que veio da cidade de Rio Branco (Uruguai). Ele está integrando a Fraternidade de Porto Alegre e viaja seis horas para participar dos nossos encontros. Igualmente marcou nosso momento regional a expectativa da confirmação da ida do Pe. Mauricio Jardim para a Missão em Moçambique, onde se encontra no momento.
Um abraço a todos os irmãos da fraternidade e demais leitores do nosso Boletim.
Pe. Sílvio Guterres Dutra
AGENDA
Retiro para Seminaristas
21 a 23 de julho de 2009.
Comunidade de Taizé
Alagoinhas, Bahia
Resp. Pe. Celso Pedro da Silva e Equipe
Encontro da Coordenação Nacional com América Latina e Caribe
26 a 29 de outubro de 2009
Casa de Oração Maria de Nazaré
Mairiporã, SP
Resp. Pe. Celso Pedro da Silva e Pe. José Bizon
Retiro Anual
05 a 12 de janeiro de 2010
Orientador: Pe. Geraldo Gereon
Casa de Encontros Cordimariana
Rua Coronel Correia, 2.718
Caucaia – CE
Tel. (85) 3342-0906
Diária R$ 40,00
Resp. Pe. Celso Pedro da Silva
Mês de Nazaré
04 a 30 de janeiro 2010
Goiás, GO
Resp. Pe. Freddy Goven e Equipe
UM LIVRO UM AMIGO
CASTELLANO, Jesús, Liturgia e Vida Espiritual. Teologia, Celebração, Experiência. Paulinas, São Paulo, 2008
CASTRO, Marcos de, Dom Hélder, Misticismo e Santidade, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2002.
CERVANTES, Alberto Aranda, M.Sp.S, e PÉREZ, Antonio Serrano, SJ, Firmino e Libério, Pílulas litúrgicas. Edições Loyola, São Paulo, 2008.
BOFF, Leonardo, São José, a personificação do Pai, Versus Editora, Campinas, 2005.
BROUCKER, José de, As Noites de um Profeta, Dom Hélder Câmara no Vaticano II, Paulus, São Paulo, 2008.
FUENTES, Salvador Valadez, Espiritualidade Pastoral. Como superar uma pastoral “sem almas”? Paulinas, São Paulo, 2008.
GORGULHO, Frei Gilberto e ANDERSON, Ana Flora, O Rosto Humano de Deus, O Documento de Aparecida e a Cristologia do Novo Testamento, Editora RBB, São Paulo, 2008.
GROSELJ, Teresa, São Paulo, vida, ícones e encontros, Paulinas, São Paulo, 2009
JOSAPHAT, Frei Carlos, Bartolomeu de las Casas, Espiritualidade Contemplativa e Militante. Paulinas, São Paulo, 2008.
KASPER, Walter, Que todas sejam uma. O chamado à unidade hoje. Edições Loyola, São Paulo, 2008.
PESSINI, Léo, Bioética - Um grito por dignidade de viver. Paulinas e Centro Universitário São Camilo, São Paulo, 2006.
RODNEY Stark e BAINBRIDGE, William Sims, Repensando a religião, uma teoria da religião, Paulinas, São Paulo, 2008.
TEIXEIRA Faustino e MOTA DIAS, Zwinglio, Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso, a arte do possível. Editora Santuário, Aparecida, 2008.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
De dezembro de 2008 a janeiro de 2009
Histórico Entrada Saída Saldo
Saldo de dezembro de 2008 4.161,16 Contribuições no retiro - janeiro de 2009 4.600,00
Doações 1.780,00
Postagem do Boletim 132 728,90
Retiro 360,00
Impressão do Boletim 132 1.014,45
Papelaria 169,92
Xerox 120,00
Livros para o retiro 460,00
Livros vendidos no retiro 690,00
Despesas Bancárias 70,00
Total Parcial
Entradas 11.231,16 Saídas 2923,27 Saldo 8.307,89
São Paulo, 22 de janeiro de 2009
Pe. José João da Silva
FAMÍLIA ESPIRITUAL DO IRMÃO CARLOS DE FOUCAULD NO BRASIL (CLIQUE PARA ACESSAR A LISTA DA FAMÍLIA C.F.)