A EXPERIÊNCIA DE DEUS EM C.F.

A EXPERIÊNCIA DE DEUS EM C. DE FOUC.


SER DE FATO VOCÊ E SUA CELESTIALIDADE

"Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor”, - Poeta alemão Johann Goethe.

Seus pensamentos, suas amizades e suas crenças na sua mente vão atrair atitudes dentro e fora de você. Dentro desse contexto é determinado o seu futuro de sucesso ou de derrota. Qual é o nível de sua consciência agora? O seu ser está em paz? Tem tido comportamento estranho? Com quem você vive tem um relacionamento de liberdade ou de controle? Sua crença fundamenta sua vida no amor?

Todo nosso estado: físico, emocional e espiritual tem que está em sólida construção na originalidade do Ser Absoluto. A luz da razão e a sensibilidade do coração devem caminhar na mais perfeita harmonia da sabedoria Divina. Toda a nossa potencialidade caminha na interface: transcendência e imanência, ou seja, inteligência e espiritualidade. Daí a sinergia da mente, do coração e da alma. Estamos vivendo uma era de ricas oportunidades, de transformações, de gloriosas surpresas e de poderes revelativos. Viver pela nossa consciência, guiado pela energia interior e pela Luz Infinita. Toda nossa conexão deve instrumentalizar o mais alto conhecimento, pensamentos cristalinos, consciência ortodoxa e fraternidade universal.

As minhas amizades me enriquecem, meus pensamentos são iluminados e minha crença pautada na soberania do Todo-Poderoso. Já vivo o futuro e o futuro vivo em meu ser. Caminho na felicidade angelical, eu só não, nós, as almas iluminadas! As potências das miríades do Eterno Criador elevam as nossas almas a celestialdade das moradas eternas!

EXPERIÊNCIA DE DEUS NA VIDA DE CHARLES DE FOUCAULD

“Esvaziemos o nosso coração de tudo o que não for o objetivo único... Que nada além de Deus seja o nosso tesouro. Que o nosso único tesouro seja Deus, o que o nosso coração seja todo de Deus em Deus, todo para Deus... Só para ele. Fiquemos vazios de tudo... Para nos podermos encher completamente de Deus...”.

Bem-aventurado Charles de Foucauld (1858-1916)

Padre francês e eremita no deserto do Saara

A experiência de Deus na vida de Charles de Foucauld fez nele uma santa inquietação na busca profunda de ser todo de Cristo e de testemunhar até o fim do mundo o Evangelho do Reino de Deus. Todo o seu ser é ir, sempre ir ao encontro do Absoluto e do outro. O deserto ficou curto na busca do último lugar e sua obra o tornara maior do que seu escondimento. Em Charles de Foucauld há começo e não fim. Há espaço para conteúdos maravilhosos. Há lugar infinito para busca do Absoluto. Há campo para trabalhar a missão e a evangelização de amor universal. Há muita coisa para ser feita em sua espiritualidade para o bem das almas. Garimpar é preciso na sua mina mística, em seus escritos e na sua vida impactante! Sua fé, o fervor do Espírito Santo em sua jornada, sua atitude louca e apaixonada por Jesus desperta e provoca em espírito morno, em pessoas indecisas e sem rumo tomar uma posição radical. Tal decisão é ser todo de Deus por amor e pelo próximo para fazer um mundo de paz, de justiça, de vida plena e de caridade universal!

DESCRENÇA E INFELICIDADE

Charles de Foucauld de Eugene Pontbriand, de rica família aristocrática francesa, tinha um caráter duro, era inquieto, fervilhava de emoções e de fortes aventuras. Ele mesmo escreveu: "Passei doze anos inteiros sem fé alguma. Não acreditava mais em Deus, visto que não havia prova científica da existência de Deus". No ano de 1876 ele entrou para a escola militar, de onde foi expulso, Com 19 anos de idade apresentou-se como voluntário ao exército e, enviado para o Saara, passou a viver de modo agitado e desregrado. Foi expulso do exército por "falta de disciplina e má conduta". Isso no ano de 1881. Sua descrença, sua intransigência conectada a sua exacerbação causaram muitos transtornos e infelicidades.

Assim decidiu ir como explorador para o Marrocos. Ele labutou e arriscou a sua vida. Escreveu um livro científico sobre suas explorações, o que lhe conferiu uma medalha de ouro pela Sociedade Geográfica de Paris.

A CAMINHO DA CONVERSÃO

Lá longe, ele tinha uma prima, Madame de Bondy, que rezava por ele, para que começasse a pensar em sua alma e a mudar de vida. Ele ficou encantado, não somente com a beleza do deserto, mas também sacudido com a religiosidade do povo muçulmano, o qual demonstrava grande veneração por Deus, vendo o povo orando cinco vezes por dia. E certa vez confessou: “Esses oram cinco vezes por dia e eu, nem religião tenho.” Por isso partiu do fundo do coração a primeira lástima e a primeira oração: “Ó Deus meu, se existes, faze que eu chegue até conhecer”.

Charles, porque se dedicava às ciências, pensava que a fé se descobria por meio de provas científicas, ou mediante argumentos racionais ou perscrutando livros. Ele mesmo admitiu: “Eu devassei os livros da filosofia pagã e nada encontrei, senão o vazio e o tédio”. Depois, por acaso, veio às minhas mãos um livro cristão (Études sur les mysteres, do famoso pregador francês Jacques Bossuet) que me fora entregue por minha prima Maria Bondy, e nele encontrei a doçura e beleza que jamais descobrira antes. Esse era o primeiro livro que consegui ler antes da minha conversão, o que me mostrou que a religião cristã era a verdadeira!

ATRAÍDO PELA VIDA VIRTUOSA

Ele retornou para a França, e começou a ficar atraído pela vida da virtude. Ele presenciava os exemplos de extraordinária santidade de sua prima Madame de Bondy; porém ainda não tinha começado a crer em Deus, mas procurava frequentar a Igreja. Ele mesmo confessa: “Em princípios de outubro de 1886, senti a necessidade de solidão, de recolhimento, de leitura devocional a reflexão”. Começava a sentir necessidade de frequentar a Igreja, apesar de ainda sem muita fé. “Minha mente estava confusa, e vivia em estado de uma grande ansiedade: sempre buscando e buscando a verdade.” Entretanto, ele achava que a fé se descobria com o estudo ou pesquisando. Mas a fé é a submissão da própria vontade de Deus. E isso era uma verdade ainda por ele desconhecida.

A REVIRAVOLTA DE SUA VIDA

Sua vida conheceu uma virada para melhor, quando de seu encontro com o Padre Henri Huvelin, um sacerdote santo e sábio diretor de almas. Quando o viu, Charles sentiu em si algo que lhe dizia: “É necessário abaixar a cabeça e crer. É necessário crer.” Começou a sentir-se mais atraído pela Igreja. Certa vez a sua prima informou que o Padre Huvelin, por motivos de saúde, não ia continuar dando suas palestras costumeiras. Charles respondeu: “Mas que pena! Estava decidido a ir parar sua conferência. Tu, prima, gozas do grande privilégio de gozar da luz; enquanto eu estou em busca dessa luz e não encontro”.

SUA CONVERSÃO

O escritor francês René Bazin, em sua biografia: Charles de Foucauld – eremita e explorador, narra o encontro de Charles de Foucauld com o ínclito Padre Huvelin. Entre os dias 27 e 30 de outubro, o Padre Huvelin viu aproximar-se dele um jovem, o qual não se ajoelhou, mas esse jovem, um tanto cabisbaixo, disse ao sacerdote: “Senhor Padre, eu não tenho fé; vim para pedir que me desse algumas aulas.” O Padre Huvelin, que era especialista na direção espiritual, percebeu que aquele jovem tinha necessidade, primeiramente, de mudança de comportamento, e lhe disse: “Fica de joelhos, meu filho; agora confessa teus pecados a Deus, e terás fé.” Charles respondeu: “Mas não vim para isto.” O Padre Huvelin: “Meu filho, confessa teus pecados.” Charles, que queria crer, sem confessar, percebeu que a condição para poder crer era exatamente isso: submeter-se e abaixar a cabeça perante Deus. Charles se ajoelhou e fez uma confissão geral de toda sua vida.

Em seguida, o Padre perguntou ao penitente se estava em jejum (para a Eucaristia), e à resposta afirmativa de Charles, o sacerdote disse: “Então vai receber a comunhão”. Charles de Foucauld foi direto ao altar, e, pela segunda vez na vida, fez “sua primeira comunhão”, porque fazia anos que não a recebia. Cada vez que lembrava daquele dia, Charles agradecia a Deus e lhe dizia: “Foi bem naquele dia, ó meu Deus, que lançaste sobre mim teu olhar e me inundaste com tuas graças”.

MUDANÇA RADICAL E MORTE

Dali em diante, a vida de Charles mudou completamente. A graça de Deus fez nele milagres espantosos. Ele tomou a decisão: “do momento em que comecei a crer na existência de Deus, eu percebi que o único caminho que me restou era dedicar minha vida inteira a Ele”.

Desde então, optou por uma vida muito simples, dormindo no chão e orando diariamente durante muitas horas. Ele foi à peregrinação à Terra Santa, de novembro de 1888 até fevereiro de 1889. Em janeiro de 1890 entrou para vida monástica no mosteiro trapista de Norte Dame-des-Neiges. Em junho se transferiu para o mosteiro de Akbes, Síria. De lá o enviaram a estudar em Roma, em outubro de 1896. Porém três meses mais tarde saiu dos trapistas; seus pensamentos estavam voltados para os povos da África, que não conheciam Cristo. Foi a pé, como peregrino à Terra Santa, e depois voltou para a França, para estudar o sacerdócio. Foi ordenado sacerdote Viviers, em 9 de junho de 1901.

Regressou à Argélia e levou uma vida isolada do mundo, numa zona dos Tuaregues, mais próximos da população. Aprendeu a língua tuaregue e estudou o léxico e a gramática, os cantos e tradições dos povos do Deserto do Saara. Tinha a intenção de criar uma nova ordem religiosa, o que sucedeu apenas depois da sua morte: os Irmãozinhos de Jesus, fundado em 1933, pelo Padre René Voillaume. O “Irmão Universal”, como Charles ficou conhecido, foi assassinado no dia 1 de dezembro de 1916, em meio a uma revolta anti-francesa dos bérberes de Hogar na Argélia, em plena Primeira Guerra Mundial.

O renomado estudioso da vida de Charles de Foucauld, o irmãozinho Antoine Chatelard escreveu: “Sua conversão foi na verdade um encontro com Deus vivo, com um Deus próximo e amoroso. Esse Deus a quem ele suplicava que se manifestasse, revelou-se a ele em uma comunhão de amor. É um Deus que ama e a quem se deve amar. Esse Deus próximo fez-se carne e tem nome: Jesus. Toda espiritualidade de Charles de Foucauld centrar-se-ia na pessoa de Jesus, seu Deus, seu Senhor, seu Irmão, e depois, na linguagem dos místicos, seu Esposo bem-amado”.

CONCLUSÃO

Toda a vida de Charles de Foucauld pode ser resumida em duas palavras: “Jesus caridade” e “Jesus amor”. No confronto das incompatibilidades em sua jornada, o amor é a construção segura e unificada de sua alma caridosa e faminta de Deus. O caminho espiritual que ele delineou foi muito simples: “viver o amor de Jesus na imitação e na adoração”. Estas características transformaram o seu pensamento, suas decisões e suas ações.

“Não existe, creio eu, palavras do evangelho que tenha mais profunda impressão e transformado mais minha vida que aquela: tudo o que vocês façam a um destes pequeninos é a mim que vocês fazem”, escreveu quatro meses antes da sua morte a seu amigo Louis Massignon. No amor de Jesus, ele tornou-se uma testemunha forte e resoluta no anúncio do evangelho do Mestre de Nazaré.

De forma abissal Charles de Foucauld é uma inspiração para amar Jesus apaixonadamente! Sua espiritualidade é profundamente impactante que atua de forma renovada e reavivada nos corações tomados pelo amor de Deus, do amor ao próximo, pela Igreja, pela vida ativa e contemplativa e pela proclamação do Evangelho num testemunho vivo e eficaz!

Inácio José do Vale