BOLETIM 139 - 2010

 

 DA REDAÇÃO

Prezados irmãos e amigos leitores do Boletim das Fraternidades:

 

O Boletim 139 é temático e trata da Revisão de Vida. A Revisão de Vida não é fácil de ser feita e muitas vezes é deixada de lado nos dias de fraternidade. Os textos que estão sendo publicados neste número do Boletim podem nos ajudar a rever e retomar a prática da Revisão.

Para esta edição foram recolhidos artigos já publicados, juntamente com um texto novo do nosso irmão Daniel Higino. Esperamos no próximo ano publicar outros números temáticos, aprofundando os meios da Fraternidade, aceitos por todos nós como propícios para um seguimento decidido de Jesus de Nazaré, a exemplo do Ir. Carlos. 

Temos, então, neste Boletim textos do Diretório de Montefiolo, de 1976, dos Meios para uma espiritualidade presbiteral e da carta do Conselho Internacional, de Caucaia, CE de 2010. Além destes, são valiosos o artigo do nosso irmão Álvaro Gonzáles, do Chile, publicado anteriormente no nosso Boletim, nº 84, em 1991, e o de Gregor Stepkes da Alemanha, traduzido pelo Pe. Günther.

Temos ainda uma reflexão nova e original do nosso irmão Daniel Higino, de Brasília, que está estudando em Belo Horizonte. Daniel escreveu um artigo com o título “Beber nas fontes da Revisão de Vida”. Leiam e aproveitem. Fica aqui consignado o agradecimento ao Daniel pela colaboração para o Boletim, um tanto rara entre nós. Se os exemplos arrastam, está aí um bom exemplo a ser imitado. 

Não deixe de olhar e ler a agenda com as indicações do nosso próximo retiro anual de 2011. Já temos algumas inscrições, e estamos aguardando a sua confirmação. O retiro ficará mais rico com a sua presença. Há uma indicação de livros que poderão nos ajudar na vida presbiteral e em nossos trabalhos pastorais. 

Nas noticias, partilhamos a carta de nosso irmão Pe. Maurício da Silva Jardim, missionário em Moçambique, assim como notícias de outros irmãos e de suas fraternidades locais e regionais..

Desejamos a cada um e a todos os irmãos e amigos da Fraternidade, boa leitura.

 

 

1. BEBER NAS FONTES DA REVISÃO DE VIDA

Pe. Daniel Higino

Introdução

              Difícil tratar da Revisão de Vida em termos teóricos e racionais. Constitui-se como experiência prática, vivencial, experimentada em diversos grupos e ambientes. Se pudermos traduzir a revisão de vida numa frase, a melhor seria aquela pronunciada pelo papa Paulo VI: “O cristianismo tende a se identificar com a vida” (Paulo VI, discurso de 28 de julho de 1965). A revisão de vida origina-se na Ação Católica Especializada e atualmente muitos grupos aderem a ela como método de espiritualidade. Utiliza-se do método nas CEBs, nas pastorais sociais, nos diversos grupos organizados e na Pastoral da Juventude. Encontramos reflexos desse método no Ofício Divino das Comunidades, nos retiros de jovens e nos roteiros de Projeto de Vida incentivados pela Casa da Juventude (CAJU). 

              Na Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas ocupa lugar central. Constitui-se como fundamento dos encontros da Fraternidade e configura-se como um dos principais meios. O presente artigo visa incentivar as Fraternidades a recuperar a prática da revisão de vida. Podem-se consultar as fontes pesquisadas a partir da bibliografia sugerida ao final do texto. O artigo desenvolve a importância, definição, origem, método e significado desta. Iniciamos com breve contextualização a partir de análise subjetiva e concluímos com algumas dicas fundamentadas no diretório da Fraternidade.

Contextualização da Revisão de Vida na Fraternidade

O diretório da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas afirma “É sobretudo na revisão de vida que a Fraternidade exerce a sua função como regra de vida” (cf. n.40). Constitui-se como fundamental para o crescimento do grupo e o amadurecimento dos membros na fé. A importância entre os meios da Fraternidade assemelha-se ao valor dado à leitura diária da Bíblia ou mesmo ao dia de deserto. A ausência da revisão de vida nos encontros das Fraternidades tende a esvaziar o sentido do grupo ou gerar desânimo nos seus membros.

Observa-se, a partir de encontros e partilhas com alguns presbíteros da Fraternidade no Brasil, que muitas Fraternidades não realizam no dia do encontro a revisão de vida. Normalmente ocorre estudo de temas espirituais e partilha da Palavra de Deus. Em algumas, há celebração eucarística após alguns dias de encontro, comumente ocorre adoração ao Santíssimo, não falta aquele momento agradável de lazer e conversa espontânea, outras oferecem largo tempo para realizar o deserto. Enfim, na rica diversidade de roteiros de encontros, há tudo, menos a Revisão de Vida. 

Ocorre que algumas fazem a revisão de vida, mas sem uma boa preparação. Na partilha da vida e dos acontecimentos, as palavras saem espontaneamente. Algumas aparentam desabafos sem oferecer aprofundamento e reflexão sobre os fatos colocados em comum. Podem surgir também belíssimas análises de conjuntura eclesial e social, mas não se avança para “águas mais profundas” e nem mesmo conclui-se com perspectivas novas para o discernimento e incidência sobre a ação.

Algumas não conhecem o método e quando fazem acabam reduzindo a revisão de vida a uma partilha agradável própria de encontro de amigos. Não há diferença entre sair na folga para um bom churrasco com amigos ou mesmo aqueles tradicionais encontros informais dos nossos presbitérios locais. Sem dúvida, momentos de entretenimento e lazer na Fraternidade fazem parte da dinâmica dos encontros, mas não devem substituir a Revisão de Vida.

As Fraternidades que perseveram no método herdaram a experiência da Ação Católica e assim conseguem vivenciar o dia de encontro com maior profundidade. Talvez por isso, perde-se muito ao se pensar as nossas Fraternidades hoje abrindo mão da revisão de vida. Muitos não tiveram contato com o método. A ação católica já não pertence às novas gerações. O pragmatismo ocupou a maior parte das nossas pastorais e grupos de reflexão. Opta-se pela eficiência e resultados imediatos. A ausência de método caracteriza o atual momento. Recuperar a revisão de vida nos nossos encontros, seja na Fraternidade ou na pastoral, pode sinalizar o fortalecimento da caminhada do nosso povo e a garantia da dinâmica contemplativa e ativa das nossas Fraternidades.

Importância da Revisão de Vida

No mês de Nazaré, aprendemos que na revisão de vida deixamos Deus falar em nossa vida através dos irmãos da Fraternidade. Isto acontece ora no ato de colocar a própria experiência em comum, ora na escuta atenta do outro que fala. Significa deixar-se abandonar nas mãos de Deus para que seja feita a vontade do Pai. Representa  gesto de abandono expresso de modo comunitário. Ato de fé comum, como nos diz o diretório, “no qual partilhamos os acontecimentos, as preocupações, as esperanças, as decepções, uma leitura comum da vida para nela descobrir os apelos do Senhor” (n.40).

A revisão de vida dá força e sustento à Fraternidade. Ao perguntar-se qual o diferencial da Fraternidade, o que poderíamos dizer? Presbíteros que se reúnem com frequência? Ora, há outras agremiações que convocam e nos levam a participar com identidades distintas. Partilha da Palavra de Deus? Por acaso não haveria nas nossas próprias comunidades atividades das quais naturalmente participamos que assim o fazem? Vida de Charles de Foucauld? Imagino que bastariam os livros para nos dar inspiração. Mas na revisão de vida, todos esses elementos se unem para dar sabor e vitalidade ao caminho espiritual.

Através da revisão de vida nos questionamos sobre a vida de Nazaré. Ela nos faz pensar sobre o último lugar, nos questiona sobre a nossa pobreza, confronta nossa vida diante do testemunho do Evangelho e nos mantém ativos no compromisso com os pobres. A revisão de vida permite-nos o crescimento pessoal e recupera a dinâmica profética da espiritualidade. Além do mais, realizada no dia da Fraternidade, fortalece os valores comunitários na vivência do ministério presbiteral.

Mas o que seria mesmo a Revisão de Vida? Qual o método aprendido pelas antigas gerações? Comecemos a tratar aquilo que não é para depois dizer o que é.

O que não é a Revisão de Vida

Segundo Perani (1974, p. 60), há alguns elementos muitas vezes confundidos com a prática da revisão de vida que devemos evitar. Elas podem ter uma tendência moralista, ou tornar a vida dos seus membros o resultado de um planejamento orgânico sem valorizar a dimensão da subjetividade da pessoa. A revisão de vida, ao propor a dinâmica comunitária, não visa negar a autonomia do sujeito. Ela não é uma sessão de autocrítica, nem é confissão pública; não se confunde com aplicação à própria conduta diante de uma leitura espiritual; nem uma simples revisão de atividade; nem é uma direção de consciência feita em grupo.

O que é a Revisão de Vida

              Para o diretório da Fraternidade, significa “um olhar contemplativo sobre a ação do Espírito Santo em nossas vidas” (n.42). Olhar contemplativo vislumbra aquela abertura de mente e espírito para acolher a Palavra de Deus. Posiciona-nos de modo a tomarmos atitude para a mudança de vida. Sugere total abertura de Espírito, ou seja, agir segundo o Espírito e deixar-se conduzir por ele. A revisão de vida permite-nos a ousadia, a superação do medo, a darmos saltos no exercício do ministério segundo a nossa condição carismática, sem condicionar a vida aos interesses das instituições que tentam abafar a ação do espírito na Igreja e na sociedade.

O diretório ainda fala que a revisão de vida representa “meio para uma conversão permanente” (n.42). Como povo a caminho, sempre procuramos progredir na fé, na prática da caridade e na esperança sempre ativa junto as nossas comunidades. Não há como deixar de avançar. Necessitamos de conversão permanente. De mudança qualificada, de aperfeiçoar as nossas práticas na dinâmica do seguimento de Jesus e no compromisso com a missão. Ao colocarmos os fatos da vida em Fraternidade, buscamos crescer na fé e transformar a vida para melhor em conformidade com o Evangelho.

Perani (1974, p.38) ao tratar da revisão de vida, assume-a como uma nova espiritualidade. Segundo ele “a revisão de vida, considerada globalmente, é um olhar de fé que, à luz do Evangelho, se aplica em conjunto aos fatos e aos acontecimentos da vida cotidiana, para descobrir aí o apelo de Deus a uma ação evangelizadora” (PERANI, 1974, p.40). E complementa ao afirmar que “na revisão de vida põe-se o acento no fato da vida, parte-se do exterior, da realidade profana, e não se pretende chegar a um juízo moral, mas a uma visão teológica, isto é, procura-se ver o profano integrado na história da salvação” (PERANI, 1974, p. 60).

Origem

Citamos anteriormente a importância da Ação Católica. Nela encontra-se a origem da revisão de vida. Surge aproximadamente na década de 40 com Dom Cardijn através da JOC na Bélgica. Os Jocistas da época encontraram na revisão de vida o método o qual direcionavam sua ação no mundo (Cf. PERANI, 1974, p.14). O princípio que constitui a base da revisão de vida significava “suprimir o grande escândalo da separação que muitas vezes existe entre a vida religiosa, de uma parte, e a atividade profana, de outra” (PERANI, 1974, p. 17).

Antes de se consolidar a revisão de vida na ação católica aconteciam os “círculos de estudo”, a “revisão de influência” a “revisão evangélica” e a “conquista”. A preocupação dos operários cristãos e da hierarquia da Igreja concentrava-se na perda dos trabalhadores para correntes ideológicas que negavam a fé. Crescia a massificação do povo, o descrédito com as instituições religiosas e o ateísmo. A ação católica visava, até a segunda guerra, a conquista dos operários à fé cristã. Havia certo preconceito com as diversas formas de pensamento e a evangelização baseava-se em práticas proselitistas. Perani (1974, p.22) cita que a linguagem “indica aquilo que foi a primeira fase da JOC, a fase da conquista”.

A mudança de mentalidade reflete também a mudança de linguagem. Muda-se a compreensão ao tratar da realidade da vida. Antes se partia da doutrina, das Escrituras e da tradição para olhar os fatos. A realidade histórica e social tinham seu valor, desde que não contradissessem os dogmas da fé. Na verdade partia-se do Evangelho para a realidade. Embora tal compreensão fosse válido na época, ofuscava-se a percepção da ação de Deus nos acontecimentos. No processo de maturação, influenciados principalmente pelo pós-guerra, os jocistas mudam o seu método e invertem o ponto de partida. Dos fatos para o Evangelho. Olhar para a vida e para os sinais de Deus presentes na história antes de refletir e iluminar a realidade pelo Evangelho. Daí a mudança da linguagem, no lugar de falar em “conquista” ou “revisão de influência”, passa-se a tratar da “Revisão de Vida” (PERANI, 1974, p.22). A revisão de vida surgiu entre os leigos, mas notável entre a experiência dos presbíteros e consagrados desde aquela época (p.37-38).

Em resumo, a revisão de vida passa por dois tempos. Primeiro parte-se da descristianização da massa. Passa-se a valorizar o ambiente com finalidade apostólica. Age-se comunitariamente partindo dos fatos concretos. Na mudança de mentalidade, no segundo tempo, aprofunda-se a visão dos fatos, procurando descobrir neles a presença de Cristo na própria realidade profana. E como funciona o método?

Método

O método supõe partir sempre da vida. Não se parte da leitura bíblica, nem pela última encíclica do papa, nem pelos projetos de pastoral mais avançados como exemplos para se repetirem, muito menos no último livro sobre Charles de Foulcauld. A vida, a realidade, os fatos, os acontecimentos precedem qualquer coisa. Busca-se descobrir na realidade a presença de Cristo, ver nela os sinais do Reino. Na Juventude Operária Católica (JOC), a formação comunitária e a consideração dos fatos exercem a função de duas pilastras fundamentais no método. Supõe a importância de se fazer em comunidade e partir sempre dos fatos da vida. Perani (1974, p.49) descreve:

Na revisão de vida os fatos não são uma ocasião. São vistos como o lugar em que Deus está presente e se manifesta. São considerados em sua densidade, em seu valor próprio, em sua formalidade, como algo em relação com o Reino de Deus. Não somos nós a escolher arbitrariamente um fato, a impor nossa visão à realidade, mas a realidade é que é normativa de nossa ação, ela é que requer nossa obediência.

 

A revisão de vida tornou-se conhecida e praticada nos nossos meios pastorais pelo trinômio “ver-julgar-agir” desenvolvido pela Ação Católica Especializada. Fortemente difundida no Brasil, corresponde ainda hoje à tradição teológica latino-americana e é assumida nas pastorais, CEBs e planejamento pastoral nas dioceses. Adotou-se como método de trabalho para a realização das Conferências Episcopais Latino-Americanas de Medellín, Puebla e Aparecida. Na CNBB, utiliza-se muitas vezes o método na Assembléia e este corresponde à maneira como se elaboram os textos-base das Campanhas da Fraternidade (PERANI, 1974, p.13).

Na revisão de vida levam-se em conta três tempos: elementos pessoais ou fato da vida, julga-se o todo à luz do Evangelho, quer dizer, o olhar religioso ou da fé a respeito de tal fato e busca-se a conversão pessoal. Significa a conclusão lógica dos demais tempos (PERANI, 1974, p.31).

Colocado o fato da vida, tal como ele se revela, o Evangelho vem iluminar a realidade. Nesse sentido, a Palavra de Deus lida nas Escrituras ocupa lugar central (PERANI, 1974, p.51). Seria o segundo movimento, aquele que nos direciona ao juízo crítico da realidade partilhada à luz da Palavra. Confrontar a vida ao Evangelho, dar direção e sentido ao caminho, fortalecer a confiança no Senhor e deixar-se conduzir pelos seus ensinamentos. Contudo, deve-se cuidar para a leitura comunitária da Bíblia na revisão de vida não cair num frágil moralismo ou em interpretações simplistas e casuísticas. A leitura orante e a iluminação da vida pelas escrituras orientam-se para a reflexão, a relação fé e vida, nos direciona à contemplação de Cristo através da Palavra dita e encarnada na experiência humana. 

Perani (1974, p.41-45) indica quatro características fundamentais para a revisão de vida:

1.           O grupo: não é um exercício individual. Realiza-se em conjunto e pode ocorrer a partir do próprio ambiente onde fluem os relacionamentos ou mesmo na Igreja. A revisão de vida fortalece os vínculos de amizade.

2.           Alguns fatos da vida: o relato de alguns fatos da vida torna-se ponto de partida para a revisão de vida. Cabe a descrição de situações e acontecimentos.

3.           A referência evangélica: esta possui supremacia na revisão de vida. O Evangelho ilumina a caminhada, dá força e discernimento para o grupo. 

4.           Espírito de oração permanente: sempre ao final, importante louvar a Deus, agradecer, e elevar as preces ao Senhor. O tempo forte de oração alimenta o espírito orante pelo qual se realiza a revisão de vida. 

 

Significado

              A revisão de vida alicerça-se como caminho espiritual. Através dela construímos um itinerário de vida de caminho para Deus. A riqueza desse itinerário revela-se na natureza comunitária da pedagogia utilizada. A revisão de vida feita em grupo supera qualquer tendência individualista e a conduz para o discernimento comunitário, à luz da fé alicerçada no Evangelho. Representa a busca comum de realizar a vontade de Deus, e todos contribuem  nessa busca.

Perani (1974, p.39) ao explicitar a natureza da revisão de vida explicita:

Parte-se da vida e não do Evangelho. O olhar é dirigido à primeira, procurando iluminá-la com a luz do Evangelho. Por isso fala-se sempre de olhar de fé, que deve superar uma simples visão humana das coisas. Este olhar de fé deve revelar a presença da ação de Deus no ambiente e nas pessoas consideradas; uma presença que convide à ação missionária, que leve à manifestação explícita de uma ação já operante, mas ainda oculta e não reconhecida.

Na importância da revisão de vida, cabe ainda tratarmos da distinção entre situação e acontecimento: “situação é a trama permanente da vida” e acontecimento “aquilo que acontece com certa novidade” (PERANI, 1974, p.46). O olhar da fé deve iluminar os fatos da vida a fim de cada situação tornar-se acontecimento. A nossa busca incessante de Deus, traçada por Charles de Foucauld, inspira-nos a transformar o cotidiano da vida em novidade. O valor às coisas pequenas, às pessoas próximas, aos mais simples e humildes possui em si a potencialidade de mudança. Esse olhar de esperança para o mundo inspira o crente a olhar os acontecimentos como possibilidade de crescimento, mesmo diante da dor, do sofrimento, da violência e da morte. Significa enxergar no mundo os sinais da presença de Deus. Como nos diz Perani (1974, p.55) “o acontecimento tornou-se um lugar de encontro com o Senhor”.

Dicas para o bom funcionamento da Revisão de Vida na Fraternidade

Ao darmos dicas, não propomos roteiro. Relembramos alguns aspectos indicados pelo diretório da Fraternidade.

Três elementos essenciais para a revisão de vida: os fatos da vida, o olhar da fé e o espírito de oração. Não devem deixar de estarem presentes em cada encontro. Os fatos da vida em si, não representam a totalidade da revisão de vida, o seu valor alicerça-se como ponto de partida em articulação com os demais aspectos. O olhar da fé sem os fatos da vida pode parecer um olhar piedoso e espiritualista sem consequências para a vida. O espírito de oração, sem o Evangelho e a vida, pode nos levar ao paganismo ou à idolatria. De tal modo a revisão de vida constitui-se como o inter-relacionamento entre os fatos da vida, o olhar da fé e o espírito de oração.

O diretório propõe a devida preparação (n.43). Não se faz a revisão de vida com improviso. Todo o grupo precisa se preparar para ouvir ou apresentar os fatos da vida. Trata-se de um exercício espiritual, e como tal, quanto mais prepararmos a revisão de vida, melhor os frutos adquiridos. Recomenda-se que a preparação realize-se no deserto, sempre na oração e por escrito.

Para a revisão de vida, a atmosfera de oração torna-se fundamental (n.43). “O clima da revisão de vida é verdadeiramente um clima de oração: esta é sua alma e constituem sua atmosfera mais íntima” (PERANI, 1974, p.54). A oração realizada na revisão de vida regra-se pela escuta atenta a Palavra de Deus. A Palavra de Deus se manifesta nos acontecimentos, nas pessoas, nos pobres e nas Escrituras. E, por fim, a atenção dada de uns para com os outros representa outra pilastra fundamental para a prática da revisão de vida. A escuta atenta de cada pessoa que fala, além de exercitar a caridade fraterna, eleva-nos ao aprendizado constante a partir da vida do outro que fala a nós, a partir de seus dramas e alegrias. Implica “engajamento de cada um para realização dos apelos recebidos em conjunto” (n.44).

Conclusão

              O breve artigo teve como objetivo incentivar a prática da revisão de vida em nossas Fraternidades. Consultar as fontes significa recuperar a motivação do primeiro amor a fim de valorizar a prática em nossos grupos. Sabemos da imensa riqueza que a Fraternidade Sacerdotal oferece aos nossos presbíteros em todo o mundo pelos diferentes meios. A revisão de vida compreende um desses meios fundamentais. A opção pelos pobres, o último lugar, a vida de Nazaré, a meditação do Evangelho, o dia de deserto, os retiros, encontram na revisão de vida a artéria que mantém viva o espírito da Fraternidade. O Evangelho pulsa como o coração da Fraternidade, mas necessita da revisão de vida para manter vivo o dinamismo do nosso amor.

Sugestões de leitura

AÇÃO CATÓLICA OPERÁRIA. Revisão de vida conhecer para transformar: ver, julgar, agir pelos 4 lados. Rio de Janeiro: ACO, 1985.

DIRETÓRIO E ESTATUTOS CANÔNICOS DA FRATERNIDADE SACERDOTAL JESUS CARITAS. s/ed., 1996.

PERANI, Cláudio. A Revisão de vida instrumento de Evangelização: à luz do vaticano II. Tradução de Luiz João Gaio. São Paulo: Loyola, 1974.

 

 2. REVISÃO DE VIDA

 

Pe. Gregor Stepkes

 

1.           Origem

A prática da revisão de vida surgiu na França. O que está por detrás desse exercício?

Foi primeiramente na França que se percebeu a ausência do operariado na Igreja. Sob o nome “Ação Católica” (ACO) iniciou-se uma luta para reconquistar o operariado. A ação não teve êxito. Qual a explicação? Perguntou-se: a morte de Cristo foi em vão, sem alcançar a massa dos operários? Se Deus é um Deus dos pobres, como é possível, que justamente os pobres, se fecham à sua graça?

 Em Lucas 4,18: Jesus na sinagoga de Nazaré abriu o livro do profeta Isaías e começou a ler: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque ele me consagrou. Ele me enviou para anunciar a Boa Notícia aos pobres.”

Ou em Lucas 7,22: Respondendo a pergunta de João Batista se ele seria o Messias, Jesus disse: “Voltem e contem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Notícia é anunciada aos pobres.”

Ou Lucas 6,20: A primeira bem-aventurança diz: “Felizes vocês, os pobres, porque o Reino de Deus lhes pertence!”

Portanto a questão era a seguinte: Se Deus é um Deus dos pobres, se sua Palavra é uma Boa Notícia para os pobres, como entender que exatamente os pobres não escutam o chamado da Igreja? A Igreja ainda está desempenhando a sua missão corretamente? Aqui, nesta questão se fazia uma grande descoberta. A missão operária tinha como projeto converter os operários. Agora os missionários descobriram que eles tinham necessidade de converterem-se a si mesmos. O fracasso não era por conta dos pobres, mas por conta dos próprios membros da Igreja. 

E ao mesmo tempo se fazia uma segunda grande descoberta, a saber, que Deus, a quem se quis levar para os operários, estava presente e atuando no meio deles já antes que alguém da Ação Católica tivesse resolvido ir aos pobres. 

E com isso chegou-se a fazer uma terceira descoberta: É tarefa do apóstolo e do missionário:

•            Discernir, a partir da fé, o agir de Deus nos acontecimentos

•            Tornar visível, a partir do amor, o agir de Deus

•            Servir com humildade, cooperando com o agir de Deus.

Estas descobertas provocaram a mudança decisiva na avaliação da Ação Católica. 

Até este momento as atividades dos militantes foram avaliadas sob o ponto de vista se conseguiram exercer uma influência sobre o meio (milieu) dos operários. Agora a avaliação versava sobre o agir de Deus no meio da vida e dos acontecimentos do dia a dia nos homens e nas mulheres. Até este momento se esforçaram conquistar os operários para a Igreja. Agora se esforçam para uma mudança do próprio olhar e do próprio coração. Eles começam a perceber e a ver, que o Reino de Deus já estava acontecendo no meio do mundo. Agora se esforçam em cooperar com o agir de Deus. 

Naturalmente eles descobriram ao lado do agir de Deus também o agir do diabo neste mundo. Mas, também eles constataram que a luta de Satanás contra Deus que se trava no coração e na vida das pessoas, não apenas começou depois que os militantes da ACO chegaram, mas que esta luta estava sendo travada há muito tempo antes, e eles descobriram que esta luta estava acontecendo também na própria vida e neste caso até com mais veemência. 

 

2.           Conclusões

A tarefa do missionário é: ver, na fé, o agir de Deus nos acontecimentos da vida, enxergar, no amor, este agir de Deus e participar, com humildade, do agir de Deus.

Revisão de vida:

VER: Ver a vida e os acontecimentos.

A revisão de vida não é uma bela atividade numa reunião de militantes; antes de tudo ela deve ser treinada constantemente no cotidiano da vida e com as pessoas com as quais estamos nos relacionando. Porque muitas vezes os outros têm uma fé ainda rudimentar. Mas já podemos com eles olhar a vida, podemos ver o bom que acontece na  vida, a alegria, o amor. Podemos com eles ver aquilo que não é bom e o que deve ser mudado. Podemos com eles avaliar, o que foi bem o que foi mal. Podemos com eles interagir para mudar a si mesmos, a sua vida e as situações.

JULGAR: Discernir o misterioso agir de Deus nos acontecimentos e demonstrar e tornar consciente no amor.  

É de suma importância que nós mesmos aprendamos a viver a nossa fé com mais profundidade; que aprendamos ver a partir da fé o agir de Deus, sua presença, seu plano, seu amor, nos acontecimentos do dia a dia. O momento Julgar não pode limitar-se a ser treinado numa reunião, mas precisa ser vivido na vida. Mas isto nós conseguiremos apenas poucas vezes na vida ou nunca. Por isso é preciso treinar nas reuniões.  Precisamos buscar e meditar juntos. Para que julguemos sempre corretamente, coloquemos a vida na luz do evangelho. A partir da palavra de Deus procuremos uma resposta das coisas cotidianas. Na revisão de vida isto acontece revendo as coisas passadas. E isto nos ajudará a treinar o nosso olhar para as coisas que ainda hão de vir ao nosso encontro. Assim aprendemos responder a partir da nossa fé. 

3.           Anotações

Quando é que uma revisão de vida foi boa? Quando ela ajudou a todos os participantes a serem animados. A alegria é sinal da presença do Espírito Santo. 

Ter êxito numa revisão de vida comunitária depende da confiança e da abertura e da fé da fraternidade. Cada um deve esforçar-se para compreender o outro, estar aberto e confiar no outro. Cada um deve respeitar a liberdade do outro. Nós não dizemos um ao outro o que cada um tem que fazer, mas juntos procuramos a vontade de Deus. 

 

3. O QUE É A REVISÃO DE VIDA 

 

 

              Pe.  Álvaro Gonzalez

 

              A adoração, o deserto, a Revisão de Vida, são meios para viver a entrega ao Absoluto. Possibilitam-nos ser pessoas que buscam a Deus.

              No Ocidente sabemos fazer coisas: somos burocratas. A pastoral absorve todo o nosso tempo. Não nos perguntamos: como sou homem de Deus? Custa-nos falar como recebemos e vivemos o fogo de Deus.

              O melhor caminho para a Revisão de Vida é encontrado no Cântico dos Cânticos: nada mais é do que a pessoa que busca a Deus, assim como a mulher busca o seu amado. Fazemos Revisão de Vida porque estamos loucos de amor. Não somos burocratas, funcionários. Somos amantes. Buscamos a Deus sem nos cansar. Fomos feridos pelo seu amor. Por isso, temos algumas pistas onde podemos encontrá-Lo. O presbítero é uma pessoa ferida pelo amor. “Senhor, mostra-me o teu rosto!” É o pedido maior de Moisés, de Isaías e de todos os enamorados de Deus. Nossa vocação fundamental é ser homem que ama. Nossa vida é uma busca de amor, pois o Bem Amado se revela e se esconde. Nós O buscamos com mais força, com maior ardor e assim acontece um encontro que nos enche de vida, de desejo. Cada encontro é estímulo para buscá-Lo ainda mais.

              “Dizei-me, ó amado de minha alma, onde apascentas o teu rebanho, onde o levas a repousar ao meio dia, para que eu não ande vagueando junto aos rebanhos dos teus companheiros”. (Ct. 1,7)

              Se nós pertencemos à Fraternidade, não é porque somos melhores (podemos até nos tornar um grupo de fariseus) mas porque encontramos pessoas e meios que nos podem ajudar a viver esta aventura louca e apaixonante. Queremos amar mais e melhor até o dia em que nos encontraremos face a face com o Senhor.

A Revisão de Vida junto com a adoração e o dia do deserto são meios onde toma forma e tempo o nosso amor e nosso desejo de Deus, assim como nosso sonho fraternal. “Durante as noites busquei aquele que meu coração ama. Procurei- o e não o encontrei. Encontraram-me os guardas que rondavam a cidade: “Vistes o amado de minha alma? Passando por eles, contudo, encontrei o amado de minha alma. Agarrei-o e não vou saltá-lo até levá-lo à casa de minha mãe, ao quarto daquela que me carregou no seio.” (Ct. 3,1-4)

Fazemos Revisão de Vida porque queremos ter a paixão no coração.

 

1)          O que é a Revisão de Vida? 

- É querer contemplar Jesus Ressuscitado presente em minha vida simples e na vida simples dos irmãos.

              - É colocar minha vida nas mãos dos irmãos, para que eles possam ajudar a lê-la de novo, e descobrir as pegadas de Deus. É decidir partilhar um pedaço significativo da minha vida. Revelo um sintoma, e os irmãos vão me perguntando, até que eu descubra a ação de Deus em minha vida.

- É sair do isolamento, da escuridão, para crescer na transparência, para que os outros possam ver como Deus está trabalhando minha vida e eu possa descobrir o mistério que existe em meu irmão. Vou tirando fotos dos diferentes detalhes com que Deus vai trabalhando minha vida, assim como faz o escultor. Muitas vezes, faço tantas coisas e não tenho tempo para perceber o mistério da presença de Deus em mim e nos irmãos.

- É um ato generoso de entrega de minha vida que me torna pobre e livre. A pobreza tem três graus:

 

1)          Entregar as coisas é o mais fácil (e é já tão difícil!);

2)          Entregar o tempo custa ainda mais;

3)          Entregar - colocar - a minha vida nas mãos dos irmãos, custa para mim bem mais ainda.

              Os santos são as pessoas mais pobres e livres. Entregaram tudo ao Senhor e aos irmãos.

RdV é uma entrega daquilo que me custa mais.

 

- É um lugar teológico onde descubro as pegadas de Deus.

- É um exercício de contemplação para descobrir, com um olhar novo, o Senhor.

 

2)          O que a Revisão de Vida não é:

              - Não é intercâmbio de experiências pastorais ou pessoas. Não é diálogo entre amigos. Para fazer a RdV não é fundamental ser amigo. Ela possibilita ser amigo. Não é partilhar nossos erros e culpas para assim nos sentirmos aliviados, justificados. Vomitar os problemas seria uma catarse, estranha reunião de terapia barata. Não é lamentar-se nem falar mal dos outros, do bispo, dos que vivem conosco. Não é chorar o difícil da vida, jogando a culpa nos outros.

 

3)          O que exige a Revisão de Vida?

- Decidir voluntariamente colocar a vida nas mãos dos irmãos. Os que me cercam não são estranhos, nem psicólogos. São meus irmãos.

- Confiança imensa nos irmãos que vão, não apenas receber minha vida, mas têm o direito de dizer uma palavra sobre ela. Eles ajudam a ler aquilo que eu não consigo. Na vida de cada um há pontos cegos que a gente não percebe. Os irmãos têm olhos para ver o que está fora do meu alcance e assim poderei recentralizar a vida em Deus.

- Crer que Deus não me abandona. Está presente também em minhas fragilidades, obscuridades e pecados, mesmo que eu não O veja, nem O sinta.

              - Crer que Deus me fala através dos irmãos a fim de descobrir sua vontade.

- Exige preparação e silêncio para relatar aquilo que é significativo, que tem substância, que me deixou surpreso. Não debatemos idéias, mas fatos, realizações. Deve ser preparada no dia de deserto ou, pelo menos, durante uma hora de adoração.

- Fazer a revisão num ambiente de respeito e seriedade, e não de brincadeiras e gozação. Buscamos o Cristo Ressuscitado.

- Exige que carregue a vida, o caminho, as dores do irmão. Não é assistir a um filme de passatempo. Devo continuar carregando meu irmão. Ele solucionou seus problemas? Secaram as lágrimas? A Revisão de Vida cria vínculos, estreita laços, solidifica amizades. “Se encontrarem meu amado, digam-lhe que eu estou doente de amor” (Ct. 5,8).

 

4)          Como fazer a Revisão de Vida?

              Somos como os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Continuadores, amigos dos discípulos de Emaús. Vivemos num lugar e num tempo, submersos entre os homens e atarefados com nossos encargos. Somos uma parte muito pequena da vida imensa que nos envolve. Há coisas que nos questionam, outras nos arrebatam, outras ainda nos decepcionam e fazem sofrer. Às vezes, nossas convicções mais profundas ficam abaladas. Isto é ser homem. Caminhamos cambaleantes, cansados, desiludidos, como os discípulos de Emaús.

              Vamos seguir os passos da Revisão de Vida desses discípulos:

1)          Os dois caminhavam tristes. Chega o peregrino. Eles contam como foram afetados pelos acontecimentos. “Esperávamos que Ele fosse o libertador de Israel”. Toda a esperança estava destruída. “Algumas mulheres foram ao seu sepulcro… e voltaram dizendo que tiveram uma visão de anjos que asseguravam que Ele está vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro… mas não O viram” (Lc 24,21-24).

        Este é o primeiro momento da Revisão de Vida: contar fatos e não pensamentos, nem análises de conjuntura. Pequenos fatos que nos intrigam, podem ser o fio condutor. Explicam porque não se consegue integrar Reino de Deus e vida pessoal; como os discípulos de Emaús.

2)          Jesus escuta atentamente os dois que caminham. Os irmãos na Fraternidade escutam o desencanto, a obscuridade, para desentranhar toda magnitude do fato. Nunca se deve dizer que o fato não é importante para ele. Quanto do seu tempo, da sua cabeça, do seu coração ocupa este fato?

Jesus ilumina a realidade a partir de dentro. Ele não a substitui, mas a ilumina. Lentamente, Jesus lhes abre os olhos com suas palavras, com suas perguntas, com seus comentários, com suas correções. Os irmãos têm direito de perguntar, não só o que a pessoa em questão pensa, mas também a fé que sente. Nunca relativizar, suavizar. Trata-se de dimensionar tudo na perspectiva do Reino. É preciso ir alinhando os fatos. Ele foi interpretando o que dele se achava dito em todas as Escrituras… “Acaso não era necessário que o Cristo sofresse estas coisas para entrar na glória?” (Lc 24, 26). Ele não atenua, nem suaviza. Com audácia, realiza um diálogo profundo. É isto que muda o coração e o abre às dimensões da vida que não conhecíamos. É assim que age conosco o Ressuscitado.

3)          “Num determinado momento eles pararam”. Jesus deu a entender que iria adiante. Mas eles o forçaram a entrar. “Fica conosco. Já é tarde e o dia declina”. Em toda a Revisão de Vida é preciso parar, recolher-se no silêncio para admirar-se, contemplar tudo o que foi colocado e deixar que o Ressuscitado continue falando, revelando sua presença sempre maior. É preciso ultrapassar as camadas da vida para penetrar no mistério de Deus e ser mensagem de salvação. Sozinhos, jamais haveríamos descoberto o sentido.

4)          Nasce a ação de graças: Partilhar e Celebrar. “Jesus entrou. Colocou-se à mesa com eles. Abençoou e repartiu o pão. Aí os olhos se abriram”. Começou uma vida nova. É importante encontrar algum texto bíblico que o Espírito nos indica para expressar com palavras da revelação aquilo que descobrimos. “Não ardia o nosso coração quando Ele nos falava no caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).

     Há uma parte grande do mistério de Deus que não conseguimos expressar. Mas existe algo que conseguimos traduzir e transformar em oração: preces espontâneas e oração eucarística, onde tudo se transforma em sacramento; o desejo de seu Reino, a necessidade de perdão, o agradecimento.

     Assim, lentamente cresceremos em fraternidade e vamos encontrando o Bem Amado onde quer que se encontre e tenha passado. Vamos adquirindo uma visão nova, transfigurada para viver em profundidade a vida que levamos. Rezamos a partir da realidade. Deixamos a realidade falar.

     O Magnificat é a belíssima Revisão de Vida de Maria, depois da Anunciação, fato que marcou sua vida para sempre. Ela reconhece a ação de Deus e canta suas maravilhas, Deus não abandonou o povo de Israel, que O buscou a vida inteira.

     Estas notas não servem apenas para ajudar-nos a fazer boas Revisões de Vidas, mas para que todos nós sejamos bons e incansáveis buscadores de Deus

                                                       Boletim Jesus Caritas da Fraternidade Sacerdotal - n°. 84. Ano 1991

 

                            II : COMPILAÇÃO DE F. CLEMENTE

 

REVISÃO DE VIDA:

 

              Em julho de 1978, Guy M. Riobé escrevia: “Todas as instituições, todos os sinais, inclusive os mais sagrados, se degeneram se não aceitam mudar de pele, a cada primavera.”

              Sendo que as instituições são formadas por homens que somos nós, e que atuamos com palavras e com sinais, temos necessidade de recuperar a consciência das exigências concretas de nossa lenta transformação em Cristo, porque, por natureza, temos a tendência de nos contentar com a velocidade adquirida, sem renovar, com freqüência, o arranque da generosidade que somente pode vir do amor.

              É verdade que são muitas as circunstâncias e os meios de que Deus se vale para tornar mais viva e atual a nossa generosidade. Há, porém, um entre os mais importantes: a Revisão de Vida. Voillaume diz que ela consiste em “nos tornarmos responsáveis uns pelos outros dentro de uma caridade fraterna viril e clarividente”. Para ele “é necessário mantermos sobre os nossos irmãos e sobre nós mesmos um olhar vigilante e atento porque, como homens, todos somos vulneráveis e cheios de defeitos”. Surge, então, a necessidade da “Revisão de Vida que exige a correção fraterna feita com espírito crítico, na verdade, na humildade e no amor, para podermos descobrir também todo o bem que existe igualmente em nosso irmão”.

              “Temos que dizer tudo aquilo que nos parece repreensível, mas sem julgar, porque quem julga é o Senhor. Do contrário, frustraríamos o sentido da revisão, que tem por objetivo orientar-nos pelo caminho da paz, do amor e da unidade. Sem dúvida, este risco que permeia toda revisão é evitado na medida em que existir entre os que a praticam uma comunicação franca, pois o espírito fraterno cresce quando os membros da fraternidade se comunicam com nobreza, humildade e confiança. É importante levar isto em conta, porque é tão fácil calar-se. Temos que estar atentos porque quando, num grupo, os membros se mantêm reservados, as revisões tornam-se pesadas e acabamos matando-as por falta de comunicação ou excesso de silêncio”.

              Um risco que devemos evitar tanto dentro do que fora da Revisão de Vida é o de nos fecharmos em nós mesmos. Daí a importância da amizade e de saber partilhar tudo: “desejos, dificuldades, alegrias, tristezas, pois há maior felicidade no partilhar do que em concentrar-se nas diferenças de tipos humanos”.

1.           “A Revisão de Vida não se improvisa, mas deve ser precedida da atenção ao nosso irmão, não o deixando nunca sozinho, mas sustentando-o e encorajando-o. Dificilmente poderemos encontrar o Senhor, se vivemos separados dos nossos irmãos. Tampouco podemos ajudá-lo vendo apenas seus defeitos e suas falhas e recordando-os a cada momento; temos antes que estar atentos para ver o que nele é positivo e animá-lo a crescer e a desenvolver suas qualidades. Quando existe comunicação em todos os níveis, a revisão se torna mais fácil e podemos experimentar a alegria da presença de Cristo no meio de nós”.

“A força da fraternidade radica-se na Revisão de Vida”. Esta é a expressão mais característica da fraternidade, pois “supõe a vontade de nos deixarmos ajudar com franqueza e humildade, e também a disposição de ajudarmos os nossos irmãos da mesma maneira, porque isso implica em mútua responsabilidade. Seu valor depende da comunhão fraterna que existe entre os membros”.

1.           “Primeiramente temos que acreditar na presença de Cristo no meio de nós, pois é em nome de Jesus e por causa de Jesus que nos reunimos para colocar em prática seus preceitos. Ao vivermos isto intensamente e fazendo a revisão com generosidade e com humildade, aprofundamo-nos no conhecimento de nós mesmos, dispondo o coração a uma entrega maior. No entanto, como qualquer tarefa de comunhão, isto acarreta trabalhos e dificuldades, pois faltam valores para nos abrirmos aos outros com franqueza, simplicidade e humildade, e faltam também valores para mostrar e corrigir alguma fraqueza descoberta em nossos irmãos. Esta correção mútua, feita em comum, nos ajuda a nos manter firmes na luta contra o nosso defeito dominante ou contra os obstáculos que dificultam o amor de Cristo em nós”.

2.           “A Revisão de Vida deve ser a marca distintiva das fraternidades. Não basta ser humilde, é preciso aceitar de verdade a ajuda dos irmãos, pois, às vezes, somos auto-suficientes e estamos mais dispostos a ajudar do que ser ajudados. Por isso, é preciso querer de verdade que nossos irmãos nos ajudem a fazer melhor todas as coisas. Para tanto, devemos evitar ser desanimadores absolutos e rígidos em nossas correções, não nos esquecendo que, muitas vezes, as intenções das pessoas são melhores do que seu comportamento externo.

E ainda, devemos ajudar e não atrapalhar. Quando alguém está lutando honradamente e faz o que pode, não se deve estar sempre em cima; pode-se pedir mais atenção quando houver sinais de negligência ou abandono. Devemos sempre proceder com paz e simplicidade, a fim de favorecer os primeiros passos, pois pode acontecer que por temperamento ou por timidez haja um certo fechamento.

De qualquer modo, para se viver todo o espírito de Revisão de Vida é preciso que haja na fraternidade intimidade, confiança mútua e alegria fraterna”.

3.           “É também necessária a oração prolongada e silenciosa, que predisponha o nosso espírito para a revisão. Eis aí a importância da solidão e do silêncio. O dia de retiro num lugar deserto não é uma RdV, mas a prepara. Por isso é preciso isolar-se, fazer um esforço para se esquecer de toda preocupação pastoral e até mesmo do trabalho de perfeição pessoal. Não é este o momento de examinar-se, mas de olhar para Deus, de deixar que Ele nos olhe, de pensar Nele e de amá-Lo. Trata-se de uma espera tranqüila na qual, quem sabe, o tédio nos purifique e mostre, talvez, o que somos, e nos prepare para o encontro com Jesus quando estivermos com os irmãos revisando as nosso vidas”.

4.           A Revisão de Vida nos ajuda a descobrir e potencializar novas exigências, tanto em nível pessoal quanto de grupo, para podermos ser fiéis aos objetivos de fraternidade e ao próprio carisma. É um meio eficaz para nos conhecermos melhor e aceitar-nos como somos; para nos ajudar a retirar as máscaras, para nos despir de tudo o que possa aparecer como sucesso pessoal. É um modo de compartilhar nossas vidas com outros pobres e ajudar-nos a compartilhar com os mais pobres. É também um modo de partilhar a vida contemplativa.

A Revisão de Vida nos ajuda a compartilhar em distintos níveis e nos ensina a sermos irmãos e fraternos conforme o plano de Deus que quer que compartilhemos nossa vida com aqueles que Ele coloca em nosso caminho. Algo distinto da simples amizade: os irmãos, é Ele quem dá; os amigos, nós os escolhemos.

5.           Finalmente, a revisão nos ajuda a equilibrar a tensão entre o que vamos vivendo e descobrindo na fraternidade e o que se vive fora da fraternidade, ajudando-nos assim a ser luz e a ser irmãos universais. Na Revisão de Vida, a partir de Jesus e não de nossos critérios, vamos aprendendo que é possível manter viva a esperança, mesmo quando os sinais são pequenos e apenas perceptíveis.

 

                                                                                                F. CLEMENTE

                                         (Boletim Jesus Caritas da Fraternidade Sacerdotal - n°99, ano 1997)

 

4. ORIENTAÇÕES DA FRATERNIDADE

 

1. A REVISÃO DE VIDA  

 

40- É, sobretudo, na revisão de vida que a Fraternidade exerce e sua função como regra de vida. Fala-se muito em revisão de vida. Tais palavras, porém, traduzem realidades diferentes: intercâmbios diversos, partilha do Evangelho, revisão de vida apostólica. Para nós, em Fraternidade, a revisão de vida é um ato de fé comum, no qual partilhamos os acontecimentos, as preocupações, as esperanças, as decepções, uma leitura em comum da vida para nela descobrir os apelos do Senhor.

 

41- Tal revisão de vida requer coragem, mas sentimos sua necessidade.

 

42- A revisão de vida é, primeiramente, um olhar contemplativo sobre a ação do Espírito Santo em nossas vidas. É, ao mesmo tempo, o meio para uma conversão permanente, inclusive no que temos de melhor, a fim de estarmos sempre disponíveis aos apelos do Senhor onde não o esperávamos, onde não o vimos nem ouvimos até agora. Ela nos ajuda a descobrir o Senhor, sempre maior, sempre outro e até mesmo desconcertante para nós.

 

43- Há uma unidade de andamento entre a revisão de vida e os outros meios da Fraternidade. Ela é preparada, de preferência, no deserto, sempre na oração e, se possível, por escrito. É melhor não fazê-la do que improvisá-la. Ela supõe: atmosfera de oração, escuta da Palavra de Deus, atenção de uns para com os outros. Não se devem temer os momentos de silêncio. É preciso ter a coragem de interrogar-se mutuamente, com suavidade mas, com franqueza, sem ter medo das tensões e dos possíveis confrontos. A falsa amizade é a morte de verdadeiras revisões de vida e, portanto da Fraternidade.

 

44- Fazer revisão de vida implica num “engajamento” de cada um para realização dos apelos recebidos em conjunto. Cada um deve sentir-se responsável e solidário com os demais. Uma autêntica revisão de vida pode nos introduzir no mistério da morte e da ressurreição de Cristo, agindo em nós. Ela nos conduzirá, por vezes, até o sacramento da reconciliação.

 

2. REVISÃO DE VIDA 

 

A revisão de vida ocupa um lugar central na Fraternidade. De forma disciplinada e deliberada, ela nos ajuda a discernir a sintonia de nossa vontade com a vontade de Deus, de nossas decisões com o desígnio de Deus para o mundo. O princípio teológico fundante da revisão de vida está bem expresso na Gaudium et Spes 11: 

“O povo de Deus, levado pela fé com que acredita ser conduzido pelo Espírito do Senhor, o qual enche o universo, esforça-se por discernir nos acontecimentos, nas exigências e aspirações, em que participa, juntamente com os homens de hoje, quais são os verdadeiros sinais da presença ou da vontade de Deus. Porque a fé ilumina todas as coisas com uma luz nova, e faz conhecer o desígnio divino acerca da vocação integral do homem e, dessa forma, orienta o espírito para soluções plenamente humanas”.

 A revisão de vida se apóia em duas verdades fundamentais: (1) Deus age na história e de forma marcante em determinados acontecimentos de nossa vida. (2) O Espírito Santo se deixa contemplar nos relacionamentos humanos, porque “Deus é o Amor com que amamos nosso irmão”, no dizer de Santo Agostinho. 

A intuição do irmão Carlos sobre a qualidade salvífica da vida de Jesus em Nazaré lança uma nova luz sobre o valor dos gestos mais simples da vida. Nazaré é o ordinário e o oculto de tudo o que faz o nosso dia a dia. É aí que encontramos Jesus. Em cada acontecimento, mesmo confuso e cheio de contradições, Deus nos chama a descobri-lo, a caminhar com ele, muitas vezes, sem saber para onde estamos indo. 

              A Revisão de Vida não se faz sobre generalidades nem pretende ser uma análise psicológica de uma situação. Não se trata de fazer um exame de consciência detalhado e sim um exame orante da obra de Cristo em nós. É, na realidade, um esforço comum de discernimento sobre um acontecimento concreto, uma decisão a ser tomada, uma nova oportunidade que se abre para alguém. A revisão em fraternidade é, em última análise, um ato contemplativo da ação do Espírito Santo em nós. 

              Por causa da dimensão profundamente contemplativa da revisão de vida, devemos prepará-la bem na oração. Deve ser preparada no dia de deserto e na hora de adoração que precede a revisão. Expor à fraternidade, sem a devida preparação, acontecimentos da própria existência diminui drasticamente as possibilidades de uma revisão frutuosa. A revisão corre o risco de se tornar mera exposição de fatos, sem conexão e sem substrato, e corre o risco mais grave de gerar desentendimentos por juízos sem fundamento. Permanecemos na superfície sem ler a vida por dentro.

              Cada fraternidade tem seu modo próprio de fazer revisão. Em geral, cada um, sem ordem especial, apresenta brevemente o que preparou no dia de deserto ou durante algum outro tempo de oração. Os demais oferecem seu apoio e dispõe-se a ajudar o irmão com esclarecimentos, questionamentos, e até provocações. A revisão supõe que quem a faz queira ser questionado para libertar-se de ilusões e falsas seguranças. É importante que o irmão em revisão diga o que precisa e o que espera do grupo naquele momento. O tempo deve ser distribuído de modo que todos tenham oportunidade de expor sua situação, mas pode acontecer que um irmão necessite de mais tempo e até de todo o tempo. É natural que no início haja uma certa ansiedade. Podemos ter medo de não sermos aceitos como somos. Podemos pensar que nada temos a oferecer aos nossos irmãos. Podemos ter medo de ofender alguém. Tudo isso será gradualmente superado. Com atenção e reverência para com cada um, ajudamo-nos a viver a liberdade para a qual o Senhor nos libertou. 

              A revisão alimenta o desejo de abertura e transparência, levando o irmão a entender mais profundamente e a escolher mais livremente o amor a Deus e o seguimento de Jesus com crescente generosidade. Entrando numa fraternidade, estamos dizendo que necessitamos dos outros, que não somos auto-suficientes. Não queremos impedir que os irmãos confiem em nós e nos ajudem. Nossa fé na presença de Cristo e de seu Espírito em nosso meio nos ajuda a compartilhar com os irmãos nossos próprios sentimentos e nossas intuições, por mais defasados que possam parecer. Havendo confiança, a revisão se realiza. 

  

3. A REVISÃO DE VIDA 

 

A revisão de vida é um elemento chave na vida fraterna. Nela fazemos a experiência do sacramento da fraternidade. 

 

Através da fraternidade podemos melhorar nossa capacidade de perceber a graça de Deus que atua em nossas vidas, nosso ministério e no mundo.  Mesmo nossa fragilidade humana e nossos fracassos podem ser instrumentos para a ação de Deus. O irmão Carlos experimentou isto durante sua vida.

Esta revisão de vida eu não a faço sozinho. Nós nos confiamos a nossos irmãos. Eles nos escutam e criam uma atmosfera de confiança e de abertura. A presença e o testemunho de nossos irmãos nos encorajam. Não nos encontramos por ser necessariamente amigos, porque não nos escolhemos, mas por causa do nosso compromisso com o Evangelho e a Fraternidade. 

 

Nas fraternidades, a revisão da vida está ligada, de preferência, a um tempo de oração e de adoração eucarística. Nós nos tornamos conscientes da presença e da graça de Deus. Seu amor nos encoraja e nos interpela. Porque ele é o Pai, todos nós somos irmãos. Lendo a Bíblia nós descobrimos que Deus está presente nas nossas vidas e no mundo. 

 

A revisão de vida não é tanto nossa estratégia pastoral no que acontece em nossa Igreja local, mas trata-se de nossas vidas. Trata-se mais do ser do que do fazer. Trata-se de nosso coração e de nossos sentimentos.  As questões são: quem nós amamos? Quais são nossos desejos e nossas angústias? Quais são as fontes de nossa confiança e de nossa esperança?

 

Os encontros das fraternidades, muitas vezes, têm momentos informais como uma refeição, conversas, momentos livres, de alegria e de recreação. 

 

Pelos frutos da revisão de vida nós nos tornamos mais respeitosos em relação à Igreja local e aos membros do presbitério. Nós nos tornamos mais sensíveis aos sinais e aos valores do Reino e mais disponíveis para responder as suas exigências.  

 

5. CONSELHO INTERNACIONAL

 

1. Visita a las Fraternidades de Madagascar, Ruanda y RD del Congo

Pe. Abraham Apolinario

Es la cuarta vez que visito África. Mi primera experiencia con el continente de mis antepasados fue en 1991, siendo estudiante del Instituto Católico de París. Pasé dos meses en Togo, Burkina Faso y Benín. Fue el momento de las Asambleas Nacionales. Tuve un rico contacto con la religión tradicional, tan semejante a la religión popular de nuestro Caribe americano. Fue un contacto con la fe de un pueblo que lucha por la vida y la libertad.

La Asamblea Internacional del Cairo, el año 2000, me dio la oportunidad de descubrir otra cara de este insondable continente: El Islam, la cultura árabe y la búsqueda eclesial de la convivencia fraterna de la fe en un solo Dios. Encontré rasgos de la herencia cultural que nos llegó a América, a través de los colonizadores españoles, quienes recibieron la influencia árabe durante ocho siglos.

El Mes de Nazaret del 2007 en Burkina Faso, fue un regalo de Dios que me permitió encontrarme con un grupo de jóvenes sacerdotes de esta Iglesia que crece y se emancipa de los primeros evangelizadores. Iglesia que vuelve su mirada esperanzadora hacia las futuras misiones en línea inversa.

Mi primer encuentro en esta ocasión, fue con las fraternidades de Madagascar. Una inmensa isla que busca su identidad entre África y Asia.

La primera sorpresa agradable fue la acogida de los hermanos. No me esperaba encontrar, a las dos de la madrugada, una delegación de sacerdotes y laicos en el aeropuerto de Tananarivo. Me impresionó la ciudad, con tantas carencias y plena de vida.

Dos días después viajamos hasta Tuliar, al sur oeste de la isla. Un viaje rudo e interminable de 23 horas en un “taxi brusse” (pequeño minibús que lleva pasajeros y carga). Viajé con otros dos sacerdotes, un seminarista y un grupo de viajeros habituales.

En Tuliar se nos unieron dos sacerdotes más y otros dos seminaristas de teología. En un ambiente fraterno, tuvimos un diálogo franco y alegre. Tocamos el tema del Buen Samaritano y la meditación del pastor evangélico Martin Luther King, sobre la necesidad de rehacer el camino de Jericó “para que hombres y mujeres ya no sigan siendo golpeados y robados mientras avanzan por los caminos de la vida.”  ¡Qué alegría ver el interés de estos futuros sacerdotes en vivir su ministerio a la luz de la espiritualidad del Hno. Carlos! 

El padre Félix Rajaonarivelo coordinó el encuentro, pues padre José Doutriaux, responsable nacional de la Fraternidad, se encontraba fuera del país.

Me impresionó la pobreza de este rico país, con sus innumerables casuchas de barro y paja (que contrastan con las sólidas tumbas de los difuntos), las interminables rutas, sinuosas y sin asfalto. Me impresionaron, sobre todo, los “puse puse” (especie de carrozas tiradas por hombres). Aunque sabía de su uso en la India y otros países asiáticos, no sabía que existían aquí. Ver a seres humanos transportando a otros, sólo con su fuerza muscular, como ocurría en la antigüedad, me dejó un profundo dolor.

Lo más enriquecedor de mi estadía en Madagascar, fue sin dudas, la visita a la parroquia de Andranovory, donde trabaja el padre Jacques Zanato-Zanakandro. Allí participé de la misa dominical, encontré algunos jóvenes y pude compartir el almuerzo con la familia de Julia y Fidelis.

Me llevo una linda impresión de esta iglesia, del  obispo de Tuliar, Mons. Fulgence Rabeony (muy interesado en sus sacerdotes y la fraternidad) y de esta pobre gente que lucha contra el analfabetismo, el saqueo de las multinacionales y la inestabilidad política.

Llegué a Kigali, la capital de Rwanda, la madrugada del 16 de julio y otra vez tuve  la agradable sorpresa de la acogida: Me esperaban tres jóvenes sacerdotes de la Fraternidad y dos laicos de las Fraternidades Seculares, que viajaron desde Butaré, a 140 kilómetros para recibirme. Con ellos regresé, por aquella sinuosa carretera que atraviesa aldeas y poblados. No pude evitar sentir inquietud ante tantas curvas, en medio de la noche.

En Rwanda tuve el privilegio de visitar tres parroquias y dos seminarios. Percibí una Iglesia y un pueblo que intentan superar el trauma del Genocidio de 1994. Visité conmovido algunos monumentos que conmemoran estos días tristes de muertes entre hermanos. ¿Cómo pudo ocurrir semejante hecho? La pregunta sigue lacerando el corazón de la gente y de sus pastores.

El encuentro con los hermanos de la Fraternidad se realizó en casa de las Hermanitas de Jesús. Me encontré con un clero joven, que se siente responsable de la reconciliación y de la esperanza en esta sufrida nación. Lamenté ausentarme el sábado de la ordenación de 7 nuevos sacerdotes, 6 diáconos y varios ministros. A mi regreso del Congo recogí los comentarios entusiastas de esta celebración.

Mons. Philippe Rukamba nos recibe atento y distendido. Me brinda todo su apoyo para la visita que debo hacer al Hno. Denis y se muestra interesado en conocer sobre la situación de nuestro vecino país de Haití.

Desde Butaré salgo al mediodía en minibús hacia Bucavú, al sur del Congo. El primer encuentro es con un grupo de 60 sacerdotes de la diócesis, que terminan su retiro. Ambiente jovial en que se celebra el aniversario 79 de un querido sacerdote.

Al día siguiente me reúno con el 7 hermanos de la fraternidad. El diálogo animado por el Padre Adrien Cishugi, parte del deseo de conocer la Fraternidad en otros países. Hablamos de la posibilidad de organizar un Mes de Nazareth, junto a los hermanos de Rwanda para el próximo año 2011.

El domingo tengo el privilegio de celebrar en la capilla Doms, con un hermoso coro y una asamblea muy participativa. ¡Da gusto ver cómo se celebra aquí la fe! 

Luego de la misa tenemos un simpático y cercano encuentro con la Fraternidad Secular, en casa de las Misioneras de Ntra. Sra. de África (las Hermanas Blancas). Los delegados vinieron de distintas parroquias y compartimos ideales comunes inspirados en el Hno. Carlos. Les pregunto qué les aporta esta espiritualidad para la vida de familia. Su respuesta me hace pensar en tantas familias que la fe les saca de su pequeño mundo y les abre a los hermanos. Me comentan cómo se sienten animados a acoger a tanta gente necesitada a su alrededor. En ellos ven a Jesús.

Compartimos el almuerzo con las hermanas. El P. Adrien es de la familia y el ambiente es festivo. Algunas de las jóvenes postulantes regresaron hoy de sus vacaciones. ¡Da gusto ver las bellas sonrisas y oír las carcajadas ante las ocurrencias del sacerdote!

Después de una breve visita a unas religiosas de Ucrania y a una familia, regreso a la Procura, donde me hospedo. Por allí pasan varios sacerdotes y laicos que se encuentran realizando alguna labor de desarrollo. Es un verdadero cruce de caminos y de naciones.

Temprano en la mañana del sábado vamos a la frontera con Rwanda, es una aventura, porque no he podido conseguir el visado. Después de varios intentos me autorizan a entrar en el país y tengo la alegría de encontrarme en Butaré con Denis. Compartimos un rato de diálogo y oración. Evocamos los nombres de los hermanos que le han visitado y de aquellos con los que compartimos en encuentros anteriores. Nos reconfortamos mutuamente en este tiempo de desierto y nos confiamos con la oración del Abandono al Señor de lo imposible.

Esa noche me hospedo en el Seminario Menor, donde viven 320 jóvenes y adolescentes, me sorprendí con la cantidad. El P. Jean Paul me explica que se trata de una escuela y que de este gran grupo, sólo algunos se preparan al sacerdocio. Presidir la Eucaristía con tantos jóvenes me llena de ilusión. Celebramos en inglés (Rwanda está cambiando del francés al inglés, como lengua oficial). Al día siguiente tenemos la misa en Kiñaruandéz, la lengua local y enseguida se siente una participación más rica y natural. Al no entender nada de lo que dice el joven sacerdote, aprovecho para orar por este nutrido grupo de jóvenes, por los sacerdotes que le acompañan y por este noble pueblo ruandés. ¡Qué Dios aleje para siempre de aquí la violencia y la opresión!

El regreso al aeropuerto de Kigalí, lo hago junto a dos jóvenes sacerdotes y un viejo roble de la diócesis de Butaré. Me alivia escuchar sus risas, mientras cuentan, me imagino, amenas historias de sus años en el seminario. El viejo sacerdote ríe con ganas. Luego me confió, que también a él le divierten las anécdotas de estos muchachos. Dejo por ahora el joven continente, lleno de ilusión y desafíos.

 

2. Encuentro Europeo de Viviers 2010

Pe. Abraham Apolinario

Desde París salgo en tren con Jacques Midy hacia Viviers  (a 180 km de Lyon), para participar del encuentro europeo de sacerdotes de la Fraternidad. Nos reunimos en el antiguo Seminario, ahora “Casa Diocesana Carlos de Foucauld”, donde fue ordenado sacerdote el Hno. Carlos. Estar en la capilla de su ordenación sacerdotal me emociona y la oración que brota está animada por el fervor de este testigo de la fraternidad universal. 

Nos encontramos 57 hermanos, procedentes de 13 países, convocados por el P. Laurent Dognin, responsable de Europa. La mayoría son franceses, de la primera hora de la Fraternidad y otros, como yo de más reciente historia. Nos acompañan Eddy Lagae, miembro del Consejo Internacional y dos hermanos obispos: Luigi Betttazi, obispo emérito de Ivrea (quien participó en varias secciones del Concilio y fervoroso defensor de esta Hora de Dios) y Brendan Kelly, obispo de Achonry en Irlanda, quien nos sacudió con su testimonio, sobre el momento de desierto que vive esta católica nación.

Mons. François Blondel, obispo de Viviers nos acoge en la Misa dominical en la más pequeña catedral de Francia. Celebramos la vida del Hno. Carlos y del Amado Jesús. El Padre André Roustan nos introduce al tema del ministerio presbiteral del Hno. Carlos y esto nos dispone a la anhelada visita al Monasterio Ntra. Sra. de las Nieves.

Llegamos al convento por una serpenteada y agradable carretera. El monasterio se nos oculta al principio bajo una fina llovizna, pero luego el sol nos descubre todo el esplendor del contorno. Oramos en la nueva capilla, donde se conserva la reliquia del Hno. Carlos. Ofrecemos la Acción de Gracias por esta vida, regalo de Dios a la Iglesia y al mundo. 

El Padre Abad Hugues de Seréville nos introduce a la vida de este lugar de contemplación y nos cuenta del impacto de las breves estadías del Hno. Carlos. Todo nos recuerda su presencia y nos renace el deseo de relacionarnos con Jesús a su modo. Con una entrega total al Bien Amado.

El resto del encuentro en Viviers concluye en un ambiente franco y fraterno. Tenemos la oportunidad de compartir y nutrirnos mutuamente del significado de este seguimiento. El Padre Maurice Buvier, postulador de la causa trajo consigo el decreto papal y nos lo muestra emocionado. Nos anima a seguir orando para que la Iglesia proclame santo al bienaventurado del Sahara y del mundo.

Dejo Viviers con cierta nostalgia y con un profundo agradecimiento por los días, vividos en estos lugares familiares del Hno. Carlos y con la certeza de que en distintos continentes, África, América, Asia y Europa, Dios seguirá despertando en los sacerdotes diocesanos el deseo profundo de vivir cerca de la gente, acogiendo el carisma de Carlos de Foucauld, presbítero, misionero y hermano de todos.

 

6. NOTICIAS

 

A beleza da missão

 

              Entre nós missionários sempre reafirmamos que a missão é um dom do Espírito dado a Igreja. É uma graça que nasceu com o mandado de Jesus, Ide! Aqueles que foram podem dizer pela experiência que, há mais alegria em dar do que receber. Os missionários (as) além fronteiras não são heróis ou melhores do que outros por estarem em terras distantes, são na verdade privilegiados que gozam da beleza da missão. 

              Na primeira quinzena de agosto estiveram conosco, partilhando desta graça, dom Jaime Kohl, Pe. Adilson Zílio e Silvane Agnolin do regional Sul III - Brasil. Visitaram comunidades e reuniram-se com os conselhos pastorais para ouvirem suas preocupações. Não faltaram pedidos para que se continue e amplie o projeto missionário enviando mais padres e leigos. 

              Sem muitas palavras, o povo nos disse nas celebrações que é preciso partilhar de nossa pobreza. No momento das ofertas, dezenas de mulheres vinham até o altar com danças trazendo suas tigelas transbordantes com produtos cultivados por elas mesmas. Nós que estávamos próximo ao altar, calamos diante da generosidade daquele povo. Deram com largueza de espírito do seu pouco. Esta intuição da gratuidade deveria impulsionar toda ação missionária da Igreja. “Dê cada um conforme decidir em seu coração, sem pesar ou constrangimento, pois Deus ama quem dá com alegria. Quem semeia pouco colherá também pouco e quem semeia com largueza também colherá com largueza”. Eram estas palavras daquela celebração debaixo do cajueiro. Era o último dia da visita e o Evangelho também nos questionou: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto” (Jo12, 24). 

              Faz pensar. Se não dermos o passo de generosamente darmos de nossa pobreza corremos o risco de continuarmos grãos de trigo sem produzir nada. Tenho convicção a partir deste chão Africano que nossas dioceses do Sul do Brasil não nasceram para serem grãos de trigo, pelo contrário, o Espírito as convoca a serem grãos que passam pelo processo de morte para produzirem frutos. 

              Nossa Igreja do Brasil tem muito a agradecer pelos inúmeros missionários “fidei donum” que contribuíram e continuam contribuindo pelo testemunho e pela presença em lugares de fronteira entre os mais necessitados, sobretudo na Amazônia. Nossa hora já chegou de partilharmos com as dioceses mais pobres do mundo aquilo que de graça recebemos. 

              Também agradeço, com alegria, os dezesseis anos de presença do Sul III, aqui na diocese de Nampula, Moçambique. Na atual equipe de missionários (as) somos cinco pessoas, dois padres e três leigos que atendem duas grandes paróquias com 140 comunidades. No final deste ano voltam os três leigos e o Pe. Luis Cardalda também retorna a sua diocese de Goiás. Fico sozinho e entro num tempo de espera em Deus e confiança em Sua providência. 

              Para concluir, permito-me partilhar que há poucos dias ouvi de um amigo padre do Sul do Brasil que tem vontade de se lançar na missão além fronteiras, mas lhe falta coragem. Jesus responderia: “Coragem, não tenhais medo”. Às vezes, penso que no imaginário dos convidados pelo Senhor da messe, persiste uma idéia irreal de missão associada naquilo que temos que perder, deixar para trás ou morrer. As cruzes das malárias, das perdas, das saudades, das distâncias geográficas e culturais não se comparam com a beleza de estar aqui no meio deste povo, podendo partilhar um pouco de nossas vidas.  

Agradeço de coração a visita que a equipe do Brasil nos fez, nos deixando animados pela convicção de que a missão é de Deus e por isso não faltarão pessoas generosas que acolherão o convite de partirem na descoberta da beleza da missão. 

 

Pe. Maurício da Silva Jardim

Missionário em Moçambique

 

Nós, Padres da Região Norte da Fraternidade e Nordeste V, da CNBB estivemos reunidos em São Luis, nos dias 12 a 15 de julho de 2010, na casa das irmãs mínimas, para nossa convivência fraterna. Sendo os padres Jaime e Carlinhos de Belém e os padres Franco e Paulo Sergio.

              Foi um encontro bem fraterno; passeamos muito e tivemos um bom tempo de estudo. Como tema do nosso encontro, utilizamos as reflexões do padre Geraldo, do retiro de janeiro. As reflexões do padre foram enriquecidas com a experiência de cada membro da fraternidade. O nosso encontro começou na segunda, quando fui buscar os padres bem cedo no aeroporto. Depois de tomarmos café na casa das irmãs, fomos dar uma volta no centro de São Luis e uma passada nas praias. Almoçamos na casa de uma pessoa amiga e, a seguir, os padres repousaram. O padre Franco, que chegou depois, acompanhou os padres durante a tarde e a noite, pois eu tive que ir a Santa Rita. 

Na terça, pela manhã, retornei e fizemos um estudo do texto do retiro; saímos para o almoço no restaurante de um amigo do Pe. Franco. Ao voltarmos para a casa das irmãs, para repousar, o Pe. Jaime teve um momento com as irmãs sobre a parapsicologia. Elas gostaram muito. À tarde, viajamos para Humberto de Campos e o padre de lá nos acolheu na casa paroquial, levando-nos para jantar na casa de um paroquiano. Dormimos lá e saímos bem cedo para Santo Amaro; fomos de carro e de lá pegamos uma Toyota fretada até Santo Amaro, chegando lá às 08:30. O padre Admilsom nos acolheu, tomamos café na casa paroquial e depois fomos para as dunas, mas os padres ficaram com medo do sol. Porém, eu e o Pe. Carlinhos fomos tomar banho na lagoa mais linda: a gaivota. Fomos nos banhar no rio alegre, almoçamos e de tarde voltamos para São Luis.

À noite, os padres de Belém voltaram, após o jantar com o padre Manuel Júnior, na paróquia do São Cristóvão. 

Foi um encontro de convivência maravilhoso. Mesmo com a falta de muitos outros membros, valeu muito. Ficamos todos felizes. 

Pe. Paulo Sérgio

 

 

Prezados irmãos da Fraternidade,

Ontem estivemos reunidos na residência dos Carmelitas no bairro Planalto.

O encontro contou com a participação de 6 pessoas: Almir, Helton, Ivonil, Hugo, Ademilson e Daniel.

Seguimos a metodologia do dia da Fraternidade com celebração do ofício das Comunidades, meditação silenciosa, revisão de vida e adoração eucarística. Partilhamos sobre a importância da Palavra de Deus e do Evangelho na vida da Fraternidade. Acentuamos a Leitura Orante da Bíblia e a centralidade da Palavra nos nossos encontros. A Revisão de vida teve um clima de abertura e enriquecimento mútuo, na troca de experiências e perspectivas para a caminhada. Entendemos que alguns irmãos não puderam estar e esperamos a presença de todos nos próximos.

Aproveito para incentivar a todos a marcar nas agendas o próximo encontro. Será dia 19 de setembro de 2010, das 14 às 19hs. O local sugerido foi a casa dos Sacramentinos, na chácara da editora o Lutador, ainda à confirmar. Provavelmente teremos a presença das Irmãzinhas de Jesus. Ademilson ficou responsável em articular o próximo encontro.

Ontem prometi partilhar com vocês fragmentos da carta do Pe. Eduardo. Caso alguém queira mandar carta para ele, isso será muito bom. O texto em anexo tem a permissão dele para ser socializado. Também em anexo o endereço, caso alguém deseje enviar-lhe correspondência.

Abraços a todos e seguimos na luta a serviço do Reino.

Fraternalmente,

Daniel Higino

Extrema, 20 de Setembro de 2010

 

Caro Pe. Bizon, 

Saudações

 

Escrevo para reiterar nossos laços de unidade com os irmãos padres da fraternidade sacerdotal.

Aqui estamos bem graças a Deus, embora não nos falte desafios como na própria Vida de Carlos de Foucauld.

Temos uma vida dura e árdua como dos nossos próprios irmãos e irmãs que aqui vivem na periferia onde moramos, onde vivemos do trabalho do dia a dia como também da generosa contribuição deste povo que não nos deixa passar do extremo, é realmente viver do essencial, jamais faltar, mas também não sobra.

Procuramos renovar nosso ideal e escolha rezando diariamente a oração do abandono com irmão Carlos e toda família espiritual nas orações da comunidade e na adoração diária.

Gostaríamos de poder visitá-lo em SP, mas a precariedade e difíceis condições financeiras nos impedem.

Toda vez tentamos fazer uma pequena reserva para isto, “Ele” vem e nos pede um irmão (ã) mais necessitado.

Padre, ainda não recebemos o boletim das fraternidades e acreditamos ser um meio forte de estarmos cada vez mais unidos com nossos irmãos.

Envio nossas orações e continuemos sempre unidos, e no aguardo de uma possível visita a nossa fraternidade.

Irmãos Marcelo,  Mauro, Henrique, André e Pe. José Franco

Aproveito para pedir materiais sobre a fraternidade como livros, folder, estampas de Foucauld e orações do abandono, pois tivemos uma abertura para falar aos seminaristas da diocese.

 

Email: marcelocorima@yahoo.com.br

Tel.: (35) 9844-2094

 

Irmão Marcelo

 

Paulo, 

 

Desculpe que apenas hoje venho a responder o seu pedido de enviar algumas notícias da fraternidade de Mato Grosso.

Creio que estamos caminhando bem! Nós nos encontramos mensalmente em Jaciara na casa de Pe. Martin. Somos Pe. Ilson de Chapada dos Guimarães, Pe. Juarez de Jaciara, Pe. Cobo do seminário de Cuiabá e Pe. Gunther de Rondonópolis. Pe. José da Diocese de Cáceres enquanto pároco de Nossa Senhora de Livramento, município que dista apenas 30 km de Cuiabá sempre nos acompanhava. Agora ele foi transferido para a paróquia de Barra dos Bugres, já bem mais longe. Vamos ver como manter o relacionamento. Junto com Pe. Cobo veio participar um padre jovem, Pe. Wagner, que estudou em Roma e conheceu Ir. Carlos através das irmãzinhas em Tre Fontane. Parece que também Pe. Júlio de Cuiabá quer voltar a participar conosco.

Como já disse, nós nos encontramos uma vez por mês. Todos têm que viajar mais de 100 km. Assim o início é pelas 8 horas. Após a saudação e a alegria do encontro, iniciamos com a oração do Ofício das Comunidades, seguida por uma leitura partilhada da Bíblia. Esta partilha sempre e graças ao Pe. Martin é um dos pontos altos. Pelas 10 horas vamos para a paróquia para adoração, que é livre para quem quer fazer. Os outros conversam entre si ou dois a dois. 11hs30 almoçamos e retornamos às 13 horas na casa do Pe. Martin para a revisão de vida. Todos têm a suficiente abertura para colocar realmente o que nos preocupa ou chamou atenção. Mesmo assim na revisão podemos melhorar. Pelas 15 horas terminamos e cada um pega novamente a estrada. 

Posso dizer que nós nos encontramos e formamos verdadeiramente uma fraternidade. Nós queremos bem e entre nós existe abertura e amizade. Sinal disso é, que nunca falta alguém. Parece que os dias da fraternidade faz parte do calendário de cada um.  

 

Rondonópolis, 9 de outubro de 2010

 

                                                                                                

Abraços 

Gunther

 

7. AGENDA

 

Retiro Anual

04 a 11 de janeiro de 2011

Casa de Retiro Monsenhor Domingos Pinheiro aos pés da Serra da Piedade, em Caetés.  

Á 53 Km de BH, MG – No Santuário Estadual de N. S. da Piedade

Diária  R$ 35,00 (trinta e cinco reais) 

Resp. Pe. Celso Pedro da Silva

Pregador: D. Paulo Roberto Beloto, Bispo de Formosa, GO

 

Região Leste – Rio de janeiro

30/11 a 01/12 de 2010

Pirai - RJ

Resp. Pe. Hideraldo V. Vieira

 

Região Leste – Minas Gerais

22 a 24 de novembro de 2010

Roças Novas, MG

Resp. Pe. Hideraldo V.Vieira

 

8. UM LIVRO UM AMIGO

 

 

DAMIAN, Pe. Edson T, Uma espiritualidade para o nosso tempo, Carlos de Foucauld, Paulinas, São Paulo, 2007.

 

FRAÇOIS SIX, Jean, Charles de Foucauld, O Irmãozinho de Jesus, Paulinas, São Paulo, 2008.

 

LAFON, Michel, 15 Dias de oração com Charles de Foucauld, Paulinas, São Paulo, 2005.

 

NOUWEN, Henri J. M., A Espiritualidade do Deserto e o Mistério Contemplativo, o caminho do coração, Loyola, São Paulo, 3ª. Edição de 2004.

 

SILVA, Celso Pedro da e BIZON, J. (Orgs.) Meios para uma espiritualidade presbiteral, Loyola, São Paulo, 2005.

 

TOMITA, Luiza E., BARROS, Marcelo e VIGIL, José Maria (orgs.) Pluralismo e Libertação, Por uma Teologia Latino Americana Pluralista a partir da Fé Cristã. Loyola, São Paulo, 2005.

 

Crescer Juntos na Unidade e na Missão: uma declaração conjunta da Comissão Anglicano-Católica Romana para a Unidade e Missão. Coleção Diálogo Ecumênico e Inter-religioso. Edições CNBB, Brasília, DF, 2010.

 

TORNAR-SE CRISTÃO, Inspirações da Escritura e dos textos da patrística com algumas reflexões contemporâneas. Coleção Diálogo Ecumênico e Inter-religioso. Edições CNBB, Brasília, DF, 2010.

 

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