COMO S. C. FOUC. VÊ A ORAÇÃO


COMO S. CARLOS DE FOUCAULD VÊ A ORAÇÃO


19/08/2023


Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras.”(Mt 6,7)


Que quereis dizer, meu Deus, ao nos recomendardes que rezemos empregando poucas palavras, ao contrário dos pagãos que utilizam muitas? As palavras não são proibidas, pois a Igreja recomenda e ordena o emprego de orações vocais por vezes bastante longas; mas os pagãos acreditavam que era suficiente pronunciá-las, ao passo que Vós quereis que o coração reze tanto como os lábios. Dizeis-nos três coisas, ao fazerdes esta recomendação:


1- Que as orações vocais são insusceptíveis de Vos agradar e indignas do nome de serem chamadas orações quando o coração não acompanha os lábios;


2- Que não devemos cuidar-nos obrigados a recitar preces vocais para que haja oração, mas que, para rezar, basta que Vos falemos interiormente, por meio da oração mental;


3- Que para orar nem sequer é necessário dirigirmo-nos a Vos interiormente, por meio da oração mental, mas que basta mantermo-nos amorosamente a Vossos pés, contemplando-Vos, alimentando todos os sentimentos de admiração, de devoção, todos os desejos de contribuir para Vossa glória, consolação e caridade, e todos os desejos de Vos ver — enfim, todos aqueles sentimentos que o amor inspira. Esta última espécie de oração, tão ardente apesar de curta, é excelente... A oração consiste, como diz Santa Teresa, não em falar muito, mas em muito amar. É isto, igualmente, o que ressalta das Vossas palavras.


(Do livro “Meditações sobre o Evangelho”, do Círculo do Humanismo Cristão, Livraria Morais Editora, ano 1962, pág. 93-94)