3º CÂNTICO-LEIT. ORANTE

TERCEIRO CÂNTICO - LEITURA ORANTE DOS CÂNTICOS DO SERVO SOFREDOR

O SERVO É O POVO OPRIMIDO. O SERVO É JESUS

2ª F Sem. Santa Is 42. 1-9 - 1. Destino e Missão do Povo - DEUS FALA

3ª F Sem. Santa Is. 49, 1-6 2. O Povo descobre a sua Missão - O POVO FALA

4ª F Sem. Santa Is 50, 4-9 3. O Povo executa a sua missão - O POVO FALA

6ª F Sem. Santa Is 52,13-53,12 4. A Vitoria do Povo e a conversão dos opressores - Ex-opressores falam.

TERCEIRO CÂNTICO – Is 50, 4-9 –

O POVO EXECUTA A SUA MISSÃO

A. Oração inicial – cantar: “A nós descei Divina Luz ...” ou Rezar: “Vinde Espirito Santo .....”

B. Leitura do dia: Is 50, 4-9. Ler duas vezes

4 O SENHOR Deus me ensina o que devo dizer a fim de animar os que estão cansados. Todas as manhãs, ele faz com que eu tenha vontade de ouvir com atenção o que ele vai dizer.

5 O SENHOR Deus me deu entendimento, e eu não me revoltei, nem fugi dele.

6 Ofereci as minhas costas aos que me batiam e o rosto aos que arrancavam a minha barba. Não tentei me esconder quando me xingavam e cuspiam no meu rosto.

7 Mas eu não me sinto envergonhado, pois o SENHOR Deus me ajuda. Por isso, eu fico firme como uma rocha e sei que não serei humilhado,

8 pois o meu defensor está perto. Alguém tem uma causa contra mim? Então vamos juntos ao tribunal. Alguém quer me processar? Que venha e apresente a sua acusação!

9 O SENHOR Deus é quem me defende, e por isso ninguém poderá me condenar. Todos os meus inimigos desaparecerão; serão como um vestido que as traças destruíram.

D. Reflexão e Meditação

Qual a frase que você mais gostou? Porque?

Como Deus preparou o seu Servo para a sua missão?

Como o Servo cumpriu a missão?

Como nós cumprimos a nossa missão?

D. Orações como resposta à leitura e reflexão

E. Oração final: Pai nosso/dezena do terço

Para ajudar na reflexão e meditação

Terceiro Cântico - Para ajudar na reflexão

ENCONTRANDO NA BÍBLIA LUZ PARA A NOSSA MISSÃO

Estamos celebrando a Semana Santa em casa. A liturgia da nossa Igreja usa, há séculos, leituras tiradas da segunda parte do livro do profeta Isaias (Caps. 40-55) relendo para o tempo de hoje a experiência da presença de um Deus libertador no meio do povo oprimido. Experiencia essa, vivida pelo povo de Deus no meio de um outro escravidão 3500 anos atrás. Foi isso que Jesus, os seus discípulos e as primeiras comunidades fizeram no novo testamento. Trouxeram para a vida deles a experiência do Servo Sofredor, e viu isso sendo concretizado na vida deles. É o mesmo deus, é o mesmo servo em todas as épocas, em todas as escravidões. Basta aprender do passado e abrir os olhos.

A segunda parte do profeta Isaias situa-se durante a escravidão do povo na Babilônia. A escola profética que usava o nome de Isaias recebeu de Deus a tarefa de revelar um Deus Libertador – o mesmo Deus que estava presente e atuante na hora de tirar o povo da escravidão no Egito 700 anos antes. A imagem usada na Bíblia, no Segundo Isaias, é a imagem do Servo Sofredor, que no livro é lido, contada, meditada e rezada nos quatro Cânticos. Os primeiros três Cânticos começam com a escolha, por Deus, do Servo, passando pela entrega da missão e, em seguida, a preparação para a missão e o envio para ação. O 4º Cântico, lida na 6ª feira da paixão, canta, conta e consolida a ida corajosa do servo para a morte com a certeza da vitória para quem tem certeza da vontade do Pai e quem fica fiel até as últimas consequências – a morte.

As Comunidades do Novo Testamento 500 anos mais tarde, no tempo de Jesus, ilumina a sua e a situação de Jesus com os mesmos cânticos (2ª, 3ª, 4, e 6ª feiras da semana Santa leiam, meditam e rezam estes mesmos cânticos, os aplicando agora não à uma figura ou uma comunidade do passado mas à vida de Jesus e a vida da Comunidade depois da morte de Jesus.

O povo no tempo de Jesus esperava um Messias, mas cada pessoa e cada grupo da sua maneira, mais ou menos igual os nossos tempos de hoje. Tinha gente que esperava um Messias Rei, enquanto outros esperavam um Messias sumo-sacerdote; um guerrilheiro subversivo; um Messias Doutor; um Messias Juiz; um Messias Profeta. Mas sempre um Messias que faz para eles, um substituto, conforme os seus interesses, ou os interesses de classe social. Cada um aguardava o Messias encaixando-o nos seus desejos e expectativas. Todos esperando um Messias glorioso e soberano. Ninguém esperava um Messias humilde, pobre e Servidor.

Desde os tempos do Antigo Testamento havia um grupo pequeno de gente pobre, que conhecia bem o Antigo Testamento, conhecido como os anawim, ou pobres de Yahvé. Somente estes pobres (anawim) enxergava a esperança Messiânica como um serviço do povo de Deus à humanidade. Maria, a mãe de jesus, era deste grupo dos anawim (pobres de Yahvé). Ela disse ao anjo: “Eis aqui a serva do Senhor!” Foi na casa dela que Jesus foi iniciado no caminho do serviço.

Voltando agora para os outros cânticos. No primeiro quem fala é Deus e ele apresenta o seu servo. “O meu escolhido, que dá muita alegria ao meu coração”. “Não grita, não clama, não faz discurso na rua”. “Não esmaga o galho quebrado, não apaga a luz que já está fraca”. Mas “continuará firme até que todos aceitem a minha vontade”. “Eu, o SENHOR, o chamei e o peguei pela mão”, disse o Senhor. “Para abrir os olhos dos cegos, pôr em liberdade os prisioneiros e soltar os que estão em prisões escuras”

No segundo Cântico, quem fala é o Servo. O senhor me escolheu antes mesmo de eu nascer. Me chamou pelo nome. Me deu palavras cortantes que nem uma espada. “Vou mostrar minha grandeza por meio de você”. Sou estimado por ele, ele é a minha força, para eu reunir o seu povo, e traze-lo de volta para Ele, Não só o povo Israelita da escravidão, e criar uma nova nação, você vai ser luz para todos os povos, e ser instrumento de salvação para o mundo inteiro.

Que tarefa para um pobre ninguém que nem levanta a voz!!.

Mas vamos lá para o terceiro Cântico para ver como é que o Servo vai cumprir essa missão. Aqui de novo quem está falando é o Servo. Todas as manhãs ele faz eu ouvir com atenção o seu ensinamento. Ele me dá entendimento e eu não virei as costas, e mesmo querendo, não vou fugir. Não posso fugir da verdade, da defesa dos direitos humanos, da defesa dos pobres que nem eu. Mesmo que os grandes me torturam, não preciso sentir vergonha da verdade. Fico firme que nem uma rocha porque o Senhor é o meu defensor. “Deus é quem me defende, e por isso ninguém poderá me condenar”

Deus tem o seu Servo debaixo da sua asa e tem um plano que só o pobre pode levar em diante. Para isso o Deus, ele mesmo, vai preparando este Servo. Ele coloca as palavras certas na sua boca; faz ele levantar cedo para ouvir a palavra de deus na natureza, na vida, no sofrimento do Povo de Deus. O Servo não foge da luta. Não deixa passar. Nos momentos oportunos e inoportunos não deixa passar a defesa do certo, não deixa a mentira prevalecer. O Servo tem consciência, e cria consciência. Por isso a mentira quer elimina-lo.

O caminho está aberta para o quarto Cântico. Por isso temos que ler, meditar e rezar cada passo do servo sofredor.