TEXTOS DA SEMANA

Os textos ficam aqui por uma semana. Os textos dos que possuem blogs ou sites devem ser buscados pelos links a seguir:  INÁCIO VALE - MAGDA MELO - PE. NELITO DORNELAS -   MARCELO BARROS-    PE. GEOVANE -LEONARDO BOFFDOM WALMOR - DOM FONTINELE 


A potência do amor - Pe. Nelito Dornelas


De forma crítica e jocosa costuma-se dizer que são cinco judeus que influenciaram profundamente o pensamento global da humanidade. Primeiramente veio Moisés afirmando que a lei é tudo, depois emerge outro judeu, Jesus de Nazaré, para o qual o amor é tudo; surge na história Karl Marx, também judeu, considerando que a economia é tudo, seguido por Sigmund Freud que sustenta ser a libido o princípio de tudo. Por fim, de forma surpreendente, o judeu Albert Einstein declara solenemente que tudo é relativo.

Hoje, quero apresentar a mudança radical de Albert Einstein sobre o Amor, concordando com o pensamento de Jesus.

Vejamos estes fragmentos da última carta de Albert Einstein à sua filha Lieserl sobre o Amor. 

Quando propus a teoria da relatividade, poucos me entenderam, e o que lhe revelarei agora para que o transmita à humanidade, também se chocará contra a incompreensão e os preconceitos do mundo.

Peço-lhe mesmo assim, que o guarde o tempo todo que seja necessário, anos, décadas, até que a sociedade haja avançado o suficiente para acolher o que lhe explico a seguir. Existe uma força extremamente poderosa para a qual a ciência não encontrou ainda uma explicação formal. 

É uma força que inclui e governa todas as outras, e que está inclusa dentro de qualquer fenômeno que atua no universo e que ainda não foi identificada por nós. Esta força universal é o Amor. 

Quando os cientistas buscam uma teoria unificada do universo, esquecem da mais invisível e poderosa das forças. O amor é luz, já que ilumina quem o dá e o recebe. O amor é gravidade porque faz com que umas pessoas sejam atraídas por outras. O amor é potencia, porque multiplica o melhor que temos e permite que a humanidade não se extinga no seu egoísmo cego. O amor revela e desvela. Por amor se vive e se morre. Esta força explica tudo e dá sentido em maiúscula à vida.

Esta é a variável que temos evitado durante tempo demais, talvez porque o amor nos dá medo, já que é a única energia do universo que o ser humano não aprendeu a manobrar segundo seu bel prazer. 

Para dar visibilidade ao amor, fiz uma simples substituição na minha mais célebre equação. Se no lugar de E=mc² aceitamos que a energia necessária para sanar o mundo pode ser obtida através do amor multiplicado pela velocidade da luz ao quadrado, chegaremos à conclusão de que o amor é a força mais poderosa que existe, porque não tem limite. 

Após o fracasso da humanidade no uso e controle das outras forças do universo que se voltaram contra nós, é urgente que nos alimentemos de outro tipo de energia.

Se quisermos que nossa espécie sobreviva, se nos propusermos encontrar um sentido à vida, se desejarmos salvar o mundo e que cada ser sinta que nele habita, o amor é a única e última resposta. 

Talvez ainda não estejamos preparados para fabricar uma bomba de amor, um artefato bastante potente para destruir todo o ódio, o egoísmo e a avareza que assolam o planeta. Porém, cada individuo leva no seu Interior, um pequeno, mas poderoso gerador de amor cuja energia espera ser liberada.

Quando aprendermos a dar e receber esta energia universal, querida Lieserl, comprovaremos que o amor tudo vence, tudo transcende e tudo pode, porque o amor é a quintessência da vida. Lamento profundamente não ter sabido expressar o que abriga meu coração, que há batido silenciosamente por você toda minha vida.

Talvez seja tarde demais para pedir-lhe perdão, mas como o tempo é relativo, preciso dizer-lhe que a amo e que graças a você, cheguei à última resposta. 

Seu pai, Albert Einstein 


Aliança e Vida – Dom Paulo Peixoto


Nas realidades próprias da instituição familiar, as palavras “Aliança” e “Vida” são fundamentais. A primeira indica a condição de unidade para dar sentido à vida; a segunda, é realidade indispensável para que exista a prática da aliança. É aquilo que encontramos nas indicações contidas nos textos bíblicos, porque as duas fazem coro com a história da humanidade, começando pelos relatos do Gênesis.

Sem verdadeiro cuidado com o jeito pessoal de viver, a vida pode chegar a uma situação de cansaço e vazio existencial, afetando inclusive a expressão de fé e de esperança sobrenatural. Foi o que aconteceu na vida dos profetas do Antigo Testamento, tendo que ir em busca das experiências de Deus no passado, na origem de todo o processo de aliança, que Deus fez com Abraão.

Entre os diversos profetas, aparece Elias, desolado e triste no confronto com Acab e Jezabel e os falsos profetas de Baal (cf. I Rs 19,3-9). Foi inclusive ameaçado de morte, mas escapou-se fugindo para o deserto, podendo assim continuar sua missão de profeta. A aliança travada com Deus faz a pessoa defender a vida e acreditar na possibilidade de construir um futuro promissor e feliz.

Determinados comportamentos prejudicam muito a aliança, a unidade e a vida. Assim acontece nas situações das amarguras, irritações, cóleras, brigas, vinganças e todo tipo de maldade, porque levam a pessoa a perder as referências da paz, da harmonia e da convivência comunitária. A qualidade da aliança e da vida depende muito da palavra “amor”, que vem de coração desarmado.

 Jesus, expressão máxima da aliança, se apresenta como “pão descido do céu” (cf. Jo 6,41). Seus contemporâneos tiveram muita dificuldade para reconhecê-lo como tal. Não entenderam que tipo de pão Jesus estava falando, porque não estavam imbuídos ainda da dimensão sobrenatural da fé. O povo pensava apenas no aspecto humano de Jesus, porque sabiam ser ele filho do carpinteiro.

No contexto da aliança e da vida, Jesus é o revelador da figura do Pai do céu, daquele que fez uma Aliança de vida com o pai Abraão e com todo o povo de Deus na história. O Evangelho de João afirma que, “Quem nele crê tem a vida eterna” (Jo 3,15). Assim, ele é o pão da vida, o novo maná da história, para a preservação da vida. A Eucaristia sintetiza, em si, a aliança e a partilha do pão da vida.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.

  

Dia dos pais - Magda Melo


Neste mês vocacional, mês do amor, pois vocação é a personificação do amor, nesse 2° domingo comemoramos o DIA DOS PAIS, aos que disseram sim a vida matrimonial, viver o amor com mais profundidade, gerando vidas. 

Lembremos do pai de Jesus Cristo, São Jose, que acreditou, confiou e viveu a alegria da paternidade na sua essência, fortalecendo que o amor pode ser tão profundo independente que a paternidade seja de sangue ou do coração.

É necessário que haja convivência, amizade, carinho, amor, companheirismo, solidariedade, dedicação e buscando a presença divina é mais profundo, e o amor transcende de um para os outros, pois o nosso Deus é um Deus próximo e que se revelou assim como é, como Pai (em José) como Filho (em Jesus) e como Espírito Santo (em Maria).

O nosso Pai do céu, cuida de cada um de nós, à semelhança de São José, que cuidou da família em tudo o que fosse necessário. Que neste dia todos os nossos olhares se voltem para este pai bondoso, amigo e misericordiosos, protetor da Igreja e das nossas famílias. E peçamos a ele que proteja e ilumine os pais.

Que todos os pais possam viver intensamente a sua paternidade, e os filhos reconheceçam a importância do pai, que os laços e sentimentos toquem cada pessoa, mesmo os que não conheceram seus pais, por diversos motivos.

Não sabemos a hora da partida, mas sofremos pela falta, rezemos e agradeçamos a Deus pelos pais que já não se encontram mais em nosso convívio e em especial lembro de meu papai, muito querido e especial, que certamente esta na presença do Pai.

Ser pai é amar, não importa que seja pai emprestado, é preciso que o amor do nosso Pai circule pelos pais e filhos todos os dias, e se fortaleza cada vez mais. Que sejamos portadores do amor aos nossos pais e aos pais que conhecemos, pois todos, tem um valor imensurável.

Que os filhos valorizem os seus pais e busquem ser pai para seus filhos da mesma maneira que sempre desejou que seu pai o fosse, seguindo exemplo de Jesus que sempre buscava o Pai.

Que São José, inspire, estimule, proteja cada pai a viver a plenitude da paternidade! E a Igreja instituiu a semana da família iniciando no dia dos pais. Que neste dia todos os nossos olhares se voltem para este pai bondoso, companheiro, fiel, amigo e protetor da Igreja e das nossas famílias.

Parabéns a todos os pais

Com carinho,

Magda Melo 



19º Dom TC: - Pe. Oscar Beozzo

“Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente” (Jo 6,41-51).


Pe Oscar Beozzo

A primeira leitura deste domingo, nos fala de pão e da crise do grande profeta Elias (1 Reis 19, 4-8).  

A leitura do evangelho de João nos fala também de pão e da peleja das autoridades dos judeus contra Jesus (6, 41-52).  

Elias enfrentou os sacerdotes de Baal, incapazes de fazer chover invocando seus deuses. Os desbarata e suplica a Deus que faça cair a chuva sobre os campos ressequidos. A chuva cai forte depois de sete anos de seca.  

O profeta, entretanto, precisa fugir para o deserto, ao ser jurado de morte pela rainha Jesabel. 

Elias foge para o deserto no sul. Deita-se debaixo de uma árvore, um junípero, e pede a Deus para morrer, pois sua vida nada mais vale. 

Um anjo, porém, tocou-o e lhe disse:  

“Levanta-te e come”. “Ele abriu os olhos e viu junto à sua cabeça um pão assado debaixo da cinza e um jarro d’água. Comeu, bebeu e voltou a dormir”. “Mas o anjo do Senhor veio pela segunda vez, tocou-o e disse: ‘Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer”.  

Estamos vivendo um momento, em que muita gente está angustiada, entrou em depressão, está vivendo à base de medicamentos para dormir e para sair para o trabalho.  

Cada um, cada uma de nós conhece pessoas que adoeceram com as sequelas da pandemia e chegaram mesmo a atentar contra a própria vida.  

Estamos chamados a ouvir a voz de Deus que se dirige ao profeta e também a nós e a nossas comunidades:  

‘Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer”.  

No evangelho, Jesus apresenta-se como o pão vivo descido do céu. É enfrentado pelos judeus e suas autoridades que tentam desqualificá-lo: 

“Não é este Jesus, o filho de José. Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como pode então dizer que desceu do céu? (6, 41-42). 

Jesus vai apontar a diferença: “Vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá.  

EU SOU O PÃO VIVO DESCIDO DO CÉU. Quem comer deste pão viverá eternamente” (6, 49-51).  

Este é um pão da partilha, da fraternidade, da vida ofertada na gratuidade, sinal forte da presença de Deus no meio de nós, por meio do seu filho Jesus, que na eucaristia se faz comida e bebida para nós, para que voltemos a caminhar com confiança e esperança. 


Exemplos a serem seguidos nas eleições - Por frei Gilvander Luís Moreira 


Na Ocupação Chico Rei, em Ouro Preto, MG, dia 28 de julho deste ano de 2024, celebramos e festejamos a conquista de 90 apartamentos pelo Minha Casa Minha Vida, com luta coletiva aguerrida pela moradia, iniciada no Natal de 2016, nove anos atrás. Em Ouro Preto, MG, se reproduz cotidianamente, há séculos, uma brutal desigualdade socioeconômica, configurando na realidade a existência de várias Ouro Preto: a) a Ouro Preto mostrada aos turistas; b) a Ouro Preto Universitária com milhares de estudantes na Universidade Federal de Ouro Preto, a UFOP; c) a Ouro Preto dos morros, das periferias, onde resiste há séculos o povo negro quilombola, sob as agruras de um brutal déficit habitacional. 

Em Ouro Preto, mais de 300 famílias recebem auxílio aluguel mensal de 700 reais; em Belo Horizonte, cerca de 10 mil famílias recebem apenas 500 reais por mês de auxílio moradia, o que é insuficiente para se pagar um aluguel. O melhor é oferecer moradia digna para todas as famílias e pessoas, sem precisar de auxílio moradia, que é paliativo que inflaciona o preço dos alugueis, desestimula lutas coletivas e repassa renda para quem é dono dos barracos. Com o apoio do MTST (Movimento dos/as Trabalhadores/as Sem-Teto) e a uma grande Rede de Apoio, o prefeito atual de Ouro Preto desapropriou 14,5 mil metros2 de terras da empresa Novelis, onde serão construídos em breve os 90 apartamentos. Muito mais terra precisa ser desapropriada e destinada à moradia popular. 

Dia 04 de agosto de 2024, celebramos no Acampamento/Comunidade José Bandeira, em Pirapora, MG, a conquista da Fazenda da Prata, com quase 3.000 hectares, por quase 200 famílias Sem Terra em luta pela terra há 21 anos. A Fazenda da Prata estava abandonada, ociosa, sem cumprir sua função social há muitas décadas. Em 1998, famílias sem-terra escravizadas pelo latifúndio ocuparam a Fazenda da Prata, prensados pela necessidade, mas sem uma organização consistente, foram despejados logo em seguida. Em 05 de agosto de 2003, sob coordenação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a fazenda da Prata foi ocupada para valer, de forma organizada. Após 10 anos sob coordenação do MST, o acompanhamento da luta foi passado para a Frente Nacional de Luta no Campo e na Cidade (FNL) que segue firme na organização da Comunidade José Bandeira. 

Em 2010 houve um despejo, mas as famílias sem-terra reocuparam a Fazenda da Prata, situada distante poucos quilômetros da cidade de Pirapora e à beira do Rio São Francisco. Nos últimos 21 anos, a organização interna da Comunidade José Bandeira e produção têm se desenvolvido. Semanalmente as famílias acampadas levam verduras, legumes, frutas, mandioca, milho, feijão, entre outros alimentos, para a Feira na cidade de Pirapora. É o povo do campo, da luta pela Reforma Agrária Popular, alimentando a cidade com alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, produzidos em cultivo agroecológico. De fato, “se o campo não planta, a cidade não janta!” 

A superintendente do INCRA/MG, Neila Batista, esteve presente na celebração da Comunidade José Bandeira e informou a todos/as e todes que o Governo Federal do Presidente Lula já pagou 21 milhões de reais na semana passada pela Fazenda da Prata. A imissão na posse acontecerá em breve. O INCRA/MG, nas próximas semanas, fará o cadastro das famílias para efetivar o assentamento da Comunidade José Bandeira, no grande latifúndio que era a Fazenda da Prata. Importante recordar que José Bandeira foi um trabalhador rural assalariado que morreu trabalhando exaustivamente e sendo escravizado na Fazenda da Prata. Como sinal de que a luta pela Reforma Agrária Popular leva à superação de relações sociais escravocratas, a Comunidade resolveu ser “batizada” como Comunidade José Bandeira, em homenagem ao trabalhador José Bandeira. 

A prefeitura de Pirapora, com um prefeito sensato, está realizando um projeto social simples e significativo: repassa 100 mil reais para mil famílias empobrecidas, cadastradas no CAD-único. Cada família recebe por mês 100 reais para comprar verduras, legumes e frutas de 48 pequenos produtores cadastrados neste programa; a maioria de famílias “pré-assentadas na Comunidade José Bandeira. Cada família recebe o valor em um cartão que lhe habilita a comprar dos pequenos agricultores cadastrados no programa. Assim, com este programa incentiva-se a cultura de comer verduras, legumes e frutas, pois cada família tem 25 reais para comprar verduras, frutas e legumes, por semana, 100 reais por mês. Os pequenos produtores vendem mais e, deste modo, são estimulados a aumentar a produção. Eis um exemplo bom que precisa ser seguido por todas as prefeituras. Um jeito bom de combater a fome, apoiar a agricultura familiar, aquecer o comércio local, gerando um pouco de dignidade para as famílias. 

Eis um exemplo de luta pela Reforma Agrária e Agricultura Familiar gerando vida, enquanto o agronegócio, como dragão do Apocalipse, segue gerando morte, pois invade terras que deveriam ser da agricultura familiar, desertifica os territórios desmatando todos os biomas, envenena com exagero de agrotóxicos a terra, as águas, o ar e os alimentos, usa muitas vezes trabalho escravo, enxota o campesinato para as periferias das cidades, aprofunda as mudanças climáticas e fomenta os eventos extremos atiçando a Emergência Climática. 

Além de todo este rastro de brutal devastação, o agronegócio não se autossustenta, pois recebe do Governo Federal todo ano quase 500 bilhões de reais, não paga imposto, pois não produz alimento, mas apenas commodities, que, segundo a Lei Kandir, são isentas do pagamento de ICM . O Estado de Minas Gerais, nos últimos 26 anos, deixou de arrecadar cerca de 170 bilhões de reais de ICM das mineradoras, que também não pagam ICM, pois minério é commodities, produto primário para exportação. Estes 170 bilhões de reais seria o suficiente para o estado de Minas Gerais pagar a dívida que Minas Gerais tem com o Governo Federal (União), sem ter que abrir mão da COPASA, CEMIG e nem cortar salários do funcionalismo público. Sem pagar ICM, os empresários das monoculturas da soja seguem esgotando as fontes de água e causando uma brutal sojeira social. 

No município de Uruana de Minas, MG, a cachoeira da Jiboia, com 144 metros, tipo véu da noiva, a mais bela do noroeste de Minas gerais, está sendo dizimada por causa do agronegócio da monocultura da soja nos municípios de Unaí e Uruana, que estão matando suas nascentes, veredas e brejos que a irrigam. Modelo econômico estúpido que só acumula capital para uma minoria enquanto mata as condições de vida para a maioria! Assim, entra ano e sai ano, segue o lema: importa importar, mas, injustamente amputando as condições de vida das próximas gerações. 

Em Nova Resende, no sudoeste de Minas Gerais, funcionou o Projeto Cidadão Consciente, de 2008 a 2016, sob coordenação de lideranças das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e do Partido dos Trabalhadores (PT), inspirados nos ensinamentos libertadores do nosso saudoso e inesquecível padre José Luiz Gonzaga do Prado, um grande biblista da Teologia da Libertação. O projeto incentivava o uso de lotes vagos para produção de hortas pelos desempregados. Além de manter viva uma grande horta como exemplo a ser seguido pelo povo, a prefeitura, governada pelo PT, oferecia água para regar as hortas e caminhões para buscar esterco nas fazendas. A Secretaria da Assistência Social da prefeitura organizou e mantinha um Mercadinho Popular, que comprava as hortaliças produzidas na horta da prefeitura, nas hortas em lotes vagos e principalmente produzidas por famílias de agricultores familiares do município. As pessoas que recolhiam resíduos sólidos para a reciclagem, ao levar ao Centro de Reciclagem que funcionava em parceria da prefeitura com uma Associação de Catadores, recebia um Vale que podia ser trocado por verduras e legumes no Mercadinho Popular. Assim, o Projeto Cidadão Consciente estimulava a coleta seletiva de resíduos sólidos, apoiava a agricultura familiar, gerava renda para pessoas desempregadas com a produção das hortas. Ah! A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), do Governo Federal, apoiava este projeto. Injustamente, a administração municipal atual, de direita, asfixiou e quase acabou com este projeto que gerava vida sob vários aspectos. Eis outro exemplo que precisa ser resgatado e implementado em todos os municípios do Brasil. Pense bem na hora de votar. Vote em candidatos/as da esquerda, pois geralmente tem sensibilidade socioambiental. Evite votar em candidatos de partidos de centro, de direita ou de extrema direita, pois fazem política colocando o Estado para servir aos interesses egoístas da classe privilegiada e dominante da sociedade. 

06/08/2024

Obs.: As videorreportagens no link, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.


1 - Povo da Ocupação Chico Rei, de Ouro Preto/MG, conquista 90 apartamentos: festa da conquista. Vídeo 1

https://www.youtube.com/watch?v=lPcTyfwUF9g 

2 - Caminhada pela conquista de 90 apartamentos: Povo da Ocupação Chico Rei, de Ouro Preto, MG. Vídeo 2

https://www.youtube.com/watch?v=_t8WEVqIAlo 

3 - Em Pirapora/MG, FNL com 180 famílias ocupam há 20 anos a Fazenda da Prata: Comunidade José Bandeira

https://www.youtube.com/watch?v=RCnfdfhQB0A 

4 - Acampamento 9 José Bandeira/MST/Pirapora/MG: 180 famílias na Fazenda Prata, abandonada. 10/08/2013

https://www.youtube.com/watch?v=2zg7hb4iVoI 

5 - Acampamento 7 José Bandeira/MST/Pirapora/MG: 180 famílias. Roça do Jaime. Agrotóxico, não. 11/08/13

https://www.youtube.com/watch?v=vawq1bMy7G0 

6 - Acampamento 2 José Bandeira, do MST/Pirapora, MG: 180 famílias, boa produção sem agrotóxico.10/08/13

https://www.youtube.com/watch?v=91bMQG4JpiQ 

7 - Acampamento 8 José Bandeira/MST/Pirapora/MG: 180 famílias. Plantações sem agrotóxico. 11/08/13

https://www.youtube.com/watch?v=kn88z8jjkiE 

Passar do pão da vida ao Pão Vivo - Marcelo Barros

XIX Domingo comum B: Jo 6, 41- 51. 


“Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos pais e mães  comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu, para que a pessoa que dele comer não morra. Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é a minha carne, dada pela vida do mundo” (Jo 6, 48 – 51). 


Neste XIX domingo do ano, o evangelho proposto é João 6, 41- 51, cena de discussão entre Jesus e pessoas da comunidade cristã ligadas à tradição judaica do templo. 

O quarto evangelho não conta a benção que, na última ceia, Jesus fez ao pão e ao vinho. Conforme o quarto evangelho, toda vez que Jesus faz um sinal de amor e de salvação, os religiosos do templo e as pessoas ligadas à religião ritual reagem negativamente opondo o sinal de Jesus e a tradição antiga. 

Até o domingo passado, a discussão era entre Jesus e a multidão que ele encontrou “do outro lado do lago”, isso é, fora das estruturas da religião e da cultura judaica da época. A aquelas pessoas, Jesus pede que distingam o sinal (sacramento) da realidade. Valorizem o sinal como sinal, mas compreendam que a meta é a realidade e é preciso não se deter no sinal. 

No trecho do evangelho de hoje os interlocutores mudam. Já não é a massa de gente sem religião e sim aqueles que o quarto evangelho chama de “judeus” ou “judaítas”. Historicamente, seriam os judeus que viviam na Galileia e naquele território de fronteira. Provavelmente, quando esse evangelho foi escrito, se referia aos cristãos judaizantes, ou seja, as pessoas que eram membros da comunidade cristã, mas continuavam apegadas à lei e às tradições judaicas, como se essas fossem a salvação. 

Jesus tinha dito a essas pessoas presas à religião ritual: o pão partilhado é sinal de algo maior. Aprendam a ir além dos sinais. Ainda hoje, quantas vezes, nós mesmos, católicos ou evangélicos, ficamos presos aos sinais e não conseguimos ir além. Não seria essa a doença dos religiosos tradicionalistas, presos ao sacramentalismo e aos legalismos da religião?

A Bíblia conta que, antigamente, no deserto, os hebreus que Moisés tinha conduzido para fora do Egito murmuraram contra Deus e contra Moisés. Agora, esse evangelho conta que, também no deserto, os cristãos presos à lei e aos ritos murmuravam contra Jesus. Hoje, as murmurações se tornam fake news. São, por exemplo, vídeos de acusação contra o papa Francisco e contra bispos, padres e comunidades que ousam ir além da tradição. 

De acordo com o evangelho, Jesus aceita as perguntas, acolhe as dúvidas. No entanto, se ofende quando as pessoas murmuram. 

Murmurações são ruídos de comunicação (murmúrios) que impedem ou dificultam a comunicação transparente e direta. A murmuração pode tomar o jeito de fofoca, ou simplesmente de críticas que são ditas, mas não assumidas. Isso dificulta a caminhada comum. 

No século VI, na Regra para os mosteiros, São Bento enumera dois  pecados, que ele considera como as atitudes mais prejudiciais à vida comunitária. O primeiro é se apossar privadamente do que deveria ser comum. O segundo pecado é semelhante, só que no lugar de ser com coisas materiais a apropriação privada se dá pela comunicação. Trata-se da murmuração. Murmurar é diferente de fazer crítica, ou questionar. Críticas e questionamentos são úteis e necessários. A murmuração, não. É feita por trás, ou de forma escondida. Trai a confiança e quebra a comunhão. 

No caso deste evangelho, o motivo da murmuração é Jesus ter dito: eu sou o alimento que Deus dá para a vida de vocês. As pessoas, apegadas à lei e à letra da Bíblia, perguntavam: Como ele pode se comparar com o profeta Moisés? Como pode dizer que vem de Deus se é um homem igual a nós? Nós conhecemos a sua origem pobre, o vimos crescer em Nazaré. Conhecemos sua família. 

Até hoje, a humanidade de Jesus e dos profetas pode ser vista como obstáculo para as pessoas crerem. Quem conheceu mais de perto Pedro Casaldáliga, lembra que, na pessoa dele, o que mais chamava a atenção, não eram, em primeiro lugar, discursos e ações. Era o seu olhar, os pés descalços, o corpo frágil e a sua humanidade. Ainda nos anos 1970, ele escrevia em um breve poema: 

Por esse simples fato

de ser também bispo,

ninguém irá me pedir

– assim espero, irmãos –

que eu deixe de ser

um homem humano.

 

Todos nós vivemos porque nos alimentamos. O alimento em nós se transforma em sangue e energia de vida. Quando nos alimentamos mal, ou de forma desequilibrada, adoecemos. Também no plano interior e espiritual, também precisamos nos alimentar ou receber de Deus nossa energia. Ao se colocar como “alimento vindo de Deus para a vida do mundo” e nos mandar comer, ou seja, assimilar a sua carne, ou seja, a sua pessoa humana, hoje, Jesus nos interroga sobre qual energia nos alimenta e anima. Podemos nos alimentar de nós mesmos e do nosso próprio eu. Hoje, somos de novo chamados e chamadas a nos alimentar de Jesus e do seu projeto de vida e o seu testemunho do reinado divino no mundo. Ele não somente nos dá o pão da vida que é a sua palavra e a eucaristia, mas Ele se dá a si mesmo como Pão Vivo que alimenta e dá energia de vida e amor a toda pessoa que o segue e a toda a humanidade. 

Ontem, no Brasil, as comunidades da caminhada celebraram os 50 anos do martírio do Frei Tito Alencar que aos 29 anos parte para Deus, como consequência da tortura infligida pelo Delegado Fleury, representante da Ditadura Militar. Hoje, no Brasil, não há mais ditadura militar e ninguém é torturado como preso político. No entanto, no Mato Grosso do Sul, o CIMI denuncia: 

Dourados, MS. As retomadas de terras Guaraní e Kaiowa, Kurupa Yty  e Pikyxyin estão sendo violentamente atacadas por ruralistas e capangas neste exato momento. Há vários feridos a bala de borracha e armas letais no local, também há grande concentração de camionetes em torno da comunidade Yvy Ajere.

A Força Nacional simplesmente se retirou do local e deixou as comunidades desprotegidas ao ataque das milícias rurais.

Estão atirando no pescoço e no coração das pessoas. Tem muitas crianças e idosos no local e até o momento recebemos informações de que há pelo menos dez graves feridos. A comunidade pede socorro, eles estão totalmente abandonados.

Que Deus nos ilumine para nos organizar na solidariedade aos povos indígenas ameaçados em sua integridade física e cultural e nos faça ver nas pessoas e nas comunidades a presença do Cristo como Pão Vivo dado para a vida do mundo. 


Transfigura-se! - Dom Fontinele

A transformação de Jesus

É um apelo a nossa conversão

Para enfrentar os obstáculos da vida.

Partindo da contemplação

Escutando o Filho Amado

E assumindo a missão.


A transfiguração

É antecipação da glória

Que chegará com a ressurreição

Para que os discípulos

Possam suportar

O momento da paixão.

 

A transformação

É uma preparação

Para o sofrimento

Que se aproxima

E também um convite

Para que haja entre nós transfiguração.

 

No dia a dia da missão

Jesus nos convida

A descer a montanha

Para o chão da vida

Da oração

Para a boa ação.

 

A transfiguração

É uma revelação

De Jesus a seus discípulos

Ela acontece na oração

Faz contemplar a glória de Deus

Afugenta a tristeza e o desânimo.

 

Estimula-nos ao abraço da cruz

Nos convida à experiência

Da superação

Vencer a frustração

Viver com animação

Com alegria e esperança

Da oração ir para a missão.


+ Fontinele