BOLETIM 122-2005

Da redação

Caros leitores, amigos e irmãos da Fraternidade.

Este é o último número do nosso Boletim em 2005. A coordenação nacional se reuniu em Gravatai, na grande Porto Alegre, no início do mês de outubro. Você pode ler um pequeno relatório do encontro sabendo de antemão que nossas conclusões nunca são grandiosas, graças a Deus. Nossos encontros valem pelo encontro. Ainda acreditamos na graça do encontro. Foi um momento forte de fraternidade nacional com a presença, no último dia, dos irmãos de Porto Alegre que causaram excelente impressão em todos pela compreensão que têm da Fraternidade e o modo de vivê-la. Em novembro nosso Irmão Carlos será beatificado. É, sem dúvida, uma alegria para todos nós ver reconhecida a heroicidade das virtudes do Irmão Carlos e saber que ele se torna oficialmente fonte de inspiração para toda a Igreja, além de intercessor. Em janeiro teremos o nosso retiro, tempo forte para todos. Procure participar. Será em Curitiba. E ainda em janeiro, o Mês de Nazaré. Você que já participou de um retiro e lê os Boletins, vá fazer o Mês de Nazaré. Não é tempo perdido. Pelo contrário. É tempo de revitalização. 

Nossos irmãos Dom Paulo Ponte e Dom Celso José relatam de forma espontânea o que se lembram dos inícios da Fraternidade no Brasil. Vamos tentar ainda encontrar mais lembranças dos primeiros dias para recuperar a nossa história. 

Boa leitura.

 

1. MEMÓRIA DA FRATERNIDADE SACERDOTAL NO BRASIL

 

 

1. Início da “União Sacerdotal Jesus Caritas” em Fortaleza e no Brasil

 

Caríssimo Pe. Franco, 

 

          Finalmente, encontrei um tempinho para atender ao seu pedido para eu fazer um breve relatório sobre os primórdios da União Sacerdotal Jesus Caritas, no Ceará. Parece-me que foi em Fortaleza que ela teve início em nível de Brasil. O iniciador desta experiência de fraternidade sacerdotal segundo a espiritualidade de Charles de Foucauld foi o Pe. Francisco Hélio Campos, quando era pároco num bairro pobre e violento de Fortaleza, o famoso Pirambu. Sua experiência pastoral neste bairro se destacava como algo original no trabalho promocional com os pobres. Não saberia dizer como o Pe. Hélio, como ele era conhecido, se iniciou na espiritualidade de Charles de Foucauld. Ela vinha sendo divulgada na Igreja pelo fundador dos Irmãozinhos de Jesus, o Pe. René Voillaume, sobretudo através do seu livro “Au Coeur des Masses”,  Fermento na Massa.

          Pe. Hélio formou um grupo de colaboradoras leigas que o ajudavam no seu trabalho paroquial. Iniciou-as informalmente na espiritualidade dos Irmãozinhos e Irmãzinhas de Jesus, enquanto convidou alguns colegas padres para fazerem parte da União Sacerdotal Jesus Caritas, na década de cinquenta. Comunicou-se com Pe. Guy Riobé e o Pe. Pierre Loubier. Ambos foram responsáveis gerais da “União Sacerdotal Jesus Caritas”, morando na França. Ambos estiveram em Fortaleza no fim dos anos 50. O próprio Pe. Voillaume, passando por Fortaleza em 1958, fez uma conferência sobre a espiritualidade de Charles de Foucauld, na faculdade de Filosofia, onde estudavam jovens que depois entraram na Fraternidade feminina Jesus Caritas. Abriu uma casa das Irmãzinhas de Jesus no Pirambu.

          Um grupo de padres simpatizantes da União Sacerdotal começou a se reunir mensalmente com Pe. Hélio Campos, no Pirambu , onde fazíamos a adoração e a revisão de vida, embora sem muita regularidade da parte de seus membros. A minha memória recorda os seguintes nomes: Pe. Geraldo Andrade Ponte, Pe. Oscar Peixoto Filho, Pe. José Alberto Castelo, Pe. Paulo Ponte, Pe. Eduardo Barros Leal, Pe. Antônio Souto.

          Não sei como surgiu a idéia. O certo é que, no fim dos anos 50, Pe. Hélio pensou em convidar o Pe. Voillaume para pregar um retiro para padres de todo o Brasil na linha da espiritualidade de Charles de Foucauld. Ele optou pelo sítio de meu pai, no cimo da serra de Aratanha, município de Pacatuba, a uns 40 km de Fortaleza, de onde se descortina uma vista maravilhosa. Os membros da futura Fraternidade feminina ajudariam na preparação da infra-estrutura e no serviço doméstico. Uma parte dos padres ficaria dormindo em tendas do exército para montanhas no alto da serra, perto das duas casas do sítio. 

          O retiro ficou acertado para a data de 21 a 24 de julho de 1959. Não tenho a lista dos que participaram. Vieram de diversas partes do Brasil. Lembro-me bem do Pe. Waldir Calheiros, de alguns de Recife. Penso que o número era em torno de 60. No retiro, chamaram-me a atenção o sentido do absoluto de Deus, a pessoa de Jesus, as palestras sobre os conselhos evangélicos, destacando-se uma dedicada ao sentindo espiritual e teológico do celibato sacerdotal, centrado na pessoa e na missão de Jesus.

          Em março de 1961, pedi ao meu Arcebispo uma licença de seis meses para fazer um estágio na Fraternidade de Montbard, perto de Dijon, na França, admitindo a possibilidade de tornar-me irmãozinho de Jesus. Fiz o “Mês de Nazaré” em La Garde-Adhémar. Achei o conteúdo do retiro pregado pelo Pe. Voillaume muito parecido com o que ele tinha pregado em Pacatuba. Depois de 4 meses exercendo a tarefa de cozinheiro, decidi não ficar com os Irmãozinhos de Jesus, mas permaneci na França para fazer o Curso de Pastoral Catequética.

          No ano seguinte, a União Sacerdotal planejou um “Mês de Nazaré” e uma peregrinação na Terra de Jesus para padres membros de várias partes do mundo, de 3 de julho a 7 de agosto de 1962. O “Mês de Nazaré” foi de 3 a 19 de julho, em Taybeh, a antiga Efrain bíblica, na entrada do deserto de Judá. Cinco brasileiros participaram: 3 de Fortaleza: Pe. Hélio Campos, Pe. Geraldo Ponte, meu irmão e eu, de última hora, porque estava estudando em Paris e estava sobrando uma vaga no avião; 2 de Belém: Pe. Ruy e Pe. Samuel. Dom Guy Riobé, já bispo de Orléans, Pe. Pierre Loubier e Pe. Segundo Galilea foram os principais animadores e organizadores. Participou também o Pe. Luigi Bettazzi que se tornou depois conhecido como Bispo de Ivrea. O avião partiu de Paris.

           No início de 1964, voltei para Fortaleza, quando os Padres Lazaristas entregaram a Direção do Seminário ao Arcebispo. Pe. Geraldo Ponte e eu fomos integrar a equipe de Direção como Reitor e Diretor Espiritual, respectivamente. No final de 1966, fechou-se o Seminário de Fortaleza e no ano seguinte fui fazer o curso Christus Sacerdos em São Leopoldo. Até a nomeação do Pe. Hélio como Bispo de Viana, 1969, os membros da União se reuniam em Pirambu, sem muita regularidade. Com a sua ida para Viana, no Maranhão, a União Sacerdotal em Fortaleza ficou desarticulada. Em 1971, eu fui nomeado bispo de Itapipoca.

          Não saberia informar até que ponto Dom Hélio Campos procurou irradiar entre os presbíteros do Brasil a experiência espiritual da União Sacerdotal Jesus Caritas, hoje conhecida como Fraternidade Sacerdotal. Tenho a impressão de que vários outros padres de outras Dioceses e Estados foram atraídos para a Fraternidade Sacerdotal independentemente de uma ligação com Dom Hélio Campos e o grupo de Fortaleza.

 

São Luís, MA, 24 de maio de 2004

 

Dom Paulo Eduardo Andrade Ponte, Arcebispo de São Luís do Maranhão

 

 2. UM POUCO DA HISTÓRIA

 

Prezado Pe. Bizon

 

Ouvi falar pela primeira vez da União em 1954, quando eu era seminarista no curso de filosofia. Durante as férias, D. Waldyr Calheiros Novaes, naquela época, Pe. Waldyr Calheiros, que era o vice- reitor do seminário, me emprestou um livro do Padre René Voillaume “Fermento na Massa”. Foi o primeiro contacto que eu tive assim, de certa forma, com a própria história. A própria espiritualidade do Irmão Carlos.

Depois disso, então comecei, não havia condição de freqüentar, mas, participando de alguma forma, daquilo que D. Waldyr nos passava, a mim e a outros colegas, sobre a própria União.

Nesse período também, havia no Rio de Janeiro a presença das irmãzinhas no Morro de São Carlos, que era mais ou menos próximo do seminário, e havia muita facilidade de nós irmos visitar a Fraternidade das Irmãzinhas. Aconteceu muitas vezes, sobretudo na primeira sexta feira, que havia uma noite de adoração. Era normal que os seminaristas fossem, e tivessem um contacto maior com a Fraternidade; e também com a espiritualidade do Ir. Carlos. 

Mas, logo depois, eu fui para Roma, em 1955. Lá eu tive oportunidade de me relacionar com outros padres e seminaristas, que já tinham uma certa ligação com a União. E lá também, havia a Fraternidade. Para a Fraternidade de Roma, foram transferidas algumas Irmãzinhas da Fraternidade do Rio de Janeiro, do Morro de São Carlos, o que facilitou muito a continuidade desse contato. Na volta de Roma, já padre, eu tive a oportunidade de procurar a Fraternidade.

Voltei em 1959. Na Fraternidade nessa época no Rio de Janeiro estava: D. Waldyr, que era Pe. Waldyr, e alguns padres da Arquidiocese, por exemplo, Pe. Cândido, já falecido. Padre Jorge Porto que foi assassinado. O padre Jorge Porto, era assim, um homem de extrema fidelidade a Fraternidade, aos compromissos da União. A gente deveria procurar desenvolver mais o conhecimento da história do Pe. Porto, que sem dúvida nenhuma, pode-se configurar de fato, como um martírio; porque ele foi morto, porque atendeu durante a madrugada, um pedido para ir visitar um doente. Depois Pe. Sebastião e Pe. Geraldo Barcelos, que era meu contemporâneo de seminário.

Pe. Geraldo Barcelos ainda estará na Fraternidade no Rio? Creio que sim. Ele continua na Fraternidade até hoje. Creio que ele é Pároco no Vicariato da Leopoldina, ainda hoje. Depois, chegaram Monsenhor Gilson, que ainda continua na Fraternidade. Pe. José Santos, que também continua.

Depois, veio uma segunda geração que foi de discípulos nossos, alunos no seminário, dos quais, de alguns deles, eu fui Diretor Espiritual. Pe. Geraldo Lima, que ainda está na Fraternidade, que era na ocasião da Diocese de Petrópolis. E alguns outros, seminaristas, dos quais não me lembro agora o nome, que também faziam uma espécie de Fraternidade.

Em 1964, tenho a impressão, foi realizado o Mês de Nazaré na Argentina, Mendonça. Eu não estava programado para participar desse Mês de Nazaré. Mas, nas vésperas, o Pe. Waldir me chamou e disse: Você tem que ir. Ele disse que era muito importante o Mês de Nazaré. Em fim, na volta ele foi eleito Bispo, ele já sabia, e eu fiquei então, substituindo na União como responsável. 

A nossa Fraternidade no RJ, eu creio que ela nunca foi de estrita observância; no sentido de que fossem muito fiéis, sobretudo, ao dia da Fraternidade. Nós realizamos muitos vezes, em  algumas ocasiões, convidando padres que não eram da Fraternidade, mas, que eram simpáticos, e que portanto, gostavam de nossas reuniões, ao Mês de Nazaré; a pequenos retiros que nós promovíamos, até no meio no clero, que nos conhecia mais; nós fomos apelidados como “Grupo da Fome”, por causa da questão da pobreza; e de fato, havia no RJ, casas do clero, na praia, na montanha, ninguém ia. O pessoal dizia que só o “Grupo da Fome” que frequentava, que fazia reunião nessas casas do clero. 

Também houve uma presença muito positiva junto a Fraternidade no Rio de janeiro. Foi quando o Padre Celso Pedro foi pro Rio, para dirigir o CENFI. Naquela ocasião, o CENFI era em Petrópolis, ele não conhecia muito os padres do Rio. Então ele pediu muito a nossa colaboração, as palestras lá para os missionários. Então, se estabeleceu assim, uma ligação muito grande com o Pe. Celso Pedro, através dele com alguns Padres da Fraternidade em São Paulo, com os quais fizemos alguns encontros juntos, lá no CENFI, em Petrópolis.

Sem muita fidelidade assim, heroica. Mas, a coisa continuou. Nós nos encontrávamos sempre, e sem dúvida nenhuma, eu acho que esse período, mesmo com nossas fraquezas, estabeleceu um certo figurino do padre da Fraternidade. Isso, eu acho que marcou bastante a todos nós que participamos.

 

O ponto de partida e começo de outras Fraternidades.

 

Sobretudo, depois da Ordenação Episcopal de Dom Waldyr, foi quando se deu a visita de René Voillaume e Guy Riobé. Não me lembro dos detalhes, mas perfeitamente dos encontros, das celebrações que nós fizemos com eles. Então, todo esse conjunto, a influência das irmãzinhas, pela proximidade a influência de D. Waldyr e do Pe. Celso Pedro, tudo isso, constituiu assim, alguma coisa que configurou muito bem.

Eu freqüentei a Fraternidade até a minha nomeação de Bispo. Depois então, eu me afastei um pouco, tinha outras coisas; e as coisas não coincidiam muito. Mas fiquei sempre ligado. Um momento em que nós nos encontrávamos, era a celebração do dia 01 de dezembro, nos reuníamos todos da família que estava no Rio de Janeiro, as Irmãzinhas, os leigos, a Fraternidade missionária, e nós então, nos encontrávamos neste dia 01 de dezembro, na celebração.

Depois não tive mais contato com a Fraternidade do Rio de janeiro. Tive oportunidade de ir também a dois retiros da Fraternidade. Um foi realizado em Duque da Caxias, fui eu que preguei; o outro foi em Taizé, BA. Dom Décio Pereira, bispo de Santo André, participou do retiro de Duque de Caxias. 

Em Taizé teve muita gente, uns 64 presentes, depois eu perdi o contato. As datas do retiro tem sempre coincidido com as datas dos retiros do Clero de Teresina, e eu não tenho podido estar presente. Naturalmente escaparam algumas coisas.

 

Brasília, DF, 23 de fevereiro de 2005

Dom Celso José Pinto da Silva, Arcebispo de Teresina, PI

 

 

3. A Fraternidade Sacerdotal Hoje

 

A Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas no Brasil está organizada em três níveis: local, regional e nacional. Para articular a Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas no Brasil há uma Equipe Nacional, composta da seguinte maneira:

 

     Responsável nacional

     Responsáveis regionais  

     Responsável pelo Boletim das Fraternidades

Responsável pelas finanças 

     Responsável pelo Mês de Nazaré  

 

A Equipe encontra-se duas vezes ao ano: No mês de janeiro no retiro anual, que a cada ano acontece em uma das regiões do país, para facilitar a participação de um número mais representativo das fraternidades locais. Nos últimos anos tem participado dos retiros entre 70 a 80 pessoas, sendo a maioria padres. Participam também dos retiros, seminaristas da teologia, leigos/as da Fraternidade Secular, sempre duas Irmãzinhas de Jesus, um ou outro Bispo. No segundo semestre de cada ano acontece um encontro da Equipe de Coordenação. Devido às distâncias do país, ele acontece cada vez em uma região diferente.

 

Regiões e Fraternidades: 

 

-         Nordeste: Salvador e Alagoinhas, BA; Esperantina, PI e Juazeiro, BA com o Sul do Piauí.

-         Norte: São Luiz, MA; Belém do Pará, PA e Manaus, AM com Boa Vista, RR.

-         Centro Oeste: Goiânia com Goiás, GO; Brasília, DF e Rondonópolis, MT.

-         Sul: Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria, RS e Umuarama, PR.

-         Sudeste: Rio de Janeiro e Pirai, RJ.

-         Leste: São Paulo, São Miguel, Campinas, Guarulhos, Assis e Marília, SP.

 

Além das fraternidades organizadas existem outras nascendo ou em formação, assim como existem também alguns membros isolados e muitos que se simpatizam com a espiritualidade da Fraternidade Sacerdotal.

 

•         Mês de Nazaré: Acontece a cada dois anos. O mês tem um padre responsável, e na realização de cada Mês de Nazaré ele compõe uma equipe para ajudar. Cada um desenvolve um tema durante uma semana.

 

•         Boletim das Fraternidades: Publicação trimestral, sendo 3 ou 4 exemplares ao ano. O Boletim tem um padre responsável que solicita colaboração dos membros da Fraternidade.

 

•         Finanças: A Fraternidade tem uma conta bancária e tem um padre responsável. A conta está em nome de dois membros da fraternidade, essa conta é para manter as correspondências e o Boletim das Fraternidades: serviços gráficos e  correios. 

 

 

São Paulo, SP, 25 de janeiro de 2005

Pe. José Bizon

 

 

2. Beatificação de Charles de Foucauld

 

 

Caros amigos,

 

Acabo de ser informado por uma mensagem da Secretaria de Estado que o Santo Padre decidiu que a cerimônia da beatificação de Carlos de Foucauld será em Roma, na basílica de São Pedro, domingo 13 de novembro próximo, e que serão beatificadas com ele duas religiosas pertencentes a congregações italianas. 

Peço que anotem a data e a comuniquem a quem vocês acham possa ter o desejo de participar da beatificação. Serão comunicados mais tardes os pormenores da preparação e da organização da cerimônia. 

 

Transmitindo a esta boa notícia, convido a todos a agradecer ao Senhor que nos fará viver este acontecimento no domingo no qual a liturgia convida os cristãos a volver o olhar para o retorno do Senhor, e reafirmo meus sentimentos bem fraternos.

 

 

Mons. Maurice BOUVIER , postulador

Causa de canonização de Charles de Foucauld

2, rue Jean Carriès

69005 LYON

Lyon, le 12 juillet 2005

 

3. ENCONTROS DE FRATERNIDADES  

 

1. Equipe de Coordenação

 

Encontro:  Equipe de Coordenação da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas 

Data:          3 a 7 de outubro de 2005

Local:         Seminário São José, Gravataí, RS

Presentes: Pe. Antonio Carlos de Souza, Pe. Celso Pedro da Silva, Pe. Freddy Goven, Pe.

                   Gildo Nogueira Gomes, Pe. José Bizon, Pe. José Ernanne Pinheiro e Pe. Silvano 

          Siqueira Moura.

                               Este foi o IV Encontro da Equipe de Coordenação da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas. O Pe. João Batista Dinamarquês justificou a ausência por questões de saúde, mas acolhemos o Pe. Jaime Jungman e o Pe. Antônio Alexandre. A Fraternidade Sacerdotal de Porto Alegre acolheu a grupo no Seminário Arquidiocesano São José de Gravataí. A pauta do encontro foi marcada pela revisão dos regionais, adoração, celebração eucarística com os seminarista do seminário São José, e com um dia de lazer pelas cidades de Gramado e Canela.

                               A reflexão foi feita a partir dos textos sobre a Eucaristia, apresentados pelo Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo no retiro da 43ª. Assembléia Geral do Bispos.

                               O Pe. Ernanne ajudou o grupo a refletir sobre a realidade atual brasileira a partir do Governo do PT, da Transposição do Rio São Francisco e do Referendo.

Os Coordenadores Regionais trocaram idéias sobre os encontros e a caminhada das fraternidades locais, de suas dificuldades nas respectivas regiões. Houve prestações de contas e informes sobre o Boletim das Fraternidades.

 

Recomendações:

                     Que os retiros/encontros regionais sejam um espaço para a  articulação e divulgação da espiritualidade do padre diocesano.

                     Que o retiro anual enfoque a espiritualidade da Fraternidade Sacerdotal Jesus+Caritas.

                     Adotar um irmão presbítero de outra fraternidade.

                     Aproximar as espiritualidades de São João Maria Vianey, o Santo Cura d’Ars e a do Ir. Carlos de Jesus, Beato Charles de Foucauld.

                     Que o Dia da Fraternidade seja organizado de tal forma que quem dele participar não tenha a impressão de estar perdendo tempo.

                     A Fraternidade é marcada por momentos fortes, por isso não se pode desanimar diante de dificuldades que possam surgir.

                     Não esquecer do que é fundamental na Fraternidade: ir ao encontro do irmão presbítero.

 

Próximo Encontro

                     De 24 a 27 de julho de 2006

                     Local: Brasília, DF.

 

São Paulo, 8 outubro de 2005

 

Pe. José Bizon

 

2. Região Nordeste

 

O encontro de  26 a 28 de julho de 2005, em Salgado, SE, foi muito bom, com uma grande representação de Alagoinhas, um do Ceará e dois de Sergipe. O Pe. Videlson nos acolheu na chácara João XXIII. Durante dois dias refletimos sobre a nossa espiritualidade e também sobre o seu crescimento no Nordeste. Pe. Freddy nos apresentou os dois textos que foram trabalhados no mês de Nazaré deste ano: um sobre a revisão de vida, de Álvaro Gonzalez, e outro sobre o deserto, lugar de provação e de paixões, do irmão Tiago Hahusseau. Pe. Silvano expôs os fundamentos da Fraternidade segundo os números os números  114/2003 do boletim.

O local foi ótimo, daria até para o encontro nacional. Passamos uma tarde inteira na Fazenda Esperança com 30 jovens em recuperação de dependência química. Foi um encontro de graças. Na espiritualidade das Fazendas Esperança, percebe-se forte influencia do movimento foccolare, da espiritualidade franciscana, e até da “foucauldiana.” Lá eles vivem, trabalham e produzem na fazenda e são acompanhados por psicólogos sem muitos rótulos... A Fazenda Esperança fica no município de Lagarto, a 15 kms de Salgado, onde estávamos.

 

Pe. Silvano Moura Cerqueira  

 

 

3. Região Centro-oeste

 

De 03 a 05 de julho de 2005, as Fraternidades Sacerdotais do Irmão Carlos de Foucauld se encontraram para o seu retiro regional. Aconteceu em Rondonópolis - Mato Grosso, no Centro de Pastoral da diocese. Estavam presentes: 15 padres (07 de Goiás – (incluindo o bispo Dom Eugênio Rixen),  02 de Brasília, 06 do Mato Grosso) e a Irmãzinha Genoveva (da equipe das irmãzinhas sediadas em Goiânia). O tema central da reflexão do retiro: os profetas na Bíblia, em sintonia com a temática da Assembléia Nacional da CNBB – Evangelização e profetismo e, também, em comunhão com os irmãos presbíteros que têm a mesma temática no seu próximo encontro nacional. O Padre Martin, da fraternidade de Rondonópolis, nos ajudou a refletir os grandes eixos da dimensão profética à luz da Palavra de Deus, o que iluminou o conjunto dos nossos instrumentos de espiritualidade: a revisão de vida, a oração pessoal, o deserto, a adoração...

No primeiro dia, fizemos uma análise de conjuntura, ajudados pelo padre Ernanne Pinheiro, com a participação de todos, tentando entender a complexidade do governo Lula, seus ganhos e perdas. Estávamos exatamente na semana dos grandes depoimentos da CPI dos Correios e da grande crise do Partido dos Trabalhadores (PT) que envolve vários dos nossos cristãos na base eclesial. Procuramos aí discernir pistas de saídas e os sinais de Deus nestes acontecimentos tristes do país. Também complementamos a reflexão com notícias da Igreja, sobretudo do novo Papa Bento XVI, explicitando apreensões que desafiam a missão da Igreja no atual momento. O Padre José Cobo encaminhou a reflexão.

Na noite do primeiro dia, vimos um vídeo sobre a “Eucaristia na vida da Igreja”, realizado a partir do Seminário Nacional da CNBB sobre a Eucaristia, de forma muito pedagógica, o que interessou os presentes como um meio válido de formação para os presbíteros e para os agentes de pastoral. 

Finalmente, na noite no segundo dia, fizemos uma “tournée” pela cidade, terminando com uma confraternização num local aprazível da cidade de Rondonópolis. 

Nossas fraternidades avaliaram muito positivo o retiro e voltaram fortalecidas para o campo da missão.

Padre José Ernanne Pinheiro

 

4. PREPARANDO PARA A ASSEMBLÉIA INTERNACIONAL

 

1. Queridos amigos responsáveis nacionais, regionais e continentais das Fraternidades Jesus+Caritas.

 

Que o espírito fraternal de Jesus de Nazaré esteja com vocês!

Este é o “Questionário para as fraternidades” a partir de “Chamados para o futuro” de nossa assembléia internacional do Cairo 2000, para preparar a próxima assembléia internacional de 2006. 

Solicita-se de vocês:

1.- Fazer chegá-lo às fraternidades com uma cópia do “Chamados para o futuro”. 

Sugerimos uma meia hora para cada reunião.

2.- Seguindo este itinerário:

•         Entrega às fraternidades: até o fim de novembro

•         Trabalho em fraternidades: novembro de 2004 - março de 2005

•         Enviá-lo aos regionais: Páscoa de 2005

•         Síntese das regiões: até 15 de junho de 2005

•         Envio aos responsáveis continentais e equipe internacional: inícios de agosto

•         Assembléia de responsáveis continentais: Europa, 22 a 26 de agosto de 2005

•         Assembléia internacional: novembro de 2006

3.- Perguntas exclusivas para os responsáveis nacionais e regionais:

(Chamados para o futuro Nos. 5 e 6)

Como funcionam nossas estruturas em nível de país, região e continente?

Quais são as sugestões para os responsáveis em nível local, regional ou continental?

No nível da Equipe de serviço internacional, quais são as sugestões em relação a: 

        Comunicações

        Duração do mandato 

        Número

        Disponibilidade de tempo

        Descentralização

        O responsável ou a equipe responsável

A informação: boletins, cartas, visitas? Como assegurar a “universalidade” e a “autonomia”?

4.- A informação da Equipe de Serviço Internacional:

Receberam as cartas anuais dos encontros da equipe internacional a partir de 2001?

Receberam a “Carta anual às fraternidades” de 2002, 2003 e a de 2004 (em preparação). O relatório das visitas e dos desafios da vida das fraternidades nos diversos continentes? É um vínculo de universalidade?

Desculpo-me pela demora. Devo confessar que a comunicação entre Félicien, Tony, Helmut e eu não tem sido fiel ao “lavar os pés” que nos propusemos. Somos servos inúteis... o Mestre do impossível faz maravilhas apesar de nós.

San Antonio de Colo, 18 de outubro de 2004

 

Um abraço fraterno,

Mariano.

 

 

QUESTIONÁRIOS PARA AS FRATERNIDADES

 

De acordo com os “Chamados para o amanhã” da Assembléia internacional do Cairo 2000, para preparar a Assembléia internacional de 2006. 

 

I - Missão e compromisso profético:

(Para dialogar em fraternidade)

 

1.- Em nossas culturas e nossas Igrejas, quem são os que consideramos testemunhas e profetas para os nossos tempos? Qual a relação com o testemunho do Irmão Carlos? 

2.-      Como recriaram a Igreja a partir da “opção pelos pobres na fidelidade ao Espírito? Como seu testemunho interpela a Igreja (institucional) e a nossas fraternidades?

3.-      Como vivemos a pobreza no nosso dia a dia, no espírito de Nazaré? Como vivemos nossas próprias pobrezas? 

4.-      Numa sociedade de consumo, como enfrentamos a tendência da Igreja de  centralizar-se em si mesma?

5.-      Estamos comprometidos, em nível social e eclesial, em organizações nacionais e internacionais, na busca de uma “sociedade alternativa”. 

 

Perguntas a responder:

 

Como somos ajudados em fraternidade a viver pobremente por amor a Jesus e o Evangelho, a viver junto dos pobres, como irmãos, a “assumir a causa dos pobres”? (Testemunhos pessoais e coletivos).

 

          II) - Abertura a outras culturas

(Para dialogar em Fraternidade)

1.-      Quais são nossas relações com outras culturas, religiões, ecumênicas… com as quais nossas fraternidades convivem?

 

Pergunta  para responder:

 

Que experiências de inculturação do Evangelho, no espírito de Nazaré, podemos partilhar em nível político, religioso, ecumênico, eclesial…?

 

          III) - Viver em Igreja:

 

1.- Estamos em movimento leigo como Igreja dos Pobres?

[¿Estamos en movimiento laico como Iglesia de los Pobres?]

2.-      Nossas Fraternidades, estão a serviço do Reino?  Ou cederam à recuperação eclesiástica?

3.-      Quais são os “projetos de Igreja dos membros de nossas fraternidades?” (cf. Ronaldo Muñoz em Sto. Domingo: Igrejas de comunhão e participação, proféticas, celebrativas, solidárias, missionárias).

4.-  Como vivemos nossa vocação de “irmãos universais”?: 

 - com irmãos do presbitério

 - com irmãos que deixaram o ministério 

 - com irmãos em dificuldades

5.-      Somos mais “irmãos” do que “padres” em nossas comunidades, com os pobres, os excluídos?

6.-      Quais são as condições para passar da categoria de “padre” à de “irmão”?

 

Perguntas para responder:

 

Como fazer de nossas fraternidades verdadeiras escolas de “fraternidade universal”?  

 

IV) - O espírito da Fraternidade:

 

1.  O Irmão Carlos era um “homem do vento” (cf. Jo 3,8). Estamos dispostos a nos deixar levar pelo vento em nossas diferentes histórias? 

2.  Que “loucos de Deus”… loucos de Fraternidade… loucos do Evangelho”…louco dos pobres… produzem nossas Fraternidades?

3.  Como fazer de nossas fraternidades (sobretudo por meio da revisão de vida), escolas de radicalidade no seguimento de Jesus e seu Espírito, no compromisso com o Reino para os pobres? 

4.       Por que nossas fraternidades atraem sobretudo sacerdotes que procuram um espaço de partilha, de acolhida fraterna… e tão pouco os que buscam a construção de uma “terra nova” por amor a Jesus?

5.  Por que nossas  fraternidades não atraem hoje irmãos das fronteiras da Igreja em níveis místicos, teológicos, psicológicos, políticos… ? 

6.  Por que não atraem tampouco sacerdotes mais tradicionais (de colarinho romano), que querem ser fiéis à Igreja do Papa João Paulo II, à Eucaristia, à adoração e que amam o Irmão Carlos?  

7.       Quais são os nossos esforços para difundir a vida e os escritos do Irmão Carlos (livros, revistas, vídeos, retiros, congressos…) entre nossos irmãos sacerdotes, seminários, igrejas? Que publicações nos ajudam a manter laços com outros continentes, países, regiões…?

8.  O mistério de Nazaré consiste em viver o extraordinário no ordinário de nossas vidas. Como nos ajudamos fraternalmente a viver este mistério como “fermento na massa” (testemunhas)? 

 

Perguntas para responder

 

Diante de um certo “envelhecimento” de algumas fraternidades, que críticas nos atrevemos humildemente a nos fazer? Que iniciativas estamos tomando para oferecer a outros nossa experiência espiritual em fraternidade? 

 

V) - Os caminhos da Fraternidade 

 

a)       Uma oração contemplativa e a Eucaristia:

 

1)       Estamos realmente convencidos de que sem oração contemplativa, ligada à história (social, eclesial, pessoal), não há “Revisão de Vida” que conecte com o desígnio de Deus sobre nossas vidas?

2)       Nossas Eucaristias:

•         que relação têm com a Páscoa de Jesus?

•         que relação têm com a “pascoalização” da história humana?

•         que participação tem o povo na homilia e na ação de graças?

•         qual a relação entre - Celebração eucarística 

 - Adoração eucarística

 - Solidariedade com os pobres?

 

Perguntas para responder:

 

Que caminho seguir para fazer de nossas fraternidades verdadeiras “Escola de oração e de celebração eucarística?

(Celebração eucarística, oração contemplativa e espiritualidade do deserto, meditação da Palavra, oração de adoração eucarística, discernimento).

 

           b) Revisão de Vida

1.-   É como o “sacramento da Fraternidade?  Onde o Espírito de Jesus nos conduz, em nossas próprias histórias, por meio das pessoas?

2-  Temos realmente “necessidade dos outros” para re-visar nossas vidas, à luz de Jesus?

3.-  É a ocasião para assumirmo-nos uns aos outros? 

4.-  Somos “tíbios” diante da radicalidade do Espírito? (Ap 3, 15-16).

(alguns irmãos dizem: “Estamos dispostos a partilhar nossa vida… não a rever nossa vida com outros”. Outros dizem: “Nós nos transformamos em Sociedade de Auxílio mútuo”.)

5.- Quais são as nossas experiências positivas em relação à revisão de vida? 

 

 

          Perguntas para responder

 

Que passos dar para que a revisão de vida seja como o sacramento de nossa vida em fraternidade? 

c)     O Mês de Nazaré

1.- Fizemos a experiência? Que graças do Senhor Jesus podemos partilhar? Que dificuldades? Sua dimensão   de universalidade.

2.- Como exigência da “plena incorporação a una fraternidade. Que experiências partilhar?

 

 

Pergunta para responder 

 

Experiências e desafios para o Mês de Nazaré em nossas fraternidades

 

d)       A Fraternidade

 

1.-      Nela se criam laços que vão além das reuniões e dos retiros? Quais são as iniciativas junto aos irmãos isolados, os que deixaram o ministério? 

2.-      Quais são nossas relações pessoais e em fraternidade com os irmãos e as irmãs da família espiritual do Irmão Carlos de Foucauld?

 

Que Tema sua Fraternidade propõe para ser partilhado em nossa Assembléia Mundial de 2006?

 

 

2. Respostas ao Questionário do Pe. Mariano.

 

1- Como somos ajudados em fraternidade a viver pobremente por amor a Jesus e no Evangelho, a viver junto aos pobres como irmãos e assumir a causa dos pobres? 

 

Grupo Região Sul

As reuniões mensais têm ajudado muito no bom andamento das fraternidades: a revisão de vida que se faz, tem nos ajudado a estabelecer limites, a correção fraterna, ajuda na tomada de decisões importantes. “Isso é de grande valor, em minha vida”, testemunhou um dos presentes.

Tem-se a tentação de se perder o espírito profético, caindo na acomodação. A espiritualidade ajuda-nos a manter o espírito profético na missão, porque é constante o apelo para estar junto das realidades humanas mais sofridas.

A fraternidade é assim um apoio para não se acomodar.

A mística da fraternidade não é passiva mas ativa, leva-nos a realizar algo concreto; assume-se assim uma postura para inserir-se na realidade dos irmãos mais pobres morando com eles, inseridos na sua vida cotidiana

É preciso organizar projetos diocesanos para atender estas realidades sofridas.

Há padres recém-ordenados que não querem exercer seu ministério nas periferias.

Ter desapegos dos bens materiais, saber compartilhar e conviver com o necessário.

Fazer o propósito de organizar a convivência sacerdotal nas paróquias, nunca ficando o padre sozinho na mesma.

A Igreja assume a causa dos excluídos

O padre jovem não se deixa levar pelas vantagens e comodidades da vida presbiteral tais como: casa confortável, paróquia bonita e moderna, carro do ano de marca reconhecida e chave do cofre com bom saldo bancário.

O padre precisa ser generoso e compartilhar a vida com o povo, ter paixão pelo Reino e ser fiel seguidor de  Jesus Cristo.

A influência da fraternidade é um horizonte referencial; não somos operários funcionais, mas assumimos um estilo de vida 

Procurar viver o último lugar tendo o propósito de servir sempre, aceitar o trabalho que ninguém quer assumir os limites da existência.

Ser menos formal e mais informal evitando a hierarquização da  fraternidade.

 

Grupo: Sudeste

Os encontros nos dão uma lição de humildade e de pobreza, por meio do testemunho dos irmãos.

O contato com irmãos de realidades mais simples e pobres nos ajuda a viver pobremente.

Os encontros nacionais ajudam a relativizar as situações de riquezas em que muitas vezes nos encontramos.

Viver no último lugar é fazer o que ninguém quer fazer.

A fraternidade nos ensina a viver a pobreza também como abertura e acolhimento do diferente.

A pobreza não é apenas um lugar social, mas espiritual e existencial.

A adoração ao Santíssimo Sacramento e a partilha de vida nos ajudam a viver a pobreza.

A partilha ajuda o padre a colocar os pés no mundo e a abrir os olhos ao mundo da pobreza.

A fraternidade nos ajuda a ver que o essencial é Jesus Cristo.

O testemunho dos irmãos engajados nas lutas sociais nos ajudam também, assumir a causa dos pobres.

O testemunho de pobreza de outros irmãos que vivem alegremente nos ajuda a querer vivê-la.

A fraternidade desinstala, questiona e mexe na pessoa, levando-a a pensar no seu compromisso com os pobres e com Jesus.

A fraternidade ajudou-nos a ver que o mais importante é estar a serviço sempre e que é preciso deixar de lado o poder como forma de “anti-testemunho”.

A partilha econômica entre irmãos é uma forma que nos ensina a viver junto aos pobres.

O acolhimento simples, mas familiar dos outros irmãos em sua casa revela a capacidade de viver junto aos pobres.

 

Grupo Região Norte

A fraternidade é uma grande ajuda pelo próprio fato de possibilitar o encontro de pessoas com o mesmo ideal.

Quanto a pobreza: a tentação é querer se apegar à ajuda, ao “salário” que vem do estrangeiro; mas existe também a partilha com os padres que não têm salário suficiente. Este é um ponto que ninguém controla, depende do desapego para favorecer a outros.

Viver com os pobres: ceder espaços para ajudar a garantir a dignidade das pessoas, dignidade dos pobres.

A postura deve ser significativa quanto ao viver junto aos pobres, sendo sinais. O povo sente, através dos sinais concretos, que os padres estão ao lado dos pobres.

Ajuda através de projetos promocionais: construção de casas e doação a famílias carentes...

 

Grupo Região Leste: 

A maioria  do grupo afirmou que sua origem é de famílias pobres e simples e que, portanto, não foi preciso fazer um opção pela pobreza. Mas todos afirmaram que a fraternidade dá um sustentáculo para, a partir de nossa realidade, vivenciar a pobreza na relação com Deus, em oração e espiritualidade. Nos retiros somos alimentados pelo testemunho de muitos que vivem heroicamente nas fronteiras da luta pelos mais pobres. A mística das fraternidades leva-nos pelo menos a não fazer a opção pelos ricos e estarmos abertos para participarmos de algumas lutas dos pobres quando surgem oportunidades de maior tensão. Apresenta-se a pobreza e a simplicidade como meio de fidelidade a Deus. Não conseguimos estar junto de pobres individualmente, mas junto de organizações que existem na defesa e na promoção dos pobres.

Alguns que vivem distantes, onde não há uma fraternidade, disseram que o retiro anual os alimenta, ajuda a ver que fazemos pouco, que a instituição eclesiástica nos “aburgueza”, que a pobreza é sempre um desafio.

A fraternidade ajuda a limpar tudo que se interpõe entre nós e Cristo.

 

2- Em que medida a nossa fraternidade é escola de fraternidade universal, ecumênica, de diálogo-inter-religioso e de inculturação? 

 

Grupo: Leste

O grupo se manifesta muito aberto.

Temos dificuldades, mas não estamos fechados. Há uma razoável acolhida. Constata-se que há um testemunho dessa abertura, isto é, um reconhecimento por parte de nossos colegas presbitérios que vivemos um espírito de fraternidade.

 

Grupo: Norte

Um aspecto importante da universalidade é o acolhimento.

O espírito do Ir. Carlos ajuda a abrir os horizontes, de modo particular sua vivência entre os mulçumanos, aos quais chamava de irmãos.

Abertura diante das leis canônicas.

Existe um dado preocupante: os irmãos que estiveram juntos ao longo da caminhada já não participam com frequência; isolamento.

Bom também é o relacionamento aproximativo com jovens da cultura urbana (grafiteiros e skeitistas...)

Relacionamento com o diferente:

 

Região Sudeste:

A fraternidade tem dois irmãos que nos ajudam a ter uma dimensão ecumênica. Um trabalha na área do ecumenismo e do diálogo inter-religioso na CNBB e o outro atua na pastoral carcerária.

Há um pastor de uma Igreja histórica que se interessa em participar dos retiros da fraternidade.

Os encontros nacionais das fraternidades estão abertos para acolher num mesmo retiro, padres, religiosas, leigos/as e seminaristas.

A dimensão da inculturação se dá pela presença, nos retiros, de pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo.

A fraternidade ensina a aproximar-se das pessoas desconhecidas.

O diálogo inter-religioso ainda é fraco na fraternidade brasileira e bem mais na Igreja no Brasil.

Alguns membros da fraternidade presidem “missas afros” em suas comunidades pelo fato de que o Brasil é um país composto por vários povos, inclusive o povo africano; a fraternidade se abre para a cultura africana.

O trabalho desenvolvido pelos membros da fraternidade está dentro da linha de abertura ao diferente. 

A fraternidade nos ajuda a ter um diálogo entre as várias linhas e movimentos da própria Igreja Católica.

A fraternidade nos ensina princípios essenciais para o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, a saber: o diálogo, tratar bem o outro, o acolhimento...

Há limites entre o bom acolhimento e o concordar com os movimentos e outras Igrejas.

A fraternidade ensina a não ter uma atitude exclusivista como o mundo contemporâneo tem.

Percebe-se a necessidade de superar as posturas legalista e canônica, para ter um acolhimento pleno da pessoa.

Perigos que dificultam o diálogo: quando a Igreja é sacramentalista e mediática.

A fraternidade nos ensina que em momento algum os irmãos devem ser motivo de distanciamento.

A aproximação do diferente se dá principalmente pelos padres que têm a consciência da necessidade de viver em fraternidade.

 

Grupo Região Sul: 

É preciso ver no outro o rosto de Deus para aceitar o diferente.

Muitas vezes queremos que tudo seja igual. Isto não é aceitar o diferente. Formam-se assim guetos, onde só os parecidos se aceitam. A aceitação do diferente é fonte de pacificação.

E preciso aceitar os meus limites e os dos outros. Para isto acontecer é preciso conversão real e profunda do nosso ser: tendo abertura para com o outro.

No diálogo religioso não há proximidade. É preciso haver mais tolerância de nossa parte.

Quando se faz o bem não há distanciamento, há respeito, aproximação.

Nas paróquias há padres preocupados consigo mesmos.

Há um desrespeito implícito, indiferença, não querer dialogar, nem entre os próprios padres diocesanos.

Podem ficar juntos, mas cada um faz o que quer: há muito individualismo: padre que se fecha no seu mundo.

 

Na inculturação: 

Houve várias experiências partilhadas, umas edificantes, outras frustrantes 

O carisma da fraternidade estimula a inculturação, a ocupar sempre o último lugar, a tornar-se universal.

Fazer experiências sem aparecer, sem chamar a atenção.

O espírito de fraternidade ajuda a ser mais tolerante, a perdoar, a assumir as realidades mais pobres. Torna-se uma escola de irmãos. 

É preciso aproximar-se com caridade dos irmãos mais difíceis; interessar-se pelo bem do outro.

Falta uma espiritualidade mais trinitária, espírito de comunhão e participação.

Falta despojamento, esvaziar-se, desprender-se.

Há dificuldade de acolher o outro na sua diferença; é preciso saber perder, contribuir para um relacionamento melhor.

Um grande problema: “temos ânsia de resultados”. E preciso ter paciência e tolerância com o outro.

Acolher a diversidade sem perder nossa identidade

É difícil aceitar o diferente quando o mesmo impõe suas ideias sem respeitar a dos outros;

Postura moralista na cultura impede a abertura para com os outros, principalmente no ambiente de Igreja.

Em relação às religiões diferentes: Existe reação negativa das Igrejas Pentecostais. Deve-se ter uma atitude de clareza diante da diferença, e evitar as críticas.

Devemos inspirar o povo com pensamentos de unidade...

 

Você é um homem/mulher de vento?

Somos um pouco loucos pois desde que entramos no seminário deixamos muitas coisas: nossas famílias, possibilidade de se ter uma família, trabalho, nossos sonhos e etc...

Deixamos tudo por algo maior; seguir a Cristo e ao seu Evangelho é sempre correr riscos.

 

Você corre algum risco?

Risco ao se tornar padre: o risco é que tipo de padre vou ser? Que rosto o padre deve demonstrar? Estar comprometido com a realidade sofrida das pessoas pobres, necessitadas, inseridas na realidade do povo sofredor? Ou me acomodar e permanecer somente com as pessoas importantes, sendo solidário só com quem queremos bem e gostamos?

Corre-se o risco de deixar de lado quem de fato precisa de nós.

Não se é livre totalmente; viemos de uma formação presbiteral com êxitos e falhas, temos um lado humano frágil.

Nos seminários discute-se a formação dos futuros presbíteros. Nem sempre há preocupação em contribuir com a própria formação: recebe-se tudo muito fácil. Há assim o risco de aburguesamento na vida presbiteral.

Há carência de referenciais, modelos de padres para se ter boa formação.

Os seminaristas precisam inserir-se mais na realidade sofrida do povo.

A formação nos seminários é ainda padronizada e não atinge o cotidiano das pessoas, não desperta a solidariedade dos futuros presbíteros.

Há trabalhos pastorais que estão dando bons resultados.

Riscos na política: luta contra os poderosos (politicados).

Riscos na própria Igreja: no relacionamento com os próprios cristãos católicos. 

Riscos na luta contra a ideologia dos pastores das Igrejas evangélicas.

Riscos na liturgia: quando não se esta preso aos leis da liturgia romana.

Loucura para o mundo é a própria vida presbiteral.

O ser cristão, o próprio fato de colocar Jesus no centro da vida.

Quando se é muito entusiasmado por alguma realidade.

 

Temas para Assembleia Internacional:

Como resistir à pressão externa do neoliberalismo?

Como ser homens e mulheres do vento?

Como ser homens e mulheres da eucaristia? 

A mística do Ir. Carlos enquanto alimenta a profecia e a solidariedade – principalmente com a pobreza da África – e com toda a criação.

 

    Respostas dos participantes do Retiro Anual de 2005, em Hidrolândia, GO

 

5. CARTA PARA A ELVIRA

Quando entrei na fraternidade em 1994, ouvia sempre falar sobre a Elvira. Precisava conhecê-la e sabia que um dia nos encontraríamos... E foi numa situação muito bonita que esse dia chegou. Era janeiro, tempo do Curso de Verão na PUC; eu havia escolhido a Oficina de Desenho naquele ano. Éramos cerca de quarenta pessoas e no início havia uma apresentação rápida entre nós que iríamos conviver por duas semanas naquele clima tão rico que o curso de verão propicia: acolhida, respeito, partilha, prazer do encontro... De repente ouvi: “Meu nome é Elvira, venho do Vale do Jequitinhonha e etc...” imediatamente pensei: “É ela!”.

No primeiro intervalo me aproximei e fiz algumas perguntas que ela me respondia um pouco tímida. Tratei de me apresentar logo apontando o elo comum que teríamos dali pra frente: Irmão Carlos de Foucauld.

Que riqueza dobrada foi esse Curso de Verão; procurei não perder nem um minuto do tempo que nos foi dado para iniciar uma amizade. Convidei-a para ir a minha casa um dia após o curso e ela aceitou. Jantou conosco e ficou até a manhã seguinte quando voltamos para a PUC. Sobre quanta coisa falamos! Vida religiosa, vida inserida, a pobreza, a opção dela de morar numa região tão carente e sofrida. Falamos sobre nossa escolha na oficina do curso: desenho. Elvira era uma artista. Falamos de música (gregoriano, polifonias, Gelineau, os cantos das comunidades, Zé Vicente. Gravei para ela duas fitas com temas que ela pediu: Bach, Vivaldi, barroco em geral).

Para completar a alegria desse encontro, Nico e Maria deram uma chegadinha até em casa, como reis magos levando presentes para Elvira que recebia quase como uma menina. 

Terminado o curso, selamos o compromisso de nos corresponder, o que aconteceu durante algum tempo. Como eu lamento hoje não ter sido mais disciplinada! Algum tempo depois, em setembro de 1999, Marieta, minha companheira de estrada, e eu fomos até o norte de Minas: Itaipé, Jenipapinho, Itaobim, onde passamos o 7 de Setembro com o “grito dos excluídos” preparado por Elvira, pelas irmãzinhas e pelo Eugênio. Passado o feriado Elvira voltava para sua casa em Cachoeira do Pajeú – São Francisco e nos convidou para uma visita. E lá fomos nós para mais três dias de maravilhosa aventura em nome da Fraternidade. Era a descoberta de uma experiência totalmente nova para mim. A casa da Elvira era um pequeno santuário, a maior simplicidade possível com um toque singelo de extremo bom gosto. Jamais vou me esquecer de dois pontos: o banho tomado de um chuveiro feito com um regador de lata onde ela colocou a água quente e controlava-se o fluxo na hora do banho; e, sem dúvida, a melhor lembrança, a mais linda de todas, num final de corredor, a “capela”, tudo no chão, banquinho carmelita, a Bíblia, velas e almofadas. Na parede a cruz e uma foto do Irmão Carlos. Meu Deus! Jamais poderei descrever tão bem tudo o que vimos e recebemos. Na manhã seguinte fomos conhecer o local onde ela acolhia os peregrinos andarilhos pela BR, que sabiam poder encontrar ali um pouso, uma refeição, um banho, uma palavra, a palavra da Elvira, animadora, compreensiva, esperançosa. A última vez que estive com ela foi em janeiro de 2004, em Jundiapeba, no Encontro da Família. Também ali foi um encontro rápido, mas plenificado pela certeza do carinho que tínhamos em comum. 

Receber a notícia de sua morte trágica foi mesmo uma dor muito grande, dor que vamos superando ao olhar para a riqueza que foi a presença de Elvira, que marcou e iluminou todos nós. E agora do céu, com certeza, continua nos acompanhando.

 

Maria Regina Alves Mariano

 

6. AGENDA

 

1. Retiro Anual

04 a 11 de janeiro de 2006

Local: Instituto Salette

Rua Lange de Morretes, 889

Bairro Jardim Social

82.520-530 - Curitiba, PR

Tel (41) 262-3132 e Fax: (41) 262.1156

Assessor: Pe. Edson Damian

 

2. Mês de Nazaré

3 a 27 de janeiro de 2006

Local: Goiás, GO

Resp. Pe. Freddy e Equipe

 

3. Equipe de Coordenação

24 a 27  de julho de 2006

Local: Brasília, DF

Resp.  Pe. José Bizon

 

4.  Região Nordeste

14 de novembro de 2005

Local: Salgado, SE

Resp. Pe. Silvano Moura 

 

5. Região Sudeste

14 e 15 de novembro de 2005

Local: Bauru, SP

Resps. Pe Valdo e Pe. João Luiz

 

6.  Região Sul

14 e 15 de novembro de 2005

Local: Florianópolis, SC

Resp. Pe. Maurício Jardim

 

7.  Região Leste

30 de novembro a 01 de dezembro de 2005

Local: Pirai, RJ

Resp. Pe. Gildo

 

7. Um LIVRO UM AMIGO 

Comissão Internacional Anglicano-Católica Romana. Maria: Graça e esperança em Cristo. Paulinas, São Paulo, 2005. “É uma Declaração Conjunta da Comissão sobre a bem-aventurada Virgem Maria. As respectivas autoridades da Igreja Católica Romana e da comunhão Anglicana que indicaram a Comissão permitiram a publicação desta Declaração de Acordo para sua ampla reflexão e discussão”.

 

BEOZZO J. O. A Igreja do Brasil no Concílio Vaticano II, 1959-1965. Paulinas, São Paulo, 2005. “O Concílio Vaticano Ii é, hoje, unanimemente reconhecido como o evento-chave da Igreja do século XX. E, nele, cresceu a Igreja brasileira, unida à mensagem evangélica no seio de nosso tempo”.

 

LORSCHEIDER, A. LIBANIO, J. B. COMBLIN, J., VIGIL, J. M., BEOZZO, J. O. Vaticano II 40 anos depois. Paulus, São Paulo, 2005. “O Concílio Ecumênico Vaticano II insistiu em abrir caminhos de valorização à comunhão, à participação e à partilha na Igreja, bem como em sua inserção na sociedade em atitude de diálogo e de serviço”...

 

PONTIFÍCIO CONSELHO “JUSTIÇA E PAZ”. Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Paulinas, São Paulo, 2005. “É igualmente interessante notar como numerosos elementos aqui recolhidos sejam compartilhado pelas outras Igrejas e Comunidades Eclesiais, bem como por outras Religiões”...

 

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