BALANCETE: 8 ANOS PAPA

Balancete dos oito anos do pontificado reformador do papa Francisco

– elaborado pelo Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior, chefe do Departamento de Ciências Sociais da PUC-SP atualizado em 28/02/2021.

Balancete de OITO anos de governo pastoral do papa Francisco com os dados disponíveis no site www.vatican.va. Sabemos o horizonte de sentido do pontificado reformador, seus limites e suas potencialidades. Em 19/03/2021 o papa Francisco iniciará o nono ano como bispo de Roma. Seu foco é cuidar dos migrantes e refugiados, das periferias do mundo, fazendo ecoar a voz de Francisco em favor da sinodalidade, da Casa Comum e da fraternidade universal. Um novo modo de agir na Igreja como bispo e pastor universal. Suas palavras são esculpidas por experiências existenciais: misericórdia, missão, alegria, reforma, fraternidade universal, cuidado com o planeta, colegialidade e diálogo. A motivação é a missão, o cuidado pastoral dos empobrecidos e o rompimento claro do clericalismo que fez da Igreja uma instituição autocentrada e distante do Evangelho de Jesus. Francisco afirma a tempo e contratempo que é chegada a hora histórica da Igreja em saída, de seguir as intuições e textos do Concílio Vaticano II. Ele começou a delinear o novo rosto episcopal e ministerial incluindo todo o Povo de Deus. Escolhe bispos atentos aos pobres, movidos por amor à humanidade sofredora, lugar teológico privilegiado do Corpo de Cristo na história. Os dados dos oito anos permitem avaliar as tensões das forças integristas e caluniadoras dentro e fora da Igreja. Grupos articulados pelos negacionistas e supremacistas norteamericanos e europeus. Vale lembrar que o papa foi ordenado presbítero há 51,2 anos, sagrado bispo há 28,7 anos, criado cardeal faz 12 anos exercendo o ministério petrino há oito anos. O ano de 2020 foi marcado pela sindemia do COVID-19, sendo Francisco um farol luminoso no mar revolto do planeta.

Circunscrições católicas no mundo: 11 patriarcados (oito na Ásia, dois na Europa e um na África), 641 arquidioceses, 2.132 dioceses, 44 prelazias territoriais, 11 abadias nullius, 42 exarcados, eparquias ou ordinariatos de ritos orientais, 36 ordinariatos militares, 88 vicariatos apostólicos, 39 prefeituras apostólicas, 8 administrações apostólicas, 8 missões independentes–sui iuris, 3 ordinariatos pessoais, 1 administração de rito extraordinário latino e a rede de 132.642 centros missionários e 222.896 paróquias. O total de circunscrições católicas é de 3.176 unidades.

Entidades filantrópicas e de ensino da Igreja Católica: 73.263 creches frequentadas por 7.300.000 crianças; 101.527 escolas de ensino fundamental para 35.100.000 alunos; 48.560 escolas de ensino médio para 20.300.000 alunos e 2.381.337 alunos do ensino superior; e 3.103.072 estudantes participantes das Universidades Católicas. Ainda 5.269 hospitais de confissão católica, 15.900 casas para idosos, 10.124 orfanatos, 11.596 enfermarias, 1646 centros de acolhida e tratamento para hansenianos, 14.744 consultórios de orientação familiar e 115.352 institutos beneficentes e assistenciais. Os batismos registram 13 milhões de novos membros a cada ano.

Número de fieis congregados pela Igreja Católica nos ritos latinos e ritos orientais e número de clérigos: Em 2017 foram contados 1,313 bilhão de batizados, com a ação ministerial de 3.170.643 catequistas e 362.488 missionários leigos. As pessoas de vida consagrada somam 54.229 os irmãos religiosos e 668.729 religiosas com votos perpétuos de vida consagrada. O clero católico é composto por 5.579 bispos (em 27/02/2021), 415.656 presbíteros sendo 281.514 diocesanos e 134.142 do clero religioso, 45.255 diáconos casados permanentes e como estudantes 116.843 seminaristas maiores e 100.781 seminaristas menores. Entre os clérigos temos 227 cardeais sendo 126 eleitores. Os Patriarcas do Oriente e Ocidente são doze. Os abades territoriais nullius são dezenove. Os arcebispos são 1127. Os bispos diocesanos (incluídos os prelados e bispos auxiliares) somam 4084. Os monsenhores que desistiram de ser bispos somam nove presbíteros. Os bispos não consagrados somam 30. Administradores apostólicos são 33. Prefeitos apostólicos são 11. Superiores sui Iuris são 13. Atuam na Cúria Romana 23 monsenhores sem sagração episcopal. Os bispos considerados cismáticos são nove. Os bispos que abandonaram o ministério episcopal ou foram laicizados somam onze. Os ordinários de rito anglicano são quatro.

Programa reformador: O Papa Francisco assume o Evangelho no formato do diálogo poliédrico: “Exige-se a toda a Igreja uma conversão missionária: é preciso não se contentar com um anúncio puramente teórico e desligado dos problemas reais das pessoas (AL 201)”. Francisco quer a ação permanente de Igreja em saída: “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação (EG 27)”. A recém lançada Encíclica Social intitulada Fratelli Tutti coloca em seus números finais os grandes desafios para os crentes e fieis das religiões: n. 278. Chamada a encarnar-se em todas as situações e presente através dos séculos em todo o lugar da terra – isto mesmo significa «católica» –, a Igreja pode, a partir da sua experiência de graça e pecado, compreender a beleza do convite ao amor universal. Com efeito, «tudo o que é humano nos diz respeito (...); onde quer que as assembleias dos povos se reúnam para determinar os direitos e os deveres do homem, sentimo-nos honrados, quando no-lo permitem, tomando lugar nelas». Para muitos cristãos, este caminho de fraternidade tem também uma Mãe, chamada Maria. Ela recebeu junto da Cruz esta maternidade universal (cf. Jo 19, 26) e cuida não só de Jesus, mas também do «resto da sua descendência» (Ap 12, 17). Com o poder do Ressuscitado, Ela quer dar à luz um mundo novo, onde todos sejamos irmãos, onde haja lugar para cada descartado das nossas sociedades, onde resplandeçam a justiça e a paz. N. 279. Como cristãos, pedimos que, nos países onde somos minoria, nos seja garantida a liberdade, tal como nós a favorecemos para aqueles que não são cristãos onde eles são minoria. Existe um direito humano fundamental que não deve ser esquecido no caminho da fraternidade e da paz: é a liberdade religiosa para os crentes de todas as religiões. Esta liberdade manifesta que podemos «encontrar um bom acordo entre culturas e religiões diferentes; testemunha que as coisas que temos em comum são tantas e tão importantes que é possível individuar uma estrada de convivência serena, ordenada e pacífica, na aceitação das diferenças e na alegria de sermos irmãos porque filhos de um único Deus». Prestes a ser publicada a Constituição Apostólica “Praedicate Evangelium”, para efetivar a Reforma da Cúria Romana, de acordo com as normas e o Espírito do Concílio Vaticano Segundo.

Inscrições no Martiriologium Romanum: Papa Francisco reconheceu publicamente 898 santos (até 26/11/2019) inscrevendo-os no cânon do Martyriologium Romanum e 1.382 beatos (alguns anunciados para celebrações públicas em 2021). O Papa João Paulo II havia incluído na lista canônica 482 santos e 1.341 beatos. O papa Bento XVI inscreveu 45 santos e 869 beatos. Francisco canonizou o papa Paulo VI e o bispo mártir salvadorenho dom Oscar Romero em outubro de 2018. Certamente fará as canonizações dos inúmeros mártires da América Latina, África e Ásia perseguidos nas cinco últimas décadas do século XX. Proclamou em 2019 a beatificação do bispo argentino dom Enrique Angel Angelelli, assassinado pela ditadura em 1977. O Brasil celebrou a canonização de irmã Dulce Lopes Pontes em 13 de outubro de 2019, durante o Sínodo da Amazônia (fonte: http://www.causesanti.va/content/causadeisanti/it.html )

Vinte e sete viagens internas na Itália do papa Francisco: Lampedusa em 08/07/2013; Cagliari em 22/09/2013; Assis em 04/10/2013; Campobasso e Isernia em 05/07/2014; Caserta em 26/07/2014; Cassiano all´Ionio em 21/06/2014, Redipuglia em 13/09/2014, Prato e Firenze em 10/11/2015, Turim, 21 e 22/06/2015, Pompeia e Nápoles em 21/03/2015, duas vezes em Assis em 04/08/2016 e 20/09/2016, Milão 25/3/2017, Carpi 02/04/2017, Genova 27/5/2017, Bozzolo e Barbiana 20/06/2017; Cesena e Bolonha 01/10/2017; Pietrelcina, diocese de Benevento, e San Giovanni Rotondo, diocese de Manfredonia-Vieste-San Giovanni Rotondo, para celebrar os 50 anos da morte de São Pío de Pietrelcina, em 17/03/2018; em 20/04/2018, região de Puglia, nas cidades de Alessano-Lecce, na diocese de Santa Maria de Leuca, e Molfetta, para celebrar os 25 anos da morte de Dom Tonino Bello; Nomaldelfia, na Toscana em 10/05/2018, para encontrar a comunidade fundada por padre Zeno Saltini; e em seguida Loppiano (Florença) na cidade internacional do Movimento dos Focolares; Bari, 07/07/2018; diocese de Piazza Armerina e Palermo para celebrar o 25° Aniversário de Morte do Beato Pino Puglisi, em 15/09/2018; Santuário de Loreto em 25/03/2019 quando assinou o documento pós-sinodal para a juventude: Cristo vive!; Camerino, 16/06/2019 e Nápoles, em 20/06/2019; Albano em 21/09/2019; e Greccio em 01/12/2019; Bari por ocasião do Encontro de Reflexão e espiritualidade: Mediterraneo fronteira de paz, em 23/02/2020. Fora programada visita em 24/05/2020 para Acerra, postergada pelo COVID-19. Esteve em Assis em 03/10/2020 para assinar a Encíclica Fratelli Tutti.

33 viagens internacionais de Francisco até 2021: São atualmente 32 viagens internacionais que o levaram a 49 países: Brasil (22 a 29/07/2013), Jerusalém-Israel, Palestina-Cisjordânia e Amã na Jordânia (24 a 26/05/2014), Coreia do Sul (13 a 18/08/2014), Albânia (21/09/2014), França (Estrasburgo, Parlamento Europeu, em 25/11/2014), Turquia (28 a 30/11/2014), Sri Lanka e Filipinas (12 a 19/01/2015), Bósnia-Herzegovina, Sarajevo em 06/06/2015, Equador, Bolívia e Paraguai (05 a 13/07/2015), Cuba e Estados Unidos e sede da ONU (19 a 28/09/2015), Quênia, Uganda e República Centro Africana (25 a 30/11/2015), México (12 a 18/02/2016), Lesbos, na Grécia em 16/04/2016, Armênia em 24-26/06/2016, Polônia, durante a JMJ de 27 a 31/07/2016, Geórgia e Azerbaijão de 30/09 a 2/10/2016, Suécia de 31/10 a 01/11/2016, Egito, 28-29 abril de 2017, Fátima, em Portugal, 12-13 de maio de 2017, Colômbia, 06 a 11 de setembro de 2017; Bangladesh e Myanmar, 27/11a 02/12/2017; Chile e Peru, 15 a 21/01/2018; Conselho Mundial de Igrejas em Genebra, Suíça em 21 de junho de 2018; Irlanda, ao Encontro Mundial das Famílias, 25 a 26 de agosto de 2018; Lituânia, Estônia e Letônia, 22 a 25/09/2018; Panamá de 23 a 28 de janeiro de 2019 para a XXXIV Jornada Mundial da Juventude; Emirados Árabes Unidos, 3 a 5 de fevereiro de 2018; Marrocos 30 e 31 de março de 2019; Bulgária e Macedônia do Norte, de 05 a 07/05/2019; Romênia 31/05 a 02/06/2019; Moçambique, Madagascar e Ilhas Mauricio entre 04 e 10 de setembro de 2019; Tailândia e Japão entre 20 a 26 de novembro de 2019. Nenhuma visita em 2020 por conta da Pandemia do COVID-19. Visita ao Iraque de 5 a 7 de março 2021 (a primeira de um papa à terra de Abraão!). As visitas para Sudão do Sul, Coreia do Norte, Montenegro, Indonésia, Papua Nova-Guiné, Timor Leste, Espanha, Argentina e Uruguai aguardam a superação da pandemia do COVID. Ainda poderemos ser surpreendidos por visita a Moscou, na Rússia e Beijing, na China.

Discursos, homilias e textos até 28/02/2021: Ele pronunciou 1.448 discursos e 378 homilias. Escreveu cinco exortações apostólicas pós-sinodais: Evangelium Gaudium (A Alegria do Evangelho) publicada em 24/11/2013; Amoris Laetitia (A alegria do amor) em 08/04/2016; Gaudete et Exsultate em 19/03/2018 sobre a Santidade; Christus Vivit, para a Juventude, em 25/03/2019 e, Querida Amazônia em 12/02/2020. Assinou 35 constituições apostólicas, 215 cartas, uma bula, 45 cartas apostólicas, 348 mensagens pontifícias, 38 motu próprios e convocou sete consistórios para criação de 101 novos cardeais. Acolheu milhares de peregrinos em 319 audiências gerais, presidiu 588 celebrações na Casa Santa Marta com as respectivas meditações cotidianas publicadas – suspensas em 2020 pela pandemia COVID19, ofertou 15 bênçãos Urbi et Orbi e rezou 393 Ângelus, direto das janelas do Vaticano. Realizou o Ano da Misericórdia em 2016. Escreveu três encíclicas: Lumen Fidei de 29/06/2013, Laudato Si’ publicada em 18/06/2015 e a Fratelli Tutti em 03/10/2020. Presidiu quatro sínodos da Igreja universal, celebrados no Vaticano (Família 2014, Família 2015, Jovens, fé e discernimento vocacional em 2018 e Pan-Amazônia em 2019). Anunciou em 08/12/2020 o ano dedicado a São José publicando o documento Patris Corde. Anunciou o ano dedicado à família em sintonia com a Exortação Amoris Laetitia. Agendado para 2022 o Sínodo Ordinário dos bispos em Roma com o tema: sinodalidade episcopal.

Ecumenismo e diálogo inter-religioso: Francisco realizou gestos de grande amor ecumênico junto aos irmãos luteranos, na celebração dos 500 anos da Reforma. Também junto aos ortodoxos russos e ao patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, chamado por ele carinhosamente de “meu irmão André”. Manteve encontros frequentes com o primaz da Igreja Anglicana, Justin Welby. O papa Francisco propôs três chaves para avançar no caminho comum dos cristãos e aprofundar o ecumenismo: oração, testemunho e missão. Houve encontros fecundos com os irmãos menonitas, os pentecostais, os metodistas, os batistas, os reformados. Particularmente fecundo foi o encontro realizado no Vaticano com a atual moderadora do Comitê central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Agnes Abuom, e o secretário geral do mesmo organismo ecumênico, Rev. Olav Fykse, na manhã de 24/08/2017 em que fez uma oração comum pela unidade, pela paz e reconciliação das igrejas e dos povos. As pontes junto aos judeus, islâmicos, hindus e budistas têm sido edificadas com esmero e sabedoria. Francisco sabe que não haverá paz mundial sem paz entre as religiões. Visita como peregrino ao CMI celebrou os 70 anos da entidade ecumênica mundial. Importante encontro inter-religioso em Abu Dhabi, com os irmãos muçulmanos em fevereiro de 2019. Sua visita ao Reino de Marrocos em março de 2019, estabeleceu um salto qualitativo nas relações entre cristãos e islâmicos. Encontro com o patriarca Ortodoxo da Romênia em junho de 2019. Entrega de algumas relíquias dos ossos do Apóstolo Pedro para o patriarcado ecumênico de Constantinopla em 29 de junho de 2019, como um gesto extraordinário de comunhão entre as Igrejas Católicas e os patriarcados Ortodoxos. Assinatura de documentos inéditos com budistas na visita a Tailândia. Urge uma atualização dos bispos e clero para estar à altura de um mundo plural e multireligioso. Retomar a Encíclica Ecclesiam Suam, do papa São Paulo VI, poderia ser muito salutar. As Igrejas cristãs no Brasil deram um salto gigantesco na pregação e oração pela unidade, com a celebração quaresmal em 2021, da Campanha da Fraternidade Ecumênica, coordenada pelo CONIC.

Medidas internas na Cúria efetuadas pelo papa Francisco: Alterou inúmeros procedimentos ligados à questão da pedofilia; alterou funções de muitos dos serviços da Cúria Romana; limitou o número de títulos honoríficos na instituição católica; criou a comissão de controle do Instituto para as Obras de Religião (IOR); criou 101 novos cardeais (atuais 73 eleitores); publicou quatro estatutos alterando o formato dos secretariados romanos. Em função de sua firme decisão de reformar a Igreja tem sofrido pressão imensa dos quadros eclesiásticos da Cúria e de alguns episcopados que lhe oferecem resistência e em alguns casos até oposição, entre eles cardeais e alguns poucos bispos dos Estados Unidos da América, na Polônia, Espanha, um cardeal da China, bispos do Cazaquistão e a parcela dos bispos integristas em muitos países capitaneados por dois cardeais aposentados, Burke e Müller. O gesto mais significativo se concentrou na política de tolerância zero com os presbíteros e religiosos acusados de pedofilia em todo o planeta, em especial, nos Estados Unidos, Europa e Austrália e na expulsão do colégio de cardeais do norte-americano Theodore Edgar McCarrick. Caso recente de acobertamento de pedófilos por bispos chilenos resultou no pedido de demissão coletivo de todo o episcopado na ativa (34 bispos). Vários deles aposentados compulsoriamente.

Expectativas: Entre 21 a 24/02/2019 aconteceu inédito encontro dos 114 presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo, junto aos chefes dos dicastérios romanos, chefes das Igrejas de ritos Orientais, membros da Secretária de Estado, Superiores gerais de religiosos, no Vaticano, para propor e articular novas medidas contra a pedofilia e o acobertamento de crimes pelo clero católico e hierarcas. Em outubro de 2019 o Sínodo Extraordinário para a Amazônia, em Roma. A Reforma da estrutura burocrática da Cúria Romana desenhada pelo grupo de trabalho de cardeais deve ser promulgada. A questão das diaconisas e dos padres casados no rito latino recebeu uma ducha de água fria. Ainda será preciso rever os seminários de formação de novos padres para favorecer a ordenação de presbíteros missionários rompendo o clericalismo e o carreirismo predominantes. Os escândalos ainda estão presentes em muitos países. Em sentido esperançoso Francisco revisou o canon que impedia mulheres de exercer os ministérios instituídos de leitor e acólito nas igrejas. A Alemanha avançou ainda mais escolhendo para secretária da Conferencia Episcopal uma mulher. Espera-se ampla mudança de quadros nos dicastérios romanos em 2021, depois do escândalo financeiro do cardeal italiano Becciu. Emergiram questões recalcadas nos últimos 50 anos: mulheres nos ministérios, homens casados como presbíteros no rito latino, maior liberdade na pesquisa teológica, aprofundamento das questões ligadas à sexualidade humana, bioética e o pós-humano, abertura para o pensamento complexo, a ampla questão ecológica, revisão do processo da escolha de bispos para o rito latino, aprofundamento do diálogo inter-religioso e, sobretudo o multilateralismo como característica diplomática do papa Francisco na construção do poliedro.

Papa Francisco e o Episcopado Brasileiro: Em 28/02/2021 dos atuais 477 bispos vivos no Brasil, contamos 310 na ativa e 167 eméritos. O papa Francisco já indicou 121 bispos para a Igreja do Brasil, ou seja, 39% dos bispos na ativa.

Francisco e a composição do colégio de cardeais em 13/03/2021: Os cardeais eleitores são 126 de 68 países. Os cardeais não eleitores são 101 com mais de oitenta anos. Total de 227 cardeais vivos de 90 países. O cardeal norte-americano McCarrick foi excluído do Colégio de cardeais e do ministério presbiteral (laicizado pelo papa Francisco por escândalos de pedofilia em 16/01/2019). O italiano Angelo Becciu foi retirado do colégio de cardeais por escândalos financeiros em 24/09/2020.

Segundo a indicação dos diferentes papas quando da elevação ao cardinalato temos a atual composição no colégio de cardeais:

Papa São Paulo VI - não há mais nenhum cardeal vivo (o papa emérito Bento XVI foi criado cardeal pelo santo papa Paulo VI). Em todo o pontificado ele criou 143 cardeais. Todos falecidos exceto o papa emérito Bento 16.

Papa São João Paulo II - 14 eleitores + 49 não eleitores = 63 cardeais vivos. Em todo o pontificado ele criou 231 cardeais. Faleceram 167 cardeais e um foi destituído.

Papa emérito Bento XVI – 39 eleitores + 30 não eleitores = 69 cardeais vivos. Em todo o pontificado ele criou 90 cardeais. Faleceram 21 cardeais.

Papa Francisco – 73 eleitores + 22 não eleitores = 95 cardeais vivos. Até o momento Francisco criou 101 cardeais. Faleceram seis cardeais.

Do total de 227 cardeais vivos temos 49 advindos de 25 ordens religiosas e congregações (28 eleitores e 21 não eleitores). Há 14 cardeais bispos sendo sete eleitores, 172 cardeais presbíteros sendo 97 eleitores e 41 cardeais diáconos sendo 22 eleitores. Total de 126 eleitores + 101 não eleitores = 227 cardeais vivos.

Resumo da ação do papa Francisco: Os oito anos do pontificado do papa Francisco são uma fonte de oxigênio para os cristãos, aberto aos demais crentes e mesmo uma ponte feliz de diálogo aos ateus que buscam a verdade e a justiça. Francisco não veio repetir fórmulas. Quer o novo, como pastor de esperanças e alegrias, especialmente fala aos jovens, migrantes e refugiados e tem um compromisso junto ao planeta Terra, nossa Casa Comum.

Fontes bibliográficas:

www.vatican.va

www.news.va