SÍNODO DA AMAZÔNIA-TRIDUO

Carta do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia

“Cristo aponta para a Amazônia” - São Paulo VI

Reunidos em Belém do Pará, com o objetivo de estudar o Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia, nós, bispos, padres, religiosas e religiosos, leigas e leigos das Igrejas amazônicas, como também irmãs e irmãos que compartilham a caminhada ecumênica, queremos manifestar nossas preocupações com a “Casa Comum” e uma missão evangelizadora encarnada, samaritana e ecológica. Desde 1952, os bispos da Amazônia se reúnem periodicamente para se posicionar sobre a missão da Igreja na realidade peculiar da Amazônia. “Cristo aponta para a Amazônia” é a expressão profética e programática do Papa São Paulo VI que em 1972 repercutiu no Encontro de Santarém. A nossa Igreja assumiu, então, o compromisso de se “encarnar, na simplicidade”, na realidade dos povos e de empenhar-se para que por meio da ação evangelizadora se tornasse cada vez mais nítido o rosto de uma Igreja amazônica, comprometida com a realidade dos povos e da terra. No encontro de 1990, em Belém-Icoaraci, os bispos da Amazônia foram os primeiros a advertir o mundo para um iminente desastre ecológico com “consequências catastróficas para todo o ecossistema (que) ultrapassam, sem dúvida, as fronteiras do Brasil e do Continente” (Documento “Em defesa da Vida na Amazônia”). Novamente reunidos em Icoaraci/PA em 2016, os bispos da Amazônia dirigiram uma carta ao Papa Francisco pedindo um Sínodo para a Amazônia. Acolhendo o desejo da Igreja nos nove países amazônicos, o Papa convocou em 15 de outubro de 2017 a “Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazônia”, com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. A Igreja Católica desde o século XVII está presente na Amazônia preocupando-se com a evangelização e a promoção humana ao mesmo tempo. Quantas escolas, hospitais, oficinas, obras sociais se construíram e foram mantidas durante séculos em todos os rincões da Amazônia. Vilas e cidades se edificaram a partir das “missões” da nossa Igreja. Quanto sangue, suor e lágrimas foram derramados na defesa dos direitos humanos e da dignidade, especialmente dos mais pobres e excluídos da sociedade, dos povos originários e do meio ambiente tão ameaçados. Lamentamos imensamente que hoje, em vez de serem apoiadas e incentivadas, nossas lideranças são criminalizadas como inimigos da Pátria. Junto com o Papa Francisco, defendemos de modo intransigente a Amazônia e exigimos medidas urgentes dos Governos frente à agressão violenta e irracional à natureza, à destruição inescrupulosa da floresta que mata a flora e a fauna milenares com incêndios criminosamente provocados. Ficamos angustiados e denunciamos o envenenamento de rios e lagos, a poluição do ar pela fumaça que causa perigosa intoxicação, especialmente das crianças, a pesca predatória, a invasão de terras indígenas por mineradoras, garimpos e madeireiras, o comércio ilegal de produtos da biodiversidade. A violência, que ultimamente cresceu de maneira assustadora, nos causa horrores e exige também o engajamento da nossa Igreja para que a paz e o respeito, a fraternidade e o amor prevaleçam. SE/Sul - Q. 801 - Conj. “B” - CEP 70200-014 - Caixa Postal 2037 - CEP 70259-970 - Brasília-DF - Brasil Fone: (61) 2103-8300/2103-8200 - Fax: (61) 2103-8303 E-mail: amazonia@cnbb.org.br — Site: www.cnbb.org.br Defendemos vigorosamente a Amazônia, que abrange quase 60% do nosso Brasil. A soberania brasileira sobre essa parte da Amazônia é para nós inquestionável. Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro a respeito deste macro-bioma que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário. Todas as nações são chamadas a colaborar com os países amazônicos e com as organizações locais que se empenham na preservação da Amazônia, porque desta macrorregião depende a sobrevivência dos povos e do ecossistema em outras partes do Brasil e do continente. O Sínodo, convocado pelo Papa Francisco, chega num momento crucial de nossa história. Queremos identificar novos caminhos para a evangelização dos povos que habitam a Amazônia. Ao mesmo tempo, a Igreja se compromete com a defesa desse chão sagrado que Deus criou em sua generosidade e que devemos zelar e cultivar para as presentes e futuras gerações. Cabe um agradecimento especial à Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM por todo o esforço dedicado no importante processo de ESCUTA das comunidades e no envolvimento dos diversos segmentos do Povo de Deus, especialmente mulheres e com forte participação das juventudes e dos povos originários. Pedimos que rezem por nós, irmãs e irmãos, para que a caminhada sinodal reflita “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e das mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem” (GS 1). Que Maria de Nazaré, expressão da face materna de Deus no meio de nosso povo, por sua intercessão, acompanhe os passos da Igreja de seu Filho nas terras e águas amazônicas para que ela seja sinal e presença do Reino de Deus. Que ajude, com sua missão evangelizadora e humanizadora, a dignificar cada vez mais a vida em nossa região. Participantes do Encontro de Estudo do Instrumento de Trabalho do Sínodo da Amazônia


TRÍDUO DO SÍNODO

NOVOS CAMINHOS PARA A IGREJA E PARA UMA ECOLOGIA INTEGRAL

APRESENTAÇÃO

A REPAM Brasil oferece este subsídio para que as comunidades da Amazônia estejam em comunhão com o Papa Francisco e os bispos reunidos no Sínodo para a Pan-Amazônia, de 06 a 27 de outubro de 2019.

São três encontros iluminados pelos eixos temáticos do Instrumentum La- boris e podem ser rezados como Ofício Divino das Comunidades:

Primeira Semana [06 a 12/10] – A voz da Amazônia

Segunda Semana [13 a 19/10] - Ecologia Integral: o clamor da terra e dos pobres

Terceira Semana [20 a 27/10] - Igreja profética na Amazônia: desafios e esperanças

Para cada semana do Sínodo, a comunidade pode escolher o melhor dia para celebrar. É importante que antes dos encontros as pessoas responsá- veis preparem o ambiente com os materiais sugeridos e outros do território, organizem o local para a celebração e convidem as comunidades, pastorais, grupos.

Que este tempo sinodal inspire em nossas comunidades a cultura do encontro para o cuidado com a terra e com os povos amazônicos!

Acompanhe-nos, Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia, com ternura e coragem para encontrar novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral!

Brasília – DF, julho de 2019.


Preparar o ambiente: cartaz ou banner do Sínodo; mapa ou papel grande com o desenho dos rios da Amazônia ou apenas da região. Preparar a mesa da Palavra e da partilha com tecidos, redes, cestos e outros símbolos da região. Antes da celebração, ao convidar as pessoas, pedir que levem frutos da terra, alimentos, bebidas e outras coisas para oferta e partilha, cópias do roteiro ou

pelo menos das músicas para todas as pessoas.

CHEGADA

Tudo está, interligado. Como se fôssemos um. Tudo está, interligado. Nesta casa comum.

ABERTURA

- Venham, ó nações, ao Senhor cantar! Ao Deus do universo venham festejar!

- Seu amor por nós, firme para sempre!

Sua fidelidade dura eternamente! (acendem-se as velas)

- Para ti, Senhor, toda noite é dia!

A escuridão mais densa logo se alumia!

- És a luz do mundo, és a luz da vida!

Cristo Jesus resplende, és nossa alegria! (oferta-se incenso ou ervas cheirosas)

- Suba nosso incenso a ti, ó Senhor! Oferta sinodal, oferta de amor!

- Glória ao Pai, ao Filho, e ao Santo Espírito. Glória a Trindade Santa, glória ao Deus bendito!

- Aleluia irmãs, aleluia irmãos!

Com toda Amazônia, a Deus louvação!


Animador/a: Bem vindas e bem vindos! Estamos vivendo um tempo de graça na Igreja da Amazônia e de todo o mundo. O Sínodo dos Bispos que tem como tema: Amazônia – novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral, é um sopro do Espírito Santo para fazer com que o Evan- gelho seja experimentado com mais intensidade nestes territórios, ousando escutar o clamor da floresta, das cidades e de seus povos. É também um chamado para que todo o povo de Deus se coloque em caminhada junto com o Papa Francisco numa Igreja que sai ao encontro dos que estão nas mar- gens, descartados, explorados. Ouvir, aprender e defender a vida que pulsa

na Amazônia!

RECORDAÇÃO DA VIDA

Leitor/a: “Jesus oferece uma vida em abundância (cf. Jo 10, 10), uma vida repleta de Deus, uma vida salvífica (zōē), que começa na criação e se manifesta já no mais elementar da vida (bios). Na Amazônia, ela se reflete em sua abundante biodiversidade e em suas culturas. Isto é, uma vida plena e íntegra, uma vida que

anta, um hino à vida, como o canto dos rios. É uma vida que dança e que repre- senta a divindade e nossa relação com ela.” (Trecho do Instrumentum Laboris, p.9)

Quais são as recordações de vida plena que queremos celebrar neste encontro?

Quais as belezas das cidades, da floresta e seus povos queremos ecoar?

Leitor/a: “No entanto, a vida na Amazônia está ameaçada pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos humanos elementares da população amazônica. De modo especial a violação dos di- reitos dos povos originários, como o direito ao território, à autodeterminação, à demarcação dos territórios e à consulta e ao consentimento prévios. Segundo as comunidades participantes nesta escuta sinodal, a ameaça à vida deriva de interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade atual, de maneira especial de empresas extrativistas, muitas vezes em conivência, ou com a permissividade dos governos locais, nacionais e das autoridades tradicionais (dos próprios indígenas). Como afirma o Papa Francisco, quem persegue tais interesses pareceria estar desligado, ou ser indiferente aos clamores dos pobres e da terra (cf. LS, 49 e 91).” (Tre- cho do Instrumentum Laboris, p.10).

Quais são as ameaças que a Amazônia e seus povos estão sofrendo?

Quais clamores queremos ecoar?


HINO

Seja o verde o sinal da esperança Na Amazônia, rincão da aliança Sem os males que gera a cobiça; Com o Cristo que tudo renova, Haveremos de ver terra nova Nova terra onde reina a justiça!

Rios, lagos, florestas e povos, Bendizei ao Senhor na canção, Bendizei ao Senhor na canção,

É canção que constrói tempos novos Nossa vida e missão neste chão!

Nossa vida e missão neste chão!

Os apelos de Deus pela vida

Vêm na voz de Jesus que convida Ao convívio na diversidade.

Pelo pobre que se há de acolher A Amazônia vai se converter

Na planície da fraternidade.

SALMO 119

LEITURA BÍBLICA Gn, 1, 1-26

(Silêncio, meditação, partilha).

PRECES


Amazônia, levamos ao mundo,

O clamor que se faz tão profundo Por justiça, trabalho e pão,

Pela vida de que se manifesta, Pelos nossos irmãos da floresta Pela paz e evangelização.

Amazônia, Amazônia, este canto Nos ajude a enxugar todo pranto Deste solo tão forte e tão terno! E que a vida dos mártires seja Novo sopro de vida na Igreja

E esperança de um mundo fraterno.


Nossa resposta será: Senhor da vida, convertei-nos!

Por toda Igreja caminhante e navegante no chão sagrado da Amazônia: para que seja testemunha da Páscoa de Cristo, a Testemunha fiel, e tenha coragem e ousadia para defender a vida dos povos e da floresta, te pedimos!

Pelo Papa Francisco e por toda Igreja: para que este caminho Sinodal seja uma oportunidade de conversão ecológica que nos faça mais sensíveis aos clamores e aos sinais dos tempos, te pedimos!

Por nossas comunidades e lideranças: para que a realização do Sínodo nos colo- que em comunhão com todos os povos amazônicos e suas crenças, celebrações, costumes. Inspirai práticas de respeito, diálogo e cuidado que enriqueçam nosso jeito de ser e fazer pastoral neste território, te pedimos!

(Preces espontâneas)


ORAÇÃO PELO SÍNODO PARA A AMAZÔNIA

Deus Pai, Filho e Espírito Santo,

iluminai com a vossa graça a Igreja que está na Amazônia.

Ajudai-nos a preparar com alegria,

fé e esperança o Sínodo Pan-Amazônico:

“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

Abri nossos olhos, nossa mente e coração

para acolhermos o que vosso Espírito diz à Igreja na Amazônia.

Suscitai discípulas e discípulos missionários, que, pela palavra e o testemunho de vida,

anunciem o Evangelho aos povos da Amazônia, e assumam a defesa da terra, das florestas

e dos rios da região, contra a destruição, poluição e morte.

Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia, intercedei por nós, para que nunca nos faltem coragem e paixão,

lado a lado com vosso filho Jesus.

Amém!

OFERTÓRIO

Animador/a: Celebrar a vida que Deus nos confiou, ofertar os frutos da criação, partilhar a mesa. Cantando, vamos colocando em comum aquilo que temos e somos, fruto de nossos quintais, dos rios, praças, feiras.

Refrão

Uma só será a mesa, Terra-mãe será o altar. O sustento, a natureza,

Em milagres, vai nos dar!

(pode-se repetir, enquanto as pessoas colocam as ofertas numa mesa ou em algum tecido/esteira no chão).

Benção das oferendas

Louvado Sejas, Senhor, por estes frutos da terra e do trabalho de mulheres e homens. Louvados Sejas, Senhor, pelo sol e pela terra, pela água e pelo vento que espalha sementes. Louvado Sejas pelo trabalho coletivo das mãos que colhem e preparam os alimentos. Seja Louvado pela fartura de tua criação que nos ali- menta e nos sustenta!

Amém, Axé, Awiri!

(Pode ser aspergido água perfumada com ervas nos alimentos).

PAI NOSSO

BÊNÇÃO

Deus da vida, Tu que nos conecta com todos os seres do universo, concede-nos a graça da harmonia e da vivência fraterna com toda a Casa Comum. Que nosso caminho de anúncio de Vosso Reino seja trilhado na ousadia do Bem Viver, com solidariedade e compaixão com todos os que sofrem e com o desejo de vida plena para todos os povos e para a floresta.

Amém, Axé, Awiri!

Caminha conosco, Deus da Vida, e nos abençoe:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!

Amém!

SAIDEIRA E PARTILHA (Canto)

As mesmas mãos que plantaram a semente Aqui estão

O mesmo pão que a mulher preparou Aqui está

O vinho novo que a uva sangrou jorrará No nosso altar

A liberdade haverá, a igualdade haverá E nessa festa, onde a gente é irmão

O Deus da vida se faz comunhão

Na flor do altar o sonho da paz mundial. A luz Acesa é a fé que palpita hoje em nós. Do livro Aberto o amor se derrama total no nosso altar

Bendito sejam os frutos da terra de Deus Bendito sejam o trabalho e a nossa união Bendito seja Jesus, que conosco estará além Do altar


Preparar o ambiente: cartaz ou banner do Sínodo; banner, estandarte ou foto- grafias de Mártires da região; Caderno de conflitos e/ou notícias sobre conflitos e ameaça aos Direitos Humanos e da natureza na região Amazônica; cópias

do roteiro ou pelo menos das músicas para todas as pessoas.

Preparar a mesa da Palavra e da partilha com tecidos, redes, cestos e outros símbolos da região. Antes da celebração, ao convidar as pessoas, pedir que le- vem frutos da terra, alimentos, bebidas e outras coisas para oferta e partilha.

CHEGADA

Do tronco da vida, mesmo ferida. Nasce uma flor, rindo da dor.

Ôôô ôôô, ôôô!

ABERTURA

- Venham, ó nações, ao Senhor cantar! Ao Deus do universo venham festejar!

- Seu amor por nós, firme para sempre!

Sua fidelidade dura eternamente! (acendem-se as velas)

- Para ti, Senhor, toda noite é dia!

A escuridão mais densa logo se alumia!

- És a luz do mundo, és a luz da vida!

Cristo Jesus resplende, és nossa alegria! (oferta-se incenso ou ervas cheirosas)

- Povos da Amazônia, tempo de missão! Igreja em Saída, que busca conversão!

- Glória ao Pai, ao Filho, e ao Santo Espírito. Glória a Trindade Santa, glória ao Deus bendito!

- Aleluia irmãs, aleluia irmãos!

Com toda Amazônia, a Deus louvação!

Animador/a: Bem vindas e bem vindos! Iniciamos o segundo encontro do caminho de comunhão com o Papa Francisco, com os bispos da Pan-Amazônia


e de todo o mundo que estão reunidos em Roma para o Sínodo. Recordamos nesta celebração os clamores dos povos e da Terra, as lutas de tantas pessoas e grupos que defendem os territórios e seus povos, as realidades de injustiças e violações de direitos. Celebramos para cantar que novos caminhos são possíveis, e inspirados no testemunho de Jesus Cristo, a vida triunfará e a conversão pela qual somos chamados por Ele há de nos guiar por caminhos de justiça e solidariedade.

RECORDAÇÃO DA VIDA

Leitor/a: “A Amazônia está sendo disputada a partir de várias frentes. Uma responde aos grandes interesses econômicos, ávidos de petróleo, gás, madeira, ouro, mono- culturas agroindustriais, etc. Ameaçados por agentes econômicos que implementam um modelo alheio em nossos territórios. As empresas madeireiras entram no território para explorar a floresta, nós cuidamos da floresta para nossos filhos, dispomos de carne, pesca, remédios vegetais, árvores frutíferas [...] A construção de hidrelétricas e o projeto de hidrovias têm impacto sobre o rio e sobre os territórios [...] Somos una região de territórios roubados” (Trecho do Instrumentum Laboris, p.21)

Recordar nomes, histórias e testemunhos de mártires. Se o estandarte ou foto estiver no ambiente, pode ser segurado enquanto se fala.

Leitor/a: “Na Amazônia, o fenômeno migratório em busca de uma vida melhor tem sido uma constante histórica [...]

Existem causas sociopolíticas, climáticas, de perseguição étnica e econômicas. Estas últimas são induzidas em sua maioria pelos projetos políticos, os megaprojetos e as empresas extrativistas, que atraem trabalhadores mas que, ao mesmo tempo, expulsam os habitantes dos territórios afetados. A agressão contra o meio ambiente, em nome do “desenvolvimento”,28 piorou dramaticamente a qualidade de vida dos po- vos amazônicos, tanto das populações urbanas como rurais, devido à contaminação e perda de fertilidade do território.” (Trecho do Instrumentum Laboris, p.26).

Conhecemos histórias de pessoas migrantes em nossa comunidade? Quem são elas? Como estamos acolhendo esses irmãos e irmãos?

Leitor/a: “Nas últimas décadas aumentou o investimento na exploração das ri- quezas da Amazônia por parte de grandes companhias. Muitas delas perseguem o lucro custe o que custar, sem se importar com o dano socioambiental que provocam. Os governos que autorizam tais práticas, necessitados de capital para promover suas políticas públicas, nem sempre cumprem seu dever de preservar o meio ambiente e os direitos de suas populações [...]

Trata-se de um verdadeiro flagelo moral; como resultado, perde-se confiança nas instituições e em seus representantes, o que desacredita totalmente a política e as organizações sociais. Os povos amazônicos não são alheios à corrupção, e se transformam em suas principais vítimas.” (Trecho do Instrumentum Laboris, p. 32).


Quais são os sinais de que nossos povos e a terra estão sofrendo com o flagelo da corrupção?

HINO

É tempo ainda de amar sem fronteira,

do amor ser a bandeira de união do mundo inteiro. Ainda creio que essas cores separadas

Serão flores perfumadas em um só canteiro. É tempo ainda de ver que a esperança,

não é só uma dança de fumaça pelo ar. Ainda sonho que o sol da nova era, coroando a grande espera

seja a luz de um novo olhar.

Eu canto forte esta canção que encerra,

A comunhão da terra pela soma dos quintais. Mas pergunto ao criador que fez a gente, Porque assim tão diferentes para sermos iguais.

LEITURA BÍBLICA

Ex, 3, 7-12

(Silêncio, meditação, partilha).

PRECES

Nossa resposta será cantada: Ouvi o grito, que sai do chão. Dos oprimidos em oração!

Pela Igreja, para que assuma sua missão de cuidar da casa comum, promovendo a integração de todos os seres humanos com a natureza, constituindo assim novos paradigmas para a ecologia integral. Ouvi-nos, Senhor!

Para que todos os povos da Amazônia tenham seus territórios garantidos e preservados. Que sejam espaços de reprodução da vida e de cuidado com a criação. Ouvi-nos, Senhor!

Para que as cidades da Amazônia sejam territórios onde floresçam a consciência ambiental e a integração fraterna nos espaços públicos para o cuidado da vida. Ouvi-nos, Senhor!

Por todas as famílias amazônicas. Que nosso Testemunho cristão acompanhe,


integre e acolha a todos, sem excluir ninguém e considere as realidades familiares da Amazônia. Ouvi-nos, Senhor!

Por nossas comunidades e lideranças: para que a realização do Sínodo nos co- loque em comunhão com todos os povos e suas crenças, celebrações, costumes. Inspirai práticas de respeito, diálogo e cuidado que enriqueçam nosso jeito de ser e fazer pastoral neste território, te pedimos!

(Preces espontâneas

ORAÇÃO PELO SÍNODO PARA A AMAZÔNIA

Deus Pai, Filho e Espírito Santo,

iluminai com a vossa graça a Igreja que está na Amazônia.

Ajudai-nos a preparar com alegria,

fé e esperança o Sínodo Pan-Amazônico:

“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

Abri nossos olhos, nossa mente e coração

para acolhermos o que vosso Espírito diz à Igreja na Amazônia.

Suscitai discípulas e discípulos missionários, que, pela palavra e o testemunho de vida,

anunciem o Evangelho aos povos da Amazônia, e assumam a defesa da terra, das florestas

e dos rios da região, contra a destruição, poluição e morte.

Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia, intercedei por nós, para que nunca nos faltem coragem e paixão,

lado a lado com vosso filho Jesus.

Amém!

OFERTÓRIO

Animador/a: O clamor da terra e dos pobres é grito de justiça. Brota como bro- tam as sementes, potência guardada. Justiça porque a terra é sagrada e não queremos que seja usurpada para fins mercantis, que não respeitam seus tempos, suas histórias, suas potencialidades. Ofertamos hoje os alimentos concedidos pelas águas e pela terra de nossos quintais e roças, fruto da terra e do trabalho das mulheres e homens da Amazônia.


Canto

(Enquanto se canta, duas pessoas podem preparar a mesa/esteira com os alimentos)

Plantar

É muito mais profundo Engrandece o mundo

É uma prece à natureza

Quem planta espera No milagre do chão O pequenino grão Inundando a mesa.

Por isso estou

Cantando assim o meu plantio Comparando a um grande rio Que subindo transbordou.

De alma cheia

Meu olhar é uma canoa Meu cantar de popa à proa O pão que a terra germinou.

(Pode ser aspergido água perfumada com ervas nos alimentos).

PAI NOSSO

BENÇÃO

Ó Deus da criação e da justiça, que tua voz ouvida no assovio do vento e teu cheiro presente nas matas molhadas da nossa Amazônia, iluminem nosso paneiro da vida e guie os caminhos da Tua Igreja que faz o caminho sinodal. Que ela encontre força e esperança em suas remadas, de modo que as correntezas da morte não nos tirem a coragem de construir uma Igreja em saída que promo- va a ecologia integral.

Amém, Axé, Awiri!

Caminha conosco, Deus da Vida, e nos abençoe: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!

Amém!

PREPARAR PARA O PRÓXIMO ENCONTRO: pedir que as pessoas levem ervas de cheiro e alimentos para a partilha.


SAIDEIRA E PARTILHA (Canto)

Nesses campos, nessas matas, nesses lagos e igarapés; Nesses rios, planaltos e serras, planícies e vales, vão anunciar; No lombo de um belo cavalo, de barco, ou canoa, de remo na proa atender Teu chamar.

Sou missionário, sou povo de Deus. Sou índio, caboclo, mestiço fazendo da vida a missão; aqui nesta grande tapera da Igreja Amazônica sou mensageiro de um Deus que é irmão.(bis) ô, ô, ô, ô, ê, ê de um Deus que é irmão.(bis)

Jesus Cristo, nosso guia anima o nosso caminhar; nos aponta o caminho certo e de braços abertos vem nos ensinar, que é preciso fazer opção pelo irmão peregrino que foi esquecido e por ele lutar.

Somos filhos da Igreja do norte; missionários desta região. Formamos a comunidade nesta geografia que temos nas mãos; Aprendemos a ouvir a mensagem de um Deus que nos fala na brisa, nas águas nas flores no chão.


Preparar o ambiente: Duas ou três vasilhas de barro com água; incenso; vesti- mentas, cestos e objetos dos povos da região; mesa da Palavra com o Evangelho; mesa ou esteira para partilha; imagem de Nossa Senhora; Pedir anterior-

mente que as pessoas levem ervas de cheiro.

CHEGADA

Nós somos parte da Terra. A Terra é parte de nós.

Um é a extensão do outro, Nós não vivemos a sós.

Animador/a: As ervas que trazemos conosco vão perfumar estas águas e nosso espaço. Elas são sinal de nossa ligação com toda vida que pulsa na Amazônia e nos recordam memórias de nossas famílias, da infância, da espiritualidade e da sabedoria do povo. Cantemos enquanto mergulhamos as ervas nas águas e deixamos que misturem seu frescor e perfume.

ABERTURA


Seja o verde o sinal da esperança Na Amazônia, rincão da aliança Sem os males que gera a cobiça; Com o Cristo que tudo renova, Haveremos de ver terra nova Nova terra onde reina a justiça!

Rios, lagos, florestas e povos, Bendizei ao Senhor na canção, Bendizei ao Senhor na canção,

É canção que constrói tempos novos Nossa vida e missão neste chão!

Nossa vida e missão neste chão!

Os apelos de Deus pela vida

Vêm na voz de Jesus que convida Ao convívio na diversidade.


Pelo pobre que se há de acolher A Amazônia vai se converter

Na planície da fraternidade.

Amazônia, levamos ao mundo,

O clamor que se faz tão profundo Por justiça, trabalho e pão,

Pela vida de que se manifesta, Pelos nossos irmãos da floresta Pela paz e evangelização.

Amazônia, Amazônia, este canto Nos ajude a enxugar todo pranto Deste solo tão forte e tão terno! E que a vida dos mártires seja Novo sopro de vida na Igreja

E esperança de um mundo fraterno.


ACOLHIDA

Animador/a: Bem vindas e bem vindos! Nossa celebração de hoje é a memória dos desafios e esperanças no caminho para uma Igreja com rosto amazônico e indígena. Acolher e respeitar as diferentes culturas e tradições, assumir as trilhas da missão que dialoga e aprende com as experiências dos povos. Hoje também queremos pedir ao Espírito que sopre os ventos de Pentecostes e nos dê a graça de escutar os sinais dos tempos para atualizar o mistério Pascal de Cristo e o anúncio da sua Palavra nos rincões da Amazônia.

RECORDAÇÃO DA VIDA

Leitor/a: “Desde há séculos, a Igreja procura partilhar o Evangelho com os povos amazônicos, muitos dos quais integram a comunidade eclesial. Os missionários e as missionárias têm uma história de profunda relação com esta região. Deixa- ram marcas profundas na alma do povo católico da Amazônia. [...] No encontro com os povos da Amazônia, em Puerto Maldonado, o Papa Francisco recordou as palavras de Santo Toríbio de Mogrovejo: “Não só nos tempos passados se fizeram a estes pobres tantos agravos e violências com tantos excessos, mas ainda hoje muitos continuam a fazer as mesmas coisas. Dado que ainda persiste uma mentalidade colonial e patriarcal, é necessário aprofundar um processo de conversão e reconciliação” (Trecho do Instrumentum Laboris, p. 45)

Pedimos o Teu perdão, Senhor da acolhida, por todas as vezes que o anúncio do Evangelho negligenciou as formas de ser e viver dos povos da Amazônia!

Todos/as: Senhor, Tende piedade de nós!

Leitor/a: “No campo eclesial, a presença feminina no seio das comunida- des nem sempre é valorizada. Reclama-se o reconhecimento das mulheres a partir de seus carismas e talentos. Elas pedem para recuperar o espaço que Jesus reservou às mulheres, “onde todos/todas cabemos. [...] Os jovens se encontram entre dois mundos, entre a mentalidade indígena e a atração da mentalidade moderna, sobretudo quando migram para as cidades. Por um lado, são necessários programas para fortalecer sua identidade cultural face à perda de seus valores, idiomas e relação com a natureza; por outro lado, programas para ajudá-los a entrar em diálogo com a cultura urbana moderna.” (Trecho do Instrumentum Laboris, p. 51 e 52)

Pedimos o Teu perdão, Senhor da novidade, pelas práticas de machismo, opressão e negação da violência contra as mulheres e por negar aos jovens o direito de se formarem integralmente e serem protagonistas da Igreja e de suas vidas.

Todos/as: Cristo, Tende piedade de nós!

Leitor/a: “O diálogo ecumênico se realiza entre pessoas que compartilham a fé em Jesus Cristo como Filho de Deus e Salvador e, a partir das Sagradas Escrituras,


procuram oferecer um testemunho comum. O diálogo inter-religioso se realiza entre crentes que compartilham suas vidas, suas lutas, suas preocupações e suas experiências de Deus, fazendo de suas diferenças um estímulo para crescer e aprofundar a própria fé” (Trecho do Instrumentum Laboris, p. 55).

Pedimos Teu perdão, Deus do diálogo que liberta, por todas as vezes que alimentamos o conflito e a perseguição às nossas Igrejas e crenças irmãs, negando suas experiências de fé e propagando o medo para negar a beleza dos diferentes dons e carismas.

Todos/as: Senhor, Tende piedade de nós!

HINO (aspersão de águas perfumadas nas pessoas enquanto se canta o hino)


Glória a Deus, nosso Pai. Pai de todas as criaturas.

Glória ao Filho, o redentor. (bis)

Glória demos ao Espírito Santo,

A trindade de Deus sempre, amém. Todo o verde da imensa floresta Glorifica a Deus uno também.

As trombetas dos anjos tocando, Passarinhos se põe a cantar.

Glória a Deus no esplendor das alturas, Gloriei e torno a gloriar.


Ao Deus Pai, e ao Deus Filho e ao Espírito, Santo seja o nosso louvor.

Que de todas as barrancas cantemos, Gloriando o grande criador.

Que esta glória se espalhe na Terra Todos juntos possamos cantar.

Glória ao Pai que mandou o seu Filho, Para o homem poder libertar.

LEITURA BÍBLICA (incensar a Palavra).

At 2, 1-11

(Pedir antecipadamente que duas ou três pessoas façam a meditação da Palavra. Se possível, que sejam de diferentes gerações -adultos, jovens, idosos -, ou ainda povos indígenas e também mulheres, ribeirinhos, agricultores).

COMPROMISSO

Animador/a: O caminho que percorremos nesse tempo sinodal, em comunhão com toda Igreja, nos convoca para assumir com mais ousadia o anúncio do Evangelho. Por isso, vamos agora renovar os compromissos para nós, para a Igreja e para uma Ecologia Integral.

• Vocês se comprometem com a defesa incondicional da Amazônia, de- fendendo-a de práticas predatórias que exploram seus recursos e seus povos?

Comprometemos!


• Vocês se comprometem a cuidar dos territórios, sinais de vida e revelação de Deus para que toda a criação permaneça interligada?

Comprometemos!

• Vocês se comprometem em caminhar junto aos povos amazônicos, escutando e ecoando seus clamores e a promover práticas de educação popular para a sua formação?

Comprometemos!

• Vocês se comprometem a respeitar as diferentes culturas amazônicas, reconhecer os desafios urbanos e evangelizar a partir das realidades de cada território?

Comprometemos!

• Ó Senhor, tu que firmastes aliança com Teu povo, fazei com que este compromisso seja recordado continuamente por nós e por toda Igreja, para que fiéis ao mandamento do amor, sigamos construindo a sociedade do Bem Viver!

Amém!

BENÇÃO E PARTILHA

(Enquanto se canta, duas pessoas podem abençoar os alimentos aspergindo água perfumada). Após a benção, partilhar tapioca, farinha, castanhas e etc).

Quando os pés o chão tocarem Para a dança começar;

Quando as mãos se entrelaçarem Vida nova há de brotar.

Toma, ó Pai, o amor perfeito Pelo rio, a mata, a flor...

Que o índio traz no peito: É louvor ao Criador!

Uma só será a mesa, Terra-mãe será o altar. O sustento, a natureza,

Em milagres, vai nos dar!

Eis aqui, Senhor, as dores Deste Cristo-Povo-Irmão. Sejam hinos seus clamores Na defesa de seu chão.

Nova Terra nós sonhamos


Onde todos têm lugar.

Os direitos nós buscamos:

Vida, pão, respeito, lar...

Povos todos, terra inteira Te pertencem, ó Senhor!

Que os males e as fronteiras Deem lugar ao Pleno Amor.

ORAÇÃO FINAL

Deus Pai, Filho e Espírito Santo,

iluminai com a vossa graça a Igreja que está na Amazônia.

Ajudai-nos a preparar com alegria,

fé e esperança o Sínodo Pan-Amazônico:

“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

Abri nossos olhos, nossa mente e coração

para acolhermos o que vosso Espírito diz à Igreja na Amazônia.

Suscitai discípulas e discípulos missionários, que, pela palavra e o testemunho de vida,

anunciem o Evangelho aos povos da Amazônia, e assumam a defesa da terra, das florestas

e dos rios da região, contra a destruição, poluição e morte.

Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia, intercedei por nós, para que nunca nos faltem coragem e paixão,

lado a lado com vosso filho Jesus.

Amém!

BÊNÇÃO

O Senhor da luz nos abençoe e nos guarde! Amém!

O Senhor brilhe em nós coragem e ousadia para as remadas sinodais! Amém!

O Senhor que sempre fez a opção pelos empobrecidos e empobrecidas ilumine nossos caminhos na defesa dos povos e de toda a Amazônia. Amém!

Caminha conosco, Deus da Vida, e nos abençoe: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!