O MÊS DE NAZARÉ

O MÊS DE NAZARÉ


O mês de Nazaré oferece aos irmãos uma experiência mais ampla e mais profunda da vida de fraternidade. É uma oportunidade para se por em prática os valores e os meios da fraternidade. O mês pretende ser a ocasião para se experimentar de forma intensa e comunitária o que a fraternidade se propõe.


Por isso o ambiente de simplicidade, de silêncio e oração contemplativa, de meditação da palavra, de co-responsabilidade na revisão de vida feita com tempo e atenção, do estudo da vida do irmão Carlos e do diretório da fraternidade, do trabalho manual no espírito de Nazaré. No Brasil, fazemos o retiro anual no início de janeiro.


Os que fazem o mês de Nazaré participam desse retiro e continuam até o fim do mês, normalmente no mesmo lugar. O mês permanece um ideal para todos os membros da fraternidade.


Sabendo que a fraternidade e a região se enriquecem quando um de seus membros participa do mês, é necessário que haja um esforço comum para apoiar financeiramente o padre participante e dar-lhe oportunidade de se ausentar de seu lugar de trabalho.


A participação no mês é imprescindível para que alguém seja membro pleno da fraternidade sacerdotal.


A organização pessoal também se faz necessária. Prever ao longo do ano os possíveis gastos e substituto, se for o caso. Participar do mês é uma boa e salutar maneira de se passar as férias.

As intuições do irmão Carlos e os meios propostos pela fraternidade precisam ser experimentados com tempo e com os irmãos que partilham os mesmos ideais.


O mês de Nazaré faz com que a fraternidade adquira dimensões universais e não seja mera teoria. Estamos ligados a uma família e é preciso “comer um quilo de sal juntos” para dizer que sabemos conviver. A convivência prolongada aproxima os irmãos e universaliza o carisma.


Nesse tempo de oração e convivência, nós nos descobrimos na mesma caminhada e nos tornamos uns aos outros estímulo e apoio. Sei que não estou sozinho nesta aventura. Há outros com as mesmas convicções fazendo o mesmo percurso.


A IMPORTÂNCIA DO MÊS DE NAZARÉ

(do boletim especial 126, de 2016)

De suma importância para os membros da Fraternidade Sacerdotal, o Mês de Nazaré se efetiva como um marco na vida do presbítero, momento de assumir, entre os irmãos, sua pertença à Fraternidade Jesus Caritas.

Segundo o Pe. Aurélio Sanz Baeza, responsável internacional da Fraternidade Jesus Caritas, deixar as atividades paroquiais e dedicar-se 30 dias à oração, trabalho e contemplação, é um esforço necessário que se evidencia como parte essencial da missão do presbítero que quer viver à luz dos ensinamentos do Beato Carlos de Foucauld: “Esta opção nos ajudará a retomar as opções fundamentais, como a opção preferencial pelos mais pobres; a retomar a consciência de filhos amados que precisam encontrar-se mais profundamente com o Pai”.

Com o objetivo de nutrir o ministro ordenado como homem de Deus, o Mês de Nazaré quer ser, para os membros da Fraternidade Sacerdotal, uma oportunidade de voltar ao deserto com tempo prolongado de escuta de Deus por meio da oração, da adoração, do estudo, da experiência de partilha de vida e dos trabalhos manuais no cotidiano.

Assim, o Pe. Baeza afirma que, para quem participa do Mês de Nazaré, “é uma experiência mística e contemplativa onde se sente a necessidade de ajudar, uns aos outros, por meio da revisão de vida”.

Testemunho do Pe. Gunther Lendbradl

Depois de ser chamado por Jesus Cristo, de maneira muito clara, nunca mais duvidei de segui-lo por toda a minha vida. Não tive outra escolha. Mas minha pergunta foi: seguir Jesus Cristo de que jeito? Eu deveria segui-lo como leigo, como religioso, como padre?

Conheci vários padres. Meu pároco era padre diocesano, um dia, quando ele estava de férias, veio um padre palotino; os párocos da paróquia vizinha eram freis franciscanos; o padre que acompanhou os jovens era dominicano; conheci também os padres jesuítas. Todos eram diferentes entre si, mas tinham em comum o fato de serem homens marcados pelo seu serviço a Deus e à Igreja. Me pareciam uniformizados, desde a maneira de se vestir, também no seu comportamento, tinham a mesma cabeça. Eles representaram a Igreja, eram considerados pessoas mais divinas do que humanas. Eu devia seguir este estilo de vida?

Um dia ouvi falar dos irmãozinhos e das irmãzinhas de Jesus. O jeito deles em seguir Jesus Cristo era diferente. Eles viviam inseridos, no meio do mundo. Os irmãozinhos eram pescadores, motorista de taxi, trabalhavam como garis na limpeza de ruas, ou nas fábricas; as irmãzinhas trabalhavam num restaurante lavando os pratos, eram empregadas, andavam com os ciganos. O testemunho de sua vida me encantou. Senti-me atraído para viver assim. Quis conhecer este grupo mais de perto e, nesta busca, encontrei-me com o Irmão Carlos de Foucauld. E através dele encontrei a Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas. Aprendi que além de ser chamado para ser padre diocesano, ainda pode existir um chamado especial. Já estava no seminário quando procurei conhecer mais de perto os padres da fraternidade e comecei a participar dos seus encontros. Não quis ser apenas um visitante, mas sim um membro pleno desta Fraternidade Jesus Caritas. Após cinco anos de participação, resolvi fazer o Mês de Nazaré. Conforme as informações, esse mês seria uma introdução à espiritualidade o Irmão Carlos. No fim do mês eu poderia assumir um compromisso com este estilo de vida seguindo a espiritualidade do Irmão Carlos e ser admitido como membro oficial da Fraternidade.

Nunca mais me esqueci deste Mês de Nazaré. Realmente, foi uma experiência que marcou profundamente a minha vida. O mês começou com um retiro de oito dias. A partir da segunda semana a dinâmica mudou. Iniciávamos todos os dias com a celebração da eucaristia, seguida do café da manhã e uma rápida, mas profunda pregação sobre a vida do Irmão Carlos. Na sequência, fazíamos uma hora e meia de adoração diante do Santíssimo Sacramento exposto. Depois, do almoço até às cinco horas da tarde tínhamos trabalho manual. Eu trabalhei numa casa em construção. À noite, depois do jantar, sempre havia introdução e um exercício da revisão de vida. Em cada semana fizemos um dia de deserto. No fim do mês, diante dos irmãos, com um texto escrito a próprio punho, eu fiz o meu engajamento com a Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas. Esta promessa marcou a minha vida daquele dia em diante.

Hoje, quando olho para trás, lembro-me com alegria deste mês, que foi para mim como um noviciado. Ele me ajudou e clareou o caminho que daquele dia em diante eu quis andar, e andei.

Todo dia uma hora de adoração, toda semana um tempo prolongado de ler o evangelho, todo mês um dia de deserto, todo ano um retiro da Fraternidade. É uma regra simples, mas estes meios marcaram a minha vida de padre. Mesmo que não tenha conseguido segui-los cem por cento, posso dizer que tentei, com fidelidade e coragem, cumprir o que prometi ao Meu Bem-Amado Senhor Jesus naquela missa, no meio dos padres que, comigo, também fizeram o mês de Nazaré.

A amizade que surgiu com aqueles irmãos no Mês de Nazaré nunca mais se rompeu. Até hoje, depois de 45 anos, ainda nos correspondemos por carta, e agora por e-mail. Percebo como este ritmo marcou a minha vida de padre. Mais tarde ajudei outros irmãos a seguir este caminho. Inclusive me tornei o responsável, na Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, para conduzir alguns desses meses.

Colaboração de Pe. Gunther Ell

O Mês de Nazaré oferece aos irmãos uma experiência mais ampla e mais profunda da vida de fraternidade.

É uma oportunidade para se pôr em prática os valores e os meios da fraternidade.