O Básico da Teoria da Relatividade – I

O "Paradoxo Aparente" mais Simples de Ser Entendido em Relatividade

Neste artigo, trataremos da maneira mais didática possível o que consideramos o “paradoxo aparente” mais simples de ser explicado sobre os fenômenos físicos que envolvem a Teoria da Relatividade, no caso, a dita Especial, e procuraremos construir uma maneira divertida de apresentá-lo

Primeiramente, consideremos duas situações triviais, como uma pessoa sentada num vagão de trem em movimento, jogando a partir da palma de sua mão (na vertical em relação ao trem) um objeto, como uma bola de borracha, por exemplo.

Esta pessoa arremessará a bola a uma velocidade tal que atingirá, a partir do momento que não está mais em contato com a sua mão um metro de altura, medidos exatamete na vertical.

Esta trajetória será vista por esta pessoa, e qualquer outra que não esteja em movimento, dentro do trem, percorrendo a seguinte trajetória (aqui visto, destacando quatro momentos, instantes distantes de mesmo valor em tempo):

Nesta imagem, h é nossa altura de 1 m, v0 é nossa velocidade inicial que calcularemos. Para calcularmos com facilidade esta velocidade adequada à altura máxima ser de 1 m, consideraremos nula a resistência do ar. Temos que a aceleração da gravidade será de 9,8 m/s2.

Como neste caso a velocidade inicial da bola ao partir da mão será a mesma que atingirá ao voltar para a mão da posição máxima, podemos fazer, para unidades dos sistema internacional (m, s), a partir de um cálculo preliminar com um v0‘ nulo[1]:

h = gt2/2 .’. 1 = 9,8.t2/2 .’. t ≈ 0,45 s

Voltando ao movimento que propusemos analisar inicialmente, na ascendente:

h= h0 + v0.t + (-g).t2/2 .’. 1 = 0 + 0.0,45 – 9,8.0,452/2 .’. v0 ≈ 4,44 m/s

Observemos que este cálculo tivesse sido feito por v=gt, resultaria igualmente o mesmo valor, na descendente.

Mas caso o mesmo fenômeno seja visto por outra pessoa estática, do lado de fora do trem em movimento, será visto conforme a seguinte figura:

Onde dtb é a distância percorrida pelo trem (e pela bola) na horizontal no mesmo tempo em que a bola sobe e desce.

Digamos que o trem esteja a 80 km/h, ou aproximadamente a 22,22 m/s. Logo, em 0,9 segundos, o tempo de subida e descida da bola, esta distância será de aproximadamente 20 metros.

Caso tenhamos dentro do vagão uma lanterna, a pessoa dentro do trem, se colocar a lanterna na vertical, apontando para cima, onde coloque-se um espelho, e mantendo as mesmas alturas do fenômeno anterior, verá a luz se deslocar (formar um feixe) na seguinte configuração:

Para a altura h de 1 m, a luz pecorrerá o trajeto de ida e volta em aproximadamente 6,67 x 10-9 s.

Mas um observador externo ao trem em movimento, estático como o observador exterior do caso anterior, verá o fenômeno conforme a seguinte figura:

Aqui, dtl é a distância percorrida pelo trem enquanto a luz vai até o espelho e é refletida até a mesma posição inicial, e dl é a distância percorrida nesta diagonal pela luz.

A distância dl poderá ser calculada por simples teorema de Pitágoras:

Para a mesma velocidade do trem, de 80 km/h, a distância dtl será insignificante, mas não nula, e por isso, dl será maior que 1 metro, pois uma diagonal. O trem percorrerá nese caso uma distância de apenas 1,48 x 10-7 m.

Mas sabemos, pelo experimento de Michelson-Morley, que a velocidade da luz é constante e independente da velocidade da fonte[2], independente da velocidade dos referenciais, aliás, um dos postulados da Teoria da Relatividade Especial.[3]

Assim, torna-se um paradoxo a velocidade da luz ser diferente para o observador dentro do trem e o observador fora do trem. A única explicação, e que é tratada com os equacionamentos de Einstein, é que o trem em movimento causa uma deformação de tempo e distância, que torna as duas velocidades, da luz no movimento vertical e na diagonal, serem iguais

Para explicar didaticamente este aparente paradoxo, e que possui como solução a conclusão acima, escrevi estes versos, úteis para apresentar o básico da Relatividade Especial:

Dinael é moço faceiro,

a viajar de trem o dia inteiro.

Gosta de sentado em seu vagão,

a passar o tempo em lúdica diversão,

a jogar bola para cima e para baixo,

de sua mão ao teto, eu acho.

Como bom moço que é, sangue bão,

e amigo do hoje caipira Xicão

ao passar pela de ferro estrada,

pela janela em olhada,

abana ao amigo, sem a menor cerimônia,

pois não tem na testa o umbigo.

Curioso é, que Xicão o vê jogar a bola

descrevendo uma parábola, pasmem, uma curva,

ainda que o seja para Dinael, um arremesso reto, vertical,

ao chão normal, nem sob noite turva!

Pois newtoniana é a situação,

e a velocidade da bola ao trem do exterior visadas,

inclui movimento horizontal,

ao Xicão no barranco seu palheiro a pitar,

e tal galileana é a relatividade do sistema de coordenadas!

E como conhecem Física de colegial,

não se asombram nem num piscar!

Mas tristeza maior se dá, ao trocar a bola por lanterna,

e no teto se colar espelho,

pois sem parecer uma dúvida eterna,

e nem eu um poeta ligeiro,

exclamo sem pestenejar,

que de Dinael ainda reto e normal se propagará o feixe,

ainda que com dianeélica precisão e esmero,

e Xicão no barranco com desleixe,

o verá, garanto, como diagonal da lanterna ao espelho,

e tal será assombroso!

E não quero parecer mais chato que sou e garboso!

Mas será certo que o metro para Dinael,

podes até desenhar num nobre papel,

a Xicão será diagonal para mais de metro,

E gritará o gaúcho agora caipira:

ÊIGATE TCHÊ! VAI DE RETRO!

Pois constante é da luz a velocidade,

logo as distâncias teriam de ser iguais,

e como tanto Dinael como Xicão não são boçais,

nem tombam por ignorância como vulgar animal,

que tem de ter havido distorção espaço-temporal!

Feita a proeza, está sobre a mesa, em humildes rimas,

talento e graça, tristes sinas,

com poética elaborada e triunfal,

a base da Relatividade Restrita ou Especial!

Referências

Obs: Ao ser realizada a transferência dos artigos do Google Knol para o Anottum, houve a perda das referências deste artigo. Assim que possível, sua referenciação será recuperada e aprimorada. Contando com sua compreensão, grato.

Ligações externas

  • O trem de Einstein - revistaescola.abril.com.br - Interessante animação sobre algum dos paradoxos que surgem quando não se leva em conta a distorção espaço-temporal prevista pela Relatividade Especial.