Glicerito

Traduzido, editado e ampliado de: en.wikipedia.org - Glycerite

Introduzindo, em português técnico, um conceito útil.

Um “glicerito” tradicional é um extrato fluido de uma erva ou outra substância medicinal feita com glicerina (mais propriamente, glicerol), como a maioria do meios de extração sólido-líquido) por fluidos.

Uma observação: o termo tem etmologicamente a mesma natureza de “filtralito” ou “concentralito”, termos um tanto obsoletos e raramente encontrados na literatura, e a terminação “-ito“ aqui tem relação com “aquele que passou pelo processo de”

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Definição

De acordo com King's American Dispensatory (“Dispensário Americano do Rei”), de 1898,

Glycerita.—Glycerites.

By this class of preparations is generally understood solutions of medicinal substances in glycerin, although in certain instances the various Pharmacopoeias deviate to an extent. The term Glycerita as here applied to fluid glycerines, or solutions of agents in glycerin, is preferable to the ordinary names, "glyceroles," "glycerates," or "glycemates," etc., and includes all fluid preparations of the kind referred to, whether for internal administration or local application.”[1]

Tradução:

“Por esta classe de preparações geralmente são entendidas soluções de substâncias medicinais em glicerina, embora, em certos casos, as várias Farmacopéias se desviem até certo ponto. O termo glicerito como aqui aplicado a glicerinas fluidas, ou soluções de agentes em glicerina, é preferível aos nomes comuns, "gliceróis", "gliceratos" ou "glicematos", etc., e inclui todas as preparações fluidas do tipo referido, seja para administração interna ou aplicação local.”

Os gliceritos podem consistir em glicerina de origem vegetal, glicerina de origem animal ou uma combinação dos dois. No caso de produtos líquidos à base de plantas (um segmento da indústria de suplementos dietéticos), a regra geral é apenas utilizar glicerina vegetal, enquanto os nutracêuticos (outro segmento da indústria de suplementos dietéticos) podem usar uma combinação de glicerina derivada de origem vegetal e animal.

Observação: Esta distinção, para glicerol de alta pureza, é completamente dispensável, e a distinção aqui descrita é mais adequada ao contexto histórico da produção de glicerol com impurezas específicas das origens vegetais e animais.

Numa definição mais próxima de uma solução de um fármaco em glicerina, as soluções glicerinadas, os gliceritos são misturas ou soluções de substâncias medicamentosas em não menos que 50% em peso de glicerina, geralmente apresentando-se como soluções viscosas e até gelatinosas. Neste sentido, são pouco usadas atualmente como agentes medicamentosos ou são empregadas para preparar diluições aquosas ou alcoólicas de substâncias que são pouco solúveis em água ou álcool já que a glicerina era, até relativamente pouco tempo, um dissolvente custoso (tornou-se barato devido a ser um subproduto de grande disponibilidade devido a igualmente grande produção de biodiesel).

Considerações sobre solventes

O glicerol, quando utilizado de forma "passiva", não crítica, como, por exemplo, em tingimento, geralmente é considerado um solvente menos eficiente do que a água ou o etanol. É quase tão polar quanto a água e com uma molécula maior do que a água ou o etanol. As mesmas forças intermoleculares que fazem com que o glicerol seja relativamente espesso, viscoso e denso a baixas temperaturas, diminuem sua capacidade geral de extrair e dissolver passivamente moléculas de matérias-primas medicinais. Quando utilizados em um método de tintura passiva tradicional, os gliceritos tendem a resultar em extratos muito mais fracos do que os de etanol simples. Além disso, o glicerol extrai tipos e quantidades específicos de compostos químicos. Esse comportamento em um estado não crítico/não dinâmico é determinado principalmente pela polaridade do glicerol, características de ligação de hidrogênio e forças intermoleculares, que determinam sua taxa de transferência de massa.

Como detalhado em "Herbal Preparations and Natural Therapies" (“Preparações Herbácias e Terapias Naturais”) de Debra St. Claire:

    • glicerina extrairá o seguinte ― açúcares, enzimas (diluídas), glucósidos, compostos amargos (alcalinos), saponinas (diluídas) e taninos

    • álcool absoluto irá extrair o seguinte ― alcalóides (alguns), glicosídeos, óleos voláteis, ceras, resinas, gorduras, alguns taninos, açúcares e vitaminas.

Ao contrário do álcool, com seu estado diatérmico, que tem acesso rápido ao fígado, a glicerina é aproximadamente 30% mais lenta em absorção pelo trato digestivo e é utilizada através de uma via secundária no fígado (conhecida como a via "gluconeogênica"), resultando em uma menor carga glicêmica no corpo do que acontece com o álcool.[2][3] Os fabricantes de extratos fluidos, muitas vezes, extraem ervas em álcool e, em seguida, removem o álcool (chamado "álcool removido") ou água quente antes de adicionar glicerina para fazer gliceritos para aumentar o potencial de extração.[4][5][6] No entanto, existem aqueles que consideram isso contraproducente de ser extraído com álcool, e em seguida, remover o álcool e, após isso, adicionar glicerina para "aumentar o potencial de extração", pelos efeitos intrínsecos de desnaturamento e inércia do álcool no álcool extraído. A mistura não pode ser revertida, deixando extratos de glicerina pós-álcool para extrair componentes já desnaturados com álcoois e ingeridos. Do ponto de vista clínico e nutricional, não são desejados componentes de extratos que contenham compostos desnaturados e inertes.

No entanto, quando a glicerina é utilizada em uma metodologia inovadora de processamento dinâmico contemporâneo sem trituração, demonstrou-se não só se extrair uma ampla gama de compostos, o que é amplamente aceito tanto na literatura quanto em aplicações inovadoras, como extraindo muitos constituintes e compostos anteriormente pensados como não sendo capaz de ser realizado e extraindo esses constituintes e compostos em altas concentrações e potência. Isso inclui a maioria dos alcalóides, glicosídeos, óleos voláteis, ceras, resinas, gomas, bálsamos, açúcares (especialmente como polissacarídeos não desnaturados e reticulados), vitaminas e minerais, todos com nenhum dos efeitos de renderização desnaturantes e inertes que o álcool possui.[7][8][9]

No artigo “Glycerin versus Alcohol, Concerning Herbal Liquid Extracts” (“Glicerina versus Álcool, Sobre Extratos Herbáceos Líquidos”) de L. Carl Robinson, um Herbalista Clínico e Formulário:

“Outro requisito para os processos [xyz] é que devem conter uma proporção elevada de glicerina em relação a água (que varia de erva a erva) que se destina a ser uma parte intrínseca da tecnologia de processamento de propriedade [xyz], bem como transmitir uma qualidade estabilizadora distintiva e "absoluta" de preservação…” [10]

Para preservar a viabilidade biológica e a sinergia dos constituintes botânico extraídos, a glicerina é preferida para a extração de todos os compostos à base de aromáticos e polissacarídeos, pois não desnatura nem torna inertes essas estruturas de moléculas altamente complexas, pois embora estes compostos possam reter suas qualidades de aroma e sabor, qualquer desnaturação (como o álcool faz intrinsecamente) irá reduzir ou anular substancialmente a qualidade terapêutica dos compostos à base de aromáticos.[11] A preservação da viabilidade biológica e os efeitos poupadores de sinergia da glicerina também se aplicam a proteínas, certas vitaminas, enzimas e outros constituintes "cofatores" que são extraídos por glicerina de plantas.

Considerando que o álcool é intrinsecamente um agente de renderização desnaturante e inerte para muitos dos constituintes e compostos extraídos de um planta, a glicerina não possui efeitos de renderização desnaturantes e inertes sobre os constituintes e compostos extraídos de uma planta. Tanto das perspectivas clínicas como das perspectivas de fabricação, este é possivelmente o diferenciador definidor mais importante entre tinturas feitas a base de álcool versus gliceritos feitos com glicerina, a base de glicerina "verdadeira", que inclui: níveis "reais" ou graus de eficácia em relação às concentrações reais (ou seja, porcentagens) de constituintes e/ou grupo(s) constituinte(s) presentes em uma tintura e/ou glicerito acabada, agora dado o que anteriormente não foi abordado no que diz respeito ao fator ponderado de desnaturamento/rendimento inerte para tinturas à base de álcool (uma consideração clínica); E as propriedades físicas relacionadas ao QA/QC inerentes e quimicamente intrínsecas a uma tintura acabada e/ou glicerito no que diz respeito à inversão, REDOX, precipitação, dimensionamento, complexação do novo constituinte, etc (uma consideração de fabricação).

Nota: QA/QC (Quality Assurance/Quality Control, Garantia de Qualidade/Controle de Qualidade) é a combinação de garantia de qualidade, processo ou conjunto de processos usados para medir e garantir a qualidade de um produto e controle de qualidade, o processo de garantia de produtos e serviços que atende às expectativas dos consumidores.

A garantia de qualidade é orientada para o processo e se concentra na prevenção de defeitos, enquanto o controle de qualidade é orientado para o produto e foca a identificação de defeitos. - en.wikipedia.org - QA/QC

Na indústria de produtos à base de plantas, um "glicerito" é muitas vezes implícito como sendo livre de álcool, mas esse não é sempre o caso. Para esclarecimentos e "veracidade na rotulagem" na indústria de produtos botânicos e para reprimir a crescente confusão do consumidor, foi proposto um padrão emergente que define isso:

“Somente se o álcool nunca for usado a qualquer momento na preparação de uma preparação botânica líquida, ou depois adicionado, e a glicerina for usada como solvente extrativo primário, então é considerado um produto "livre de álcool" (glicerito), enquanto que se álcool é usado na preparação líquida de uma preparação botânica (seja com outros solventes, como glicerina, mel, etc.), a qualquer momento e, em seguida, o álcool removido (ou seja, pós-processo), então, na verdade, não é "livre de álcool", mas deve ser designado como "álcool removido."

Fabricantes de produtos botânicos líquidos mais eticamente inclinados que utilizam álcool na fabricação de seus produtos estão fazendo essa distinção em sua literatura e em rótulos de produtos (alguns até não usam o termo "livre de álcool" em qualquer lugar em seus rótulos de produtos para dissipar a confusão) para melhor se conformar com este padrão. (Os consumidores são encorajados a determinar se um produto é "verdadeiro" sem álcool ou simplesmente de álcool removido antes de comprar produtos que estão listados como "sem álcool".)

Os produtos gliceritos livres de álcool (em oposição a de álcool removido), em que o álcool nunca é usado ou adicionado a qualquer momento, são altamente procurados por aqueles que desejam e exigem que nenhum álcool seja usado na fabricação de produtos ou adicionado a partir de então. Os muçulmanos (praticantes do islamismo) em todo o mundo representam a maior população que requer um padrão "livre de álcool". A Halal (“Legal”. “Legalidade”), a lei dietética islâmica, lista o álcool como uma das "substâncias proibidas explicitamente" (conjunto chamado Haram) em que qualquer coisa feita com e/ou em qualquer momento contendo álcool é proibida.[12] A glicerina vegetal de grau USP é aceitável para a certificação Halal e, em alguns casos, um padrão Halal pode (mas nem sempre) aceitar a glicerina vegetal certificada Kosher certificada pela USP como cumprimento dos padrões Halal (ou seja, ser compatível com o Halal). Onde a questão dos gliceritos “Halal livres de álcool versus Haram álcool removido” está envolvida, a comunidade islâmica tomou a posição de que os produtos listados como livres de álcool nem sempre significam "sem álcool", pois muitos produtos listados como isentos de álcool podem de fato serem produzidos usando álcool como um ingrediente, após o qual o álcool é removido, o que ainda faria qualquer produto Haram pelo direito dietético islâmico. A comunidade islâmica é, portanto, encorajada a verificar se um glicerito botânico é na verdade Halal 'isento de álcool' ou é Haram 'álcool removido’ (com glicerina adicionada posteriormente).

Referências

    1. Harvey Wickes Felter, M.D., and John Uri Lloyd, Phr. M., Ph. D.,King's American Dispensatory 1898. - www.henriettesherbal.com - glycerita

    2. Textbook of Medical Physiology, 6th Edition, by Arthur C. Guyton, M.D. © 1982 by W. B. Saunders Company.

    3. Biochemistry, by Lubert Stryer © 1981 by W.H. Freeman & Company, San Francisco.

    4. Walter S. Long. The Composition of Commercial Fruit Extracts Transactions of the Kansas Academy of Science (1903-), Vol. 28, Jan. 14, 1916 - Jan. 13, 1917 (Jan. 14, 1916 - Jan. 13, 1917), pp. 157-161 doi:10.2307/3624347

    5. David Winston www.herbaltherapeutics.com

    6. Does Alcohol Belong In Herbal Tinctures?

    7. Glycerin and the Glycols – Production, Properties and Analysis, by J. W. Lawrie, Ph.D., © 1928 American Chemical Society

    8. Glycerin – Its Industrial and Commercial Applications, by Leffingwell, Ph.D. & Lesser, B.S., © 1945 Chemical Publishing Co., Inc.

    9. The Manufacture of Glycerin, 2nd Edition, by G. Martin, D.Sc., Ph.D. & H.J. Strausz, M.A., © 1956 The Technical Press Ltd.

    10. LoR. Caarl (L. Carl) Robinson - Glycerin vs Alcohol, White Paper, - www.cedarbear.com

    11. Gattefosse’s Aromatherapy, by Rene’-Maurice Gattefosse’ © 1993 (English Translation) by The C.W. Daniel Company, Ltd.

    12. en.wikipedia.org - Halal

Thomas Lathrop Stedman; Stedman bilingüe; Ed. Médica Panamericana, 1999. pg 305 - books.google.com.br

Camila de Melo Aleluia, et al; FITOTERÁPICOS NA ODONTOLOGIA; Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo, 2015; 27(2): 126-34, maio-ago - ISSN 1983-5183 - arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br

Apêndice

De “APUNTES DE TECNOLOGIA FARMACEUTICA II 2011 - docs.google.com”.

Exemplos de soluções glicerinadas:

Glicerina fenolada (ou fenicada) BPC

Fenol 160 g

Glicerina 840 g

Prepara-se por simples dissolução do fenol na glicerina.

Gotas para o ouvido de fenol BPC

Glicerina fenolada 40 ml.

Glicerina c.s.s. 100 ml

Prepara-se por simples adição e não deve conter nada de água porque reage com o fenol cáustico.

Referência adicional sobre esta preparação:

Dr. R. S. Gaud; Pharmaceutics; Pragati Books Pvt. Ltd., 2008. - pg 30 - books.google.com.br

Sanjay Kumar Jain, Vandana Soni; Bentley's Textbook of Pharmaceutics - E-Book; Elsevier Health Sciences, 2012. - books.google.com.br

Glicerina amilácea ou glicerito de amido

Amido 100 g

Ácido benzóíco 2 g

Água 200 ml

Glicerina 700 ml

Prepara-se por dissolução com ajuda de calor (recomenda-se banho de areia) e se usa como emoliente.

Ligações recomendadas

Jane Metzger; HOW TO MAKE HERBAL GLYCERITES: TINCTURES WITHOUT ALCOHOL - theherbalacademy.com

HOW-TO MAKE A GLYCERITE - www.bulkherbstore.com

How to Make a Herbal Glycerite - aromaticstudies.com