“Espiral da morte” em custos

Resumo

Uma quadro simplificado do fenômeno resultante de distribuição dos custos indiretos com base no volume, feito de maneira errônea, que conduz as empresas a uma espiral de redução de lucratividade.

Na contabilidade de custos e na contabilidade gerencial, o termo “espiral da morte”, mais especificamente “espiral da morte pela sobrecarga”, ou ainda “espiral da morte por alocação de custos indiretos”, na literatura especializada em inglês “Death Spiral of Overhead”, refere-se à eliminação repetida de produtos ou serviços, sem reduzir custos fixos, resultante da distribuição de custos com base no volume. Relaciona-se com as distorções de alocação de custos indiretos afetam a lucratividade, e não em suas causas-raiz. A “espiral da morte” também é conhecida como “espiral de demanda descendente”. [ACCOUNTING COACH][MYACCOUNTINGCOURSE][STRATEGOS]

As distorções de custos gerais, discutidas nos pontos a seguir, às vezes combinam-se com a proliferação de produtos em uma espiral lenta e mortal que leva décadas para ocorrer.

Isso geralmente acontece com empresas que começam com uma linha de produtos limitada de produtos de volume relativamente alto. A ilustração e abaixo mostra como esse processo de auto-reforço opera.

Fig 1: Espiral da morte em custos.

Esta ilustração pode ser obtida em formato vetorial em: docs.google.com

Para ilustrar esta “espiral da morte”, vamos supor que o Produto X seja um produto simples e de alto volume que requer pouca atenção da manufatura. Se o contador distribuir os custos indiretos de fabricação da empresa com base no volume, o Produto X parecerá ter altos custos indiretos.

Obs.: Na realidade, o Produto X causa muito pouco custo indireto, especialmente quando comparado aos muitos produtos complexos e de baixo volume da empresa.

Se a gerência responder aos altos custos indiretos alocados do Produto X e:

    1. buscar um aumento de preço que faça com que o cliente mova o produção para um concorrente com um preço mais baixo;

    2. terceiriza a produção ou;

    3. reduz a participação do produto no leque de produtos da empresa, e o volume de fabricação da empresa diminui.

Se a empresa não reduzir seu custo indireto fixo para corresponder à diminuição do volume de fabricação e o contador (ou responsável pela contabilidade de custos) continuar a distribuir os custos indiretos - incluindo o custo do excesso de capacidade - com base no volume, os produtos restantes terão que absorver mais carga de custos fixos. Se a administração reagir novamente aos novos custos mais altos, alocados, buscando aumentos de preços que causem perda de vendas, terceirizar a produção ou reduzir os produtos, o volume de fabricação da empresa diminuirá novamente.

Se os custos fixos não forem diminuídos de acordo e o contador novamente distribuir as despesas gerais com base em um novo volume ainda menor, toda a empresa poderá morrer devido aos altos custos fixos e ao pequeno volume de produtos produzidos e vendidos.

Para evitar a “espiral da morte”, algumas empresas tentam alocar custos indiretos com base em atividades e complexidades do produto, em vez de simplesmente distribuí-los em volume. Além disso, algumas empresas não alocam os custos do excesso de capacidade aos produtos para minimizar a “espiral da morte”.

Embora o volume seja "o suspeito usual", outros fatores também podem distorcer os custos e levar uma empresa a uma espiral mortal semelhante. O método de custeio ABC (Activity Based Costing) tem como objetivo evitar isso. [COOPER, KAPLAN, 1988] As empresas focadas também podem impedir essas espirais da morte, garantindo que todos os produtos tenham características de custo semelhantes.

O aspecto mais insidioso é o tempo. Com uma empresa inicialmente bem-sucedida, pode levar décadas até que alguém reconheça que existe um problema. A cada ano, as margens são um pouco mais baixas, mas não o suficiente para soar um alarme (devemos sempre lembrar da chamada “síndrome do sapo fervido”).

Além disso, os altos e baixos normais do ciclo comercial disfarçam a tendência geral. Algumas empresas até crescem à medida que o volume geral disfarça a redução das margens.

O problema não está em produtos de baixo volume, por si só. Muitas empresas são especializadas em baixo volume e apresentam um bom desempenho. O problema real é misturar volumes baixo e alto combinados com um sistema de alocação de custos indiretos simplificado.

Referências

ACCOUNTING COACH - What is the death spiral? - www.accountingcoach.com

COOPER, Robin; KAPLAN, Robert S. Kaplan; Measure Costs Right: Make the Right Decisions; HARVARD BUSINESS REVIEW September-October 1988.

- pdfs.semanticscholar.org - hbr.org

HILL, Arthur V.; The Encyclopedia of Operations Management: A Field Manual and Glossary of Operations Management Terms and Concepts; FT Press, 2012. pág. 211. - books.google.com.br

MYACCOUNTINGCOURSE - What is a Death Spiral? - www.myaccountingcourse.com

STRATEGOS - Overhead Cost Allocation - www.strategosinc.com