Subiu ao infinito e desceu ao inferno próprio dos que desafiam a vida, buscando seu lugar ao sol. Talvez, ali tenha sido o fundo do poço...
Muitos disseram que era o fim do caminho, o término de frases escritas em rabiscos nas últimas folhas do caderno.
O medo nos olhos era evidente, mas os sonhos eram maiores. Assim, no soprar do vento balançando seus cabelos, mãos no bolso da jaqueta e um olhar firme no horizonte do alto da serra. Naquele dia vi muito mais que imaginei ver em vida, enxerguei um verdadeiro herói do cotidiano duro de nossas cidades.
E na verdade tudo que enxergava era meu velho amigo me chamando pra seguir em frente:
"Vamos lá parceiro, vamos em frente meu camarada!"
Perdi a conta de quantas vezes estas palavras replicaram em meus caminhos e nos desafios diários.
Percorrendo estradas que levaram junto ao céu, tentei replicar aquela cena recorrente em minha memória: o vento a soprar e as mãos no bolso da blusa, com os olhos firmes no horizonte. E sabe o que vejo toda vez que olho a imensidão de terras e mais terras?
O voo solitário de gaviões cruzando os céus e buscando o infinito. E digo mais, mesmo agora caminhando sozinho, nestes momentos não me sinto só...
Sei que em algum lugar ali no céu você deve estar voando, batendo suas asas em busca de novos horizontes.
Entre tombos e mais tombos sigo em frente confiando no dia de amanhã, meu velho irmão!