Cruzamos nossos olhares no corredor do hospital, expressando toda aflição presente num dia interminável.
Há nove meses esperávamos aquela pequena, dias contados num velho calendário familiar. Por linhas tortas mais uma história de vida era contada no livro de ocorrências deste mundo.
Destino ou sina, não importava naquele momento de preocupação. Mesmos momentos em que percebemos o quão fraco somos perante os céus e suas regras.
Com o chegar da noite os ponteiros do relógio rodavam de forma mais lenta, na urgência de médicos e enfermeiras que entravam na sala de cirurgia. Não era normal, não podia ser... Nós, simples caipiras, não conseguíamos entender... Ou não queríamos entender!
Alta madrugada, um médico num ato sóbrio chamou a todos para dentro da UTI. Revelou que a nossa pequena, tão esperada, tinha pouco tempo de vida, uma vida sem volta.
Entre a emoção e o choro, rodeamos a menina ao lado de sua mãe, vendo uma beleza tão pura como um brilho intenso, numa das cenas mais belas nunca registradas.
De repente, aquela pequena abriu seus olhos e revelou todo amor jamais sentido. Num lindo sorriso perfeito fez com que todos sorrissem, interrompendo suas lágrimas.
Confesso que aquele sorriso nos marcou para sempre, na mente, vida e coração. Foram segundos eternizados pela simplicidade de uma alma pura e cheia de amor.
De repente, como num ato divino, ela fechou seus olhinhos para todo sempre e se transformou numa estrela, a mais bela de sua constelação.
Choramos e sorrimos, na beleza da eternidade de seu simples olharzinho, amém!
“To sem trampo, to sem grana, to sem sono e meu time perdeu...
Pra falar a verdade, bem mais da metade dos meus problemas
eu resolvo com um simples olharzinho seu!” (Zé Geraldo)