Em pensamento e sonho lá está ela, acompanhando-me a cada passo, com seu belo e puro sorriso caipira. Depois que ela se foi a solidão se tornou minha companheira, traduzida em lágrimas espontâneas, daquelas que vem de uma hora para outra.
Algumas noites atrás, antes de dormir, pedi a Deus uma noite com bons sonhos, depois de muita insônia anterior. Dormi a noite toda e, em sonho, ela estava em sua casa, com muita música, risada, comida e histórias. Da janela, seu sorriso exalava a alegria da família reunida, assim como naquele aniversário de cinquenta anos de casamento.
Seu companheiro de uma vida de trabalho, sacrifícios, dificuldades e devoção rezou junto dela até o último de seus dias neste plano. Continuam juntos, o que Deus uniu para sempre a morte não separa. Sua alma e espírito permanecem entre nós, protegendo-nos a cada passo, guiando-nos pela estrada da vida.
Assim como as igrejas dos Bairros dos Cunhas e Barbas, àquela pequena capela na Vila Zatt continua a ecoar o som do seu sino na hora da reza, guardando uma tradição de vida, história e paixão. Sua orquídea e suas rosas continuam sendo cuidadas, cultivadas, floridas e gerando mudas, descendentes de sua fé.
Eh caminheiro leva esse recado meu: avisa a Joaninha que por aqui está tudo bem, que continuamos a percorrer seus caminhos e festando São João, e que um dia nos encontraremos no mais belo dos lugares...
Às lágrimas, estas linhas revelam que sempre seremos caipiras, Pirapora Nossa Senhora de Aparecida. Iluminando nossos pensamentos, dias e sonhos, Dona Joaninha toca sua sina em memória, viva como o som do sino e presente nas rezas de seu eterno marido!