Há dias procurava um sentido na vida, mesmo que momentâneo, que me fizesse parar e fincar raiz. Já sentia as rugas do tempo, os exageros da juventude e os reflexos do passado, afinal de contas, meu rosto não era mais o mesmo...
A barba e outras feições ditavam as regras do espelho, reflexo que encarava com certa suspeita, igual um velho caboclo atingido muitas vezes pelos tijolos da vida.
Já considerava àquela estrela perdida, como uma crônica sem sentido, redigida pelo garrancho em linhas tortas compondo uma constelação. Não muito diferente, minha agenda refletia certo caos cotidiano, daqueles que não se encontra nada, mesmo procurando minuciosamente.
Mas em letras garrafais lá estava rabiscado o nome dela, como naquele dia. Trocamos olhares e seu belo sorriso veio anotado num guardanapo, um código telefônico e um pedido pra dançar... Que noite eterna, a bela e a fera se encontraram por acaso, num simples caso do tempo.
O acorde doce era o tom de nossa dança, palavras ao pé do ouvido e outras frases românticas. Não era só em flores que a primavera exalava seu perfume, meu coração estava ligado ao seu... Um lindo amor de primavera.
Ao final da dança, quase louco, disse: Quantas vidas eu viver, vou amar você!
Ela voltou à mesa com as amigas, novamente rabiscou palavras num guardanapo e pediu ao garçom para me entregar. No bilhete estava escrito: “I love you baby”.
Naquele momento tive a certeza, àquela noite duraria para a vida toda!