Das muitas proezas contadas pelas redondezas, a maior delas é de um velho que havia erguido uma cruz no alto do morro. Subiu pelo estradão carregando a pesada cruz nos ombros, como no ato bíblico, e a cravou no solo, fundando ali não só um instrumento de fé, mas também de lendas.
Os muitos caminhantes que insistem em passar pelo local, enfrentando a poeira dos caminhões de cana, ao visualizar a cruz reverenciam a transcendental obra do tempo, um alívio para o ardente sol dos dias.
Estrada e cruz... Símbolo e caminhante... Andarilho e caminho... Mesclando todos na poeira do tempo resta apenas um profundo silêncio, reflexão proposta pela alma em reverência aos céus.
Céus que irradiam vida renovada, lar eterno das almas provenientes deste mundo, muitas delas ainda presentes nas fracas mentes humanas dos vivos, que persistem nas boas lembranças que fortalecem a vontade de viver.
Dizem que as noites no entorno da cruz são aprazíveis, frescas e calmas, pois todos os pecados já foram pagos pelo velho. Não existe escuridão para as estrelas que cercam o antigo símbolo, nem ciclo para uma lua sempre cheia.
Assim, após o símbolo da cruz e uma última troca de olhares imaginando o velho, o andarilho segue seu desconhecido caminho por terras muitas vezes ausentes de tudo, menos da fé!
Por Diego de Toledo Lima da Silva
Data: 22 de Novembro de 2015