Sigo seus passos
A canção havia renovado as esperanças deste tempo turbulento e cheio de aflições, mesmo com outras opiniões contrárias.
Tinha alcançado a sombra de uma grande árvore, no cruzamento de trechos de estradas de chão marcadas por passos de tantos caminhantes.
Olhei o redor e acessei as vias da imaginação, onde espírito e mente se misturam e se fundem, vivendo e caminhando na mesma direção.
Seria possível alcançar aquela serra longínqua? Realmente, seria impossível ficar parado.
Tomei um gole de minha água e agradeci aos céus, era o mínimo que podia fazer... Lembrei alguns trechos da canção, assobiei e cantei...
Andei de um lado para outro, como se tivesse buscando algo de forma involuntária. Revirei algumas folhas e encontrei uma fotografia, com algumas palavras rabiscadas. Um senhor segurando um cajado, numa feição reflexiva e de oração, um andarilho.
Que imagem, representou muito naquele momento. Por um instante tudo deixou de existir, apenas aquela linda imagem e eu... Uma representação da palavra saudade, do termo amor... Amor verdadeiro, de filho para pai.
São estes momentos que nos fazem sentir vivos, que reforçam a grande tese de todo andarilho: “há um caminho e devo ir!”.
Voltei a mim e senti a necessidade de retornar à estrada, recoloquei a foto junto à placa do caminho e segui refletindo as palavras ali escritas.
Simples e belas palavras, tendo a saudade e a lembrança como termos ocultos e presentes na expressão do sentimento:
“Ainda sigo os seus passos...”
Daquele dia em diante, eu também!