Um sonho trouxe à tona velhas memórias, histórias de um garoto vendedor de limões e um de seus compradores. Daqueles sonhos que envolvem pessoas que já se foram, mas que continuam tendo um significado especial.
Donos de bar procuram variedades de limão muito específicas para a rotina do seu estabelecimento comercial. Uma dessas variedades é a Tahiti, própria para caipirinhas e batidas. No período da fruta lá estava o garoto faturando uma grana para o videogame, fliperama e outras peraltices da época.
A amizade e o tratamento familiar do proprietário do bar eram marcantes, permanecendo grandes camaradas mesmo depois do fechamento do estabelecimento comercial. Os reencontros eram marcados por fortes abraços e uma prosa requintada, com histórias da vida e piadas do dia-a-dia.
Mesmo tendo viajado antes do combinado há alguns anos, devido a um triste episódio, àquele velho camarada resolveu aparecer num sonho dominical. Vivo, a passos lentos, vestindo uma calça de moletom, camiseta e colete de algodão, meia e sandália, caminhava numa manhã sentido à praça central de sua querida Joanópolis, ao encontro das romarias e excursões para Aparecida.
Com sua curiosidade, ao nos encontrar pelo caminho, parou e conversou longamente com nosso grupo de amigos. Despediu-se e seguiu em frente... Olhamos o mesmo pelo nascer do sol, de cor laranja com lindos raios entre nuvens, numa das manhãs mais belas da Serra da Mantiqueira.
Peguei minha câmera e fotografei o instante, relatando aos meus camaradas que daria uma bela crônica àquela imagem, àquele exemplo de força e honra.
Posteriormente, compreendi que o amanhecer e o encontro tão belos não aconteceram aqui na Terra, mas sim no céu... Ocorreu para me lembrar de que continuo sendo àquele garoto vendedor de limões, enquanto sonhos e memórias permanecerem vivos. Foi bom reencontrá-lo Carlão, meu eterno camarada!