Do Alto do Campestre enxergávamos os mais extensos terrenos da Serra da Mantiqueira. Mesmo quando a neblina não permitia, nosso pensamento estava dominado por montanhas e vales, serras e planícies.
O fogo de chão servia seu calor ao acampamento, enquanto ao longe a luz emanada dos urbanos distantes disputava em claridade com as estrelas do céu.
Seria esta uma imagem histórica ou apenas uma ilusão gerada pela sua mente, mas as lentes de sua câmera fotográfica trataram de registrar os fatos para todo sempre.
Cada novo dia e sua magia, períodos e motivos diferentes, a única coisa que permanecia a mesma era a trilha de terra. De todas as imagens vividas, uma das mais marcantes foi a traçada num mural dedicado a corridas de pedestres, desafiadas por jovens em busca de um futuro melhor.
Em algum trecho daquela viagem pude constatar o encontro dos cronistas, de um lado Rubem Alves, do outro Susumu Yamaguchi, e no centro de suas atenções pedaços de inspiração de Fernando Pessoa e Alberto Caeiro. Muito mais que o simples ato de escrever crônicas, ambos guardam um pedacinho de chão no alto da Serra, com um campo cerrado em suas proximidades.
Entre risos e gritos de crianças, prontas para outra prova de rua, corremos para um destino comum traçado por uma comunidade disposta a mudanças.
Mesmo acima das nuvens, qualquer olhar alcança o rio Sapucaí-Mirim atravessando serras e vales verdes, num teatro próprio destas terras. Só que em suas margens vemos crianças e jovens correndo por curvas e retas, subidas e descidas, buscando um futuro comum às suas vidas.
Seguimos renitentes no ato de caminhar, de transpor e vencer serras, passado, presente e futuro...
Referência:
Susumu Yamaguchi. Correndo para o futuro. Revista Eletrônica Bragantina On Line, nº 41, mar/2015.