Num tom apreensivo e resignado, ele observava o movimento das peças no tabuleiro de xadrez. Possivelmente imaginava os velhos tempos de estrategista de guerra, onde muitas peças trocavam de posições num mapa quadriculado.
Muito mais que alguns pontos, revivia seus traumas dos tempos que conviveu lado a lado com a derrota, a vergonha e a frieza da guerra.
Um movimento em falso, um erro e tudo acaba... Por anos foi responsabilizado pela rendição, mas qual alternativa tinha?
Podia ter fugido com outros líderes da nação, mas decidiu bravamente permanecer em sua terra, junto do seu povo e de sua nação. Isso lhe custou quatro anos de cativeiro como prisioneiro de guerra, além de ser insultado muitas vezes por seus antigos aliados, injustamente chamado de covarde.
Verdade que naquele momento da batalha, no colapso de toda estratégia de luta, ele serviu como um bode expiatório para os muitos erros cometidos pelo Alto Comando.
Após sua liberdade, os livros de história puderam corrigir a injustiça, e ele ainda vivo pode recuperar um pouco de sua honra.
Hoje, na mesa de xadrez e sentindo a volta do passado, só o resta seguir em frente, deixando dilemas e histórias para trás.
Sorte ou azar, estratégia ou ausência dela, respirar os tempos de paz é bem melhor que a fumaça da destruição da guerra... Isso só foi compreendido a duras penas.
Novamente respirou fundo e prosseguiu no jogo, convivendo com almas da Segunda Grande Guerra...