Seguia acompanhando a solidão, teimosa companheira que ainda vivia meus passos. O sol estava misterioso, arrependido entre nuvens por motivos ainda desconhecidos.
O pouco movimento da estrada de terra permitiu admirar o visual rural de forma abrangente, ouvindo o cantar dos pássaros e sentindo a plenitude do vento. Cafezais e fazendas de gado serviam como pano de fundo de um documentário gravado na mente, obra de destinos cruzados.
Uma saudade danada repercutiu em belas paisagens, o Morro do Itatiaia, o Cristo e serras tomadas pelo nevoeiro. Naquelas longínquas terras, a Mantiqueira era minha única lembrança que permitia certa comparação com a realidade.
Pelo barreiro fui levado ao pátio da velha fazenda abandonada pelo tempo, ocupada apenas por almas e nada mais... O vento frio cruzou sua área central e tratou de me cumprimentar cordialmente, em nome de seus ocupantes, uns loucos, outros antigos espíritos.
Expliquei que caminhava sentido Tambaú e resolvi passar por àquela fazenda, suas belas construções e vivas histórias rurais. Prontamente guiado pelos cômodos do casarão, senti como se estivesse em casa.
Tirei minha mochila, sentei na cadeira de balanço na varanda, com plena vista para o morro. Uma fina garoa foi um convite para o cochilo, daqueles que recuperam qualquer ser cansado. Até sonhar, sonhei...
Acordei preocupado com o restante da jornada, quanto tempo havia cochilado?
Mais uma vez o vento tratou de me acalmar, havia passado apenas meia hora e o tempo tinha melhorado.
Agradeci a imensa cordialidade, atravessei o terreiro e a barrenta trilha, sentido à estrada vicinal. Tirei meu chapéu e cumprimentei o Cristo Redentor no alto do morro, sublime guardião daquela fazenda com vida e alma própria!
Por Diego de Toledo Lima da Silva
Data: 13 de Dezembro de 2015