Na imensidão dos detalhes de um céu tomado por carregadas nuvens, entre tantas peças da paisagem pude ver as mudanças deste nosso tempo, dos caminhos e esforços em alcançar qualquer destino.
Certo que internamente estava desacelerando, buscando passos mais lentos e menos correria. A mente, o espírito e o coração reagiram juntos, espelhando-se em cenas tão belas captadas pelos olhos e pela lente de minha velha câmera.
Para a história àquilo foi apenas um breve momento, para a memória um registro marcante. As sequelas de tempos atrás permaneciam e só seriam superadas ao adentrar no temporal, localizado alguns quilômetros à frente.
Não foi uma representação do clássico Dançando na chuva, mas serviu para lavar a alma. E mesmo cercado por todo lado, a paisagem se tornou ainda mais bela, num baile de gala para estes pobres olhos.
A água realmente é um milagre da criação, com um poder de renovar o espírito guerreiro de qualquer ser afetado pelas más notícias cotidianas. Sempre se espera coisas boas a cada amanhecer e a esperança de dias melhores permanece, fortalecido pela beleza deste pedaço de chão.
Uns diriam louco, outros delirante, mas como gosto destas estradas de terra, da poeira do sertão, da sua gente e histórias.
Quase que uma renovação dos atos de fé esquecidos no duro cotidiano da cidade – um lugar estranho e frio. É tão bom estar perto de tanta vida, do fluir das águas claras do ribeirão e do simbólico voo dos pássaros, saudando este visitante.
Aqui não se tem identidade, status ou história própria, apenas uma construção coletiva da figura de uma gente simples, batalhadora e cheia de vida... É o sertão, é o cheiro de mato!