Realmente tudo mudou nestes dias, acompanhando o transpor do outono para o inverno. E o singelo entardecer demonstrou a necessidade de mudar o interior calejado pela vida.
Sabe amigo, pensei em suas palavras ditas há tanto tempo: “sempre há um caminho, sempre existe uma opção”. Hoje sua tese foi comprovada, mas você não está mais do meu lado...
Sinto suas cinzas presentes por estes caminhos, rastros no pó das estradas de chão vermelho que insisto em frequentar sem prévio aviso. Motivos, acho que não os tenho... Quem sabe um dia descubra o que insistentemente ainda me transporta por estes locais.
Assim como você, sinto a liberdade de tudo que nos prende no dia-a-dia, apesar de estarmos em planos diferentes... Meus passos pelas estradas e os seus marcados em minha alma e coração.
Um horizonte de histórias e memórias que me acompanham na solidão destes caminhos, tão silenciosos que escuto o bater das asas de pássaros e o repentino soprar dos ventos. Pode ser minha imaginação, mas às vezes escuto até seus passos ao meu lado...
Aprendi muito nestes últimos anos, mas nada se compara às suas lições de vida. Talvez seja por este motivo que você continua tão presente em meus caminhos velho camarada.
Àquela guitarra elétrica que tanto sonhamos virou somente uma canção, nunca a tive... Mas seus acordes tocam sua lembrança, nossa sina de seguir em frente.
E o último por do sol da estação toca o solo, produzindo uma imagem alaranjada linda, como o fogo que mantém a nossa amizade viva, como nos velhos tempos parceiro!
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Este texto conquistou o sexto lugar no V Concurso de Poesias, Crônicas e Contos 2017/2018 da AFPESP (Associação de Funcionários Públicos do Estado de SP) na categoria "Crônicas".