Pela janela vejo a chuva cair lá fora, numa melodia celestial. Ao som dos pingos d’água, fico a imaginar palavras ditas muitas vezes sem pensar.
Volto alguns janeiros atrás, em meio à seca e sua triste imagem, trilhando meus passos pela estrada dos sonhos, percorrendo a história de tantas vidas e gente.
Hoje só tenho a agradecer, mesmo que muitos reclamem destes dias chuvosos, só tenho a agradecer... Dos longos dias percorridos pela nossa fé, a chuva blinda com o milagre das águas.
Atravesso os velhos caminhos e pontes, em que peixes sobem os ribeirões lutando pela própria sobrevivência, pela reprodução de suas vidas. Ali, saltando as pedras e corredeiras, que bela imagem a estes olhos descrentes do destino dos dias atuais.
Nesta caminhada entre passado e futuro, o presente é apenas a passagem entre um dia de sol e outro de chuva, é a noite de lua após o temporal de verão. É mais que posso crer e imaginar, ver e analisar, tudo ou nada.
As almas do vale do rio Jacareí continuam ativas, mesmo após a subida das águas da represa e mesmo que muitos não acreditem em suas histórias.
Submergiu a estrada de chão e meus passos, marcas de períodos revelados pela dureza de tudo que nos cerca, que nos faz pensar no dia de amanhã. Entre hoje e o ontem, muita história e água passou pelos nossos dias, mas nada se apagou da memória.
Certo que a memória das águas transcorrem histórias e almas enterradas nas barrentas águas do rio Jacareí e seu grande reservatório...