Entre o sertão deserto e a imensidão do caminho, sombras e almas ainda repercutiam o baile e a quermesse do final de semana. Até o céu estava misterioso, compondo cifras de canções caipiras.
Olhei o horizonte e sorri, afastando mal olhados e sentimentos ruins. A poeira da estrada trouxe de volta sentimentos e histórias, atravessando o que ainda restava da velha usina e sua força de trabalho.
Por um momento, a tristeza retornou pela memória de tanta gente que por aqui passou e deixou seu suor, hoje apenas escombros de histórias de vida. Mesmo passado tanto tempo, os grandes tijolos vermelhos são páginas do livro e dos anos de vida destas pessoas.
Um soprar repentino do vento lembra que o presente ainda é presente, que o caminho é longo... Entre as pedras do caminho, o correr das águas carregam o viajante por suas margens, como se existisse um destino longínquo e, talvez, outras histórias.
Pensando bem, que felicidade poder percorrer estes trechos, locais em que o passado e o presente se confrontam e se abraçam, olhares e amores que se cruzam nos resquícios de velhas fazendas.
Apresentado à imagem de ipês e suas cores femininas margeando um isolado caminho no meio do nada, talvez o que era da entrada de uma antiga fazenda, cuja história não resistiu à pressão econômica e à imposição social da modernidade. No entanto, todas as questões se resumem apenas ao cair lento de suas folhas forrando o chão de terra, sendo levadas para longe pelo soprar do vento...
E quanta gente deve ter percorrido este caminho, quantas promessas de amor de casais sentados na sombra destas árvores?
Hoje, estes casos de amor repentino seguem sendo interpretados, desta vez por um casal de seriemas que insiste em habitar estas terras...
Memórias e sinas de vidas, histórias de um passado ainda vivo na poeira do tempo e em grandes tijolos misturados à folhagem!