Na imensidão daqueles dias fico a lembrar de cada trecho do caminho, cada detalhe da paisagem. Já dizia a velha canção: “O que a gente leva da vida são os sonhos que a vida nos dá...”.
Sonhos e ilusões de dias tão reais, de placas marcando distâncias e de setas amarelas por todo lado. Um horizonte próprio dos que desafiam a vida, sem pensar em coisas superficiais.
E toda reflexão passa pelas muitas cruzes da estrada, as mesmas que muitos nem reparam... Memórias de pessoas queridas, lembranças da morte – a única certeza da loucura diária -, companheira próxima de tanta gente.
Muitos tratam como uma passagem, outros como uma despedida. Seria uma dessas coisas que uns temem, outros esperam...
Pensando nessas cruzes pelo caminho confesso minha total ignorância do assunto, apenas reverencio no simples ato de tirar o chapéu e fazer o sinal da cruz.
Após cada reverência novos trechos invadem o pensamento, livre de todo pecado e em muitas das vezes tomado pelo cansaço, sem nenhum pingo d’água, mas com a certeza de alcançar o destino – se é que existe um destino.
Aliás, o destino deve estar de acordo com isso tudo, com a loucura e a correria deste tempo, carregando homens e mulheres para o final da estrada.
Silêncio e dor próprios da partida e da reflexão de quilômetros e outras marcações, terra e asfalto, caminho e caminhante.
E as luzes do entardecer voltam para lembrar que tudo tem início, fim e meio, verdades e mentiras, realidades e ilusões de um reencontro.
No dia seguinte novas cruzes surgirão pela estrada, a única certeza de tudo isso...