Perdido numa nuvem de poeira, sem localização e rumos, precariamente enxergando uma velha placa indicativa e as ruínas do que restou de um ponto de ônibus.
Provavelmente, sinais de quando esta região era habitada por uma população maior que a pouca gente e os muitos caminhões dos dias de hoje. Lá atrás, nas proximidades de uma capela, havia escutado da boca de uma testemunha de outros tempos: “O povo acabou...”
“Acabou como? Não tem mais missa, nem festa aqui?”
O balançar negativo da cabeça e um olhar triste refletiam pontos desconexos de sua memória, períodos passados e pessoas de um tempo que deixaram saudades.
Seguindo o resquício de indicação, em pouco tempo tinha à frente a Usina Santo Antonio, aliás, o que restou dela. Teria sido uma fusão de grupos, uma quebra de mercado ou algum fator econômico novo que desativou sua estrutura? Estaria ela condenada a ser uma ruína para sempre ou algum dia seus fornos, tanques e chaminés voltariam à ativa?
Sentado a sua porta observava cada detalhe, tentando imaginar o número de famílias e almas que ocupavam seus postos de trabalho. Ao som das águas da pequena cachoeira vislumbrava o trabalho quase artesanal daquelas construções de grandes tijolos vermelhos, sem identificação do autor de maravilhosa obra.
Ora! Foi aquele “povo que acabou” os autores desta obra, não?
Um dia, quem sabe, poderei compreender toda a história e chegar a respostas plausíveis, ou viverei à sombra destas questões em algum trecho do poeirento caminho de terra...
Por Diego de Toledo Lima da Silva
Data: 07 de Novembro de 2015