“Ei! Moço, vou com você nesta viagem...”
“Que viagem?”
“Nesta andança sem sentido, sempre passando a curva de um rio!”
Fiquei sem entender sua colocação, mas não apresentei oposição ao seu pedido. Ainda era cedo, mas o sol já castigava as terras periféricas da região.
Os homens seguiam fortes no trabalho de preparação do solo para a próxima lavoura, mãos calejadas de tantas jornadas. Aliás, caminhos e jornadas era minha rotina, a vida não se cansa dos mesmos trechos, muito menos dos novos sertões.
Já aquele rapaz parecia perdido ao meu lado, deslizando por cascalhos e bancos de areia, olhando-me com certa desconfiança. Talvez acreditasse que esta história de andarilho nos dias atuais era lorota. Certo ele, desconfiaria também...
Nas altas horas do dia, em que o astro rei demonstrava toda sua força, adormecendo o tempo e até a força do pensamento, estando tão longe não há alternativa, apenas seguir para algum lugar.
Meu caminho não tem solidão, sempre sou conduzido pelas mãos e olhares dela, uma senhora tão eterna quanto o próprio tempo. No meio do nada, o silêncio fala mais alto que qualquer tom de voz e ele compreendeu isso.
Entrou na capela e olhou pela janela lateral a imensidão do caminho, ainda longe de qualquer destino pertencente ao seu imaginário. Não quis acreditar... Desanimou, debruçou sobre os joelhos e se culpou.
Na ilusão da mente, recortei seus olhos visualizando algumas árvores e nada mais. Ele quis voltar e concordei, agradeci sua companhia e camaradagem com um abraço, retornei à estrada e fui em frente pelas curvas de minha própria rota.
Quais seriam seus sonhos, metas ou planos? E o seu limite?
Vivo sem respostas, procurando-as nas esquinas do caminho...