Os fantasmas do passado trataram de ocupar espaço em minhas ilusões, misturando fatos e sonhos, histórias e lendas.
Reza a lenda que numa pequena cidade do interior existiu um grande time de futebol de várzea, Olaria Futebol Clube, cujos homens jogavam pela própria honra, de suas famílias e amigos. Conta a história que há muito tempo ocorreu uma partida interminável com seu grande rival, no campo do adversário, nas bandas das Minas Gerais.
Logo no primeiro tempo um lance polêmico, o meio campo adversário chutou a bola para fora do campo, mas o gandula ao lado da trave rebateu para o campo e o centroavante fez o gol. Todos do Olaria ficaram parados e atônitos, sem entender o acontecido, com o juiz validando o gol.
O intervalo do jogo foi marcado por uma conversa firme entre os companheiros de time, em que toda equipe prometeu a virada para seus fieis torcedores.
Após grande pressão e domínio no segundo tempo, inclusive com bola na trave, o jogador Tonho Duarte acertou uma bomba do meio campo, finalmente empatando a partida. Foi um grande delírio...
A decisão foi para os pênaltis, que foram eternos como a própria história. O escuro da noite impossibilitou a continuidade da disputa, mas o troféu ainda aguardava um vencedor.
Todos foram para o interior do bar e a decisão foi tirada na moeda. Os homens do Olaria pediram “cara”, mas Rogério escolheu “coroa”, e por toda a sorte que ele nunca imaginava ter o time do seu pai foi o grande campeão, registrando para sempre na memória do sertão uma disputa interminável, uma lenda dos campos e das quatro linhas, formado por simples homens.
Muitas outras histórias preencheriam páginas e mais páginas, mesmo que muitos não acreditem no Olaria, nossos fantasmas continuam existindo em nossos sonhos, ilusões e memórias...