As nuvens de chuva nos acompanhavam desde o Salto de Cima, rodeando as serras do nosso entorno. Ao longe, os raios de sol entre os pingos de chuva clareavam a Serra do Lopo. Os primeiros pingos d’água haviam nos atingido ainda no Jaguary de Baixo, no início do retorno às terras altas da Mantiqueira.
Finalmente, alcançando o Bairro Pitangueiras uma forte precipitação caiu sob nossas cabeças, com direito até a granizo. A aba do chapéu até entortou com as pedras de gelo, a estrada de terra virou lama e o corpo já não distinguia suor e chuva.
Buscamos refúgio numa pequena capela à beira da estrada, abrindo a porta para um horizonte de fé escondido. A luz externa entrou pela abertura de madeira, clareando a cruz e a imagem da Senhora Aparecida.
Encostamos nossas mochilas e chapéus no piso vermelho, queimado pelo tempo, que foi palco de tantas festas, promessas e encontros. Outubro é o mês dos festejos locais, com fartura e muita música.
Promessas são atos cotidianos naquele lugar, pedidos feitos de joelho nos velhos bancos de madeira. Quantas romarias tiveram Pitangueiras como origem? Sem dúvida, muitas promessas foram cumpridas com a construção das belas capelas do bairro rural, conservadas por gente de fé.
Parados na porta, olhávamos a corredeira na estrada, além do céu banhando as plantações, florestas e pinheirais daquele longínquo lugar. Passados alguns minutos, a chuva parou e prosseguimos nosso caminho.
Recuperados temporariamente do cansaço chegamos à igreja central do bairro. Ali matamos a sede e abastecemos nossas garrafinhas com a pura água da serra, vindo das geladas torneiras do tanque externo. O verde da igreja refletia a viva natureza daquele bairro, acompanhada de muitas plantações irrigadas.
Fruto da chuva, simplesmente agradecemos a santa água com algumas promessas e seguimos...
Por Diego de Toledo Lima da Silva
Data: 27 de Setembro de 2015