Você só deve estar louco, o passado já passou... Jogue uma pá de cal e pare de ouvir esta velha canção, tudo acabou... Tudo acabou!
Parceiro, acabou o quê? Nossos sonhos, nossa história? Nada acabou, nada. Olhe o horizonte e enxergue o infinito de mais um por do sol, laranja como o fogo que arde nos nossos corações...
Está vendo? Esta é a prova que nada acabou, que a história está sendo contada novamente, as mesmas linhas e a mesma história, minha flor.
Você viu lá atrás as árvores todas floridas em plena seca? É a natureza recontando suas crônicas, tantas estações sendo repetidas num ciclo sem fim.
Veja a amplitude do caminho, os percalços e atalhos, são os velhos caminhos que você insiste em ignorar, fingindo que não vê, que não existem. No meio deste caminho tem vilas, gente e mais história. Não podem ser ignorados, são gente de valor.
Neste momento percebi seus olhos reflexivos, vislumbrado com os últimos raios de sol. Perguntou-me o nome daquela gente das estradas que passamos... Respondi com uma simples negativa.
Eles não têm nome, assim como nós... Andarilhos do nada para o nada, onde o tudo não pertence à pessoa, mas sim ao tempo.
Toda vez que a poeira é levantada perdemos um pouco mais de nossas identidades, tornando-se pó da terra, folha da árvore e água do rio. Isso sem contar no eterno silêncio atrapalhado apenas pelas trincas de um vento seco e frio, que corta de sul a norte, leste a oeste.
Após alguns minutos pensativo, acho que ele compreendeu um pouco o sentido disso tudo, que é perder a percepção do dia-a-dia e seguir firme num único propósito, o de buscar a própria identidade no mundo.
Ainda bem que o coração pulsa forte, pois o caminho é longo meu amigo...