Representante da tradição familiar, Tristeza viveu nas estradas da vida, dia e noite, chuva e sol. Era mais um Toledo, exímio caminhoneiro, como muitos dos camaradas dos Bairros Salto de Cima e Azevedo.
Por estradas e trechos precários seguia seu caminho, colaborando com o progresso do país, mesmo sem saber disso. Perdeu a conta do número de léguas percorridas, bem como das noites em claro. Homem forte, daquele tipo rústico, cavanhaque ralo, mãos calejadas do trabalho duro e do manejo do volante.
No rádio uma canção, no peito a saudade. Vai companheiro... Vai irmão de estrada! Dono da vida e ditando sua direção, na boleia do caminhão Tristeza soltava sorrisos espontâneos.
Aliás, saudade é o que ele nos deixou... Por que os bons morrem jovens?
Tristeza ensinou que há perguntas sem respostas, Deus comanda e o homem respeita. Demonstrou também quais os frutos mais doces e o som dos passarinhos, com sua coleção de apitos sertanistas.
Zé e José, diríamos simplesmente Tristeza. Lembranças da varanda ocupada por ele, suas histórias e alegria, como oposto ao seu apelido.
Sua alma continua viva neste sertão, difundida pelo som do único apito restante, imitando o canto do inhambu. Eterno som dos campos e matas, levado pelas estradas de chão no bolso frontal de uma mochila negra, mesma cor do volante do caminhão.
O velho caminhoneiro e seu espírito de aventura descansam em paz, memórias da boleia do caminhão e dos muitos fretes!
Por Diego de Toledo Lima da Silva
Data: 11 de Setembro de 2015