Ruínas de uma geração

Costumes, construções e casarões antigos são relíquias de uma rica história, presentes em menor número do que antes. Gerações passaram e conviveram com estes elementos, uns de forma intensa, outros ocultos, diria quase negligentes.

Com o passar dos anos, muitos destes se perderam no caminho, esquecidos, demolidos ou alterados para sempre. Nós fomos elementos do meio, cada um em seu tempo, sendo que alguns choraram e outros nem perceberam seu valor. Geração que abandonou sua terra e seus costumes, não entendendo seus valores socioculturais, buscando a vida fora, na modernidade das grandes cidades.

Demoramos a entender, mas a experiência de vida nos mostrou que as simples coisas são as mais belas. E, assim, muitos de nós voltamos para o lugar de origem, centro do caminho, para sua história, gente e lembranças do passado.

Percorrendo seus caminhos de terra percebemos o quanto o asfalto nos tirou de vida, poeira vermelha do sertão. Na cidade e no sítio, olhando os escombros de antigas construções demolidas e outras com arquitetura alterada, notamos o quanto de história e passado foi perdido.

Sentimos cada vez mais longe a felicidade, vendo em nossa mocidade tanto sonho perecer. Àquele lugar de mato verde não existe mais, virou loteamento. As máquinas carregaram as plantações, velhas construções e todo o campo. Apenas àquela grande árvore restou no meio do nada, resistindo aos dias de penúria.

O pior é que alguns dos companheiros de jornada daquela geração viajaram antes do combinado, saudades dos meus velhos camaradas. Ainda percorrendo os caminhos do velho lugar, cortando a Serra da Mantiqueira, sabiás e inhambus tentam alegrar os dias, com seus cantos em dueto naquele cafundó.

Quando o sorriso retornou ao meu rosto encontrei o asfalto novamente, desembocando nas ruínas de belas construções do passado, grandes tijolos resultados do suor de fortes trabalhadores rurais.

Suas tristes e solitárias colunas lembram ruínas de uma geração, conduzidas pelo vento gelado das montanhas. Naquele lugar, a ermo, estava diante de mim mesmo, alguns anos mais jovem...

Por Diego de Toledo Lima da Silva

Data: 19 de Agosto de 2015