Na noite anterior percorria apertados espaços entre barracas da Festa de Santa Rita de Extrema. Por becos quase exíguos, superava cada obstáculo em busca da imagem festejada ou apenas de um toque na relíquia santa.
Na manhã seguinte expandia todo o espaço do mundo aos meus pés, deixando as limitações e as medidas como expressões e elementos pouco utilizados.
Desde as primeiras horas do dia cruzava serras e caminhos fantasmas, com nenhum movimento e entregue às regras do tempo, com seus regulamentos rudimentares.
De uma forma ou de outra Santa Rita de Cássia observava continuamente cada passo, guardando os pontos escuros da estrada. Dos poucos residentes na Serra do Lopo, muitos deles permaneciam devotos da santa e de seus misteriosos milagres.
Aliás, mistério é algo presente nesta região e marcante para sua gente. Presente nas serras, nas águas, matas e campos; marcante nas imagens, luzes e estrelas reveladas toda vez que os olhos percorrem a paisagem serrana.
Do mesmo modo, Santa Rita permanecia vigiando o seu entorno, muito além das terras baixas onde está localizado seu santuário, chegando a locais quase inalcançáveis aos pés do homem.
Dizem que as aflições são meras dores passageiras no Morro do Lopo, pois como advogada das causas impossíveis, Santa Rita de Cássia sempre invoca o caminhante a seguir em frente, sem olhar para trás.
Assim, entre um passo e outro, a janela da vida se abre para os encantos de uma serra, tendo aos seus pés o toque feminino de Rita de Cássia.
Certeza mesmo é que todo mineiro tem uma montanha nos olhos... E a montanha uma santa aos seus pés!