O som do apito iniciou mais uma partida, num sonho tão inacreditável quanto à realidade dos últimos dias, onde somente imaginamos os lances, jogadas e gols...
Um eterno voo atravessou o intervalo do jogo de futebol, feito um gavião em busca da caça, e dali em diante tudo mudou em nossas vidas. Quantos sonhos encerrados numa madrugada escura e sem brilho.
Sabe, meu amigo, nosso tempo neste plano realmente é curto e imprevisível. De repente, o jogo vira e tudo se acaba, sem direito a uma segunda chance.
Como somos pequenos frente a tudo isso, frente aos gostos do tempo e dos mandos da eternidade. Como um pênalti ou uma defesa milagrosa aos 45 do segundo tempo muda tudo.
Por tantas vezes imaginamos que somos os seres mais importantes do universo, que temos o dom de trilhar e escolher o caminho, aí vem tudo isso e se percebe quão frágil e pequeno realmente somos.
Neste sábado chuvoso, olhando para as quatro linhas do campo tomado pelas lágrimas das perdas irreparáveis de tantas famílias, constato que um pouco de nós também foi levado, um pouco de cada bola na rede e da alegria do futebol.
Neste momento, a tristeza se torna a personagem principal do jogo, os céus choram a saudade existente na nossa própria consciência. O caminho e a estrada ficaram um pouco mais vazios, as flores murcharam de melancolia e o velho gavião não voou neste dia, em claro sinal de respeito às almas do nosso tempo. Até o bravo soldado, treinado para a guerra, não segurou o choro...
Nas asas indomáveis dos sonhos e dos limiares da vida de qualquer um, todo dia é dia de viver, de agradecer, dizer coisas bonitas, amar, sorrir e jogar o jogo do tempo, pois amanhã pode ser tarde demais.
Um dia o futebol retornará com seus gritos, gols e alegrias, mesmo assim nada será como antes...