Atravessei os espinhos de uma cerca viva que isolava as extensas plantações do acostamento da rodovia, fugindo de seu movimento e adentrando para o interior do bairro. Pelas indicações geográficas havia chegado à Vila Nova, logo confirmado pelo letreiro do ônibus circular.
Fui recebido por um alegre cumprimento vindo do motorista do veículo e o pó da estrada impediu qualquer nova visualização do entorno. Após alguns metros consegui enxergar a torre da capela e algumas construções. Passei o campo de futebol, abri o portão da arborizada praça e subi sentido à capela de São José, onde os ponteiros do relógio marcavam vinte para meio dia.
Meu estômago já havia comunicado a proximidade do horário de almoço. Atravessei a estrada e alcancei a venda do bairro, com algumas cadeiras e mesas do lado de fora e um grande balcão interno. Prontamente atendido solicitei um suco e um salgado, tirei o chapéu e um filete de suor da testa.
Assistia o movimento da venda, magistralmente conduzido pelas três proprietárias, com um sotaque típico destes lados do interior. Ao ver o trabalho delas lembrei que as mulheres são o ponto forte dos bairros rurais da região, cuidando da casa à capela, da plantação ao comércio. Provavelmente, o isolamento dos bairros é um dos fatores que forçaram este pioneirismo e autonomia feminina.
Com certeza, a melhoria das estradas, o transporte coletivo e os automóveis particulares mudaram muito o isolamento desse canto do sertão, mas as mulheres continuam as mesmas: livres, fortes e batalhadoras!
Paguei minha conta, retornei a um dos bancos da praça, localizei o sentido da estrada no mapa e voltei ao caminho, desejando um “até logo” àquelas guerreiras, que dão um tom todo especial ao sertão...