Ninho de sonhos

Com o passar do tempo senti que algo estava diferente, pois friamente ela observava a expressão da paisagem desta terra sem fim. Acredito que seu pensamento voava, imaginando histórias passadas nestas campinas.

Vivemos procurando nossa sorte, obrigados a deixar para trás toda vaidade. Qualquer um pode, mas poucos tentam... Tanto que certa hora pude comparar seus encantos com deste sertão, ponto comum dos poemas e palavras sem sentido, interpretada por cantos repentinos de pássaros selvagens.

Nascido da terra, brotamos o raiar do sol de trás do morro, abrindo a porteira para o caminho de muitas léguas, enquanto ela permaneceu estática a toda movimentação, despedindo de outra caminhada e seus percalços.

Decidiu, talvez, pelo descanso e reflexão do dia anterior, mas lá fora a vida continua andando segundo os ditados do tempo, onde chaves douradas indicam o sentido a cada encruzilhada e dúvida da estrada, presas na fraca memória deste homem.

Muito do que buscamos e queremos já ficou pra trás, em algum canteiro em meio à mata. Mantemos o peito jovem, evitando as ilusões dos discursos e as respostas do passado, criando e procurando nossas próprias respostas.

Ainda mais que ontem, hoje é preciso andar em frente, sentir e viver o velho e o novo, descobrindo trechos floridos pelas lágrimas de qualquer saudade.

Após outra jornada, chegando vejo ela na varanda, seus olhos refletindo as cores do por do sol. Num forte abraço encontro a única resposta que, na realidade, procurava.

Que o calor dos seus braços é meu ninho de sonhos, mesmo que ande pelo mundo é na simplicidade de seu olhar que sempre encontrarei a calma e a paz, minha viagem eterna.

Pela varanda nos despedimos do sol, luz que ainda tardia...