Ali, naquele lugar, era apenas mais um... Entre um gole e outro, uma nova e uma velha história, certo de que o tempo traria as respostas ou me abandonaria no vazio de um copo.
Estava tão próximo da estrada de terra, via ela pela porta do bar, calmamente me esperando para um retorno que prometia ser bem tortuoso. E por que continuava ali?
Promessas e juras, simplesmente um nada. Ora, nem um camarada seguiria comigo mesmo. Mas continuava ali, sentado num balcão sujo e empoeirado, olhando velhas lembranças.
Quantas lágrimas foram declamadas naquele local? Talvez muitas, mas nenhuma delas se tornou parte de uma obra poética. E o dono do bar, marcando cada detalhe do consumo de sua clientela num rascunho de cor marrom, com uma caneta de certo político condenado por corrupção.
Bem, logo ele fechará as portas do bar e serei obrigado a retornar ao caminho. Não gosto de ser obrigado, vou embora. Tirei uns trocados do bolso, paguei a conta e dei no pé.
Ao voltar para a estrada o por do sol me acolheu de forma intrigante, com cores e desenhos próprios de uma tarde. E eu lá dentro daquele bar, perdido numa escuridão das mais tristes.
Não dá pra ser igual aos outros, vivo em outra frequência, num mundo sóbrio capaz de produzir surrealidades lindas. Restou-me o papel de ator da vida, coadjuvante da natureza e dos pedaços de chão da Mantiqueira.
O bar permanece aberto na beira da estrada, passo sempre em frente e cumprimento a todos. Mas não paro mais, o caminho é longo e a paisagem me espera...