É a velha história, uma paixão repentina e fugiu de casa. Seguiu pelo caminho, deixando rastros de sonhos. Naquela montanha, onde a paisagem se abre para todo o resto do mundo, sonhou tão alto que estava no meio das nuvens.
Uma felicidade consumada, um caso de amor caipira presenciado por poucas testemunhas, resquícios da própria história de vida.
Enquanto atravessávamos a velha estrada, ela corria pelos campos de margarida, junto da passarinhada do seu quintal. Que brilho nos olhos, que cena memorável...
Tomava banho de chuva e pisava descalço, cruzava as mais altas serras com seus carneiros, entoando sua própria canção. Sabia que o importante é ter um coração e não o mundo nas mãos, por isso ela era feliz.
Quantas lições aprendemos naquele trecho, quanta vida reflete nos raios de sol de cada novo amanhecer. E o céu azul é sempre azul, a mesma cor de seus belos olhos.
Perdemos tempo com tanta bobagem e nos esquecemos de viver, viver cada momento intensamente, de sentir sentimentos puros como a paisagem limpa e clara.
Olhar, respirar e ouvir os sons da natureza, os amores vividos da terra, das matas, campos e plantações... Flores dançando a melodia dos passos de qualquer andante, superando as pedras do caminho.
Fixos no solo viajamos longe, na certeza que basta ter a pessoa amada ao lado que as gaiolas se abrem para um universo próprio, celebrado pelas canções do nosso interior.
Assim, a velha história novamente se repete, renovada na crença que o amor constrói a paz do espírito.
Real ou não, a visão da moça correndo pelos campos floridos se tornou um belo quadro, pintado na mente dos andarilhos que passam por àquela estrada no alto da serra!