Juramentos

Em algum trecho do caminho havia perdido o ar, ou melhor, este havia fugido de mim. Olhei todo o entorno e não vi nada - nem gente, nem morada -, apenas um deserto de areia, terra e poeira.

Atravessadas algumas bifurcações avistei uma pequena capela, quase destruída pela ação do tempo e do homem. Do seu interior enxerguei a imensidão da estrada, margeada por cactos e pedrinhas.

Imaginei ter errado o caminho e entrado na própria história de “Os Sertões”, linhas percorridas anos atrás por um andarilho memorial. Ali, olhando o altar, respirei as muitas memórias de ocidentes e orientes, num interior mal iluminado.

Por coincidência, naquelas proximidades também existia um “Paredão”, reza a lenda com suas muitas sepulturas. Da mesma forma que a mulher do ônibus, no meio do trecho prometi não voltar mais para àquele pedaço de chão, na loucura de um caminho sem fim, garrafas sem água e um sol de Diadorim. Aliás, a moça do ônibus achava que não voltaria mais, no fundo eu também achava, sem ter certeza...

Nestas terras, juramentos eram anúncios de novos dias, um após o outro. Ao menos uma vez na vida, verdades e mentiras cruzavam nossos olhos pelas histórias próprias de uma gente simples, ou seriam vozes de nossa ilusão transformadas em desenhos memoriais.

Dos jagunços que invadiriam as cidades e vilas próximas, só havíamos restado nós dois, e diria que nosso cansaço impedia qualquer invasão triunfante. Bom, seria uma simples chegada sem alarde, delirando por um gole de água fresca.

Riobaldo já havia dito que o sertão era mesmo muito grande, apesar de frequentarmos diferentes sertões.

“Na verdade, sertão é tudo um só!”, olhei o homem no balcão do bar e vi a figura de Riobaldo em suas palavras.

Cruzamos nossos olhares naquelas terras e prosseguimos pelas longas estradas sem fim...

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– E foge o ar – Susumu Yamaguchi