Há mais de um mês buscava explicação para algo que me afligia, causando um estranho sofrimento e um vazio no coração. Andava pra lá e pra cá entre matos, esquinas e morros, mas nada acalmava o coração cada vez mais pulsante, uma dor no peito cheia de segredos.
Era véspera de São João e os sinos da igreja anunciavam as primeiras horas do dia, que se apresentava tímido com um sol entre nuvens. Após um café da manhã reforçado coloquei a bolsa nas costas, ajustei o chapéu e subi sentido à divisa de estados, logo alcançando terras do território mineiro.
Seguia cada vez mais aliviado, vencendo verdes serras e nem ligando para o andar do tempo, tão silencioso quanto àqueles estradões, entregue à calma de um dia de semana mineiro. Sonhos e fantasias de uma história, contornando caminhos tão íntimos do sertão, quase elementos da imaginação mesclado às mais puras lembranças da mente.
A cor que é só tua, beleza que é quase tudo, meu presente marcado. Vencendo a Serra e ainda ofegante, um pico apareceu no infinito de um platô com vistas para o mundo.
Era apenas um grão de areia na inexatidão daquela indescritível beleza, presente de Deus a todos os seres vivos, próximo das nuvens e longe das planícies do rio Jaguari.
Na sombra de um velho angico pude recuperar os sonhos perdidos do último mês, lembranças de um passado tão bom, recheado de prosas e recordações. Repleto de felicidade e conduzido pela nostalgia no caminho da volta entendi que, na verdade, o mal que eu tinha era saudade de Minas!
Por Diego de Toledo Lima da Silva
Data: 15 de Novembro de 2015