Percorrendo a tênue linha do tempo, por quais rumos nos desencontramos meu amigo?
Suas palavras de liberdade, seu jeito extrapolado de andar e o velho rock and roll, marcas de um tipo não identificado, meio caipira e meio cidade grande.
Ao pular o muro da escola e entrar por àquele bar, muita filosofia e história replicavam na mesa de bilhar, no infinito de seu pensamento e de sua vontade de viver.
Mas o mundo se tornou pequeno para seus sonhos, quase uma gaiola que o prendia amarrado por densas correntes. Estava cercado de todos os lados, rotulado como esquisito e louco e por falsos olhares daqueles que não enxergavam seu bom coração.
Atropelado pelo mundo e ignorado pelos outros, só o restou quebrar as amarras e fugir da prisão que o limitava, libertando seus sonhos pelas asas do infinito, tornando-se eterno como o som do rock.
Muitos anos após aquela manhã de domingo marcada pelo tom de despedida, ao subir a serra e sentir a força do vento me lembrei de suas palavras: Freedom, freedom!
Era o mesmo vento de tempos atrás, na mesma Serra da Mantiqueira que observávamos além dos livros escolares, um lugar tão longe e ao mesmo tempo tão perto de nossos olhos.
Livre para seus sonhos, Boy percorria o céu em voos panorâmicos, ditando suas próprias regras ao sabor do tempo. Afastados da mesa de um bar, confesso que estamos melhores. Ele totalmente livre, eu ainda preso por algumas amarras cotidianas.
No entanto, ali no alto daquela rampa éramos iguais, sentindo o mesmo vento e a velha liberdade.
Freedom, boy! Freedom!