Teoria Espírita do Conhecimento
Perguntas e Respostas
1) O que significa episteme?
Conhecimento verdadeiro e científico (oposto a doxa). Conhecimento teorético (oposto a praktike e poietike).
2) O que significa epistemologia?
Etimologicamente, significa "discurso sobre a ciência". Significa também "gnoseologia", "teoria do conhecimento". Hoje, emprega-se para designar o estudo crítico das ciências naturais e matemáticas.
3) Em se tratando da ciência, a epistemologia diz respeito à forma ou ao conteúdo?
A epistemologia é o estudo crítico da forma (e não do conteúdo) da ciência, ou seja, da estrutura racional que confere o caráter científico.
4) Qual é a divisão da filosofia?
A Filosofia, depois que se desprendeu do tronco geral do conhecimento ficou, na atualidade, dividida em três partes fundamentais: a Ontologia ou teoria do ser, a Gnosiologia ou teoria do conhecimento e a Axiologia ou teoria dos valores.
5) O que é o conhecimento?
O conhecimento é a relação que existe entre o “observador” e a “coisa observada”. A realidade é o que é. Ela não é falsa nem verdadeira. Verdadeiros ou falsos são os nossos juízos acerca da mesma.
6) Conhecemos pelos sentidos ou pelo espírito?
Quem deu uma resposta conciliatória foi Aristóteles com sua teoria dos dois espíritos do homem: o formativo e o receptivo.
7) De que maneira a dualidade aristotélica é resolvida pela filosofia espírita?
Para a Filosofia Espírita, o homem é essencialmente um Espírito. O Espírito é a substância do homem e o corpo seu acidente.A percepção é uma faculdade do espírito e não do corpo.
8) Que relação há entre ciência e filosofia?
Em termos epistemológicos (na teoria das ciências), a Ciência investiga os objetos exteriores e a Filosofia investiga a si mesma.
9) Que contribuição Allan Kardec fornece à lei dos três estados da evolução gnoseológica segundo Auguste Comte?
Auguste Comte estabeleceu os três estados de evolução gnoseológica: estado teológico (tudo se explica pela intervenção dos deuses); estado metafísico (que são as explicações abstratas); estado positivo (predomínio das ciências). Allan Kardec acrescenta o estado psicológico.
(Reunião de 13/06/2015)
Fonte de Consulta
BAZARIAN, J. O Problema da Verdade. São Paulo: Círculo do Livro, [s. d. p.]
PIRES, J. H. Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo: Paidéia, 1983. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/teoria-esp%C3%ADrita-do-conhecimento?authuser=0 )
Texto Curto no Blog
Teoria Espírita do Conhecimento
A Filosofia, depois que se desprendeu do tronco geral do conhecimento ficou, na atualidade, dividida em três partes fundamentais: a Ontologia ou teoria do ser, a Gnosiologia ou teoria do conhecimento e a Axiologia ou teoria dos valores. A teoria do conhecimento, objeto de nossa atenção, procura estudar a origem e a validade do conhecimento, inclusive distinguindo a verdade e o erro.
O conhecimento é a relação que existe entre o "observador" e a "coisa observada". A realidade é o que é. Ela não é falsa nem verdadeira. Verdadeiros ou falsos são os nossos juízos acerca da mesma. Se a imagem que fazemos de um objeto coincide com o que ele é, estamos de posse da verdade; se, ao contrário, houve um viés, estamos em erro. Assim sendo, é muito mais importante a imagem que fazemos do objeto do que ele próprio.
Como é que o conhecedor conhece? Conhece pelo Espírito? Ou conhece pelo sentido? Embora Aristóteles tenha dado sua contribuição a essa contradição, quando elaborou a teoria dos dois espíritos do homem - formativo e receptivo -, ainda persiste muitas dúvidas. Para os materialistas, conhecemos pelos sentidos; para os idealistas, conhecemos pelo espírito.
Para o Espiritismo essa dualidade de Espírito e Matéria não existe. O homem é essencialmente um Espírito. Nesse sentido, o Espírito é a substância do homem e o corpo seu acidente. A percepção é uma faculdade do Espírito e não do corpo físico. O Espírito não percebe através dos órgãos, não vê pelos olhos nem ouve pelos ouvidos. Vê e ouve por todo o seu ser.
Como vemos há a percepção objetiva que estabelece a relação sujeito-objeto, e a percepção subjetiva, que faz do sujeito o seu próprio objeto. Isto quer dizer que há ciência e filosofia. Não há, assim, uma separação total entre ciência e Filosofia. É justamente esse viés do pensamento que divide o mundo em duas partes: numa o pensamento materialista como ideologia oficial dos Estados; noutra o pensamento espiritualista na mesma posição. A Filosofia Espírita coloca-se entre ambas e oferece-nos a síntese, no sentido de compreender a realidade como um todo.
A convicção de que somos um todo formado por Espírito, Perispírito e Corpo Físico, auxilia-nos sobremaneira na construção dos conhecimentos verdadeiros que nem a traça e nem a ferrugem desgastam.
Fonte de Consulta
BAZARIAN, J.. O Problema da Verdade. São Paulo, Círculo do Livro, s/d.
PIRES, J. H.. Introdução à Filosofia Espírita. 1.ed., São Paulo, Paideia, l983. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/teoria-do-conhecimento-e-espiritismo.html)
Em Forma de Palestra
Teoria Espírita do Conhecimento
1. Divisão da Filosofia
Como ciência que estuda as leis mais gerais do ser, do conhecimento e da ação, podemos distinguir na filosofia três partes fundamentais:
1ª) Ontologia ou teoria do ser: estuda a origem, a essência e a causa primeira do cosmos, da vida e do pensamento; e a relação entre o ser e o pensamento;
2ª) Gnosiologia ou teoria do conhecimento: estuda a origem e a validade do conhecimento;
3ª) Axiologia ou teoria dos valores: estuda a origem, a essência e a evolução dos valores existenciais e indica os princípios da ação (1).
2. O Conhecimento
Diante da pergunta como conhecemos, a tradição filosófica mostra duas posições clássicas: a platônica ou socrático-platônica, que envolve a questão da reminiscência, das idéias inatas, e a sofística ou empírica que se refere apenas aos nossos sentidos.
Surge a contradição: 1ª) “conhecemos pelo espírito”; 2ª) “conhecemos pelos sentidos”.
O primeiro a dar uma resposta conciliatória, ao que nos parece, foi Aristóteles, com sua teoria dos dois espíritos do homem: o formativo e o receptivo.
Essa dualidade é resolvida pela Filosofia Espírita (2).
3. Espírito e Corpo
Para a Filosofia Espírita, portanto, a dualidade de espíritos da teoria aristotélica não existe. O homem é essencialmente um espírito.
O Espírito é a substância do homem e o corpo seu acidente.
A percepção é uma faculdade do espírito e não do corpo. É o escafandrista que vê através dos vidros do escafandro e não este que vê pelos seus vidros.
Veja-se o ensaio teórico sobre as sensações dos espíritos, em O Livro dos Espíritos. O Espírito não percebe através dos órgãos, não vê pelos olhos nem ouve pelos ouvidos. Vê e ouve por todo o seu ser (2).
4. Percepção Objetiva e Subjetiva
Há a percepção objetiva que estabelece a relação sujeito-objeto, e a percepção subjetiva, que faz do sujeito o seu próprio objeto.
Isso quer dizer, em termos epistemológicos (na teoria das ciências) que há Ciência e há Filosofia.
A Ciência investiga os objetos exteriores, a Filosofia investiga a si mesma, é o pensamento debruçado sobre si mesmo.
Hoje, temos o mundo dividido em duas partes: numa, se desenvolve o pensamento materialista como ideologia oficial dos Estados; noutra, o pensamento espiritualista na mesma posição (2).
A Filosofia Espírita se coloca entre ambas e nos oferece a síntese, mostrando o equívoco desse divisionismo artificial e anunciando o advento global da realidade.
5. O Progresso Gnoseológico
A lei dos três estados da evolução gnoseológica segundo Auguste Comte são:
1º) o estado teológico em que tudo se explica pela intervenção dos deuses;
2º) o estado metafísico das explicações abstratas (o ópio faz dormir porque tem a virtude dormitiva);
3º) o estado positivo em que predominam as Ciências.
Kardec acrescentou a essa teoria, por sugestão de um leitor da “Revista Espírita”, o estado psicológico iniciado pelo Espiritismo (2).
6. Humanidade Cósmica
A Teoria Espírita do Conhecimento amplia a nossa visão.
Não pensamos mais em termos geocêntricos, organocêntricos ou antropocêntricos e, por isso mesmo, não vivemos mais apegados a temores e superstições.
O Espiritismo nos confere a emancipação espiritual de cidadãos do Cosmos (2).
7. Conclusão
A convicção de que somos um todo formado por Espírito, Perispírito e Corpo Físico, auxilia-nos sobremaneira na construção dos conhecimentos verdadeiros que nem a traça e nem a ferrugem desgastam.
QUESTÕES
1) Quais as duas posições clássicas diante da pergunta como conhecemos?
2) Como o Espiritismo responde à pergunta como conhecemos?
3) O que é a Filosofia Espírita?
4) Quais são os estados da evolução gnoseológica?
TEMAS PARA DEBATE
1) O Espírito vê e ouve por todo o seu ser?
2) Percepção objetiva, percepção subjetiva e Espiritismo. Comente
3) O Espiritismo nos confere a emancipação espiritual de cidadãos do cosmos?
8. Bibliografia Consultada
(1) BAZARIAN, J. O Problema da Verdade.
(2) PIRES, J. H. Introdução à Filosofia Espírita.
São Paulo, dezembro de 1996.
Notas do Blog
Metafísica e Espiritismo
Teoria do conhecimento. Para Platão, que pressupunha a reminiscência das idéias, conhecemos pelo Espírito; para os sofistas e empíricos, conhecemos pelos sentidos. Para o Espiritismo, a percepção é uma faculdade do Espírito e não do corpo. É uma faculdade geral do Espírito que abrange todo o seu ser. Em realidade, o Espiritismo sintetiza as duas formas de conhecer. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/12/metafisica-e-espiritismo.html)
Filosofia e Espiritismo
A Gnosiologia ou Teoria do Conhecimento estuda a origem, a essência e a validade do conhecimento. Da Antiguidade aos nossos dias, o problema do conhecimento, para a Filosofia, apresenta-se contraditório: conhecemos pelo espírito ou pelos sentidos? Essa dualidade, para a Filosofia Espírita, não existe, pois o homem é essencialmente Espírito. Assim, segundo a Doutrina Espírita, a percepção é faculdade geral do espírito, que abrange todo o seu ser, isto é, o Espírito, o Perispírito e o Corpo Físico. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/filosofia-e-espiritismo.html)
Teoria e Prática no Espiritismo
O termo teoria – do grego theoria – é usado em várias acepções. Na Origem, designava o ato de ver e de ser visto em locais abertos a todos, tais como o templo, o circo, a ágora e em espetáculos e cerimônias públicas. Pode ser também a ação de contemplar, ter uma visão do espírito. Os gregos, de maneira nenhuma opunham, como hoje, teoria e prática. O conhecimento teórico, em toda a antiguidade clássica grega, era entendido como a contemplação da verdade (aletheia) em si mesma. A supremacia do conhecimento teórico sobre o prático ou técnico provém do fato de ele ser útil em si mesmo, independentemente de sua aplicação exterior. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/02/teoria-e-pratica-no-espiritismo.html)
Teoria
Os gregos, de maneira nenhuma opunham, como hoje, teoria e prática.O conhecimento teórico, em toda a antiguidade clássica grega, era entendido como a contemplação da verdade (aletheia) em si mesma. A supremacia do conhecimento teórico sobre o prático ou técnico provém do fato de ele ser útil em si mesmo, independentemente de sua aplicação exterior. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2019/04/teoria.html)
Pensamentos
"Depois da virtude, é o conhecimento real e essencial o que coloca um homem acima dos demais." (Joseph Addison)
"Conhecer de verdade é conhecer pelas causas." (Francis Bacon)
"Uma vaga noção de tudo, e um conhecimento de nada." (Charles Dickens)
"Não se pode pretender que alguém conheça tudo, mas que, conhecendo alguma coisa, tenha conhecimento de tudo." (H. von Hofmannsthal)
"Todo novo conhecimento provoca dissoluções e novas integrações." (H. von Hofmannsthal)
"O conhecimento é de duas espécies: podemos conhecer nós mesmos um assunto ou saber onde podemos encontrar informações a respeito." (Samuel Johnson)
"Todo nosso conhecimento inicia com sentimentos." (Leonardo da Vinci)
"B. C.: Não entende, mas não entende com grande autoridade e competência." (L. Longanesi). A alusão é feita a Benedetto Croce.
"Pois procurar e aprender não passa de recordar." (Platão)
Mensagem Espírita
Corrigendas
“Porque o Senhor corrige ao que ama e açoita a qualquer que recebe por filho.” - Paulo. (Hebreus, 12:6.)
Quando os discípulos do Evangelho começam a entender o valor da corrigenda, eleva-se-lhes a mente a planos mais altos da vida.
Naturalmente que o Pai ama a todos os filhos, no entanto, os que procuram compreendê-lo perceberão, de mais perto, o amor divino.
Máxima identificação com o Senhor representa máxima capacidade sentimental.
Chegado a essa posição, penetra o espírito em outras zonas de serviço e aprendizado.
A princípio, doem-lhe as corrigendas, atormentam-no os açoites da experiência, entretanto, se sabe vencer nas primeiras provas, entra no conhecimento das próprias necessidades e aceita a luta por alimento espiritual e o testemunho de serviço diário por indispensável expressão da melhoria de si mesmo.
A vida está repleta de lições nesse particular.
O mineral dorme.
A árvore sonha.
O irracional atende ao impulso.
O homem selvagem obedece ao instinto.
A infância brinca.
A juventude idealiza.
O espírito consciente esforça-se e luta.
O homem renovado e convertido a Jesus, porém, é o filho do céu, colocado entre as zonas inferiores e superiores do caminho evolutivo. Nele, o trabalho de iluminação e aperfeiçoamento é incessante; deve, portanto, ser o primeiro a receber as corrigendas do Senhor e os açoites da retificação paterna.
Se te encontras, pois, mais perto do Pai, aprende a compreender o amor da educação divina. (XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 22)